Campanha nacional estimula a prevenção de acidentes da indústria da construção

Falta de segurança no ambiente de trabalho atrapalha a produtividade no canteiro

Segundo pesquisa, a maior dificuldade para uma empresa é manter o Programa de Gerenciamento de Riscos.
Crédito: Envato

Durante a 96ª edição do ENIC (Encontro Nacional da Indústria da Construção) foi lançada a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho na Indústria da Construção – CANPAT Construção 2023. O tema escolhido para este ano foi “Gestão da Segurança e Saúde na Construção: como um ambiente seguro favorece a produtividade?”. A campanha é realizada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), por meio da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT).

“Desde 2017, a CBIC tem feito um trabalho magnífico no Brasil inteiro com relação ao lançamento das campanhas nacionais. Desde 2017 até agora, nós fizemos um trabalho de socializar informações sobre segurança e saúde com mais de 30 cidades. De 2017 até hoje, quando o governo queria modificar todas as NRs do Brasil, em 2019, a toque de caixa foram feitas todas as modificações destas normas no país – principalmente a NR 18. Investir em segurança dá lucro.”, aponta Haruo Ishikawa, vice-presidente do Sinduscon-SP e coordenador do Grupo Estratégico de SST da CPRT/CBIC.

Segundo Antonio Carlos Salgueiro de Araújo, presidente do Seconci-Brasil, pela sua natureza de alto grau de risco, a construção civil exige um grande comprometimento em ações que ajudem a conscientizar a importância da prevenção do acidente. “O tema da Campat deste ano traz que, além da prevenção contra acidentes, um ambiente seguro também contribui para a produtividade do trabalho e a sua segurança”, afirma. 

Falta de segurança x produtividade

Na opinião de Gianfranco Pampalon, consultor de SST do Seconci-SP, a falta de segurança no ambiente de trabalho atrapalha a produtividade da obra. “A segurança no trabalho é um hábito que está baseado no cuidado com as pessoas – isso é segurança no trabalho. Não deve ser vista como uma atividade à parte. Obras seguras são mais limpas e atendem melhor os prazos”, destaca. Na opinião de Pampalon, há uma falta de preocupação no projeto de dar segurança para o trabalhador. “Um estudo feito na Europa mostra que 35% dos acidentes na construção civil poderiam ser prevenidos na concepção e 28% no projeto. Agora, com BIM, novas tecnologias e precaução com novos estudos, deve haver uma evolução neste sentido”, declara. 

O especialista de desenvolvimento industrial – SESI, Dernival Barreto Medrado Neto, trouxe uma pesquisa sobre a questão de produtividade e segurança. Durante o evento, ele também comentou a respeito do conceito de produtividade. “Ao falarmos de produtividade, o primeiro indicador é o tempo – executar uma obra no menor tempo. O cliente mais feliz é aquele que recebe uma obra antecipadamente ou no prazo. Nisso, tem o cálculo acirrado de ter os melhores indicadores de execução dos serviços no cronograma para atender. Só que dentro disso tem também o planejamento da obra e as predecessoras. É comum fazer as predecessoras pensando no atraso de entrega de material, na gestão do almoxarifado para ter os produtos just-in-time para executar os serviços. Mas a segurança do trabalho também faz parte disso e a NR 18 traz isso de forma bem clara. Quando você trabalha de forma corrida também tem um perigo: não adianta fazer correndo e fazer mal feito, além de ter o risco de acidente”, pontua Neto.

Neto lembra também que além da possibilidade de paralização da obra, há também um impacto no emocional dos trabalhadores quando há um acidente grave no canteiro – o que pode gerar atrasos nos prazos de entrega. 

“Hoje se fala muito em doença mental. Em uma obra em que há um trabalhador acidentado, o companheiro dele certamente não vai produzir da mesma forma sem ter todo o equipamento de segurança e proteção coletiva de acordo com as NRs. Se esses aspectos estivessem presentes, certamente ele trabalharia muito mais tranquilo”, argumenta Ishikawa.

Pesquisa

Durante o 96° Enic, foi apresentada uma pesquisa a respeito de segurança no trabalho. Os resultados mostraram que a maior dificuldade para uma empresa é manter o Programa de Gerenciamento de Riscos de acordo com a etapa da obra (67%). No entanto, Pampalon lembra que o PGR deve ser um programa dinâmico, que deve ser atualizado constantemente. Em segundo lugar, com 44%, veio a resposta “implementar as medidas de controle de risco ocupacionais”. Para Pampalon, este é um índice preocupante. 

Outro dado levantado mostrou que o PGR é discutido com outras áreas das empresas em 55% dos casos. A pesquisa mostrou ainda que 57% dos prestadores de serviços terceirizados apresentam inventários de risco, o que para Pampalon é uma informação muito positiva. “Esse para mim era um gargalo, o calcanhar de Aquiles da PGR. Eu não tinha certeza se as pequenas empresas conseguiam atender esse requisito”, destacou. Outra surpresa positiva é que 80% das empresas contratantes fornecem para as prestadoras de serviços informações sobre os riscos da obra

Fontes
Haruo Ishikawa é vice-presidente do Sinduscon-SP e coordenador do Grupo Estratégico de SST da CPRT/CBIC.
Antonio Carlos Salgueiro de Araújo é presidente do Seconci-Brasil.
Dernival Barreto Medrado Neto é especialista de desenvolvimento industrial – SESI. 
Gianfranco Pampalon é consultor de SST do Seconci-SP.

Contato
ascom@cbic.org.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP



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