Como os aditivos contribuem para a durabilidade do concreto
O engenheiro civil Roberto Dakuzaku explica quais os aditivos mais usados e suas principais vantagens
A mistura de aditivos químicos ao concreto tem como objetivo alterar suas propriedades a fim de obter os melhores resultados de acordo com a necessidade de cada projeto. Eles podem ser usados para reduzir o consumo de água, conferir estabilidade, melhorar a trabalhabilidade, permitir maior resistência e aumentar a durabilidade, entre outras possibilidades.
Para falar sobre a questão da durabilidade, o Massa Cinzenta conversou com o engenheiro civil Roberto Dakuzaku, que trabalha como consultor independente na S. Takashima Consultoria e Assessoria. O especialista falou sobre a importância do uso dos aditivos, a exigência das normas, as vantagens desse processo e se o custo-benefício vale a pena.
O uso de aditivos no concreto pode aumentar em até quanto tempo a sua durabilidade?
Roberto Dakuzaku: Na realidade, o uso de bons aditivos químicos em concreto facilita atendimento da durabilidade prevista em projeto, durante a vida útil calculada pelo projetista da estrutura. Atualmente, de acordo com a tabela C.5 da ABNT NBR 15575, no Brasil, obras de concreto devem ser concebidas para resistir à vida útil de projeto – VUP [vida útil de projeto] mínima de 50 anos para a estrutura de um edifício de construção normal e 75 anos para edificação de padrão construtivo superior.
Para estruturas de obras de pontes, viadutos, edificações emblemáticas, metrô, entre outras, a vida útil de projeto supera 100 anos. Portanto, a função de bons aditivos adicionados ao concreto é reduzir a quantidade de água de amassamento da dosagem para atender o FCK [Resistência Característica do Concreto à Compressão], a resistência, o módulo Ec, a classe de agressividade ambiental CAA e, em alguns casos, a relação água/cimento especificados em projeto.
E, muito importante, permitir à equipe de concretagem executar e produzir boas estruturas sem ocorrências de defeitos construtivos que venham a reduzir a vida útil de projeto.
Quais são os tipos de aditivos que proporcionam essa maior durabilidade?
Roberto Dakuzaku: Os tipos de aditivos mais empregados para esta finalidade são os redutores de água, tipo I e tipo 2, especificados na ABNT NBR 11768-1:2019, podendo ser combinados com outros aditivos especiais como aditivo compensador de retração, aditivo impermeabilizante por cristalização integral do concreto, aditivo redutor de permeabilidade e aditivo inibidor migratório de corrosão. Essa combinação de aditivos especiais exige análise da agressividade atuante sobre o concreto da estrutura, inclusive contatos com solos e águas agressivas.
O uso de aditivos com intenção de durabilidade é mais indicado para obras menores, obras maiores ou nos dois casos a importância é a mesma?
Roberto Dakuzaku: O uso de bons aditivos para aumentar a durabilidade não deve diferenciar o porte da obra. Em obras menores, quando não existem projetos ou requisitos específicos para a durabilidade do concreto, a dica é seguir as exigências das normas ABNT NBR 6118 e ABNT NBR 12655, que estabelecem exigências para espessura mínima de cobrimento de armadura, controle de abertura de fissura, classe de agressividade ambiental, consumo mínimo de cimento e relação água/cimento máxima. Ou seja, é possível executar e produzir estruturas duráveis sem ter um projeto especial.
Além da durabilidade, quais as vantagens mais procuradas em aditivos usados na construção?
Roberto Dakuzaku: Os benefícios são muitos, porém, ainda de pouco conhecimento do grande mercado consumidor de concreto dosado em central. A tecnologia atual de aditivos existentes em nosso mercado permite elaborar e produzir dosagens de concreto com manutenção estendida da trabalhabilidade do concreto fresco, chegando à obra pronto para ser lançado por bomba ou de forma convencional.
Mesmo sendo a logística de fornecimento desfavorável, com temperaturas elevadas e períodos de tempo de concretagens maiores que o previsto, não causa entupimentos na linha de bombeamento, juntas frias, falhas de concretagens, perdas por devolução de concreto vencido ou perda de slump, interrupção da concretagem, [além de evitar] equipe parada, horas extras e outras não conformidades que podem alterar e reduzir a durabilidade. Dito isso, as vantagens são muitas, infelizmente, desconhecidas do grande mercado.
O custo-benefício vale sempre a pena? Tendo em vista não apenas o valor, em si, mas as vantagens agregadas.
Roberto Dakuzaku: Evidente que sim! Somente as vantagens acima e uma redução do tempo de concretagem, que pode ser de até 10 minutos por betoneira recebida na obra, com concreto pronto para descarga dosado na central, já pagam o custo de usar um aditivo de qualidade superior, até 3 vezes mais caro que um aditivo de linha.
Por exemplo, uma vez que foi comprado um traço especial, com uso de aditivos de melhor desempenho que o aditivo de linha da central, o concreto chega pronto para descarregar e lançar sem a necessidade de redosagem ou ajuste de slump na obra. Um concreto FCK 25 MPa bombeável pode custar entre R$ 20,00 a R$ 30,00/m³ a mais que o traço de linha.
Em uma concretagem de 64 m³ de concreto, o acréscimo no custo do insumo de concreto será entre R$ 1.280,00 a R$ 1.920,00. Desse custo, se o concreto chegou pronto para descarregar, até 100 minutos a menos será economizado no tempo de concretagem, amortizando este custo dentro de uma boa engenharia de valores – e a qualidade e a durabilidade da estrutura serão aumentadas.
Fontes
Roberto Dakuzaku, engenheiro civil e consultor independente na S. Takashima Consultoria e Assessoria
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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