Burocracia paralisa reforma do edifício Copan
Patrimônio histórico de São Paulo, prédio teve obra na fachada interrompida pela justiça por causa do pastilhamento
Com projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, o edifício Copan, na cidade de São Paulo-SP, teve sua construção concluída em 1966. Em 2012, a edificação foi tombada como patrimônio da capital paulista. Dois anos depois, em 2014, o prédio começou a passar por um retrofit em sua fachada. O revestimento original, de 50 anos atrás, era em pastilha cerâmica e o condomínio optou por trocá-lo por pastilha de vidro, para que a reforma coubesse dentro do orçamento. No entanto, a reforma acabou embargada. Foi exigido o uso de pastilhas cerâmicas do mesmo fornecedor dos anos 1960.
Acontece que o fabricante não produz mais aquele modelo de revestimento e já não possui mais as fôrmas originais para fabricar o material. Resultado: a reforma, que depende da compra de 46 mil m2 de pastilhas brancas e acinzentadas – cores originais do edifício – está paralisada desde 2017, expondo a fachada do histórico edifício ao risco de patologias. Segundo o síndico do prédio, Affonso Celso Prazeres de Oliveira, há pareceres de engenheiros civis que afirmam que o material de vidro ou cerâmico não interfere tecnicamente na obra. Pelo contrário, o vidro tornaria a fachada mais impermeável e, portanto, mais resistente a infiltrações.
Se tiver que atender a exigência por pastilhas cerâmicas, o condomínio do Copan terá que contratar uma fabricação artesanal, o que elevará o custo do metro quadrado do revestimento de 40 reais para 180 reais, no mínimo. O caso está nas mãos da promotoria pública do meio ambiente do estado de São Paulo, que avalizou a interdição da obra pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico). Diante da decisão judicial, o condomínio do Copan terá que abrir concorrência pública para cotar a compra das pastilhas cerâmicas, o que fará com que a reforma, estimada em 7 milhões de reais, custe 30 milhões.
Maior prédio residencial em concreto armado do Brasil vive em constante manutenção
O impasse, que começou em 2017, deve se estender até 2019, apesar da reforma não ser por questão estética ou para testar a burocracia que envolve obras em patrimônios históricos. O motivo é estrutural. O revestimento antigo começou um processo de desplacamento por causa de reações álcali-agregados. A queda de pedaços da fachada chegou a atingir alguns veículos nas ruas do entorno do prédio, o que obrigou o retrofit. Vale lembrar que, com 115 metros de altura, 32 andares e 120 mil m² de área construída, o Copan é o maior prédio residencial do Brasil em concreto armado – cerca de 400 quilos por metro cúbico.
Em seus seis blocos, há 1.160 apartamentos que variam de 20 m2 a 350 m2. Neles residem mais de 5 mil condôminos. Porém, por causa das 80 lojas que operam no térreo, o edifício recebe uma população flutuante diária que varia entre 15 mil e 20 mil pessoas. Isso gera números impressionantes. O prédio consome 460 mil litros de água por dia e gera até 3 toneladas de lixo por dia. Já a manutenção é constante. Por isso, o condomínio criou uma escola de formação de mão de obra. O prédio também conta com oficinas próprias de serralheria, marcenaria, hidráulica, elétrica e pintura, empregando 104 funcionários. Não é à toa que o síndico do Copan, que administra toda essa estrutura, tem o apelido de “prefeito”.
Conheça um pouco mais do Copan:
Entrevistado
Condomínio Copan e publicações na imprensa de São Paulo-SP
Contato: sindico@copansp.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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