Construção civil e mercado imobiliário continuam aquecidos mesmo com a manutenção da taxa Selic elevada

Mercado imobiliário está aquecido, alavancado principalmente pelo Programa Minha Casa, Minha Vida.
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A taxa Selic é um dos principais referenciais para a economia e pode ser considerada a mãe de todas as outras taxas de juros, dando o tom para todas as outras taxas, seja de empréstimos, financiamentos, investimentos financeiros ou câmbio. Isso, por si só, influencia todos os mercados e pessoas em geral.

Com a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manter a taxa Selic em 10,5% ao ano, o setor da construção civil e o mercado imobiliário sentem seus reflexos, aumentando o custo do dinheiro, tanto para novos investimentos quanto para obtenção de crédito e consumo.

De acordo com Guilherme Moura, professor de Economia da FAE Centro Universitário, toda vez que a Selic aumenta, os outros indicadores de juros da economia aumentam também, encarecendo o crédito para o construtor e para o consumidor. “Se não é possível financiar ou se financiar está muito caro, acabamos não comprando. Então, a Selic vai ditar diretamente os juros que tanto o construtor quanto os consumidores pagam ao pegar dinheiro emprestado. Quanto maiores esses juros, menos se constrói e menos se compra”, observa.

Nível de confiança mantém a atividade aquecida

Porém, de acordo com o relatório “Sondagem da Construção Civil”, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em julho, o nível de confiança do empresário continua elevado, mantendo-se em 97,3 pontos, maior nível desde fevereiro deste ano (97,6 pontos). De acordo com a economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE, esse fator é determinante para os investimentos. “É importante olhar a confiança empresarial como um todo e do consumidor, porque na hora que os empresários e as pessoas começam a ficar muito pessimistas, eles deixam de investir. Se você está pessimista, está pouco confiante no que vai acontecer e, como consequência, não vai se comprometer com um investimento de médio e longo prazos”, observa.

De acordo com o levantamento da FGV, as empresas deverão continuar contratando, e a perspectiva de aquecimento permanece no plano dos negócios, indicando que a expectativa empresarial é de que esse cenário continuará favorável. “Com a expectativa de um mercado de trabalho forte, o crescimento da renda das famílias e a expansão da oferta de crédito imobiliário, 2024 deve fechar com bons números para o mercado imobiliário”, prevê.

Embora a taxa Selic sinalize decisões importantes, ela é uma fotografia do momento. Ana Maria aponta que o setor precisa olhar atentamente também para outros indicadores, como as taxas do BNDES, que são taxas de juros a longo prazo. “Independentemente da taxa Selic, o mercado imobiliário está aquecido, alavancado principalmente pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, cuja revisão da renda máxima para R$ 8 mil e elevação do valor do imóvel trouxe uma parcela da classe média para dentro do programa”, ressalta.

Aumento do custo do dinheiro para novos financiamentos

Embora a atividade de aquecimento observada atualmente seja reflexo do que ocorreu há 24 meses, por um ciclo de vendas passadas, a taxa Selic impacta o mercado da construção civil, aumentando o custo do dinheiro, tanto para novos investimentos quanto para a obtenção de crédito e consumo. “As taxas de financiamento ficam mais elevadas tanto para quem constrói quanto para quem deseja financiar o seu imóvel”, afirma Angela Schuchovski, administradora e planejadora financeira.

Com taxas de financiamento mais elevadas e custos maiores de insumos, é possível que, no futuro, haja uma retração na demanda por imóveis, o que pode dificultar a venda e o esvaziamento dos estoques. No entanto, é importante ressaltar que o cenário empresarial está sempre sujeito a um ambiente externo (político, econômico, social, cultural) sobre o qual há pouco ou nenhum controle. “A gestão da empresa precisa entender quais fatores externos afetam ou podem influenciar o desempenho de seu negócio e, de alguma maneira, tentar se blindar a isso com um planejamento financeiro adequado e com a elaboração antecipada de cenários diferentes para compreender como se posicionar em meio a situações adversas no futuro”, assinala.

Entrevistados

Ana Maria Castelo é mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (USP). Desde 2010 é coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getúlio Vargas/IBRE, onde comanda e desenvolve estudos e análises setoriais. É responsável pela divulgação do INCC-M e da Sondagem da Construção da FGV.

Angela Schuchovski é graduada em Administração pela FAE Centro Universitário, mestre em Estratégia e Organizações pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e planejadora financeira.

