Conceito de estado da arte independe da obra

Projetos e construções precisam de um período de maturação para serem alçados a esse patamar, avalia especialista.

Projetos e construções precisam de um período de maturação para serem alçados a esse patamar, avalia especialista

Por: Altair Santos

O dicionário define estado da arte quando um equipamento, uma obra ou uma área científica atinge o grau de obra-prima. Na construção civil, há casos em que vale mais o conceito do que a construção em si. “Por vezes, o trabalho intelectual que levou a determinado projeto é que merece ser chamado de estado da arte. Então, o alto grau de conhecimento de um profissional ligado ao setor, seja ele projetista, arquiteto ou engenheiro, é que gera o estado da arte“, avalia o experiente engenheiro civil Luciano Décourt.

Museu Guggenheim, em Nova York: inaugurado em 1959, hoje é exemplo mundial de obra que atingiu o estado da arte.

Décourt é o autor do famoso trabalho que, há mais 20 anos, definiu o estado da arte do ensaio SPT (Standard Penetration Test) e que até hoje é parâmetro para o dimensionamento de fundações. “Foi um apanhado do conhecimento universal sobre o assunto, aonde eu apresentei uma síntese deste conhecimento, que, aliás, apesar de fazer vinte e tantos anos, ainda é o relatório do estado da arte que prevalece quando o assunto é SPT“, explica. Na ocasião, em 1992, Luciano Décourt criou o conceito de fundação mista, na qual coloca-se uma estaca embaixo de uma sapata para que elas funcionem em conjunto. “Hoje, os grandes edifícios de Dubai são feitos dentro deste conceito”, completa.

O engenheiro-pesquisador ressalta ainda que boa parte das obras hoje alçadas à condição de estado da arte carece de um tempo de maturação para serem conceituadas como tal. “Tem muito disso. Às vezes, concebe-se um projeto que é, de fato, um estado da arte, mas daí o mercado leva tempo para absorver e assimilar, ou seja, tudo o que merece o título estado da arte é algo diferenciado e, como tal, é mais difícil de ser reconhecido e absorvido”, diz.

Dentro da definição de estado da arte, segundo Luciano Décourt, até o canteiro de obras integra o conceito. “Se a infraestrutura para se construir uma edificação levar em conta aspectos ambientais e sócio-econômicos, além de utilizar práticas recomendadas sob o ponto de vista tecnológico, e conseguir mitigar ações de natureza gerencial, as chances de a obra atingir o estado da arte são bem maiores”, analisa.

No Brasil, entre os exemplos clássicos de construções que atingiram o estado da arte, estão o conjunto de prédios que formam a esplanada dos ministérios, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, em Brasília/DF, assim como a ponte Rio-Niterói, a estátua do Cristo Redentor e, mais recentemente, a ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, construída em São Paulo/SP. Fora do país, há o Coliseu, em Roma, cujas fundações até hoje são citadas como modelo de resistência, assim como o conjunto de edifícios na praça São Pedro, no Vaticano, a sede do museu  Guggenheim, em Nova York, a ponte Vasco da Gama, em Lisboa, e o metrô de Londres.

Entrevistado
Engenheiro civil Luciano Décourt
Currículo
– Graduado em engenharia civil (1963) pela Escola Politécnica da USP. Fez cursos de pós-graduação entre 1964 e 1965 na mesma Escola Politécnica e na Universidade de Harvard (EUA). Iniciou sua carreira no Instituto de Pesquisas Tecnológicas, na seção de Solos, em 1964
– Em 1973 fundou a Luciano Décourt Engenheiros Consultores Ltda, sendo desde então seu diretor presidente
– De 1968 a 1978, lecionou Mecânica dos Solos na Faculdade de Engenharia da Fundação Armando Álvares Penteado, inicialmente como professor assistente, passando a professor adjunto e depois a professor titular
– De 1989 a 1994, foi vice-presidente da “International Society for Soil Mechanics and Foundation Engineering” (ISSMFE)
– Em 1991, foi eleito para o grau de “Fellow” da American Society of Civil Engineering (ASCE)
– Em 1982, em Amsterdã, Holanda, durante o ESOPT II (“European Symposium on Penetration Testing”) foi premiado pela melhor previsão da capacidade de carga de uma estaca pré-moldada de concreto armado, utilizando para essa previsão fórmula de sua própria autoria
– Em 2009, foi eleito para a Academia Nacional de Engenharia
Contato: decourt@decourt.com.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


Massa Cinzenta

Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.

Veja todos os Conteúdos

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS

Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32

Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40

Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.

Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI

O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.

descubra o cimento certo

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

descubra o cimento certo