Brasil tem o que mostrar em construção sustentável?
Conferencistas internacionais reconhecem que boas práticas proliferam no país, desde que passou a adotar certificações para “prédios verdes"
Conferencistas internacionais reconhecem que boas práticas proliferam no país, desde que passou a adotar certificações para “prédios verdes”
Por: Altair Santos
O engenheiro norte-americano Phil Williams, do US Green Building Council (USGBC) e do Center for the Built Environment do Vale do Silício, destaca que, de cinco anos para cá, o Brasil é o que mais tem requerido certificações de construções sustentáveis depois dos Estados Unidos. No ranking geral, o país ainda ocupa a quarta colocação, atrás de EUA, China e Emirados Árabes Unidos, mas vem reduzindo essa diferença. Entre certificados já emitidos, e em processo de emissão, passam de 500 os chamados “prédios verdes” nas principais cidades brasileiras.
Esses dados, por si só, respondem o questionamento sobre o que o Brasil tem a mostrar em termos de construção sustentável. “Soube que o mercado imobiliário aqui anda muito competitivo e isso estimula a busca por esse modelo de construção. Ela se aplica a diferentes necessidades, que vão desde obras para abrigar escolas, hospitais, escritórios ou residências. Qualquer que seja a construção, todas visam bem-estar e qualidade. “Bons mercados buscam isso”, afirma Phil Williams, completando há também uma conscientização maior do setor sobre os impactos de uma obra. “Temos que usar os recursos de maneira sábia. Não podemos retirar algo da natureza e não devolver.”
Williams revelou que nos Estados Unidos o sistema LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) começa a entrar em um novo estágio, que é o dos “bairros verdes”. “Em meu país está se adotando o Eco-district, que é um modelo que enfatiza a inovação e a implantação de melhores práticas em uma localidade. Fiquei surpreso em ver que Curitiba já segue alguns itens desse protocolo, mesmo que a cidade não tenha sido planejada sobre esses conceitos”, ressaltou Williams. De acordo com ele, a responsabilidade dos profissionais da construção civil é escolher melhor os produtos utilizados, reduzindo o consumo de energia e os gastos. “Moramos no mesmo planeta e temos que aprender a evoluir, trocando experiências e adotando novas tecnologias”, enfatiza.
Certificação LEED
Em palestra concedida no ENINC (Encontro Nacional para Inovação na Construção Civil) – evento realizado dias 2 e 3 de junho, em Curitiba, e que marcou os 70 anos de fundação do SindusCon-PR -, Phil Williams esteve acompanhado do consultor especializado em certificação LEED, Guido Petinelli, que reforçou as teses de seu colega. “Não tem porque construir de outra forma se já existe e é viável a construção sustentável. Precisamos encontrar profissionais e empresas inovadoras e mostrar que isso é possível e que não tem por que fazer diferente”, realça, alertando que a construção civil mundial vive a era do “fazer melhor com menos”.
Petinelli definiu também como os inovadores se destacam no mercado da construção civil. “A principal diferença entre o inovador e a maioria é que a maioria se pergunta qual o retorno antes de inovar”, define, assegurando que hoje é possível construir um prédio sustentável gastando 5% menos. “Outra vantagem das construções sustentáveis é a certificação. Ela estabelece uma linguagem única que possibilita que o consumidor saiba o que é, e possa tomar uma decisão informada. A certificação também incentiva o mercado, gerando um círculo virtuoso”, finaliza.
Entrevistado
Engenheiro civil Phil Williams, do US Green Building Council e do Center for the Built Environment do Vale do Silício
Contato: leedinfo@usgbc.org
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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