Cinpar 2024: soluções digitais ajudam a reduzir vulnerabilidade em áreas urbanas
Realidade Virtual simula ambientes reais para visualizar resultados de vulnerabilidade e risco

Durante a 20ª Edição do Congresso Internacional sobre Patologia e Reabilitação das Construções (CINPAR), que ocorreu de 29 a 31 de maio em Fortaleza (CE), diversos conferencistas trouxeram suas contribuições em torno de pesquisas sobre novos materiais, reabilitação sustentável e reforço de estruturas.
Um dos palestrantes do encontro foi o engenheiro Tiago Miguel Ferreira, professor sênior em Cidades e Estruturas Inteligentes e Resilientes na University of the West of England (UWE Bristol), no Reino Unido, que abordou o tema “Soluções digitais inovadoras para avaliação de vulnerabilidade urbana e mitigação de riscos”.
Tendo como foco de atuação estudos sobre a vulnerabilidade estrutural de edifícios históricos e áreas urbanas diante de riscos, como terremotos, incêndios, inundações e deslizamentos de terra, ele aponta ser importante o enquadramento de cada tipo de perigo, bem como a coleta de dados e correta gestão.
Análise de riscos e seus múltiplos fatores
Em entrevista exclusiva ao Massa Cinzenta, Ferreira aponta que a análise dos riscos depende de vários fatores, entre eles a vulnerabilidade física das estruturas e a infraestrutura em áreas urbanas. “Como técnicos, a nossa missão passa por quantificar essa vulnerabilidade física e, em caso de necessidade, isto é, caso essas estruturas e infraestruturas não tenham resistência suficiente para resistir a esses perigos (seja um sismo, uma inundação ou um incêndio), conferir essa resistência através da implementação de soluções de reforço adequadas”, informa.
Realidade virtual para avaliação de vulnerabilidade

Crédito: Arquivo pessoal/Tiago Ferreira
Defensor do uso de soluções digitais no processo de avaliação e mitigação de risco em áreas urbanas, o professor destaca que esses facilitadores estão presentes no dia a dia da construção civil. No processo de avaliação, a tecnologia exerce um papel importante na coleta e organização da informação necessária para alimentar as metodologias a serem utilizadas para análise de vulnerabilidade.
Ele cita como referência os aplicativos para coleta de dados em campo e transferência em tempo real para Sistemas de Informação Geográfica (SIG). “Outro exemplo é a utilização de ambientes imersivos de Realidade Virtual (VR) ou Realidade Aumentada (AR) para a visualização de resultados de vulnerabilidade e de risco em modelos digitais que replicam ambientes reais”, enumera.
O palestrante apresentou alguns casos de estudo reais para exemplificar os resultados de vulnerabilidade e risco em áreas urbanas, incluindo estimativas sobre o colapso de edifícios e perdas materiais e humanas. “Usando ambientes imersivos e realidade virtual, demonstrei as situações de evacuação de pessoas em cenários de catástrofe, que podem ser utilizados para a sensibilização de decisores e populações”, aponta.
Para o professor, essas inovações tecnológicas também criam condições para gerar maior envolvimento das comunidades, possibilitando o repasse de orientações para que os moradores locais saibam como reagir de forma adequada a diversos fenômenos.
Rio Grande do Sul e a necessidade de reduzir riscos à população
Indagado sobre a previsibilidade da enchente que assolou o Estado do Rio Grande do Sul, Ferreira acredita que sempre é possível reduzir a vulnerabilidade das populações. Porém, ele condiciona essa capacidade a vários fatores, como a capacidade econômica para reduzir o nível de vulnerabilidade física e o reforço dos edifícios. “No caso específico dos fenômenos meteorológicos, sabemos que a frequência e a magnitude desses acontecimentos têm se agravado devido às alterações climáticas”, observa.
Por esse motivo, a perspectiva é de que as populações mais expostas, localizadas em zonas ribeirinhas ou costeiras, sejam afetadas de forma mais frequente e severa por situações como as vivenciadas no Rio Grande do Sul. “Por isso, é fundamental reduzir o seu nível de risco e, se isso não for possível, deslocar essas populações para buscar a diminuição do nível de vulnerabilidade física, adaptando as estruturas e infraestruturas para estes fenômenos”, assinala.

Ferreira aconselha também os gestores públicos a capacitar essas populações, através de campanhas e sensibilização, para tornar as comunidades mais preparadas para reagir de forma adequada e ágil quando atingidas por este tipo de situação.
ENTREVISTADO
Tiago Miguel Ferreira é engenheiro civil, pós-graduado em Reabilitação do Patrimônio Construído pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e doutorado em Engenharia Civil pela Universidade de Aveiro. Atualmente, é professor sênior em Cidades e Estruturas Inteligentes e Resilientes na University of the West of England (UWE Bristol), no Reino Unido, vice-líder do programa de Mestrado em Engenharia Civil na mesma universidade, e professor associado convidado na Universidade de Coimbra, em Portugal.
Contato: tiago.Ferreira@uwe.ac.uk
Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Cadastre-se no Massa Cinzenta e fique por dentro do mundo da construção civil.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.

Massa Cinzenta
Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.
15/05/2024
MASP realiza o maior projeto de restauro desde a sua inauguração
MASP passa por obras de restauro em suas estruturas. Crédito: Assessoria de Imprensa / MASP Quem passa pela Avenida Paulista vem notando uma diferença significativa na…
26/03/2025
Pavimento urbano de concreto em loteamentos: é viável?
O pavimento de concreto vem sendo cada vez mais utilizado em rodovias e cidades. Mas como fica seu uso em loteamentos? Loteamento Smart Urba Vila Profeta, em Campinas (SP),…
26/03/2025
Seminário internacional mostra que projetos de retrofit causam impacto direto na valorização imobiliária
Vista aérea do projeto Cidade Matarazzo, que passou por um processo completo de retrofitCrédito: Divulgação O retrofit tem se consolidado como uma solução essencial para a…
26/03/2025
Innova Build Conference estreia no Brasil e discute sistemas construtivos inovadores para os setores da engenharia e construção
Uma das 300 casas impressas em 3D no Texas (EUA)Crédito: Divulgação/Icon Build A primeira edição brasileira do Innova Build Conference (IBC) aconteceu em São Paulo no dia 1º de…
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.
Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS
Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32
Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40
Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.
Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI
O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.
