Brasil avança no combate à patologia das construções
Associação criada há sete anos tem papel relevante no aperfeiçoamento das obras, mas alerta que existe espaço para mais conquistas.
Associação criada há sete anos tem papel relevante no aperfeiçoamento das obras, mas alerta que existe espaço para mais conquistas
Por: Altair Santos
No início de 2014, em Foz do Iguaçu/PR, a ALCONPAT Brasil realiza o 1° Congresso Brasileiro de Patologia. O evento será uma espécie de consagração da associação criada em 2005, e que nasceu para mapear as manifestações patológicas que ocorrem na construção civil nacional. Com 150 engenheiros civis filiados, o organismo tem como premissas os estudos que levem ao controle de qualidade das obras e ao avanço tecnológico de sistemas construtivos. “O papel mais importante que a ALCONPAT Brasil desempenha é disseminar conhecimentos na área de patologia das construções e ajudar a gerar construções melhores”, explica Bernardo Fonseca Tutikian, que preside a associação.
Ligada à ALCONPAT Internacional, que está presente em 18 países, a Associação Brasileira de Patologia das Construções avalia que em sete anos as construções nacionais melhoraram sensívelmente, mas ainda há espaço para agregar mais qualidade. “Os usuários estão mais exigentes, a sociedade mais atenta, as empresas mais preocupadas em construir melhor e os profissionais mais interessados em realizar trabalhos com mais qualidade. Tudo isso aprimorou as construções, mas ainda há um grande espaço para crescer”, avalia Tutikian, para quem as ações do país em revisar e criar novas normas que agreguem qualidade às obras têm contribuído para os avanços na construção civil nacional.
O presidente da ALCONPAT Brasil cita que a NBR 15575 (Norma de Desempenho) a NBR 5674 (Norma de Manutenção) e a NBR 14037 (Norma do Manual de Uso, Operação e Manutenção) são fundamentais para as conquistas já obtidas. “Estas três normas prescrevem que a edificação deve ser projetada e construída pensando em um desempenho razoável para o usuário, que deve realizar as manutenções previstas e contratar um profissional para elaborar e implantar um sistema de manutenção no prédio. Desta forma, os imóveis apresentarão menos problemas, os custos de operação serão menores e a vida útil do bem aumenta, o que será benéfico para toda a sociedade”, cita.
Outra conquista citada pela ALCONPAT Brasil é que hoje a engenharia sabe quais são as manifestações patológicas mais comuns em cada região do país. Em cidades litorâneas, destaca-se a corrosão das barras de aço dentro do concreto armado. Em regiões secas e quentes, como o Centro-Oeste, observa-se uma grande incidência de fissuras por retração dos materiais cimentícios. Em cidades mais populosas e industriais, como São Paulo/SP, a carbonatação é o problema mais sério. “Ou seja, as características locais, bem como a cultura de manutenção das edificações, são determinantes para o surgimento de manifestações patológicas. Mas tudo depende da qualidade do projeto, da construção, do uso e da manutenção. Edificações que realizarem melhor essas etapas terão incidência menor de patologia”, descreve Bernardo Fonseca Tutikian.
Quanto aos sistemas construtivos, a ALCONPAT Brasil detecta que há mais investimentos em industrialização de processos, seja para compensar a escassez de mão de obra, seja para reduzir desperdícios de materiais ou para ganhar tempo nas construções. “É a única forma de atender a demanda do mercado. Porém, trabalhar com pré-fabricados exige projetistas qualificados e especializados nesta área. O projeto é peça-chave para o sucesso do sistema. Mas com a demanda de bons profissionais nesta área, percebe-se que as indústrias de pré-fabricados ganharão cada vez mais mercado e estarão cada vez mais presentes nas obras”, estima o presidente da AlCONPAT Brasil.
Entrevistado
Bernardo Fonseca Tutikian, presidente da Associação Brasileira de Patologia das Construções (ALCONPAT Brasil)
Currículo
– Graduado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 2002, com mestrado e doutorado em engenharia, ambos os títulos obtidos na UFRGS, em 2004 e 2007, respectivamente
– Possui especialização em materiais de construção, especificamente em dosagem de concretos autoadensáveis (CAA), sendo autor do livro Concreto Autoadensável, publicado pela PINI em 2008
– Atualmente é coordenador do curso de engenharia civil da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e professor de tecnologias construtivas, materiais de construção e patologia. Também coordena o curso de especialização em construção civil na Unisinos
– Coordena cursos de extensão, realiza serviços de consultoria técnica e ministra cursos relacionados com os temas desempenho, durabilidade, patologia, dosagem de concretos e análise de ciclo de vida de materiais e componentes
– Preside a Associação Brasileira de Patologia das Construções (ALCONPAT Brasil)
Contatos: bftutikian@unisinos.br / btutikian@terra.com.br / http://alconpat.org.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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