BIM torna-se aliado no combate à corrupção em obras
Projetos governamentais concebidos sobre a plataforma tecnológica ganham em produtividade e em economia no custo real da execução
Projetos governamentais concebidos sobre a plataforma tecnológica ganham em produtividade e em economia no custo real da execução
Por: Altair Santos
O Brasil vive um processo inverso do que se observa em boa parte dos países sul-americanos, e também na América do Norte, na Europa e na Ásia. Em outras nações, o governo está à frente de programas que estimulam a criação de projetos através do BIM (Modelagem da Informação da Construção). Um exemplo é o Chile. “No Chile, o fenômeno é o contrário do que acontece no Brasil. Lá existe uma força muito grande para implementar o BIM, pois o governo e a Câmara Chilena da Construção estão articulados. Diferentemente do Brasil, em que as construtoras estão usando bastante a plataforma e o governo está começando agora a se mobilizar”, diz Paulo Sanchez, líder do projeto BIM, da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (COMAT/CBIC).
Por enquanto, houve apenas tentativas do governo brasileiro de exigir a plataforma tecnológica nos projetos que se candidatam a obras públicas. Em 2013, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) chegou a esboçar pedir projetos em BIM em suas licitações, mas não foi adiante. Depois, somente em 2016, quando o país já estava no epicentro das denúncias levantadas pela operação Lava Jato, é que surgiram novos movimentos. Em agosto do ano passado, por exemplo, o ministério do Planejamento promoveu pela primeira vez um seminário para tratar do assunto – o Seminário BIM para Obras Públicas. O evento foi concluído com o reconhecimento de que o Brasil está atrasado na adoção da tecnologia. “É inegável o papel dos governos na indução do processo de desenvolvimento e aplicação da tecnologia BIM em obras públicas, conforme demonstrado pela experiência internacional”, disse documento elaborado pelo ministério.
Quem está na nossa frente?
Apenas para comparação, os Estados Unidos, desde 2007, por meio do General Services Administration, incorporaram totalmente a tecnologia BIM na gestão de todos os prédios federais. Na Inglaterra, o governo reconheceu o papel crucial da tecnologia, estabelecendo a obrigatoriedade de elaboração de todos os projetos públicos em metodologia BIM a partir de 2016. Na Finlândia, o Senates Properties (organização governamental responsável pela gestão de bens de propriedade do Estado) exige a utilização do BIM em seus projetos desde outubro de 2007. Na Noruega, há obrigatoriedade em utilizar o BIM em todos os projetos públicos desde 2010. Aqui no Brasil, a iniciativa de estímulo a esse tipo de procedimento parte mais das próprias construtoras e de organismos ligados à construção civil, como CBIC e SindusCons, que do próprio governo.
Na América do Sul, o país que está mais à frente na implantação de um plano de governo que torne a tecnologia BIM ferramenta obrigatória em obras públicas é o Chile. Em 2016, o governo chileno lançou o Plano BIM. Ele estabelece que todos os projetos públicos a partir de 2020 precisam estar inseridos na plataforma tecnológica. Paralelamente, a Universidade do Chile implantou a Pesquisa Nacional BIM, que no final do ano passado já havia detectado que 22% das construtoras do país estavam usando a ferramenta. Estimulados pela iniciativa chilena, Peru, México, Colômbia e Argentina estão criando grupos de trabalho para também ter o BIM como elemento de eficácia na gestão e na execução de obras públicas, minimizando o risco de desvio de recursos.
Entrevistado
Engenheiro civil Paulo Sanchez, líder do projeto BIM, da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (COMAT/CBIC) (via assessoria de imprensa)
Contato
comunica@cbic.org.br
Crédito Foto: SindusCon-SP
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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