Concreto armado é uma das soluções que contribuiu para tornar as edificações mais resilientes no enfrentamento ao Furacão Milton

Combinação de design aerodinâmico, materiais resistentes e normas rigorosas podem salvar vidas e proteger propriedades de desastres naturais

Nos últimos anos, eventos climáticos extremos têm evidenciado a necessidade de métodos construtivos mais resilientes, especialmente em regiões como a Flórida, nos Estados Unidos, frequentemente assolada por furacões. Após a devastação causada pelo Furacão Milton, que impactou fortemente o Estado americano em outubro deste ano, especialistas apontam o concreto armado como uma das principais tecnologias na busca por edificações mais seguras e adaptadas para resistir às forças da natureza.

A destruição provocada por furacões tem aumentado a pressão por normas de construção mais rígidas. Desde o Furacão Andrew, em 1992, foram implementadas diversas normas, entre as quais o Florida Building Code (FBC), um conjunto de regulamentos que dita padrões específicos de segurança para edificações. “Esse código foi criado para garantir que estruturas resistam a ventos extremos e impactos, sendo atualizado regularmente e amplamente fiscalizado”, explica o engenheiro Bruno Moreira Fenili. 

Flórida implementou um conjunto de regulamentos que dita padrões específicos de segurança para edificações. Crédito: Envatoresidential community. Aftermath of natural disaster in USA south.

As normas exigem, por exemplo, que portas, janelas e outras aberturas sejam resistentes a impactos e a ventos superiores a 250 km/h, conforme detalha o professor e engenheiro William de Assis Silva. “Os sistemas de proteção, como contraventamento e painéis metálicos, são essenciais para evitar danos causados por detritos”, observa.

Algumas das normas vigentes para construções na Flórida:

  • Miami-Dade County Building Code: exige que portas, janelas e esquadrias sejam resistentes a impactos e testadas para ventos superiores a 250 km/h.
  • ASTM E1996: padrão para a resistência ao impacto de detritos transportados pelo vento.
  • Florida Building Code (FBC): requisitos para sistemas de proteção contra furacões, como contraventamento de portas e janelas com painéis metálicos.

O papel do concreto armado na resistência estrutural 

Estruturas de concreto armado têm ganhado espaço nas regiões propensas a furacões. A combinação de concreto e aço oferece durabilidade e a capacidade de suportar forças extremas. “Paredes moldadas no local garantem excelente resistência estrutural e vedação contra ventos e detritos, enquanto painéis pré-fabricados de concreto são rápidos de instalar e altamente resistentes”, detalha Silva.

As tecnologias aplicadas às edificações resilientes vão além do concreto armado tradicional. Telhados com inclinações específicas, sistemas de drenagem eficientes e elevações da base das construções são algumas das soluções adotadas para mitigar os efeitos de furacões. Bruno ressalta que a utilização de fundações profundas ou rígidas é outro ponto fundamental, especialmente em áreas sujeitas a inundações.

Um exemplo disso é o empreendimento Porsche Design Tower, na Flórida, projetado para resistir a ventos de até 290 km/h. “Além disso, seu estacionamento elevado a 21 metros do chão demonstra como o concreto pode ser usado de maneira estratégica para minimizar impactos de inundações”, afirma Fenili.

Outras inovações incluem:

  • Telhas resistentes a ventos: projetadas para suportar rajadas sem se soltarem.
  • Barreiras impermeáveis: efetivas contra enchentes e erosão.
  • Janelas e portas de impacto: com vidro laminado e molduras reforçadas, testadas para ventos extremos.
  • Paredes de concreto moldado no local: oferecem excelente resistência estrutural e vedação contra ventos e detritos.
  • Painéis pré-fabricados de concreto: Rápidos de instalar e extremamente resistentes.
  • Fundações elevadas: Utilizam concreto para reduzir impactos de inundações e erosão.


Desafios e perspectivas

Embora o concreto armado seja um dos materiais mais eficazes para enfrentar intempéries naturais, sua aplicação em larga escala ainda enfrenta desafios econômicos e logísticos. Contudo, o investimento em infraestrutura resiliente é cada vez mais visto como uma necessidade, e não um luxo.

Silva enfatiza que a busca por soluções integradas é o caminho para mitigar os impactos das mudanças climáticas. “A combinação de design aerodinâmico, materiais resistentes e normas rigorosas pode salvar vidas e proteger propriedades de desastres naturais”, assinala.

Com o avanço das tecnologias e o aprendizado constante de eventos como o Furacão Milton, a construção civil está mais preparada para enfrentar os desafios impostos pela natureza. O concreto armado, sem dúvida, continua sendo um aliado essencial nessa luta.


Entrevistados:

Wiliam de Assis Silva é engenheiro de produção civil graduado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em Gestão de Projetos em Engenharia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Também possui especialização em Criatividade e Inovação pelo Centro Universitário UniCuritiba. Atua como profissional e docente nas áreas de Estruturas de Concreto Armado, Planejamento e Controle da Construção Civil, Gestão de Projetos, Gestão da Qualidade e Sustentabilidade, além de Logística e Supply Chain.

Bruno Moreira Fenili é engenheiro civil graduado pela Universidade Positivo, pós-graduado em Gerenciamento de Obras pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), MBA em Gestão de Projetos pela USP/Esalq, MBA em Gestão de Incorporações e Construções Imobiliárias pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), atualmente é gerente de Projetos e Desenvolvimento da Construtora Piemonte.

Contatos:
wiliamdeassis@gmail.com 
bmfenilli@hotmail.com

Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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