Centro de Inovação em Construção Sustentável da USP vai criar banco de dados nacional para reduzir emissões de CO₂
Projeto, atualmente em fase de desenvolvimento, deve ser lançado até o final de 2025
Diante do desafio de buscar mitigar a emissão de CO2 na construção civil e contribuir para a sustentabilidade global, uma nova abordagem está surgindo no Brasil com o objetivo de transformar a maneira como os projetos estruturais são desenvolvidos e mensurados.
Trata-se do desenvolvimento de um banco de dados nacional de emissões de CO2 para edificações, voltado para a otimização interativa dos projetos de estrutura. A proposta é uma iniciativa do Centro de Inovação em Construção Sustentável (CICS) da Escola Politécnica da USP em conjunto com alguns engenheiros do escritório França & Associados Projetos Estruturais.
O banco de dados reunirá informações de obras reais em um benchmarking público da pegada de CO2 do mercado brasileiro, que será continuamente atualizado. Segundo o engenheiro e prof. Ricardo Leopoldo França, integrante do projeto, a base de dados é imprescindível para estabelecer metas de mitigação factíveis e acompanhar ao longo do tempo a evolução da descarbonização do setor.
A ferramenta permitirá que cada projetista compare de forma instantânea e a custo zero a pegada de CO2 do projeto que está realizando com os edifícios similares do benchmarking. Se for o caso, é possível introduzir melhorias e repetir o ciclo de avaliação até que o projeto atenda suas metas de mitigação da pegada de carbono. Os dados do projeto finalizado passarão a integrar o benchmarking brasileiro.
O banco de dados vai reunir informações detalhadas sobre as emissões das estruturas de edifícios de concreto e aço, permitindo não só a melhoria dos projetos, mas também orientando a pesquisa e a normalização, acelerando a transição para uma construção de baixo carbono. “A estruturação do banco de dados explora a digitalização das ferramentas de projeto, que tornam possível analisar as informações e readequar a proposta, estabelecer metas para que novos edifícios emitam menos CO2 do que os anteriores e acompanhar a evolução ao longo do tempo”, assinala.
Assim, os profissionais poderão cadastrar seus projetos reais, incluindo dados sobre o consumo de materiais, como concreto e aço, e receberão a faixa esperada da pegada de CO2, bem como a classificação do edifício dentro do universo de empreendimentos similares.
A previsão é de que o banco de dados esteja disponível para uso até final de 2025. “Atualmente, a equipe responsável está desenvolvendo a infraestrutura necessária para armazenar e processar os dados, além de buscar financiamento e parcerias que garantam a expansão da plataforma”, informa. A equipe também colabora em âmbito internacional, buscando interoperabilidade que permitiria comparações a nível global.
Extração automática de informações dos projetos
A participação no banco de dados será aberta a todos os profissionais do setor de construção, incluindo engenheiros estruturais, arquitetos e construtoras, que terão acesso às informações e poderão efetuar comparações das obras, desde que contribuam com dados de seus projetos. “Dessa forma, o sistema funcionará como uma troca colaborativa de informações: quanto mais dados os usuários fornecerem, maior será a riqueza e a precisão do banco de dados”, aponta França.
O software utilizado para o cadastro e extração das informações será integrado digitalmente aos programas de modelagem estrutural mais usados no mercado brasileiro, como o TQS e o Eberick. Segundo França, os softwares de projeto irão incorporar rotinas de extração automática das informações dos projetos, como o consumo de concreto por área construída, geometria de pilares, vigas e aço, e enviar para o app do banco de dados de estruturas de forma digital, facilitando a entrada de dados e garantindo maior precisão nas informações fornecidas.
O app do benchmarking de estruturas terá acesso aos dados detalhados sobre as emissões de diferentes tipos de concreto, com base no banco de dados SIDAC (Sistema de Informação do Desempenho Ambiental da Construção), que já reúne informações sobre a emissão de CO2 de diversos tipos de cimento e concreto produzidos no Brasil.
Desmaterialização e materiais ecoeficientes
Com a criação do banco de dados, uma das principais estratégias para a redução de CO2 nas construções será a desmaterialização. Esse conceito refere-se ao uso otimizado de materiais, o que significa construir reduzindo as seções de estruturas, utilizando menos concreto e aço por m2 sem comprometer a segurança e a funcionalidade da estrutura. “Além de buscar soluções estruturais que consomem menos recursos, o sistema incentiva o uso de concretos ecoeficientes. Toda indústria cimenteira está focada em produzir materiais mais sustentáveis”, observa ele.
O projeto representa uma mudança de paradigma na construção civil brasileira. Ao permitir que construtoras e projetistas comparem suas obras com projetos anteriores, a iniciativa visa reduzir significativamente a pegada de carbono do setor, promovendo uma construção mais sustentável e alinhada com os desafios globais das mudanças climáticas. “Quanto menor a emissão de CO2, menor será o custo da obra e a tendência é de que os produtos que insistam em ficar à margem da sustentabilidade sejam mais caros, o que deve incentivar o uso de materiais ecoeficientes”, conclui.
Entrevistado
Ricardo Leopoldo e Silva França é engenheiro, Mestre e Doutor pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), professor sênior da Escola Politécnica da USP, titular da Cátedra Construindo o Amanhã do convênio USP-Arcelor, membro do Conselho da ABECE, membro do ACI, CEB/FIB, IABSE e IBRACON e titular da França & Associados Projetos Estruturais.
Contato:
ricardo.franca@fa.eng.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Cadastre-se no Massa Cinzenta e fique por dentro do mundo da construção civil.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Massa Cinzenta
Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.
15/05/2024
MASP realiza o maior projeto de restauro desde a sua inauguração
MASP passa por obras de restauro em suas estruturas. Crédito: Assessoria de Imprensa / MASP Quem passa pela Avenida Paulista vem notando uma diferença significativa na…
26/12/2024
Saque do FGTS: entidades alertam para o desvio de funcionalidade do Fundo e a ameaça ao financiamento habitacional
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), criado para proteger o trabalhador em situações de desemprego e financiar a habitação popular, infraestrutura e saneamento, tem…
26/12/2024
Setor da construção civil deve desacelerar em 2025, segundo CBIC
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) estima que o setor deve se consolidar com um crescimento de 4,1% em 2024. No entanto, para 2025, a expectativa é de…
26/12/2024
Pesquisa mostra que 55% das rodovias apresentam condições insatisfatórias de pavimentação, sinalização e geometria
A Pesquisa CNT de Rodovias 2024, realizada pela Confederação Nacional do Transporte, avaliou mais de 110 mil quilômetros de estradas e 55% das vias apresentam condições…
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.
Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS
Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32
Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40
Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.
Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI
O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.