Concreto é sinônimo de confiança para as seguradoras
No Brasil, não há dúvidas: o material tem a preferência; no mundo, após o 11 de setembro, empreendimentos em estrutura de aço perdem terreno
No Brasil, não há dúvidas: o material tem a preferência; no mundo, após o 11 de setembro, empreendimentos em estrutura de aço perdem terreno
Material consagrado na construção civil brasileira, o concreto armado ganhou ainda mais confiabilidade na engenharia internacional depois daquele fatídico 11 de setembro de 2001, quando houve o ataque terrorista às torres gêmeas de Nova York, nos Estados Unidos. Edifícios mais altos do mundo, à época, e construídos sobre estruturas de aço, eles não resistiram às altas temperaturas causadas pelas explosões, após os choques das aeronaves, e vieram abaixo.
A tragédia trouxe à tona o debate sobre qual material resistiria mais às altas temperaturas: o concreto ou o aço. Cerca de seis meses depois do atentado, dois pesquisadores da Universidade de São Paulo trouxeram luz à discussão. Um amplo estudo de Carla Neves Costa, mestranda da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e de Valdir Pignatta e Silva, professor-doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, comprovou a tese: o concreto é um material incombustível, possui baixa condutividade térmica, não exala gases tóxicos quando submetido ao fogo e suas estruturas são consideradas seguras em situação de incêndio.
A pesquisa partiu das normas NBR 14323 e NBR 14332, publicadas em 1999 e 2000, que tratam do dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio e da resistência ao fogo requerida para as edificações construídas com qualquer material estrutural. Este trabalho teve por objetivo descrever o comportamento do incêndio por meio de modelos matemáticos simplificados e os efeitos da ação térmica nas estruturas de concreto armado, definem os pesquisadores.
Com dados mais precisos e normas mais adequadas, as construções permitiram ao setor de seguros definir especificidades para o setor. Hoje se propaga a modalidade de seguro de riscos de engenharia. Ela envolve não apenas os sistemas construtivos, mas os processos de gerenciamento da obra, durante e após a sua execução. Especialista no assunto, Gustavo Adolfo Schlecht prega que uma obra bem construída tem uma boa chance de resistir mais a determinados sinistros, ressalvando que nenhuma construção está imune. Acho que depende muito de como os processos de gerenciamento de risco serão executados, diz.
No entanto, ele concorda que, pelo menos no Brasil, e pelo avanço tecnológico, o concreto como base de um sistema construtivo tornou-se mais confiável para as seguradoras do que o aço. As estruturas em concreto têm tradição no país, enquanto as de aço ainda não são muito utilizadas. Também é sabido que o aço sofre mais em condições de grande aquecimento do que o concreto, por ser mais dúctil. Mas ressalto: tudo depende da intensidade do sinistro, disse o engenheiro mecânico por formação, especializado em administração de empresas e gerenciamento de riscos e membro da ALARYS (Associação Latino Americana de Gerenciamento de Riscos).
Confira a entrevista:
O que abrange a modalidade riscos de engenharia?
Riscos de engenharia é uma modalidade de apólice de seguro disponível no mercado, que inclui os seguros relacionados com cobertura securitária para obras civis, instalações e montagens eletromecânicas, períodos de garantia, períodos de manutenção, enfim, tudo relacionado a estas obras.
No que os sistemas construtivos influenciam nos riscos de engenharia e sua relação com o seguro?
Quando você tem um projeto que tem várias fases, há várias condições para ter a performance completa deste projeto. Isso inclui as obras, as instalações e envolve empresas que prestam serviços, empresas de fornecimento de equipamentos e empresas responsáveis pelas instalações. Tudo isso tem o risco de se envolver em um acidente nesta obra. Então, esse seguro protege eventuais acidentes que possam ocorrer nestas operações de obras civis e instalações eletromecânicas.
Como está hoje a questão de seguro para engenharia? As construtoras já se preocupam mais com isso, tornou-se uma exigência do mercado ou ainda há certo descaso sobre o tema?
Percebe-se que muitos contratos firmados entre o contratante e a empresa prestadora de serviço ou construtora já mencionam a necessidade de se fazer um seguro na modalidade riscos de engenharia, ou seja, começa a ser uma exigência do cliente e é uma preocupação também das empresas. Principalmente das construtoras, que se preocupam em proteger o projeto em relação a um eventual acidente súbito e imprevisto.
Uma edificação em concreto tem mais chances de ser segurada por um preço menor, já que se trata de um material que enfrenta o sinistro do incêndio melhor do que o aço, por exemplo?
No Brasil, o que a engenharia civil mais tem experiência é com estruturas de concreto. As estruturas de aço, por exemplo, ainda não são muito utilizadas no país e já é comprovado que se trata de um material que sofre mais do que o concreto em condições de grande aquecimento, por ser mais dúctil. Então, claro que o seguro do concreto é mais confiável. Mas essa é uma questão muito técnica e relativa também, pois depende do impacto do sinistro sobre a obra.
Uma conclusão que se pode tirar é que se o construtor utilizar materiais de qualidade ele terá um seguro mais em conta para o empreendimento e oferecerá ao cliente a possibilidade de um seguro residencial também mais em conta. É isso?
Em termos. Pelo seguinte: você pode fazer uma obra tremendamente bem estruturada, com materiais de primeiríssima qualidade, mas não fazer um gerenciamento de riscos após a construção. Quer dizer, o uso que se vai fazer desta construção pode ser inadequada e isso pode provocar um sinistro de proporções grandes. Então, eu acho que uma construção bem construída tem uma boa chance de resistir mais a determinados eventos, mas ela também não é imune. Eu acho que depende muito de como os processos de gerenciamento de risco vão ser executados após esta obra.
Email do entrevistado: Gustavo Adolfo Schlecht: gustavoas@globo.com
Link para a íntegra do estudo Estruturas de concreto armado em situação de incêndio:
http://www.lmc.ep.usp.br/people/valdir/wp-content/artigos/conc_fire_jornadas_brasilia.pdf
Jornalista responsável Altair Santos MTB 2330 Tempestade Comunicação
Cadastre-se no Massa Cinzenta e fique por dentro do mundo da construção civil.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Massa Cinzenta
Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.
15/05/2024
MASP realiza o maior projeto de restauro desde a sua inauguração
MASP passa por obras de restauro em suas estruturas. Crédito: Assessoria de Imprensa / MASP Quem passa pela Avenida Paulista vem notando uma diferença significativa na…
19/11/2024
Restauração da SC-305 começa a receber whitetopping ainda este ano e deve impulsionar indústrias, agricultura e pecuária
Rodovia terá sub-base de macadame e base de Concreto Compactado com Rolo (CCR). Crédito: Divulgação/SIE Uma importante transformação está em andamento na rodovia SC-305, que…
19/11/2024
Como usar a engenharia para contenção de tsunamis e erosão costeira?
No caso do muro de contenções, planejamento precisa considerar cenários extremos para garantir sua eficácia. Crédito: Envato A engenharia pode desempenhar um papel essencial…
19/11/2024
Tendência em alta: avanço de IA, IoT e robótica na construção permite crescimento das cidades inteligentes
O conceito de cidades inteligentes, com foco em conectividade e sustentabilidade, está ganhando destaque mundialmente. Segundo pesquisa realizada pela Mordor Intelligence, o…
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.
Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS
Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32
Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40
Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.
Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI
O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.