CBIC aumenta para 3% a expectativa de crescimento do PIB para o setor da construção em 2024

De janeiro a maio, foram criados 159.203 empregos, o melhor resultado dos últimos 12 anos

Empresários estão otimistas, mantendo os investimentos e lançamentos imobiliários. Crédito: Envato

A construção civil brasileira revisou positivamente suas expectativas para o crescimento em 2024. Inicialmente, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) havia projetado em março deste ano um crescimento de 2,3% do PIB para o setor, mas, diante da movimentação otimista da economia, reviu suas projeções e agora a nova expectativa de crescimento é de 3% do PIB neste ano.

Esse otimismo reflete uma combinação de fatores favoráveis que se desenrolaram ao longo do primeiro semestre e apontam para um período de recuperação robusta. A revisão para 3% foi impulsionada por uma série de acontecimentos positivos na economia.

Em coletiva de imprensa, realizada no dia 29 de julho, o presidente da CBIC, Renato de Souza Correia, destaca a importância dessas novas perspectivas. “É uma notícia muito boa, porque a construção civil é um setor de base que influencia 97 setores da economia e quando a gente vê as condições convergindo para um número melhor a gente entende que é mais emprego, mais renda, mais habitação, mais infraestrutura para o nosso país que tanto precisa”, avalia.

Já a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, aponta que o cenário macroeconômico também contribuiu para a revisão das expectativas. “O crescimento da economia brasileira, que pelas últimas projeções divulgadas pelo Boletim Focus aponta para um PIB em torno de 2,19%, e as expectativas positivas dos empresários do setor para novos lançamentos imobiliários foram fatores determinantes para a revisão dos números da CBIC”, assinala.

Melhor desempenho do emprego nos últimos 12 anos

De acordo com dados do novo Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego, a construção civil criou 159.203 novos postos de trabalho com carteira assinada de janeiro a maio de 2024, sendo o melhor resultado dos últimos 12 anos. “A resiliência do mercado de trabalho, com a criação de mais de 1 milhão de empregos formais de janeiro a maio em todos os setores da economia, tem sido um pilar importante”, aponta Ieda.

As maiores oportunidades de emprego foram criadas na construção de novos edifícios (42,48%), seguido dos serviços especializados para a construção (32,93%) e obras de infraestrutura (24,59%). 

Aumento dos financiamentos imobiliários com recursos do FGTS

Outro fator crucial é o aumento dos financiamentos imobiliários com recursos do FGTS, que totalizaram R$ 67,7 bilhões no primeiro semestre, um crescimento de 75,31% em relação ao mesmo período do ano anterior. “Os financiamentos imobiliários sofrem com juros altos em dois aspectos. Primeiramente, na quantidade de recursos que o empresário precisa aportar. Em segundo lugar, afeta o consumidor final, que gasta mais dinheiro para comprar o que precisa”, analisa o presidente da CBIC.

Confiança dos empresários em alta

A confiança dos empresários da construção permanece elevada, com expectativas positivas para novos empreendimentos, compras de matérias-primas e aumento no número de empregados. De acordo com levantamento da CBIC, o Índice de Confiança do Empresário da Construção permanece em patamar elevado, apresentando 54,6%, dado superior aos últimos três meses.

As obras de reconstrução no Rio Grande do Sul, devido a eventos climáticos adversos, também podem gerar impactos positivos no setor a médio prazo, embora ainda não haja números definitivos sobre o volume de recursos envolvidos.

No entanto, a alta taxa de juros, que não deve cair abaixo de 10%, é um desafio significativo. “A taxa de juros é um banho de água fria no empresariado, mas temos esperança de que essa taxa possa diminuir um pouco”, comenta Correia.

Outros desafios incluem a falta de mão de obra qualificada, custos elevados de construção, insegurança jurídica e burocracia. A sustentabilidade do FGTS e alternativas de funding para o crédito imobiliário também são temas de preocupação, bem como a reforma tributária e as consequências para o setor.

Custos de materiais acima da inflação

Além disso, Ieda menciona que a construção civil continua enfrentando custos pressionados bem acima da inflação. De janeiro de 2020 a junho de 2024, o INCC/FGV aumentou 44,02%, enquanto a inflação oficial cresceu 30,47%. “Nos últimos meses, estamos observando um aumento menor com os custos de material, mas o patamar continua muito elevado”, observa Ieda.

Apesar desses desafios, a expectativa geral é de um segundo semestre positivo, sustentado por indicadores econômicos favoráveis, criação de empregos e perspectivas de aporte para o financiamento imobiliário. “O programa Minha Casa, Minha Vida, provavelmente com suplemento do FGTS para o restante do final do ano, e as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em andamento são alguns indicadores de que vamos continuar em ritmo elevado de atividade”, conclui Correia.

Fonte
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)

Contato/Assessoria de Imprensa:
ascom@cbic.org.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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