Certificação mede impacto da obra na saúde das pessoas
Prédios verdes têm que ir além do uso de materiais e sistemas construtivos sustentáveis. Eles precisam comprovar que proporcionam qualidade de vida
Prédios verdes têm que ir além do uso de materiais e sistemas construtivos sustentáveis. Eles precisam comprovar que proporcionam qualidade de vida
Por: Altair Santos
O Green Building Certification Institute (GBCI) está dando um passo à frente no modelo de certificação. Além da qualidade da obra, ele agora quer medir o impacto da construção na saúde das pessoas que utilizam os prédios com selo LEED. Para isso, foi lançada recentemente a certificação WELL, em parceria com o International WELL Building Institute (IWBI). Ela oferece parâmetros para que construtoras e incorporadoras projetem espaços que promovam qualidade de vida, bem como o aumento de produtividade e conforto dos usuários.
A certificação WELL tem validade de três anos. Após esse período, é necessário submeter à certificação novamente. Todo esse processo é responsável por desafiar arquitetos, engenheiros civis e designers a olharem não somente para o meio ambiente, mas também para as particularidades do ambiente construído, e que impactam diretamente na saúde e bem-estar das pessoas. “A importância da certificação WELL é trazer à tona essa necessidade de reinventar os edifícios, de forma que o usuário seja colocado em primeiro lugar”, avalia Paul Scialla, diretor do IWBI.
A certificação WELL baseia-se em sete categorias, com destaque para a qualidade da água, qualidade do ar, qualidade da luz e confortos térmicos e acústicos. Segundo os certificados, um olhar atento para estes conceitos mostra que eles são significativamente relevantes em um edifício, uma vez que as pessoas passam 90% do tempo em ambientes construídos. “Em edifícios habitacionais, a certificação WELL pode ajudar a melhorar o humor e os padrões de sono. Já em prédios comerciais, ela tende a aumentar a produtividade, fortalecer os esforços de responsabilidade corporativa e reduzir o absenteísmo (faltas no trabalho)”, explica Paul Scialla.
Nenhum prédio no Brasil
Atualmente, mais de 80 edifícios, com cerca de 2 milhões de m² e localizados em 12 países, já possuem a certificação WELL ou encontram-se registrados e em fase de desenvolvimento. Boa parte destes empreendimentos – cerca de 90% – são edifícios corporativos. No Brasil, ocorreu apenas o registro de um projeto na GBC Brasil, mas sem prazo para que entre em fase de execução. “Avaliamos que a certificação permite agregar ao projeto um elevado potencial comercial, fruto da redução de despesas no longo prazo, tanto na melhoria da saúde das pessoas quanto com relação à vida útil do edifício”, estima o diretor do IWBI.
O primeiro prédio do mundo a obter a certificação LEED-WELL foi a sede da CBRE (Commercial Real Estate Services), na Califórnia – Estados Unidos. Desde que a edificação ficou pronta e foi habitada, o IWBI passou a monitorar o comportamento dos usuários. No primeiro relatório, divulgado em 2015, as primeiras conclusões foram as seguintes: 83% dos ocupantes disseram sentir-se mais produtivos e 92% informaram que o novo espaço de trabalho criou efeitos positivos na sensação de bem-estar.
Lançada em 2013, a certificação WELL é fruto de sete anos de pesquisas, contando com a participação de engenheiros civis, arquitetos, designers e profissionais da medicina.
Entrevistado
Paul Scialla, diretor do IWBI e CEO da Delos, empresa com sede em Nova York especializada em medir o bem-estar das edificações
Contato: info@wellcertified.com
Créditos Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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