Brexit e emissão de CO₂ pressionam construção civil europeia
Êxodo de trabalhadores e escassez de material afetam o Reino Unido; Suécia tem crise na produção de cimento
O Reino Unido e os principais países da União Europeia estão diante de um dilema no setor da construção civil. Uma das razões é o Brexit. Na Grã-Bretanha, o desenlace econômico do bloco já começa a causar escassez de material de construção e de mão de obra, principalmente na Inglaterra. Quando faziam parte do consórcio de países, os britânicos podiam contratar operários de outras nacionalidades – principalmente do leste europeu – sem burocracia. Agora, isso acabou. O mesmo ocorria com o trânsito e compra de materiais, que atualmente enfrentam barreiras alfandegárias.
Desde que começaram a prevalecer as regras do Brexit, 40% da mão de obra imigrante que trabalhava na construção civil britânica já foi obrigada a deixar o país. A maioria, formada por cidadãos da Polônia, Estônia e Eslovênia. Outra percepção do setor é que 15% dos construtores na Grã-Bretanha já sentem reflexos da escassez de materiais ou do aumento elevado dos preços de alguns produtos, revela a Construction Products Association – equivalente à Abramat no Brasil. Mesmo assim, as projeções no Reino Unido são de que a indústria local de materiais de construção irá crescer 13,7% em 2021 e 6,3% em 2022.
Já os demais países da União Europeia veem crescer a pressão por construir sem elevar a emissão de CO₂. O caso mais emblemático ocorre na Suécia, onde a principal cimenteira do país não teve a licença de sua mineradora renovada. A empresa fornece 75% de todo o material usado na construção civil sueca e o impasse ameaça paralisar o setor. Quem faz o alerta é a Byggföretagen – organismo que representa a construção civil da Suécia, e que tem função semelhante à da CBIC, no Brasil. “Projetos de obras de infraestrutura, que consomem grandes volumes de cimento, já foram paralisados”, revela, em nota.
Demais países da União Europeia tentam evitar o que acontece na Suécia
Para a Byggföretagen, se até novembro o impasse não for resolvido, toda a construção sueca será afetada. “Em novembro, 3 de cada 4 novas casas não poderão ser construídas por falta de cimento. Isso também vai impactar na geração de empregos. Numa visão otimista, pelo menos 200 mil vagas estão ameaçadas, mas esse número pode dobrar”, destaca o relato da associação sueca, assinado pela CEO Catharina Elmsäter-Svärd. Se não for revogada a decisão da suprema corte ambiental da Suécia, no dia 1º de novembro de 2021 a Cementa terá que parar de extrair calcário da mineradora da qual teve a licença cassada.
Para minimizar o impacto, a Suécia tenta antecipar a operação da primeira fábrica de cimento com emissão zero de CO₂, antes programada para começar a funcionar em 2030. Igualmente pressionada, a Noruega também vai pelo mesmo caminho. O receio dos países é que medidas semelhantes à que ocorreu na Suécia possam se disseminar pelo continente europeu, inviabilizando a produção de cimento e comprometendo a construção civil. Preventivamente, organismos como a Cembureau (Associação de Cimento da Europa) e a European Concrete Societies Network (ECSN) se esforçam junto aos governos, a fim de que o prazo para que a construção civil do continente atinja a emissão zero de CO₂ não seja antecipado, mas mantido para 2050.
Entrevistado
Construction Products Association (CPA), Cembureau (The European Cement Association), European Concrete Societies Network (ECSN) e Byggföretagen
Contatos
info@byggforetagen.se
info@ecsn.net
communications@cembureau.eu
www.constructionproducts.org.uk
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
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