Concreto fotovoltaico: a nova fronteira da engenharia de materiais

Pesquisadores trabalham para fazer com que estruturas absorvam luz solar e produzam energia elétrica

Universidade de Kassel, na Alemanha, desenvolveu o “Dyscrete” e trabalha para que material possa gerar 20 W por m2 Crédito: Universität Kassel
Universidade de Kassel, na Alemanha, desenvolveu o “Dyscrete” e trabalha para que material possa gerar 20 W por m²
Crédito: Universität Kassel

As pesquisas sobre a condutibilidade do concreto, e como fazer o material armazenar energia e distribuí-la na forma de eletricidade, são cada vez mais intensas. Existem estudos em quase todos os continentes. Os mais avançados buscam dar ao material a mesma função das placas fotovoltaicas, ou seja, possibilitar que o concreto absorva a luz solar e a transforme em energia elétrica. Trata-se da nova fronteira da engenharia de materiais, dizem os pesquisadores. 

O foco nesse novo tipo de concreto é justificável quando se constata que os edifícios consomem 40% da energia elétrica produzida no planeta. Então, a pergunta que os pesquisadores fazem é: já imaginou se as edificações pudessem auxiliar na produção de energia? É o que motiva trabalhos como os que já foram recentemente apresentados na Alemanha e no México.  

Na Universidade de Kassel está em desenvolvimento o “DysCrete”.  Trata-se de um concreto que capta energia solar quando recebe uma camada de tinta especial à base de grafite e óxido de titânio. Quando a luz solar atinge os pigmentos, os elétrons são liberados e provocam corrente elétrica no concreto. O trabalho dos pesquisadores é aprimorar a condutibilidade do material e permitir que ele seja capaz de gerar 20 W por m².

Também na Alemanha está em desenvolvimento uma película fotovoltaica que pode ser aplicada sobre o concreto. Desenvolvido pela líder mundial em produção de células fotovoltaicas orgânicas, a alemã Heliatek, o revestimento pode ajudar um edifício a produzir até 30% da energia que consome diariamente, desde que a insolação cubra 60% da área da fachada do prédio.

Porém, o estudo mais avançado para dar condutibilidade ao concreto está em desenvolvimento no Instituto Politécnico Nacional (IPN), do México. Além dos agregados tradicionais – cimento, areia, brita, água e aditivos -, o material recebe o mineral perovskita, além de um composto de óxido de cálcio e titânio, para conduzir eletricidade. As pesquisas ainda ocorrem em laboratórios, mas se mostram cada vez mais animadoras.

Cimento usado no experimento mexicano usa nanotecnologia na moagem

À frente da pesquisa estão os doutores em tecnologias avançadas, Orlando Gutiérrez Obeso e Euxis Kismet Sierra Márquez. Eles atuam no Centro de Pesquisa e Inovação Tecnológica Azcapotzalco do IPN. A preocupação dos engenheiros não é apenas dar condutibilidade, mas preservar as características estruturais do material (fck), para que possa ser usado em obras como calçadas, pontes e lajes, e até fundações.

O protótipo desenvolvido no IPN é uma peça sólida de concreto, sem tintas ou películas, e que consegue capturar a radiação solar e gerar corrente elétrica. Orlando Gutiérrez explica que foi preciso submeter o cimento utilizado no processo a uma moagem que utiliza nanotecnologia. Ela permite chegar a “nanopós de cimento”, cujas partículas são inferiores a 100 nanômetros. É nessa etapa que o cimento se mistura à perovskita e ao composto de óxido de cálcio e titânio. 

A pesquisa ganhou o prêmio internacional Solutions for the future-Prize for Polytechnic Entrepreneurship Award 2018 (Soluções de empreendedores politécnicos para o futuro) e entrou no escopo de novas tecnologias da Indústria 4.0 apoiadas pela sul-coreana Samsung. Particularmente, o México é um país privilegiado para o avanço de sistemas fotovoltaicos por estar inserido no cinturão solar do planeta – principalmente os estados de Chihuahua, Sonora, Durango e Baja California, que recebem radiação solar mais longa e mais intensa superior à média internacional ao longo do ano.

Veja como o “Dyscrete” funciona em laboratório

Assista ao vídeo sobre a pesquisa no México

Entrevistado
Universidade de Kassel e Instituto Politécnico Nacional (via assessoria de imprensa)

Contato
presse@uni-kassel.de
crm@ipn.mx

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330



Massa Cinzenta

Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.

Veja todos os Conteúdos

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS

Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32

Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40

Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.

Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI

O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.

descubra o cimento certo

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

descubra o cimento certo