Brasil precisa superar distorções dos cursos de MBA
Há poucas escolas no país que seguem as normas internacionais da Association of MBAs (AMBA). Isso limita a 25 os cursos acreditados.
Há poucas escolas no país que seguem as normas internacionais da Association of MBAs (AMBA). Isso limita a 25 os cursos acreditados
Por: Altair Santos
No Brasil, o conceito MBA (Master of Business Administration) está mal aplicado. O motivo é a falta de regulamentação por parte do Ministério da Educação (MEC). Com isso, segundo especialistas, há muitos cursos no país usando a sigla, mas sem corresponder às normas da Association of MBAs (AMBA) – organismo internacional que controla e faz a acreditação dos cursos mundo afora. “No exterior, seja nos Estados Unidos ou na Europa, o MBA é um programa de formação amplo para executivos. É encarado como um curso superior ao mestrado, com um foco profissional forte. Já, no Brasil, é visto como uma especialização relativamente simples”, avalia o professor-doutor James Terence Wright, coordenador do MBA Executivo Internacional da FIA (Fundação Instituto de Administração).
Essas distorções levaram a presidente da AMBA, Sharon Bamford, a visitar recentemente o Brasil. Ela destacou o potencial do país para crescer nessa área, mas alertou que é preciso seguir as normas internacionais. Hoje, no Brasil, há 25 cursos acreditados pela AMBA e também pela ANAMBA (Associação Nacional de MBA). As escolas credenciadas são: Fundação Instituto de Administração (FIA), Ibmec, Fundação Dom Cabral, FGV (Fundação Getúlio Vargas), Insper (Instituto de Pesquisa e Ensino), BSP (Business School São Paulo da Universidade Anhembi Morumbi), FECAP (Fundação Escola de Comércio Alvarez Penteado), KATZ (Graduate School of Business – University of Pittsburgh) de São Paulo e Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (EA/UFRGS).
Para os cursos de MBA no Brasil, o MEC impõe regras semelhantes aos de pós-graduação. Exige carga horária de 360 horas e corpo docente em que apenas 50% deve ser de mestres e doutores. Já, pelos padrões internacionais, os cursos de MBA exigem mais de 500 horas e corpo docente formado somente por professores-doutores. “O que se faz aqui é muito inferior ao padrão internacional de um curso MBA” realça James Terence Wright. “Algumas instituições no Brasil não têm isso, mas mantêm seus cursos de MBA às custas de liminares. Só as acreditadas têm o perfil dos professores com as devidas titulações e experiência reconhecida, assim como o perfil dos alunos”, completa o diretor-executivo da ANAMBA, Armando Dal Colletto.
Falta MBA para engenheiros
Apesar de conceder acreditação aos cursos de MBA, a ANAMBA não tem como vetar o funcionamento de um curso. “Nossa atuação é como órgão independente de qualidade, que emite seu aval para aqueles cursos que se submetem a essa auditoria e são aprovados. O mercado, pouco a pouco, reconhece esse valor e passa a se beneficiar disso na hora da escolha de um curso de MBA“, diz Armando Dal Colletto, que alerta que entre os países dos BRICS o Brasil começa a ficar atrás de Índia e China na formação de profissionais com MBA. “China e a Índia estão avançando internacionalmente e os governos destes países têm adotado padrões internacionais de exigência, o que não acontece no Brasil. Por isso, corremos o risco de ficar para trás, apesar de termos começado bem antes destes países a credenciar cursos de MBA.”
Segundo o professor-doutor James Terence Wright, o que também falta aos cursos de MBA no Brasil é uma diversificação maior. Boa parte deles são voltados aos negócios. “Não há, por exemplo, um curso específico para engenheiros civis. Eu fiz o meu nos Estados Unidos e a FIA está preparando um para lançar especificamente para essa categoria profissional”, destaca, lembrando ainda que faltam professores com doutorado para os cursos de MBA. “Nos grandes centros nem tanto, mas em outras regiões do país o que se ouve é que as escolas indicam que existe dificuldade para ter professores com qualificação de doutores e experiência prática nas empresas, o que é algo característico dos MBAs, onde não basta ter o título. Tem que ter vivência prática nas empresas para dar aula”, finaliza.
Entrevistados
Professor-doutor James Terence Wright, coordenador do MBA Executivo Internacional da FIA (Fundação Instituto de Administração)
Armando Dal Colletto, diretor-executivo da Associação Nacional de MBA (Anamba)
Currículos
– James Terence Wright é graduado em engenharia civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1975)
– É mestre em Engineering Management pela Vanderbilt University, EUA (1977) e doutor em Administração pela USP (1990)
– Também é professor da FEA-USP e conferencista em Universidades como City University (Reino Unido), MIT, Wharton, Illinois, Vanderbilt, Fordham, EM Lyon e outras
– Coordenador do MBA Executivo Internacional da FIA, desde 1993
– Pesquisador em previsão de tecnologia, estratégia e processos, com diversas publicações no Brasil e no exterior
– Armando Dal Colletto é engenheiro metalurgista pela Escola Politécnica da USP, pós-graduado pela EAESP/FGV e detentor de cursos de aperfeiçoamento pelo MIT e pelo INSEAD
– Atuou em empresas nacionais, multinacionais e de economia mista como IBM, Banco Safra, Editora Abril, Círculo do Livro e Sabesp
– Na área de consultoria atuou na GV-Consult e na Geografia de Mercado, onde dirigiu projetos em empresas como Chrysler, Accor, AGF, Net, TV Cidade e Avon
– Foi professor da EAESP/FGV e do IBMEC em programas de graduação, especialização e de MBA.
– Foi professor e Diretor Acadêmico da FASP (Faculdades Associadas de São Paulo) e conselheiro do ITS (Instituto de Tecnologia de Software) e do ITSM fórum. Desde 1998 é professor de Tecnologia da Informação da BSP – Business School São Paulo
– Em 2010, tornou-se membro eleito do Conselho Diretor do Executive MBA Council e Diretor-Executivo da ANAMBA
Contatos: jamest@fia.com.br / adm@anamba.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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