Como alcançar a neutralidade do carbono na produção de concreto?
A América Latina produz 116.700.000 m³ de concreto e Brasil é responsável por um terço desta produção
Durante o Concrete Show 2024, o Seminário da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (ABESC) trouxe como tema os desafios para alcançar a neutralidade do carbono na produção de concreto.
“Para o desenvolvimento da sociedade, precisamos de concreto. O que devemos fazer é fornecer esse concreto da forma mais sustentável possível. Enquanto houver crescimento populacional, teremos que continuar construindo estradas, pontes, escolas e postos de saúde. Mas, nesse processo de descarbonização de outros setores da economia, como o de energia, por exemplo, também precisaremos de concreto para a geração de energia eólica. Há uma clareza de que é um material que oferece a melhor relação custo-benefício, além de ser mais sustentável. Hoje, a América Latina produz 116.700.000 m3 de concreto e o Brasil é responsável por um terço desta produção”, afirmou Manuel Lascarro, diretor presidente da Federación Iberoamericana del Hormigon Premezclado (FIHP) – Federação Ibero-Americana do Concreto Pré-Misturado.
Para reduzir as emissões no setor, ele também destaca a necessidade de capturar ou compensar emissões até atingir o net zero, descarbonizar a energia e o transporte, implementar medidas de economia em cada fase — desde a extração do calcário até o uso do concreto — e investir em economia circular. “O que não posso reduzir nesta estratégia, devo buscar ferramentas de captura ou compensação”, declara Lascarro.
O diretor presidente da FIHP acredita que no caso dos países como o Brasil, situado em uma região tropical e com potencial para compensação por meio de florestas, essa é uma opção viável. “Soluções baseadas na natureza são um tema que vocês vão ouvir muito, especialmente com a COP30 sendo realizada no Brasil, em Belém, no próximo ano. Então, quais possibilidades podemos considerar? Assumimos que conseguiremos descarbonizar completamente o setor de transporte. No entanto, tudo isso envolve custos significativos. Os países que estão na vanguarda dessa transição estão investindo recursos governamentais como uma forma de apoiar o setor nessa mudança. Por outro lado, estamos um pouco atrás, observando o que está sendo feito ao redor do mundo”, informa.
Como reduzir as emissões do concreto?
Lascarro e Marcelo Henriques, gerente de marketing LATAM da GCP Applied Technologies, trouxeram algumas tendências globais que podem auxiliar a reduzir as emissões na produção de concreto:
- Entender para que se vai utilizar e como se vai utilizar, para que as dosagens sejam adequadas com o tipo de obra que será realizada;
- Uso de um cimento eficiente em relação CO2/performance esperada: segundo Lascarro, nos mercados emergentes, o foco deve ser em como o cimento está sendo trabalhado, para que seja possível reduzir as emissões e torná-lo o mais verde possível, seja por meio de combustíveis mais verdes ou pela utilização eficiente de menores quantidades em obras controladas e resilientes;
- Otimização da mistura em função dos aditivos, dos agregados e adições disponíveis de acordo com fatores locais de disponibilidade de insumos: Henriques sugere o uso de agregados desafiadores. “São aqueles agregados que antes não podiam ser usados porque deixavam o concreto áspero, causavam perda de abatimento ou exigiam mais cimento. Hoje, temos tecnologia química que nos permite utilizar esses materiais. Por exemplo, ao invés de buscar areia em locais distantes, posso usar aditivos para melhorar esse material. Existe uma solução para areias desafiadoras que lubrifica cada grão como se fosse uma graxa, deixando a areia semelhante à de boa qualidade. Além disso, há um aditivo para o tratamento de concreto devolvido: o estabilizador de hidratação, que permite estabilizar 8 m³ sem a necessidade de divisão. Assim, você recupera e estabiliza 8 m³ e pode enviá-lo para a obra no dia seguinte sem problemas”, afirma Henriques.
- Ajuste dos sistemas de produção e distribuição para eliminar desperdícios: a taxa de devolução do concreto na América Latina corresponde a aproximadamente 5% das entregas. “Estamos falando de cerca de 7 milhões de m3 por ano que saem de uma planta, mas não podem ser utilizados em uma obra, precisando ser redirecionados para uma segunda utilização. Esses 7 milhões m3 equivalem praticamente à produção anual da Colômbia. E isso, hoje em dia, não representa apenas dinheiro, mas também uma maior pegada de carbono. Então, dependemos de algo que poderia ser substituído, já que a tecnologia necessária já está disponível’, alerta Lascarro;
- Uso de tecnologia no setor: de acordo com Lascarro, empresas como Microsoft, Google e Meta já vêm trabalhando no setor com a coleta de informações de inúmeras plantas de concreto e de gestão de matérias-primas para elaboração de relatórios de emissões em tempo real. “É algo bastante ambicioso, que estamos observando, pois, claro, há implicações técnicas e jurídicas, além de uma série de outros temas envolvidos. Mas, hoje, isso já existe e está sendo desenvolvido com os gigantes da tecnologia”, conta.
- Aumento no uso de concreto usinado e na proporção de cimento a granel: “Se pensarmos que produzimos 60 milhões de toneladas de cimento, cerca de 27% vai para concreto usinado, o que indica que nossa construção ainda é bastante manual e não tão industrializada. O Brasil atualmente produz cerca de 47 milhões de m³, enquanto os Estados Unidos fecharam 2023 com 300 milhões de m3, dos quais 10% são ensacados. Na Turquia, o governo instaurou uma norma exigindo que as novas construções alcancem um mínimo de condição técnica, que não pode ser atingido apenas virando concreto na obra”, aponta Henriques.
- Utilização de usinas de concreto menores, mais próximas da descarga;
- Maior controle de qualidade de todo o processo, sobretudo no controle tecnológico do concreto: a busca pela redução de desvios no processo se faz necessária para economia de insumos e melhoria de desempenho dos concretos fornecidos ao mercado.
Fontes
Manuel Lascarro, diretor presidente da Federación Iberoamericana del Hormigon Premezclado (FIHP) – Federação Ibero-Americana do Concreto Pré-Misturado.
Marcelo Henriques, gerente de marketing LATAM da GCP Applied Technologies
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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