Como serão os arranha-céus do futuro?

Competição de Arranha-Céus 2024 apresenta projetos que desafiam o status quo e trazem reflexões impactantes

Uban Intercroping concentra-se na incorporação de indústrias agrícolas em edifícios de grande altura.
Crédito: eVolo

Recentemente, a revista eVolo anunciou os vencedores da Competição de Arranha-Céus 2024. O júri selecionou três vencedores e 14 menções honrosas entre os 206 projetos recebidos.

O prêmio anual, criado em 2006, celebra ideias visionárias que desafiam nossa compreensão da arquitetura vertical e sua interação com os ambientes natural e construído. Ele destaca projetos que utilizam de forma inovadora tecnologias, materiais, programas, estética e organização espacial.

“Uma coisa importante de ressaltar é que o concurso da eVolo Magazine tem como foco central a utopia, o pensamento disruptivo e as discussões relevantes para a arquitetura e o urbanismo do futuro. São projetos inovadores, mas, acima de tudo, são provocações saudáveis e necessárias, que desafiam o status quo e questionam temas essenciais”, informa Augusto Pereira, professor na FAE Centro Universitário e na FAE Business School e sócio fundador da M4Mais Arquitetura e Urbanismo.

Confira alguns projetos de destaque na competição:

Urban Intercropping 

O primeiro lugar foi concedido ao projeto Urban Intercropping, desenvolvido na China. De acordo com a eVolo, o projeto concentra-se na incorporação de indústrias agrícolas em edifícios de grande altura, adotando o modelo de plantio consorciado vertical para otimizar o uso do espaço, da energia solar e dos recursos disponíveis. 

Arranha-céu horizontal acompanha as margens do Rio Amarelo e propõe solução para erosão do solo.
Crédito: eVolo

Para Pereira, o Urban Intercropping segue o conceito de fazendas verticais, uma abordagem que tem sido amplamente considerada como um dos caminhos promissores para o futuro dos grandes centros urbanos. “Essa ideia abrange desde o abastecimento de cidades até o combate à insegurança alimentar, promovendo uma alimentação mais saudável nos ambientes urbanos. Além disso, contribui positivamente para a sustentabilidade, aumentando a cobertura verde nas cidades, seja nos andares, fachadas ou coberturas dos edifícios”, explica o professor.

Pereira acredita que, do ponto de vista técnico, a viabilidade desse conceito é plenamente possível. “No entanto, o principal desafio parece estar na viabilidade financeira, que é fundamental para transformar essa ideia em um modelo de negócio sustentável”, pondera.

Streamline Concerto

Em segundo lugar, ficou o projeto Streamline Concerto, um arranha-céu horizontal concebido para acompanhar a forma sinuosa do Rio Amarelo, na China. Integrado ao ambiente natural, o projeto busca solucionar os desafios ecológicos do Planalto de Loess, com foco na recuperação do solo e da água da região.

Nas áreas de erosão do solo, durante a fase de restauração, é implantada uma barreira ecológica entre o Planalto de Loess e o Rio Amarelo para conter a perda de solo. Na etapa seguinte, de regeneração, o próprio Loess é reaproveitado como uma camada protetora contra tempestades de areia. Braços mecânicos são utilizados para escavar e reforçar habitações em cavernas nas encostas de Loess da barreira ecológica. No lado mais próximo do rio, são criados espaços habitacionais para a população, enquanto no lado voltado para o Planalto de Loess são instalados laboratórios dedicados à melhoria da qualidade do solo. Na fase de sustentabilidade, essa infraestrutura se reintegra à natureza, transformando-se em solo fértil e evoluindo para comunidades habitáveis em cavernas.

Ocean Lungs propõe a criação de um arranha-céu subaquático com 1 quilômetro de profundidade.
Crédito: eVolo

Já na região do “rio suspenso”, a jusante, a fase de restauração começa com a construção de uma barreira ecológica entre a cidade e o Rio Amarelo, reduzindo o risco de inundações urbanas durante os períodos de cheia. Em seguida, o sedimento do rio suspenso é convertido em matéria-prima para a fabricação de materiais de construção por meio de impressão 3D, promovendo uma abordagem sustentável e inovadora.

