Brasil precisa entrar na era das “pontes high-tech”
Debate norteou o 9º Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, que abordou também normalização, pesquisas e estruturas de concreto
Debate norteou o 9º Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, que abordou também normalização, pesquisas e estruturas de concreto
Por: Altair Santos
Palestrantes portugueses, italianos, espanhóis e alemães, que participaram da 9ª edição do Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas (CBPE), lançaram um desafio ao Brasil: está na hora de o país entrar definitivamente na era das pontes “high-tech”, que utilizam materiais como fibras de carbono, juntas de dilatação “inteligentes” e estruturas de concreto protendido menos robustas, mais eficazes e que emitem menos CO2 ao longo de seu ciclo de vida, como destacou o professor da Universidade de Padova, Paolo Franchetti, especialista em energias renováveis.
Os apelos dos especialistas internacionais foram reforçados pelos palestrantes brasileiros presentes no 9º CBPE, que anualmente é promovido pela ABPE (Associação Brasileira de Pontes e Estruturas) em parceria com a ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural). Entre eles, o engenheiro Romildo Dias Toledo Filho, professor de pós-graduação do programa de engenharia civil da Coppe/UFRJ, que realçou as inovações tecnológicas que já são realidade na construção de grandes estruturas, e que no Brasil apenas a ponte Anita Garibaldi, em Santa Catarina, se predispôs a utilizá-las.
Romildo Toledo fez coro com o engenheiro português António Adão da Fonseca, um dos projetistas da ponte Infante Dom Henrique, na região do Porto, considerada uma das mais esbeltas do mundo. A estrutura viária em concreto protendido tem 371 metros de cumprimento e está apoiada sobre um arco de concreto armado de 280 metros, que a sustenta a 75 metros de altura do Rio Douro. Construída em 2003, a ponte também foi uma das primeiras a ter um sistema de monitoramento 24 horas por dia, cujos sensores são capazes de alertar sobre qualquer patologia que atinja suas estruturas.
Pontes recicláveis
Professor de pontes e estruturas metálicas e mistas na Universidade Politécnica de Madrid, o espanhol Francisco Millanes Mato salientou em sua palestra que o Brasil usa muito pouco a tecnologia de pontes mistas (aço e concreto), as quais poderiam dar agilidade a várias obras no país. Junto com o também espanhol Juan Sobrino, igualmente professor da Universidade Politécnica de Madrid, eles lembraram que hoje há comprovadas tecnologias que barateiam a manutenção de grandes estruturas, além de dar mais resistência mecânica e permitir que, ao final do ciclo de vida, os elementos das pontes ou dos viadutos sejam reciclados ou reutilizados na construção de novas obras.
Especialistas em design de pontes, os alemães Karl Humpf e Knut Stockhusen destacaram no CBPE que o concreto pré-moldado, assim como o concreto protendido e as estruturas de aço, permite construir obras de arte jamais imagináveis. Segundo eles, todas essas tecnologias pedem passagem no Brasil, que conta com profissionais tão qualificados quanto de outros países para implantá-las. “Tivemos palestras do mais elevado nível técnico, consagrando o CBPE como o maior evento técnico do país na área de projeto de pontes e estruturas”, destacou o presidente da ABPE, e professor-titular da UFRJ, Sérgio Hampshire de Carvalho Santos.
Entrevistado
Sérgio Hampshire de Carvalho Santos, presidente da ABPE, professor-titular da UFRJ e coordenador da comissão ce-02:122-15 da ABNT
Contato: associacaoabpe@gmail.com
Créditos Fotos: Divulgação/ABPE
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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