Bactéria pode dar “imortalidade” ao concreto

Desenvolvido na Holanda, organismo promove a regeneração do material e pode ser a solução para a corrosão que ataca as tubulações da rede de esgoto.

Desenvolvido na Holanda, organismo promove a regeneração do material e pode ser a solução para a corrosão que ataca as tubulações da rede de esgoto

Por: Altair Santos

Na Universidade Técnica de Delft, na Holanda, pesquisadores desenvolveram um tipo de bactéria – proveniente da Bacillus Subtilis – que promove o processo de “autocura” do concreto. O organismo, criado para se desenvolver exclusivamente no concreto, produz calcário e entra em ação quando em contato com a água, evitando a corrosão do material.

Henk Jonkers mostra reação da bactéria dentro do concreto, quando em contato com a água: material se regenera.

Desenvolvido pelo microbiologista Henk Jonkers e pelo engenheiro especialista em materiais de construção, Eric Schlangen, a expectativa é que em três anos já possa ocorrer as primeiras incursões do produto no mercado.

Em laboratório, a bactéria consertou rachaduras de 0,5 milímetro de largura. Agora, o desafio dos pesquisadores é saber em quantos tipos de concreto o organismo reage positivamente. Outro objetivo é como agregar o agente no material sem que ele eleve demasiadamente o custo. Nos testes, o preço de fabricação ficou 50% mais caro que o normal. Uma das apostas dos cientistas holandeses é que esse alto valor se pague ao longo da vida útil da construção, já que a nova descoberta praticamente garante “imortalidade” ao concreto.Para o engenheiro civil José Marques Filho, vice-presidente do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) pelo que foi apresentado na Universidade Técnica de Delft as perspectivas são positivas quanto ao potencial de reparo das bactérias. Para ele, é possível que a melhor empregabilidade da novidade se dê na fabricação de tubos de concreto para o saneamento básico das cidades. “Pelos primeiros resultados, seriam úteis em tubulações com fissuração moderada”, avalia.

Atualmente, uma tubulação de concreto para as redes de esgoto das cidades – se fabricada dentro das normas técnicas – é projetada para durar até 50 anos.

José Marques Filho: tubulações carregadas de enxofre são mais suscetíveis à corrosão.

Isso depende também de manifestações patológicas externas, que podem ser geradas por recalques diferenciais ou aplicação de esforços superiores à capacidade de resistência dos artefatos. No entanto, hoje o maior inimigo das tubulações é uma outra bactéria: a Thiobacillus Concretivorus, ou “bastonete de enxofre”, que tem ação contrária à da Bacillus Subtilis. Ela corrói o concreto.

Segundo José Marques Filho, pelo que foi divulgado da pesquisa holandesa, os resultados não permitem afirmar se a nova bactéria teria capacidade de combater a Thiobacillus Concretivorus, que se desenvolve na rede de esgoto e reage com o concreto, elevando seu PH.

A consequência é a perda de resistência, da coesão dos agregados e da estabilidade do material. “Hoje os estudos mostram que quanto mais enxofre houver nos efluentes, mais danoso ele é para o concreto e mais propício o ambiente para a proliferação do bastonete de enxofre”, afirma o vice-presidente do Ibracon.

Concreto com a bactéria derivada da Bacillus Subtilis: mercado aguarda a nova descoberta.

Por isso, os estudos para minimizar esse problema são recorrentes – inclusive nas universidades brasileiras. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR) onde José Marques Filho atua dentro do departamento de hidráulica e saneamento do curso de engenharia civil, são constantes as pesquisas em torno do combate à corrosão e da durabilidade do concreto aplicado em artefatos usados na rede de esgoto. Para o engenheiro, a médio prazo o mercado terá soluções muito eficientes nesta área, seja através da autocura do concreto ou da utilização da nanocompósitos no material. “As pesquisas nos deixam muito animados”, finaliza.

Entrevistado

José Marques Filho, vice-presidente do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto)
Currículo
– José Marques Filho é graduado em engenharia civil pela Universidade de São Paulo (1980), com mestrado em engenharia civil pela Universidade de São Paulo (1990) e doutorado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005)
– Atualmente é engenheiro civil consultor da Companhia Paranaense de Energia (Copel), vice-presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon) e coordenador da comissão de concreto, do Comitê Brasileiro de Barragens
– É professor-adjunto da Universidade Federal do Paraná, com especialidade nos seguintes temas: concreto, barragens, CCR, laboratório de concreto e caracterização
Contato: jmarques@copel.com

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330


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