Guilherme Moura é doutor em Desenvolvimento Econômico, professor de disciplinas na área de economia e coordenador do curso de Ciências Econômicas e do Global Economics Program (GEP) na FAE Centro Universitário.

Contatos:
assessoria.fgv@insightnet.com.br
angela@pensevalor.com.br
guilherme.moura@fae.edu

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Compliance na construção civil é garantia de segurança, qualidade e conformidade legal

O compliance tem a função de proporcionar segurança e minimizar riscos de instituições e empresas, garantindo o cumprimento dos atos, regimentos, normas e leis estabelecidos interna e externamente.
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A adoção de práticas de compliance na construção civil garante a conformidade das normas legais e regulatórias, mitigando riscos e evitando penalidades. O compliance promove transparência e integridade nas operações, fortalecendo a reputação da empresa e aumentando a confiança dos stakeholders. Além disso, assegura a qualidade das obras e a segurança dos trabalhadores, prevenindo acidentes.

Em um seminário promovido pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (ADEMI-AL) para discutir a importância do compliance na construção, Ana Cláudia Gomes, vice-presidente da Comissão de Responsabilidade Social (CRS) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), enfatizou o papel da ética e do compliance como pilares fundamentais para fortalecer a imagem das empresas frente ao mercado e à sociedade. “A adoção de práticas éticas não apenas mitiga riscos legais e operacionais, mas também posicionam as empresas como agentes de desenvolvimento social e econômico”, afirmou.

O termo compliance vem do inglês (to comply) e significa estar em conformidade. Na prática, o compliance tem a função de proporcionar segurança e minimizar riscos de instituições e empresas, garantindo o cumprimento dos atos, regimentos, normas e leis estabelecidos interna e externamente.

Essa prática ganhou notoriedade no Brasil por conta de ações contra esquemas de corrupção e a promulgação da Lei n° 12.846/13 (Lei Anticorrupção), que determina que pessoas jurídicas podem ser responsabilizadas objetivamente por práticas ilegais, independente da comprovação do conhecimento ou conivência de seus diretores.

Hoje, o compliance está presente nas instituições de diversos setores tendo o importante papel de criar mecanismos para evitar problemas para os empreendedores e suas empresas. Na construção civil, o compliance é a garantia de que tudo o que é executado pela construtora segue regulamentos éticos e direcionamentos específicos da área. 

Outra medida é a adoção da agenda ESG (Environment, Social & Governance), um conjunto de objetivos e ações que demonstram como o negócio irá lidar com as questões ambientais, sociais e de governança. O conceito dessa sigla (Ambiental, Social e Governança, ou ASG no português), refere- se às boas práticas empresariais que se preocupam com critérios ambientais, sociais e parâmetros de boas práticas de governança corporativa.

“A CBIC reconhece a importância dessa agenda, que é mundial e estabelece prioridades para se estabelecer uma sintonia entre o meio ambiente, o processo produtivo, as cidades e a sociedade. Atentos a isso, entendemos que somos um grande porta-voz dessa questão para o setor, para que as empresas busquem processos produtivos que impactem cada vez menos o meio ambiente e as pessoas”, explica Ana Cláudia.

“Enquanto uma indústria que tem um impacto importante – tanto nos materiais que consome, como nos equipamentos que entrega para a sociedade – a Construção Civil busca fazer entregas que usem cada vez melhor os recursos naturais e as tecnologias capazes de minimizar o impacto no planeta e nas pessoas. Por isso, protagonizamos esse tema no setor buscando tecnologias e soluções que priorizem minimizar esses impactos nos canteiros de obras e nas cidades”, afirma a vice-presidente da CRS.

Ela lembra que o seminário realizado em Alagoas não foi o único. “Já rodamos o Brasil inteiro discutindo esse assunto e, junto com as empresas e com o poder público local, produzimos vários materiais orientativos sobre como elaborar um código de ética, como mapear os riscos de corrupção, como treinar as equipes e como criar canal de denúncia. Enfim, fizemos várias ações nesse sentido e seguimos dando suporte aos associados e orientando sobre a importância dessa agenda”, diz.

Entre as práticas mais comuns que devem ser adotadas estão a criação de um código de normas; a divulgação do programa para todos os colaboradores e envolvidos; a criação de canais de denúncia; registros contábeis; observação dos processos de fusão e aquisição; e melhoria contínua das práticas de compliance.

Ainda segundo Ana Cláudia, as grandes empresas brasileiras, mais estruturadas e que trabalham para multinacionais e para governos, já têm os seus sistemas de compliance implementados, testados e num índice de maturidade mais elevado.