Ocean Lungs

Em terceiro lugar, ficou o Ocean Lungs, do Egito. Este projeto propõe a criação de um arranha-céu subaquático com 1 quilômetro de profundidade, desenvolvido para eliminar o excesso de CO2 dos oceanos por meio das mais avançadas tecnologias de captura de carbono. 

De acordo com os responsáveis pelo projeto, o edifício foi criado para resolver duas questões: o aumento dos níveis de CO2 e a devastação dos recifes de corais, problemas que estão intrinsecamente relacionados. “Este edifício contaria com segmentos submersos em forma de esfera, envolvidos em membranas poliméricas de alto desempenho (como o polifenilsulfona – PPSU) e microporosas. Essas membranas permitiriam a passagem do CO2, mas permaneceriam impermeáveis ao sal e a outros minerais, funcionando como purificadores do oceano ao remover CO2 e outros poluentes”, informam os responsáveis pelo projeto.

Pereira aponta que não existe um histórico significativo desse tipo de construção, mas que já existem práticas que mostram como os artefatos de concreto lançados no mar facilitam a vida marinha, formando novos habitats e promovendo o crescimento de corais ao redor desses elementos. 

No entanto, o professor sinaliza que a construção subaquática enfrenta desafios técnicos consideráveis. “Neste ambiente, a pressão é extrema e muda toda a lógica física — não temos mais a gravidade vertical tradicional, e a estrutura precisa ser pensada de maneira completamente diferente. Embora a tecnologia atual não permita alcançar profundidades tão extremas como 3 mil metros, já temos plataformas de petróleo e outras instalações submersas que mostram que é possível construir em grandes profundidades no mar. Essas estruturas, sejam flutuantes ou ancoradas ao fundo, são exemplos de como a engenharia subaquática pode ser viável”, pontua.

Para Pereira, a ideia de deslocar pessoas para o fundo do oceano parece antinatural, considerando que o nosso habitat original é a superfície. “Por isso, vejo esse projeto como algo mais utópico, uma provocação conceitual. Talvez a construção subaquática se torne realidade apenas em um cenário extremo, como em um futuro de catástrofes climáticas que tornassem a superfície inabitável”, justifica.

Vertical Mega Region

Vertical Mega Region apresenta uma rede urbana interconectada em uma estrutura vertical inovadora.
Crédito: eVolo

O Vertical Mega Region recebeu uma menção honrosa na premiação e visa criar um espaço residencial e funcional em uma estrutura urbana vertical inovadora. 

Neste conceito, o Vertical Mega Region representa uma rede urbana interconectada, onde a infraestrutura de transporte e logística é compartilhada, os vínculos econômicos e industriais são fortes e tanto as pessoas quanto o capital se concentram em um único espaço integrado.

Para Pereira, este é um conceito que, na verdade, não é novo. “Ele remonta aos anos 70, com os movimentos arquitetônicos dos metabolistas japoneses e o Archigram, um movimento britânico de arquitetos que também explorava essa ideia. É algo que, como arquitetos, já discutimos há bastante tempo: a ideia de verticalizar arranha-céus que replicam o comportamento de uma cidade, ou seja, que mimetizam a dinâmica urbana. Isso não é algo recente e já existe há muito tempo. Agora, o que estamos vendo são novas interpretações desse conceito”, pontua.

O professor acredita que a verdadeira complexidade está em reproduzir a vida cotidiana urbana na dinâmica vertical de um prédio. “Afinal, a natureza das ruas urbanas é essencialmente diferente dos corredores de um edifício. Nas ruas, temos contato direto com o céu, a vegetação e diversas interações humanas e ambientais. Já os corredores de um prédio são um ambiente diferente por si só”, conclui.

Entrevistado

Augusto Pereira é professor na FAE Centro Universitário e na FAE Business School. É sócio fundador da M4Mais Arquitetura e Urbanismo, arquiteto e urbanista; doutor em Gestão Urbana; mestre em Gestão Urbana; master em Políticas Ambientais e Territoriais pela Sustentabilidade e o Desenvolvimento Local pela Universidade de Ferrara, Itália (2012).

Contato: augusto.pereira@fae.edu 

Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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