Brasil é referência mundial em cimento ecoeficiente
Com parque industrial moderno, setor soube fazer a lição de casa sobre sustentabilidade, avaliam os especialistas Arnaldo Battagin e Paulo Helene.
Por: Altair Santos
O setor cimenteiro do Brasil vive uma nova era. A necessidade de produzir com mais eficiência, atendendo requisitos ambientais, faz com que as fábricas invistam maciçamente em futuras instalações ou na expansão de seus complexos industriais. Boa parte das cimenteiras hoje já opera com moinhos de alta competência energética e fornos aptos a queimar a maior variedade de resíduos coprocessados. O objetivo é superar o desafio de diminuir emissões de gases, o que tem sido alcançado com louvor, segundo destacam os especialistas Arnaldo Battagin e Paulo Helene.
No entender do chefe dos laboratórios da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) o investimento em tecnologia só vem reforçar a posição do setor cimenteiro nacional que, perante outros países, é considerado o mais ecoeficiente do mundo. “Essa aplicação de tecnologia resulta em uma redução ainda maior de emissões. Com essas novas instalações, têm sido praticados valores de emissão de materiais particulados menores que 20 mg/Nm3 (lê-se miligramas por normal metro cúbico) contra 50 mg/Nm3, que é o limite prescrito pelo regulamento ambiental do Conama”, destaca Arnaldo Battagin.
O engenheiro civil e pesquisador Paulo Helene também destaca esse comprometimento do setor com a responsabilidade ambiental. Segundo ele, as cimenteiras do Brasil estão entre as indústrias que mais praticam o conceito de sustentabilidade. É o que ele escreveu em seu mais recente artigo Sustentabilidade das Estruturas de Concreto. “Em 1987, a Brundtland Commission da ONU registrou a definição do termo sustentabilidade. A partir desse conceito, o mundo produtivo passou a trabalhar freneticamente no sentido de aperfeiçoar os processos industriais. Em particular, o setor de concreto conseguiu vitórias expressivas nesse campo, sendo o Brasil hoje considerado referência mundial em produção de cimentos com baixa emissão de CO²”, ressalta.
Enquanto, na média mundial, a indústria de cimento é responsabilizada por 5% da emissão de gases no planeta, no Brasil essa taxa é de 1,4%. Segundo o Inventário Nacional dos Gases de Efeito Estufa, com dados referentes ao período de 1990 a 2005, a maior concentração de emissões de gases no país está relacionada às queimadas, à agropecuária e ao uso de energia. “No Brasil, a emissão especifica de CO² está abaixo de 600 quilos por tonelada de cimento, o que tem colocado a indústria cimenteira do país em uma posição de destaque no cenário mundial, sendo considerada a mais ecoeficiente”, reforça Arnaldo Battagin.
Paulo Helene, no entanto, destaca que as vitórias do setor não podem estimular a acomodação, mas sim a busca de mais eficiência, sobretudo na qualidade do concreto. “Hoje há concretos com resistências mecânicas de 100 MPa a 800 MPa, que praticamente ainda não são explorados por necessitarem uma mudança de postura em relação ao projeto arquitetônico e estrutural. Acompanhar essa evolução é o grande desafio para aqueles que desejam estar atualizados ou na vanguarda. Para tal, é fundamental uma educação continuada, a participação em eventos, congressos e feiras, além de estar perto da academia e da indústria, pois hoje o conhecimento de qualidade é gerado das mais distintas formas e nas mais diferentes organizações, sejam elas de ensino, empresariais, públicas ou privadas”, conclui.
Confira na íntegra o artigo Sustentabilidade das Estruturas de Concreto: clique aqui
Entrevistados
Paulo Helene, engenheiro, pesquisador e professor da USP, e Arnaldo Battagin, chefe dos laboratórios da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
Currículos
Paulo Helene é graduado em engenharia civil, pesquisador e professor-titular da Universidade de São Paulo e diretor da Ph.D Engenharia
Arnaldo Battagin é graduado em geologia pelo Instituto de Geociências da USP (1974)
– Tem especialização nas áreas de tecnologia básica de cimento e concreto, durabilidade do concreto, técnicas experimentais, administração e gestão da qualidade
– É autor e coautor de cerca de 60 trabalhos técnico-científicos publicados em revistas e congressos nacionais e internacionais
– Atualmente é chefe dos laboratórios da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
Contatos: arnaldo.battagin@abcp.org.br / paulo.helene@poli.usp.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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