“No setor de construção, 80% das empresas são pequenas. Mas, ainda assim, a CBIC vem mostrando para essas empresas a importância da governança, de ter processos internos muito estabelecidos com os seus funcionários e com os seus fornecedores, por exemplo, para garantir que não tenha nenhum tipo de problema com relação a corrupção, e com relação a qualquer tipo de problema jurídico dentro do ambiente de trabalho, dentro da empresa e nas relações que estabelece com todos os stakeholders”.

Para dados mais específicos, a CBIC está atualizando uma pesquisa sobre o perfil do trabalhador da construção civil, visando entender melhor suas demandas e contribuir para a qualificação e retenção desses profissionais. “Estamos preparando uma atualização da sondagem que fizemos há alguns anos e esperamos concluí-la ainda em 2024. Esse tipo de levantamento e estudo é importante para entendermos quais ações nas áreas social, de inclusão, de qualificação, de saúde e de segurança precisamos implementar, a fim de melhorar as condições de trabalho e de prestação de serviço no setor”, adianta Ana Cláudia. 

ENTREVISTA:

Ana Cláudia Gomes, é bacharel em Comunicação Social, com pós-graduação em Recursos Humanos e MBA em gestão empresarial. É vice-presidente da Comissão de Responsabilidade Social (CRS) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

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Gestão e fiscalização de resíduos na construção civil geram benefícios para o meio ambiente

A correta gestão de resíduos na construção civil no canteiro de obras pode reduzir consideravelmente o desperdício e a poluição.
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A gestão e fiscalização de resíduos de construção civil desempenham um papel crucial na proteção do meio ambiente e na promoção do bem-estar social. Construir de forma mais racional, gerando menos desperdícios, é fundamental para reduzir impactos ambientais, além de evitar perdas e desperdícios para o setor.

Um dos principais problemas na construção civil, na maior parte das cidades do país, é o descarte irregular de resíduos oriundos de construções e demolições. Isso causa poluição ambiental, degradação visual e comprometimento da mobilidade urbana. A responsabilidade de fiscalização é do órgão ambiental municipal, ou seja, cada município brasileiro adota uma política própria. “Mas normalmente é feita a elaboração do plano de gerenciamento, e no final da obra é apresentado um relatório com todos os resíduos que foram gerados”, afirma Luiz Guilherme Grein Vieira, presidente da Associação Paranaense dos Engenheiros Ambientais (APEAM).

Ele cita como exemplo o processo exigido pelo município de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. “Toda obra que vai ser executada no município precisa aprovar, junto com o Alvará de Construção, o Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC). Esse plano contempla uma estimativa da quantidade e tipologia de resíduos que vai ser gerado durante a obra. Ao longo da obra, é feita a emissão de documentos que comprovam sua rastreabilidade. Para cada caçamba de resíduos tem que ser emitido um manifesto de transporte de resíduos, com as informações do gerador, da empresa que está transportando e da empresa que está recebendo aquele material”, explica. “E no término de cada obra, para poder gerar o documento final que libera a obra para ser ocupada, precisa apresentar um relatório final com todos os resíduos que foram gerados”, diz Grein Vieira.

Reaproveitamento dos resíduos

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) considera resíduo da construção o entulho proveniente de obras, reformas, reparos e demolições. Também se enquadram nesse grupo os resíduos resultantes da preparação e da escavação de terrenos.

Em sua Resolução 307, o Conama classifica os resíduos sólidos da construção civil em quatro classes.

Classe A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras.

Classe B
– são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas imobiliárias e gesso.

Classe C
– são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação.

Classe D
– são resíduos perigosos oriundos do processo de construção. Esses resíduos podem ser classificados, ainda, de acordo com o perigo que proporcionam, em três categorias:

Classe I – resíduos perigosos;

Classe II – não inertes (contaminados);

Classe III – inertes.

De acordo com o presidente da APEAM, em torno de 90% dos resíduos gerados na construção civil são classificados como Classe A. “A classe A é a que a gente chama popularmente como entulho, que é o resíduo de cimento, caliça, cerâmica, aquele material mais volumoso. Esse material é classificado assim porque é o resíduo que pode ser aproveitado como agregado para a construção civil. Ou seja, esse material pode ser triturado e gerar vários outros subprodutos, como areia, brita, rachão e outros”, conta. “Esses materiais são normalmente encaminhados para usinas de reciclagem que fazem todo o processo e depois essas usinas vendem o material para outras obras, principalmente de pavimentação”, explica Grein Vieira.

