Brasil fica na lanterna do BRICS em competitividade
Ranking mostra país atrás de China, Rússia, Índia e África do Sul, principalmente em infraestrutura e qualificação da mão de obra
Ranking mostra país atrás de China, Rússia, Índia e África do Sul, principalmente em infraestrutura e qualificação da mão de obra
Por: Altair Santos
Entre China, Rússia, Índia e África do Sul, o Brasil ocupa a lanterna dentro do grupo conhecido como BRICS, no que se refere à competitividade. É o que revela a mais recente edição do ranking elaborado desde 1997 pelo Fórum Econômico Mundial. No país, o levantamento dos dados é realizado em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), que aponta problemas na infraestrutura (portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e hidrovias), junto com mão de obra pouco qualificada, como os principais entraves brasileiros.
Professor da FDC e coordenador da pesquisa no Brasil, Carlos Arruda faz a seguinte análise no relatório: “O Brasil tem marco regulatório atrasado, infraestrutura insuficiente e qualidade humana deficiente. Isso tudo gera perda de produtividade“, diz. O país caiu para 81º lugar na lista, entre 138 nações. Trata-se da pior colocação desde que o ranking passou a ser divulgado. Desde os primeiros sinais da crise econômica, em 2012, o Brasil já despencou 33 posições. Naquele ano, obteve sua melhor colocação: 48º.
O ranking de competitividade se baseia em 12 pilares: 1. Desenvolvimento do mercado financeiro; 2. Sofisticação dos negócios; 3. Inovação; 4. Ambiente econômico; 5. Prontidão tecnológica; 6. Tamanho do mercado; 7. Educação superior e treinamento; 8. Eficiência do mercado de trabalho; 9. Saúde e educação primária; 10. Infraestrutura; 11. Instituições; 12. Eficiência do mercado de bens. Destes, o país caiu nos seis primeiros, manteve-se estável no 12º item e cresceu pouco nos demais, em relação ao ranking de 2015.
Recuperação leva 4 anos
No relatório feito ao Fórum Econômico Mundial, a Fundação Dom Cabral faz a seguinte observação: “Fatores da conjuntura presente, como a crise econômica e política que vem se deteriorando desde 2014, estão associados a fatores estruturais e sistêmicos, tais como: marcos regulatório e tributário inadequados, infraestrutura deficiente e baixa produtividade. São fatores que resultam em uma economia fragilizada e incapaz de promover avanços na competitividade interna e internacional, sem conseguir inserção no mercado mundial.”
O levantamento de dados para o ranking de competitividade ocorreu antes do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Portanto, de acordo com o professor Carlos Arruda, as perspectivas para a edição 2017 tendem a melhorar para o Brasil. O especialista avalia que, se as medidas corretas forem tomadas, o país pode voltar ao patamar de 48º no ranking daqui a quatro anos, ou até melhorar. “Uma posição boa para o Brasil atualmente seria algo entre o 45º e o 55º lugar”, avalia.
No topo do ranking de competitividade estão Suíça, Cingapura, Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Suécia, Reino Unido, Japão, Hong Kong e Finlândia. Entre as características comuns dos países líderes do ranking, o relatório destaca a capacidade de se inserir na chamada quarta revolução industrial, caracterizada pelo desenvolvimento de tecnologias de fronteira como computação cognitiva, robótica, internet das coisas, biotecnologia e impressão 3D. Na América Latina, o melhor posicionado é o Chile, que ocupa a 33ª posição.
Confira o ranking completo!
Entrevistado
Carlos Arruda, doutor em administração internacional pela University of Bradford Inglaterra, e professor na área de Inovação e Competitividade e Gerente do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral
Contatos
arruda@fdc.org.br
carruda@gmail.com
www.fdc.org.br/inovacao
Crédito Foto: Agência Brasil
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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