Conheça os desafios e as soluções inovadoras da concretagem do Edifício Marena executada pela Concrebras
Bloco de fundação, um dos maiores já realizados pela Construtora Embraed, demandou 3.384 m³ de concreto
A urbanização crescente e a escassez de terrenos disponíveis têm impulsionado a verticalização das construções, especialmente em grandes cidades. Nesse contexto, o uso do concreto como material estrutural destaca-se por sua versatilidade e durabilidade. O Edifício Marena, da Construtora Embraed, exemplifica esses avanços, sendo um projeto marcante tanto por sua grandiosidade quanto pelos desafios técnicos enfrentados.
Localizado em uma área total de 55.126,34 m², o Edifício Marena, que está sendo construído em Balneário Camboriú (SC), possui altura de 196 metros e uma torre residencial de 62 pavimentos, com dois apartamentos por andar. Os 49 pavimentos tipo são compostos por apartamentos de quatro suítes, além de uma cobertura duplex com terraço e piscina.
O empreendimento conta ainda com quatro pavimentos de garagem, área térrea com oito salas comerciais e uma área de lazer de aproximadamente 4.270 m². As obras começaram em agosto de 2022 e a entrega está prevista para julho de 2028.
Desafios de fundações e terreno
A construção de edifícios altos em terrenos urbanos densos requer soluções inovadoras para fundações, principalmente em solos desafiadores como o arenoso. De acordo com o engenheiro sênior da Embraed Empreendimentos, Ernandi Fey, um dos principais desafios foi conter desmoronamentos nas estacas e nas paredes do bloco principal. “Para isso, utilizamos camisas metálicas de até dez metros nas estacas e paredes diafragma de 16 a 18 metros de profundidade, além de tirantes nas cortinas para garantir a estabilidade”, explica.
Devido à proximidade com edificações vizinhas, em alguns locais foi necessário usar estroncas metálicas no lugar dos tirantes tradicionais. “Isso garantiu a estabilidade das paredes de contenção, evitando qualquer risco para as estruturas adjacentes”, acrescenta.
Planejamento detalhado e logística
O processo de concretagem do Edifício Marena exigiu um planejamento meticuloso para avaliar a aplicação do volume de concreto necessário. O bloco de fundação, um dos maiores já realizados pela Embraed, demandou 3.384 m³ de concreto. “Para isso, reuniões de planejamento definiram os detalhes logísticos, incluindo o número de dias de concretagem, o volume diário de concreto, o resfriamento e a escolha de aditivos para evitar o endurecimento prematuro”, relata o coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras, Jair Schwanck Esteves.
A escolha pelo concreto autoadensável foi estratégica. Em função da alta taxa de armadura e espessura com cerca de três metros, optou-se por utilizar o concreto autoadensável diante da dificuldade de adensamento em virtude da altura. “Como tínhamos tempo reduzido para aplicação devido à legislação municipal, o concreto foi estabilizado por cerca de 60 horas, de forma a dar continuidade na aplicação nos dias seguintes para obter uma peça monolítica sem juntas de concretagem. No total, o processo durou quatro dias”, informa.
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Controle de temperatura
Um dos principais desafios em concretagens de grandes volumes é o controle da temperatura durante a hidratação do cimento. As temperaturas acima de 65 a 70 graus Celsius podem resultar na formação de microfissuras. Por isso, foi essencial monitorar e controlar a temperatura durante todo o processo. Para evitar esse problema, foram instalados termopares em diversas camadas de concreto, monitorados continuamente por computadores.
Além disso, para diminuir os efeitos térmicos, Esteves detalha que, no concreto, foram utilizados gelo, cimento Portland de baixo calor de hidratação, aditivos redutores de água de alta performance e aditivos de controle de hidratação.
Ele explica que a elevação da temperatura interna do concreto acima de determinados limites pode gerar o fenômeno da DEF (Formação de Etringita Tardia), um composto secundário da hidratação do cimento com capacidade potencial de expansão volumétrica. Isso poderia comprometer a durabilidade e estabilidade da fundação sob certas condições ao longo do tempo. “Essa característica é potencialmente aumentada pelo uso de concretos de elevada resistência e com consumos altos de cimento Portland, exigindo medidas para redução da temperatura através da adição de gelo ou nitrogênio”, afirma.
Além disso, após a conclusão da concretagem, foi realizada uma cura úmida com 50.000 litros de água, formando uma lâmina de aproximadamente 5 cm sobre o bloco, garantindo uma cura uniforme.
Inovação e sustentabilidade
A escolha dos materiais e métodos para a concretagem do Edifício Marena reflete o compromisso da Embraed com a inovação e a sustentabilidade. “O uso de concreto autoadensável e aditivos de alta performance mostra nossa dedicação à eficiência e à redução do impacto ambiental“, destaca Fey.
A Concrebras, parceira de longa data da Embraed, foi escolhida para a execução da concretagem devido à sua experiência e elevada capacidade técnica. “Temos trabalhado juntos em diversos projetos, sempre entregando qualidade e cumprindo os prazos combinados”, afirma Fey.
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Complexidade técnica e cooperação
A concretagem do Edifício Marena envolveu uma complexidade técnica significativa devido às dimensões e ao volume de concreto e aço. “O bloco de fundação está entre os maiores do país, exigindo um esforço coordenado de todas as equipes envolvidas”, ressalta Fey. A cooperação entre a Embraed, a Concrebras e a PWD Consultoria em Concretos foi fundamental para o sucesso do projeto.
Durante a concretagem, engenheiros e técnicos acompanharam de perto cada etapa, verificando a temperatura do concreto, o slump flow (ensaio que mede o espalhamento do concreto) e a resistência dos corpos de prova. Essa abordagem colaborativa garantiu que todas as especificações técnicas fossem atendidas, resultando em uma estrutura segura e durável.
O Edifício Marena não é apenas um símbolo de inovação e desenvolvimento urbano, mas também um exemplo de como a engenharia moderna pode superar desafios complexos por meio de planejamento cuidadoso, tecnologia avançada e práticas sustentáveis. A experiência adquirida com esse projeto servirá como referência para futuras construções, inspirando engenheiros e construtoras a continuar explorando novas fronteiras na construção civil.
Entrevistados
Ernandi Fey é engenheiro civil graduado em Engenharia pela Universidade Federal do Estado de Santa Catarina (UFSC), pós-graduado em Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção Civil pelo Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG), engenheiro sênior da Embraed Empreendimentos e engenheiro residente no Edifício Marena.
Jair Schwanck Esteves é engenheiro civil formado pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias em Engenharia (IPOG) e coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras.
Contatos:
ernandi.fey@embraed.com.br
jair.esteves@concrebras.com.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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