A gestão eficiente de resíduos incentiva a inovação no setor, promovendo o desenvolvimento de novas tecnologias e métodos de reciclagem. Isso impulsiona a economia, uma vez que os resíduos são transformados em novos recursos, reduzindo a dependência de matérias-primas virgens e minimizando o impacto ambiental.

Além disso, a adequada gestão de resíduos contribui significativamente para a redução da degradação ambiental. Ao assegurar que os materiais sejam devidamente reciclados ou descartados, evitam-se a contaminação do solo e das águas, a poluição do ar e a sobrecarga de aterros sanitários. Isso também ajuda a preservar os recursos naturais, uma vez que muitos materiais podem ser reutilizados em novos projetos.

Workshop

No final de julho a APEAM promoveu a 3ª edição do Workshop sobre Fiscalização e Gestão de Resíduos da Construção Civil (RCC). O evento contou com profissionais da área ambiental, empresários e estudantes, que discutiram temas relevantes relacionados à gestão de RCC.

A engenheira ambiental Annelise Schamne apresentou um estudo realizado sobre a quantificação de resíduos de construção civil pós-eventos climáticos extremos, e citou como exemplo a tragédia ocorrida recentemente no Rio Grande do Sul. O estudo apontou uma dificuldade grande em prever a quantidade de resíduo gerado em eventos como inundações, alagamentos, dentre outros. A engenheira sugeriu a inclusão do tema nos Planos Municipais e Estaduais de Gestão de Resíduos Sólidos, propondo medidas para prevenir transtornos causados pela gestão desses materiais.

O engenheiro ambiental Robson Felipe do Valle apresentou as dificuldades e soluções para a gestão de resíduos em grandes obras de infraestrutura. O engenheiro atuou em obras como a Linha Verde em Curitiba, e atualmente é coordenador ambiental da obra da Ponte de Guaratuba, uma das principais obras de infraestrutura do estado do Paraná. Dentre os desafios, ele destacou o planejamento adequado e os treinamentos constantes junto aos colaboradores das obras, para manter a organização e o cumprimento da legislação vigente, reduzindo os impactos ambientais.

O presidente da APEAM, Luiz Guilherme Grein Vieira, falou sobre as certificações Green Building, e a importância da gestão de resíduos em obras certificadas. Atualmente, a Certificação GBC Brasil Condomínio pontua aquelas obras que destinam seus resíduos para a reciclagem, desviando estes materiais de aterros. Quanto maior a porcentagem de aproveitamento, maior a pontuação obtida.

O workshop foi realizado junto com o evento Reciclação, uma das principais feiras sobre Resíduos Sólidos do Sul do Brasil, que reuniu diversas empresas que divulgaram soluções para reciclagem, gestão e aproveitamento adequado de resíduos.

Fonte: https://conama.mma.gov.br

Entevistas:

Luiz Guilherme Grein Vieira é engenheiro ambiental com pós-graduação em Gestão de Resíduos Sólidos e Efluentes, mestre em Meio Ambiente Urbano e Industrial. É presidente da Associação Paranaense dos Engenheiros Ambientais (APEAM), gestão 2023-2025.

Annelise Schamne é engenheira ambiental com Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e Mestrado em Engenharia Civil, na área de Sustentabilidade. Tem experiência na área de gerenciamento de resíduos; resíduos de construção e demolição; logística reversa; estudos ambientais e análise de risco.

Robson Felipe do Valle é engenheiro ambiental, especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho e mestre em Engenharia. Atualmente é professor universitário na Unioeste e Engenheiro de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente do Consórcio TC Linha Verde em Curitiba-PR.

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Evento da ABCP aponta caminhos para o futuro e traz tendências para a construção civil

Inovação, concretos especiais e otimização do processo produtivo foram assuntos tratados durante evento da ABCP.
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A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) realizou nos dias 16 e 18 de julho o “Workshop Gestão de Operações, Concretos Especiais e Lucro”, que destacou as principais tendências e desafios do setor de construção civil.

Durante o workshop, temas cruciais para a indústria foram abordados, trazendo à tona as novas direções e inovações necessárias para enfrentar um mercado em constante evolução. Entre os assuntos tratados, destacam-se os desafios da indústria em um mundo em constantes mudanças, concretos especiais nas fábricas, com apresentação de produtos inovadores e possibilidades de diversificação, e fábrica de sucesso com foco na otimização no processo produtivo.

Demanda crescente por sustentabilidade

Os desafios enfrentados pela indústria da construção foram um dos principais tópicos discutidos. O gerente da Regional Sul da ABCP, Dejalma Frasson Junior, afirma que a demanda crescente por sustentabilidade está forçando o setor a se adaptar rapidamente.

