Cidade da Música: obra grandiosa e polêmica
A construção em andamento desde 2002 pode estar comprometendo viadutos da região. Confira o que dizem especialistas sobre o assunto.
Construção do complexo idealizado para receber eventos musicais pode prejudicar construções vizinhas
Por: Tatiane Franco
Idealizada para receber eventos de música erudita e ser a nova sede da Orquestra Sinfônica Brasileira, o complexo cultural da Cidade da Música, localizado no coração da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, ainda não foi concluído e gera muita polêmica. A questão trata de possíveis rachaduras em viadutos da região, que possui intenso tráfego de veículos. Após denúncia, em agosto de 2009, dois engenheiros da prefeitura do Rio de Janeiro foram convocados a prestar esclarecimentos sobre a obra.
A construção do complexo cultural da Cidade da Música iniciou em 2002 e mesmo ainda não finalizada, a obra foi paralisada em janeiro de 2009. De acordo com a Secretaria de Obras da Cidade do Rio de Janeiro, a atividade foi retomada em novembro do ano passado e a previsão é que o empreendimento seja concluído no primeiro semestre de 2011. O órgão informa que desconhece a veracidade das informações sobre rachaduras em viadutos.
Segundo o engenheiro civil, Bruno Contarini, consultor do projeto Cidade da Música, não existe nenhum comprometimento nas obras adjacentes. “O empreendimento foi feito com tubulão normal e isso não afeta em nada as construções próximas”, defende o engenheiro Contarini.
Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro, é difícil afirmar sobre os possíveis problemas nos viadutos, pois não existem estudos que avaliem a obra. “Não podemos garantir que a obra esteja interferindo no desgaste dos viadutos, uma vez que o trânsito na região é intenso e isso causa a deterioração do local. É preciso um estudo aprofundado, o que, até hoje, não foi feito ou o Crea não teve conhecimento. O que podemos afirmar é que houve falta de planejamento e de um projeto com cronograma rígido. Essas falhas interferiram diretamente no alto orçamento e na demora da obra”, declara Guerreiro.
Segundo o Tribunal de Contas do Município do Rio, até o final do ano passado, haviam sido gastos R$ 518,6 milhões. A previsão é que a prefeitura invista mais R$ 50 milhões para concluir a obra da Cidade da Música.
O Complexo
Em estilo modernista e com o concreto como material estrutural, a Cidade da Música foi projetada pelo arquiteto francês, Christian de Portzamparc, e promete ser a maior sala de concerto para orquestra sinfônica e ópera da América Latina. Em um terreno de 95 mil metros quadrados, sendo quase 88 de área construída, o empreendimento de cinco andares conta ainda com 28 salas para concertos, música de câmara, aulas e ensaios; salas de cinema; lojas, restaurante, cafeteria, foyer musical e midiateca. Até agora foram utilizados 65 mil metros cúbicos de concreto de alto desempenho para a realização do projeto.
A Grande Sala de Concerto possui 1.800 lugares e pode ser adaptada para ópera, ficando com 1.300 lugares. O espaço possui uma sala para Música de Câmara com 800 poltronas, reversível para 500. O complexo terá uma ligação direta com terminal da Alvorada e estacionamento com 738 vagas.
Leia mais sobre a Cidade da Música na matéria “Uma cidade com notas musicais”, publicada no Massa Cinzenta em 11 de dezembro de 2008. (http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/uma-cidade-com-notas-musicais/)
Entrevistados:
Bruno Contarini – Engenheiro Civil, trabalhou diversas vezes em parceria com o arquiteto Oscar Niemeyer (como no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, e no Museu de Arte Contemporânea, em Niterói) e também participou da concepção e execução da ponte Rio-Niterói.
Email: bceng@veloxmail.com.br
Agostinho Guerreiro – Presidente do Crea-RJ
Email: presidente@crea-rj.org.br
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
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