Construção civil redescobre engenheiro de minas

Profissão é uma das mais antigas do Brasil e vive atualmente forte demanda no mercado de trabalho. Especialista tem sido requisitado para várias áreas.

Profissão é uma das mais antigas do Brasil e vive atualmente forte demanda no mercado de trabalho. Especialista tem sido requisitado para várias áreas

Por: Altair Santos

Uma das graduações mais antigas do país é a de Engenheiro de Minas. Ela remonta do século 19, quando foi criada em Ouro Preto-MG a Escola de Minas de Ouro Preto – hoje, Universidade Federal de Ouro Preto. A formação de profissionais nesta área vem desde 1876 e atualmente trata-se de um setor que tem à disposição um intenso mercado de trabalho. “Está excelente o mercado, tanto para planejamento e projeto quanto operação de minas e de beneficiamento mineral”, revela o professor Adriano Heckert Gripp, coordenador do curso de graduação em Engenharia de Minas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Adriano Heckert Gripp: mercado para engenheiro de minas está excelente

O engenheiro de minas Plínio Cristiano Camboim de Oliveira, membro do conselho setorial da indústria mineral da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), confirma que a situação para os profissionais da área é de pleno aquecimento.  “O mercado tem se mostrado muito bom para a Engenharia de Minas. Após muitos anos de estagnação ou pouco crescimento, tem absorvido muito a mão de obra qualificada deste profissional. Um bom exemplo da crescente demanda, é que nos últimos anos foram abertas novas faculdades no Brasil, inclusive faculdades particulares”, relata.

Os cursos mais tradicionais de Engenharia de Minas estão nas universidades federais de Ouro Preto, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Campina Grande, Bahia e Pernambuco, além da Universidade de São Paulo (USP). Desde 2004, o curso tem se propagado para outros centros de ensino superior, como a Universidade Federal do Pará, a Universidade Estadual de Minas Gerais e a Universidade Federal de Goiás. Para Osvaldo Lameiras Claus, que é engenheiro de mineração formado pela UFMG, em 1985, e que atualmente é gerente de mineração da Cia. de Cimento Itambé, as universidades do Paraná já deveriam pensar em oferecer o curso. “Com a demanda crescente por esse profissional, seria interessante que ele fosse ofertado no Estado”, diz.

Hoje a atuação do engenheiro de minas é extremamente diversificada. Ele está presente em toda a atividade de mineração, seja na exploração mineral, na lavra das minas (explotação), nas usinas de beneficiamento mineral, em projetos para estas áreas ou na comercialização dos produtos. “Ele ainda pode agir na interface entre a mineração e o meio ambiente e, fora do setor mineral, atuar também em obras de túneis, estabilização de maciços, construções de barragens e outros empreendimentos que apliquem as tecnologias e conhecimentos de escavações”, explica Plínio Camboim.

Do ferro ao cimento

Plinio Camboim: setor da construção civil absorve profissional para grandes obras

Para os profissionais que queiram se especializar, no Brasil já há um bom número de cursos de pós-graduação que abrangem a Engenharia de Minas. “Várias universidades também oferecem programas de mestrado e doutorado, principalmente na área de beneficiamento mineral”, informa o professor Adriano Heckert Gripp, da UFMG.  “Há também especializações em áreas técnicas específicas, como lavra de bens minerais, processamento mineral, avaliação de recursos minerais, avaliação econômica, engenharia de petróleo e gestão ambiental”, completa Camboim.

O setor da mineração de ferro é o que hoje mais absorve engenheiros de minas, mas o cimenteiro tem aumentado a demanda por esse profissional. “Nós mesmos estamos com processo aberto para contratar um engenheiro de minas”, revela Osvaldo Lameiras Claus, da Itambé. Segundo ele, na indústria cimenteira o especialista nesta área precisa abastecer com quantidade e qualidade a fábrica. Além disso, atuar, junto com geólogos, na prospecção de calcário, que é a matéria-prima para a produção de cimento. Atualmente, em sua mina, a Cia. de Cimento Itambé tem uma reserva de 300 milhões de toneladas de calcário, com capacidade de abastecimento estimada em 150 anos.

Entrevistados

Adriano Heckert Gripp, Coordenador do curso de graduação em Engenharia de Minas da UFMG
Plínio Camboim, membro do Conselho Setorial da Indústria Mineral da FIEP
Osvaldo Lameiras Claus, gerente de Mineração da Cia. de Cimento Itambé

Currículos

Adriano Heckert Gripp
– Graduado em Geologia, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
– Possui especialização em Geoestatística, pela Escola Nacional Superior de Minas de Paris, na França
– Doutorado em Geologia, Universidade de Nice, na França
– Atua na coordenação e participação em projetos com financiamento FINEP, CNPq, FAPEMIG e de várias empresas de mineração
– Atualmente é coordenador do curso de graduação em Engenharia de Minas da UFMG

Plinio Cristiano Camboim de Oliveira
– Engenheiro de Minas formado na Universidade Federal de Ouro Preto, em 1993
– Mestre em Engenharia Mineral pela Escola Politécnica da USP, em 2000
– Desde 1994 é sócio da Terra Engenharia em Mineração Ltda, empresa de consultoria no setor de mineração, com sede em Curitiba
– Foi presidente da AEMPAR (Associação dos Engenheiros de Minas do Paraná)

Osvaldo Lameiras Claus
– Graduado em Engenharia de Minas pela Universidade Federal de Minas Gerais, em 1985
– Gerente de Mineração da Cia. de Cimento Itambé

Contatos: gripp@demin.ufmg.br / pliniocamboim@terraminer.com.br

Créditos fotos: Divulgação/Arquivo pessoal

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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