Como o resultado das eleições influenciará a construção civil?
“Minha Casa, Minha Vida” deve ser pauta no novo governo, abrangendo Faixa 1
No final do último mês, o segundo turno das eleições definiu o novo presidente do Brasil. A partir de janeiro de 2023, Luis Inácio Lula da Silva assumirá a presidência. Diante deste novo cenário e transição de governo, o que os setores de construção civil e imobiliário podem esperar diante desta mudança?
De acordo com Jonata Tribioli, especialista em Mercado Imobiliário e CEO da Neoin, empresa que atua na área de cotas de financiamento imobiliário, uma das prioridades do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, é colocar as classes menos favorecidas de volta no Orçamento da União, através da construção de moradia popular para milhões de brasileiros. Uma das promessas do novo governo é a volta da Faixa 1 para o programa “Minha Casa, Minha Vida”, isto é, a população com renda de até dois salários mínimos.
Além disso, Tribioli acredita que a tendência é que as negociações de compra e venda continuem crescendo e de forma exponencial. “O mercado imobiliário é um segmento muito sólido no Brasil, sendo uma classe de ativos consolidada e que sempre foi vista como uma reserva de valor, principalmente quando falamos de imóveis residenciais”, afirma Tribioli.
Minha Casa, Minha Vida
Ao analisar os dois mandatos anteriores de Luís Inácio Lula da Silva na presidência, Tribioli, aponta que as construtoras de baixa renda tendem a ser as mais beneficiadas com esse terceiro governo.
“A habitação social é um dos principais pilares de um governo de esquerda. Lembrando que o programa MINHA CASA MINHA VIDA foi concedido pelo presidente eleito. Nos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff, o setor foi responsável pela criação de 1,2 milhões de empregos e a contratação de 5,5 milhões de financiamentos habitacionais”, destaca Tribioli.
Para Tribioli, há a possibilidade do segmento de alto padrão sofrer retração. “Mas sempre devemos considerar o histórico de resiliência do segmento”, reflete.
Aumento de juros e fluxo de investimentos
Em entrevista para a Infomoney, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, reforçou que o ponto-chave para o segmento é a regularidade no fluxo de investimentos.
“Não dá para viver de uma solução única, que um dia coloca uma montanha de dinheiro e, de repente, morre tudo. Isso aconteceu com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado em 2007 pelo governo do PT. Sem continuidade, não posso investir pesado em tecnologia, maquinário e capacitação. Perco a oportunidade de ser mais produtivo”, afirmou ao veículo Infomoney.
Tribioli lembra que o presidente da ABRAINC, Luiz França, diz que apesar do aumento nos juros, há boas perspectivas para o setor, pois a taxa dos financiamentos imobiliários é atrelada à remuneração da poupança e ela não sobe na proporção da Selic.
“De acordo com a Brain Inteligência Imobiliária, 62% dos empresários acreditam na melhora do setor imobiliário em 2023. A pesquisa foi realizada com 356 empresários da área, com o objetivo central de coletar suas percepções sobre o desempenho do setor e das empresas neste ano, além das perspectivas para o futuro”, explica Tribioli.
Entender em quanto tempo o novo governo consegue dar condição para o Banco Central começar a baixar juros é uma questão-chave, na opinião de Tribioli. “Essa movimentação estimula atividades econômicas e pode fazer com que qualquer esfriamento do mercado imobiliário seja mais curto e menos agressivo”, comenta Tribioli.
O vice-presidente de relações institucionais do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Yorki Estefan, afirmou em entrevista à Infomoney que é imprescindível manter em ordem as contas públicas para que os juros possam cair.
“O dinheiro (para o subsídio) tem de sair do Orçamento. Não adianta investir explodindo as contas do governo. Porque aí gera mais inflação e, consequentemente, juros mais altos”, defendeu.
Fontes
Jonata Tribioli é especialista em Mercado Imobiliário e CEO da Neoin, empresa que atua na área de cotas de financiamento imobiliário.
Yorki Estefan é vice-presidente de relações institucionais do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP).
José Carlos Martins é presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Contatos
Neoin: contato@neoin.com.br
SindusCon-SP – assessoria de imprensa: dbarbara@sindusconsp.com.br
CBIC – assessoria de imprensa: ascom@cbic.org.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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