Concreção ferruginosa: o que é e que ameaça oferece?

Patologia pode ser desencadeada a partir de impurezas presentes na areia utilizada para produzir o revestimento argamassado


Concreção ferruginosa expõe pontos de oxidação, muito semelhante à ferrugem em estruturas metálicas
. Crédito: Divulgação
Concreção ferruginosa expõe pontos de oxidação, muito semelhante à ferrugem em estruturas metálicas
. Crédito: Divulgação

O revestimento argamassado é o acabamento mais utilizado em alvenarias. Porém, alguns de seus componentes podem conter impurezas capazes de desencadear anomalias indesejadas. Entre essas impurezas, estão elementos ferrosos presentes entre os agregados miúdos que compõem a argamassa – principalmente a areia natural -, e que têm potencial para causar uma patologia conhecida como concreção ferruginosa (CFe). Ela desencadeia vesículas que geram o descascamento da argamassa e expõem pontos de oxidação, como se fossem ferrugens.

A patologia se manifesta quando o material ferruginoso sofre oxidação em contato com a umidade, causando o empolamento da pintura e evidenciando uma cor vermelho acastanhado na argamassa. Se não tratada, a concreção ferruginosa pode levar ao destacamento do revestimento, expondo os blocos a outros tipos de danos. Para evitar este tipo de patologia, é necessário que o agregado – no caso, a areia natural – seja apropriado para argamassa, ou seja, não contenha impurezas.

Estudos de mineralogia mostram que no Brasil a areia mais comum usada em obras da construção civil é a área quartzosa, que em escavações mais rasas, até 7 metros, pode conter impurezas, como aglomerados argilosos, pirita, mica, concreções ferruginosas e matéria orgânica. Por isso, é recomendado que o areal passe por uma análise de sua composição mineralógica, a fim de que seja evitada a extração em áreas eventualmente contaminadas.

Argamassa industrializada pode ser a melhor opção para se evitar anomalias

Em seu livro, “Patologia das Anomalias em Alvenarias e Revestimentos Argamassados”, a mestre em engenharia de estruturas pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da graduação e da pós-graduação da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Cristiana Furlan Caporrino, lembra que o uso de argamassas industrializadas pode ser a melhor opção para se evitar o incômodo de ter, futuramente, o surgimento de concreções ferruginosas no revestimento das paredes, sejam elas estruturais ou de vedação.

A engenheira civil alerta, porém, que é importante também ter a mão de obra bem treinada para o uso de argamassas industrializadas. “Tudo que vêm da indústria, se houver certificação, tem um controle maior de qualidade. Mas é importante que o treinamento da mão de obra seja adequado, para seguir as recomendações do fabricante”, diz. Além disso, Cristiana Furlan Caporrino lembra que a argamassa produzida em obra possui a tendência de ter baixo controle de qualidade. “Tudo o que é desenvolvido em obra, o controle de qualidade é nulo ou muito baixo”, cita.

Concreções ferruginosas, no entanto, não são as patologias mais comuns em revestimentos de paredes. Cristiana Furlan Caporrino afirma que as anomalias mais recorrentes são fissuras e trincas. “Neste caso, má execução ou falha de projeto são as principais causas. Sobretudo quando a construção utiliza o sistema construtivo conhecido como alvenaria estrutural. Neste caso, a argamassa de assentamento precisa ter resistência para não ocorrerem rompimentos”, ensina a engenheira civil.

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Acompanhe entrevista da engenheira Cristiana Furlan Caporrino

Acesse a dissertação “Manifestações patológicas observadas em revestimentos de argamassa

Entrevistado
Reportagem com base em entrevista da engenheira civil Cristiana Furlan Caporrino à revista Téchne e na dissertação intitulada “Manifestações patológicas observadas em revestimentos de argamassa”, cuja orientadora foi a professora da UFRGS, Angela Borges Masuero

Contatos
cristianafurlan@calculodeestruturas.com.br
ppgec@ppgec.ufrgs.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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