Como superar os desafios da implantação do BIM e da Inteligência Artificial?

Tecnologias vieram para ficar e empresas que não se adaptarem ficarão para trás no mercado

Implantação do BIM e da IA enfrenta desafios como alimentação com dados estruturados, cultura organizacional e capacitação profissional.
Crédito: Marina Pastore

O BIM e a Inteligência Artificial vieram para ficar na construção civil, e as empresas do setor terão que se adaptar a essas novas tecnologias. Foi isso que mostraram os seminários “O Impacto da Inteligência Artificial na Eficiência Operacional e na Inovação da Indústria da Construção” e “O Papel Transformador do Building Information Modeling (BIM)” durante a edição de 2024 do evento Concrete Show.

“Não existe mais como competir de forma eficaz se você não adotar as novas tecnologias. Hoje, é humanamente impossível para alguém que faz projetos manualmente competir com quem utiliza BIM. Daqui a dois ou três anos, será igualmente inviável para uma empresa que não integra inteligência artificial em seus processos competir com outra que já adotou essa tecnologia. Portanto, a questão não é se você vai optar ou não por incorporar IA na sua empresa; essa escolha simplesmente não existirá. Não será uma opção, mas uma necessidade inevitável”, afirmou Mauricio Nichterwitz, sócio da Deloitte e um dos palestrantes do evento.

Benefícios da IA e do Bim para a Construção Civil

Camila Pimenta, diretora do SENAI, cita:” Com o BIM, o ganho é significativo: ele permite um planejamento mais eficiente, engaja toda a equipe, garantindo que todos, independentemente da fase do projeto em que estão envolvidos, tenham consciência do processo, dos benefícios e, especialmente, da importância de decisões antecipadas. A modernização da mão de obra reflete a preocupação com a qualificação dos profissionais e o futuro dessas operações. Em um cenário de crescimento contínuo, o BIM contribui significativamente para a economia”, pondera.

Já a inteligência artificial pode auxiliar na gestão de custos, que é uma das maiores preocupações das construtoras no dia a dia das obras. “Um orçamento mal calculado ou uma concorrência vencida com dados incorretos pode levar uma construtora à falência. A gestão de custos, quando auxiliada pela inteligência artificial, oferece uma base muito mais sólida, não apenas comparando os custos atuais com os passados, mas também levando em conta a produtividade da construtora, a localização da obra — que também influencia os custos — e o risco associado ao cliente. Essa abordagem proporciona aos gestores uma visão muito mais ampla e precisa, permitindo uma tomada de decisão mais informada e segura”, comenta Sergio Salles, sócio-fundador da Generativo.

Desafios na implantação do BIM e da Inteligência Artificial na Construção Civil

Por serem tecnologias relativamente novas, ainda há diversos desafios em sua implantação:

  • Alimentação adequada da IA com dados estruturados: “As empresas precisam se organizar e criar uma base sólida de dados – incluindo riscos, custos, durações e normas. Ao longo dos projetos, essa base deve ser constantemente alimentada para aumentar a confiabilidade da IA, transformando-a em uma verdadeira copilota que ajuda os profissionais a trabalhar de maneira mais rápida e precisa”, pontua Nichterwitz;
  • Capacitação Profissional: “No Brasil, existe uma cultura de querer retorno imediato, de lucrar no primeiro mês, mas essa mentalidade precisa mudar. O sucesso sustentável vem com o tempo – no terceiro, quarto ano. Isso é verdade para qualquer negócio, seja com BIM, lean construction ou inteligência artificial. Todos esses métodos requerem tempo de maturação para produzir resultados”, afirma Nichterwitz;
  • Mudança Cultural e Integração com Processos: Para Nichterwitz e Amanda Bezerra (diretora de produto e inovação da Construtora Tenda), o sucesso da implementação depende de quatro pilares: processos, pessoas, tecnologia e cultura sólida, para alcance da sustentabilidade e qualidade do sistema.

