Bairro de Maricá ganha pavimento intertravado e calçadas acessíveis
Em Itaocaia Valley, 11 ruas receberam nova pavimentação, além de novas calçadas
Em abril de 2023, começaram as obras de pavimentação com piso intertravado no bairro de Itaocaia Valley, na cidade de Maricá (RJ).
De acordo com Luiz Gustavo Guimarães, arquiteto e urbanista da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e coordenador do Programa Calçada Acessível, esta intervenção fica bem no meio de duas unidades de conservação, fazendo com que a avaliação do estudo técnico tenha sido extremamente criteriosa e o uso do intertravado pudesse ser justificado, retirando a questão do pavimento flexível, que é o asfalto.
“Essa intervenção está impactando uma área que abrange 11 ruas, e nossa escolha pelo pavimento intertravado em toda essa extensão foi embasada pela perspectiva ambiental extraída do estudo técnico realizado para justificar essa decisão”, explica Guimarães.
Por que investir no pavimento intertravado?
De acordo com Guimarães, foram considerados os seguintes benefícios do ponto de vista ambiental para justificar o uso do pavimento intertravado:
- Preservação da fauna local e dos recursos hídricos no subsolo;
- Aumento considerável de eficiência energética;
- Utilização de menos matéria-prima;
- Fácil manutenção sem perda de material;
- Promove a diminuição da temperatura, diminuindo as ilhas de calor;
- Elevada durabilidade.
Na questão social, têm-se as seguintes justificativas para o uso do pavimento intertravado:
- Melhora na qualidade dos serviços de limpeza;
- Proporcionar níveis satisfatórios de segurança – como é uma área muito rural e afastada do centro de Maricá, era um ambiente mais desprovido de segurança;
- Melhoria das condições de mobilidade e transporte;
- Criação de calçadas acessíveis.
Programa Calçada Acessível
Na região de Itaocaia Valley também está sendo realizado o Programa Calçada Acessível, que já existe há 13 anos e tem a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) como parceira.
“Nós costumamos falar que o projeto é 80% social e 20% comercial. Ele resgata muito essa questão do direito de ir e vir e a dignidade das pessoas que não conseguem sair de suas casas porque não há uma calçada adequada. Através deste trabalho com as prefeituras do Estado do Rio de Janeiro, conseguimos promover a inclusão dentro das cidades”, pontua Guimarães.
Neste programa, a Firjan oferece apoio à gestão pública para desenvolver essa questão da mobilidade ativa. “Embora tenhamos mantido conversas frequentes com as prefeituras sobre mobilidade urbana, é importante ressaltar que nunca foi nossa intenção abordar todos os aspectos desse amplo e complexo tema. Nosso enfoque é específico na mobilidade ativa, que compreende a caminhabilidade, ou seja, a mobilidade a pé, e a integração das ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas com as calçadas. É uma área na qual nos concentramos para promover essa interligação”, comenta Guimarães.
Ainda, é feita uma capacitação direcionada a servidores públicos, incluindo secretários, prefeitos e o corpo técnico, por meio de workshops nos quais eles são colocados em situações de desvantagem no espaço público. “Nestas ocasiões, proporcionamos experiências como estar em cadeiras de rodas ou simulando deficiência visual, para que possam vivenciar as dificuldades enfrentadas por essas pessoas ao transitar pelas calçadas das cidades. Isso permite que compreendam de maneira mais profunda as necessidades das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, resultando em projetos de maior qualidade e na execução de obras mais alinhada a essas necessidades específicas”, destaca Guimarães.
Fruto do projeto Calçada Acessível, surgiu o programa Maricá Acessível. De acordo com Guimarães, ele tem como objetivo estabelecer um padrão com critérios e medidas para calçadas, tornando-as acessíveis, livres e com ausência de barreiras.
A partir desse programa, também foi criado um Manual de Calçadas, que traz indicações técnicas para os projetos, construções ou reformas de calçadas voltadas para a inclusão, qualidade de vida e otimização dos deslocamentos urbanos.
Neste manual, é possível encontrar, por exemplo informações sobre a especificação do piso intertravado, que segue estas definições:
- Resistência à compressão – fck > 35 MPa.
- Espessura da peça para tráfego de pedestres – 6 cm.
- Base: utilizar brita graduada simples ou brita corrida compactadas sobre subleito também compactado.
- Armadura da base – não utiliza.
- Assentamento – peças de concreto são assentadas sobre uma camada de areia média de 3 a 5 cm de espessura, disposta sobre a camada de base.
- Juntas – as peças devem ser rejuntadas com areia fina.
- Acabamento superficial – Diversidade de cores, formatos e texturas.
O documento também traz indicações para execução do pavimento intertravado, de placas pré-fabricadas de micro-concreto de alto desempenho, do concreto convencional moldado in loco, do concreto estampado e de ladrilhos hidráulicos.
Em dezembro de 2023, a Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Urbanismo, realizou uma apresentação da revisão do Manual de Calçadas Acessíveis. A expectativa é que a versão atualizada do manual seja oficialmente lançada em fevereiro de 2024.
Fonte
Luiz Gustavo Guimarães é arquiteto e urbanista da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e coordenador do Programa Calçada Acessível.
Contato
lgguimaraes@firjan.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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