Betoneira inovadora surge para combater excesso de peso

Projeto retira 1,1 tonelada do balão e 1,3 tonelada do caminhão, o equivalente ao peso de 1 m3 de concreto

Jairo-Abud
Jairo Abud: caminhão-betoneira leve será apresentado na Concrete Show, em agosto, na cidade de São Paulo-SP.

O peso do caminhão-betoneira, somando à carga de concreto, não pode exceder o peso bruto total combinado (PBTC) permitido por lei para o transporte deste tipo de material. Quando isso ocorre, a concreteira pode receber multas que comprometem o lucro operacional. Em busca de solução para esse problema, a ABESC (Associação Brasileira de Empresas de Serviços de Concretagem) trabalha junto às concreteiras e fabricantes de veículos no projeto de uma betoneira mais leve, com base em um aço inoxidável especial. Isso possibilitará encher o balão com a carga máxima de concreto permitido, sem exceder o PBTC. Também trará ganhos de produtividade e rentabilidade. A inovação está em produção e o primeiro protótipo será apresentado na Concrete Show, feira de cimento e concreto que acontece de 14 a 16 de agosto em São Paulo-SP, como conta o presidente da ABESC, Jairo Abud, na entrevista a seguir. Confira:

Um grupo de empresas atua no projeto de construir um novo conceito de betoneira, mais leve e ao mesmo tempo mais resistente. Como nasceu esse projeto e de que forma a ABESC participa dele?

O projeto nasceu dentro da ABESC, com a participação da MAN (Volkswagen Caminhões), APERAM (fabricante de aços inoxidáveis) e Convicta (fabricante da betoneira). O objetivo do projeto é reduzir o peso próprio do caminhão e do equipamento, objetivando enquadrá-los nos limites legais da legislação.

No que esse novo produto vai beneficiar as concreteiras?

O resultado tem sido excepcional. Com a utilização do aço inox da APERAM, a Convicta logrou reduzir o peso próprio da betoneira em 1,1 tonelada, com a mesma vida útil. Por sua vez, a Volkswagen conseguiu reduzir o peso do caminhão em 1,3 tonelada, ou seja, o peso do caminhão betoneira foi reduzido em 2,4 toneladas, o que corresponde aproximadamente a 1 m
3 de concreto.

Existe a expectativa de que a novo balão seja apresentado na Concrete Show 2019. Como anda o cronograma?

Sim, o caminhão-betoneira leve será apresentado na Concrete Show e estará disponível no estande da ABESC. Antes, dia 1º de agosto, haverá uma conferência online, às 16h, com a participação dos envolvidos no projeto, quando apresentaremos para os associados a betoneira leve.

Qual é o maior desafio para as empresas que transportam concreto usinado nas cidades brasileiras?

O grande desafio das empresas é de logística, ou seja, a eficiência da empresa em otimizar o uso de seu equipamento e elevar a produtividade no setor. A produtividade na aplicação do concreto ainda é muito baixa em nosso país.

Atualmente, qual o limite de concreto que uma betoneira consegue carregar sem estar ameaçada de levar multa?

Para uma betoneira 8×4, ela deve transportar cerca de 7 m³. Com o novo projeto estaremos bem próximos de cumprir com a legislação vigente. Devo lembrar que o caminhão-betoneira retira de circulação três caminhões (cimento, brita e areia), caso o concreto seja “virado em obra”. O concreto “virado em obra” é uma das atividades mais insalubres da construção civil, além de contaminar o entorno da obra com partículas sólidas. Em muitos países já é proibido “virar” o concreto no canteiro de obras. As concreteiras cumprem um papel importante na construção civil, reduzindo custos, diminuindo a contaminação nas grandes cidades e ajudando a melhorar o trânsito. As autoridades municipais devem levar em conta esses benefícios para as cidades.

O que poderia ser melhorado na legislação em geral?

Nos países desenvolvidos, a atividade da concreteira é qualificada como uma atividade especial, com leis específicas, pelos motivos que expus. Nas obras, por exemplo, deveriam permitir o bloqueio da rua em frente, para facilitar o acesso dos caminhões e bombas de concreto. Na cidade de São Paulo, já há uma legislação mais tolerante para os caminhões-betoneiras, ao permitir que circulem pelo centro expandido em horários diferenciados. Na Europa, discutem o aumento do volume de concreto a ser transportado por caminhão, e não a diminuição, como ocorre no Brasil.

“Esse projeto que estamos desenvolvendo é altamente inovador. Só conhecemos um projeto semelhante na Europa”

Esse case de inovação industrial deixará qual legado?

Esse projeto que estamos desenvolvendo é altamente inovador. Só conhecemos um projeto semelhante na Europa, com aço belga, porém, muito mais caro. Nesse caso, com o aço importado não haveria a opção de obter o BNDES Finame (Financiamento de máquinas e equipamentos via BNDES). Recentemente, fiz uma apresentação do novo caminhão-betoneira para associações de empresas concreteiras da América Latina e houve um enorme interesse. O legado a ser deixado é que, com a união dos atores envolvidos (empresas concreteiras, fabricantes de caminhões e implementos), podemos buscar soluções inovadoras com benefícios para toda a sociedade.

A ABESC está liderando outros projetos inovadores?

Estamos continuamente discutindo formas de inovar no setor e torná-lo competitivo. Há vários projetos em andamento e todos eles contam com a participação de nossos associados. A ABESC oferece treinamento, consultoria jurídica e administrativa, entre outros serviços. Estamos também desenvolvendo o mercado de pavimentos urbanos em concreto, em parceria com outras entidades, que será um marco para o país. Na Concrete Show haverá um painel específico de um dia, com experts mexicanos, chilenos, colombianos, argentinos e brasileiros para discutirmos a implementação do pavimento urbano no Brasil.

Entrevistado
Jairo Abud, engenheiro civil, economista e presidente da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem)

Contato
jairo@abesc.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Massa Cinzenta

Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.

Veja todos os Conteúdos

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS

Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32

Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40

Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.

Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI

O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.

descubra o cimento certo

Cimento Certo

Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.

descubra o cimento certo