Cases sobre o processo de implantação do BIM na Construção Civil

Uma das soluções apresentadas no case da Amanda foi a adoção de metodologias ágeis, destacando a necessidade de um esforço inicial intenso para o sucesso da implantação, que afetou a cadeia, cronograma e negócios da empresa. “Atualmente, estamos capacitando tanto nossa equipe interna quanto nossos parceiros externos através da nossa escola de formação”, relata a diretora da Tenda.

Daniel Ribeiro, sócio-administrador da Átomo Arquitetura, também contou sobre a implantação do BIM em seu escritório, passando por processos semelhantes: “A jornada começou com a preparação de processos internos e treinamento, o que levou a um ano de estruturação antes de começarmos a implementação prática. Durante a transição, enfrentamos desafios como a necessidade de adaptar processos e criar um manual operacional. Optamos por um projeto piloto que envolveu modelagem de um projeto 2D existente, o que ajudou a mitigar riscos e validar a eficácia do BIM. Apesar de um aumento inicial nas horas de trabalho, observamos uma redução nas horas por metro quadrado conforme implementamos melhorias e treinamos novas equipes”, lembra.

Iniciativas e ferramentas de Inteligência Artificial para a Construção Civil

Durante a palestra “O Impacto da Inteligência Artificial na Eficiência Operacional e na Inovação da Indústria da Construção”, os palestrantes mencionaram algumas soluções de inteligência artificial já disponíveis para o setor da construção civil:

  • Advanced Work Package (AWP): Com uma abordagem relevante, especialmente em obras industriais, o AWP organiza o trabalho em pacotes que podem ser reaproveitados em projetos futuros, permitindo a criação de históricos de cronogramas e aprendizados com diferentes tipos de obras;
  • Óculos Ray-Ban Meta: Esses óculos permitem capturar fotos e vídeos de maneira discreta e prática, sem desviar o foco do trabalho. Esse método tem sido eficaz tanto na construção civil quanto na indústria, como em inspeções de tanques e reatores onde o uso de um celular não é viável. Além disso, os arquivos capturados podem ser analisados posteriormente com softwares de visão computacional para extrair dados e insights valiosos;
  • CyberDog: robô utilizado para mapeamento de perímetros e realizar rondas periódicas na obra. O equipamento já possui IA e sensores;
  • Apple Vision Pro e Meta Quest: Estes óculos de realidade mista têm grande potencial para a execução de projetos em BIM. Com esses dispositivos, é possível visualizar um projeto BIM enquanto se anda pela obra. Eles podem ser extremamente úteis em ambientes de construção, proporcionando uma visualização detalhada e interativa do projeto diretamente no local.

Novas tecnologias trazem novas oportunidades

Como acontece com frequência, o surgimento de novas tecnologias também traz oportunidades de negócios e trabalhos. Na palestra “O Impacto da Inteligência Artificial na Eficiência Operacional e na Inovação da Indústria da Construção”, os participantes destacaram a necessidade de um profissional qualificado para entendimento do aspecto técnico, que possa avaliar corretamente o trabalho automatizado, garantindo que esteja de acordo com os padrões necessários.

Além de Eduardo Cavalcanti, sócio proprietário da bisnis HUB, Sergio Salles (sócio-fundador da Generativo) lembra que, nos anos 2000, com a popularização do BIM, surgiu uma nova profissão: o BIM Manager, que hoje desempenha um papel crucial nas construtoras ao gerenciar e conduzir processos BIM.

Fontes:
Mauricio Nichterwitz é sócio da Deloitte.
Camila Pimenta é diretora do SENAI.
Sergio Salles é sócio-fundador da Generativo.
Amanda Bezerra é diretora de produto e inovação da Construtora Tenda.
Daniel Ribeiro é sócio-administrador da Átomo Arquitetura.
Eduardo Cavalcanti é sócio proprietário da bisnis HUB.

Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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