Concreto neutro em carbono vence prêmio internacional
Projeto substitui parte do teor de cimento do concreto por um tipo de sílica absorvida na chaminé das fábricas
A questão da sustentabilidade é um tema que cada vez mais permeia a indústria do cimento. Aqui no Brasil, foi tema do Congresso Brasileiro do Concreto e há uma série de iniciativas em vigor para reduzir os impactos ambientais. No Reino Unido, uma dupla de estudantes PhD do Imperial College London ganharam o Prêmio Obel 2022 por criar um protótipo de concreto neutro em carbono.
Em primeiro lugar, a tecnologia do protótipo, apelidada de Seratech, retira uma espécie de sílica criada com dióxido de carbono (CO₂) absorvido de chaminés das fábricas. Segundo os cientistas, esta sílica pode ser usada como material cimentício suplementar (SCM) no concreto. “Como a sílica vem de um processo que captura CO₂ ela é ‘carbono negativa’, então o concreto pode se tornar neutro em carbono”, explicam. De acordo com os cientistas, este material é usado em combinação com o cimento Portland – a mistura deve ter pelo menos 40% deste material.
Para os cientistas, o objetivo é que a humanidade possa continuar construindo cidades e infraestrutura robustas, mas sem o custo climático tradicional da construção civil.
Premiação
Para Sam Draper, a visibilidade do prêmio ajudará a atrair pessoas na indústria a expandir a tecnologia e dimensioná-la rapidamente. “A humanidade não pode gastar 20 a 50 anos expandindo a tecnologia para nos fornecer materiais sustentáveis. Precisa ser agora”, afirmou.
Para o grupo de jurados, o Prêmio Obel tem como objetivo encorajar ideias ambiciosas e interdisciplinares que não forneçam apenas uma correção temporária ou de pequena escala, nem uma grande mudança irrealista nas práticas atuais. “Nesse sentido, pode ser um incentivo para outros tanto quanto um encorajamento para a Seratech”, destacaram.
Cimento, concreto e sustentabilidade
Esta não é a primeira alternativa sustentável relacionada à produção de cimento. A Universidade do Colorado, por exemplo, já produziu um cimento Portland à base de calcário biogênico, isto é, com microalgas que ajudam a reduzir as emissões de CO₂. Uma pesquisa da Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com empresas norueguesas, começou a pesquisar como produzir Cimento Portland de baixo carbono utilizando resíduos de bauxita.
Ainda, outro estudo indicou a eficácia do uso das cinzas do bagaço da cana-de-açúcar (CBCA) como adição no preparo do concreto. Até cédulas de dinheiro velhas têm sido utilizadas na produção do cimento, como forma de evitar o descarte na natureza.
Para Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), o Brasil está no caminho de reduzir as emissões de CO₂. “Hoje, a indústria brasileira do cimento apresenta um dos menores índices de emissão específica de CO₂ no mundo, graças a ações mitigadoras que vêm sendo implementadas pelo setor nas últimas décadas. Enquanto o mundo em média emite 620 quilos de CO₂ por tonelada de cimento, a indústria brasileira emite 564 quilos”, aponta.
Fontes
Seratech
Paulo Camillo Penna é presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC)
Contato
info@seratechcement.com
Paulo Camillo Penna – Assessoria de imprensa – celso.souza@fsb.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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