“Os números do mercado de artefatos mostram a necessidade de inovação e adaptação para atender às exigências ambientais”, destaca. A necessidade de produtos inovadores e a diversificação das opções de concreto nas fábricas foram pontos enfatizados, apontando para um futuro em que a sustentabilidade será central.

Por isso, a contabilização das Emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) é crucial para a construção de uma economia de baixo carbono. O Sidac (Sistema de Informação de Desempenho Ambiental da Construção) foi mencionado como uma ferramenta importante para calcular indicadores de desempenho ambiental e promover a construção sustentável. “Estamos apenas no início dessa jornada, mas o Sidac nos oferece uma maneira prática e acessível de integrar o desempenho ambiental nas decisões diárias do setor”, explicou Frasson Junior.

Concretos especiais e otimização do processo produtivo

A diversificação de produtos e a inovação no uso de concretos especiais também foram detalhados pelos palestrantes. “Apresentamos novas possibilidades de concretos que podem transformar a maneira como vemos a construção“, disse Frasson Junior.

Aliado a isso, a otimização do processo produtivo foi outro foco abordado na palestra de Luciano Lima, diretor operacional da Glasser, mostrando como operações simples e eficazes podem levar a uma fábrica mais lucrativa e eficiente. “Correções simples no processo produtivo podem gerar resultados significativos”, acrescentou.

Desafios para a construção 

Paralelamente às tendências e inovações, o setor da construção ainda vivencia alguns desafios. Um deles é a escassez de mão de obra, tema abordado durante a palestra de Cláudio Oliveira Silva, gerente de Planejamento e Mercado – Inovação e Sustentabilidade da ABCP. Ele apontou que sete em cada dez construtoras brasileiras enfrentam esse problema.

“A ABCP está atenta às necessidades do mercado e busca soluções que acompanhem a evolução dos materiais e a demanda ambiental, sem esquecer os impactos nos custos”, afirmou Oliveira. Ele destacou as soluções à base de cimento, como alvenaria estrutural e paredes de concreto, como formas de atender à demanda habitacional reprimida, especialmente pelos programas governamentais como o Minha Casa, Minha Vida.

Personalização e ampliação do portfólio

Frasson Junior destacou a importância de compreender as necessidades específicas dos clientes e oferecer produtos que estejam adequados e em conformidade com as normas. “É essencial estar ao lado do cliente, ajudando-o a comprar e entendendo os desafios que ele enfrenta”, afirmou. A qualificação da mão de obra foi destacada como uma prioridade, com as instituições e associações desempenhando um papel fundamental nesse processo.

Eduardo D’Ávila, gerente regional da ABCP RJ-ES, chamou a atenção para a necessidade de diversificação do portfólio de produtos para ampliar a base de clientes. “Integrar diversos produtos e oferecer sistemas completos, como ruas e praças, pode aumentar significativamente o valor agregado e atrair novos clientes“, afirmou D’Ávila. A industrialização da construção civil também foi um ponto de destaque, com a necessidade de adaptar processos para garantir qualidade e sustentabilidade.

O evento da ABCP, que contou com patrocínio da Cimento Itambé, mostrou que a construção civil está em um momento de transformação, com foco na sustentabilidade, inovação e qualificação da mão de obra. As discussões e apresentações apontaram para um futuro no qual a adaptação às novas demandas do mercado será essencial para o sucesso das empresas do setor.

Entrevistados
Dejalma Frasson Junior é engenheiro civil formado pela Universidade do Federal de Santa Catarina (UFSC), foi pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e possui especialização em edificações, gestão empresarial e tecnologia do concreto. Atualmente, é gerente da Regional Sul da ABCP.

Carlos Gustavo Nastari Marcondes possui graduação em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1998), especialização em Gestão Empresarial pela Universidade Federal do Paraná (2006) e mestrado em Construção Civil pela Universidade Federal do Paraná (2012). Atualmente é doutorando da UFPR-PPGEC. Atuou como professor adjunto da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, ministrando os seguintes temas: Materiais e Componentes de Construção, Tecnologias Construtivas, Tecnologia do Concreto, Nanotubos de Carbono, Cicatrização do Concreto com Microrganismos, Sistemas Construtivos, e Patologia das Construções. Atuou como professor substituto (20h) na Universidade Federal do Paraná ministrando a disciplina de Construção Civil. Atualmente é engenheiro de projetos da Regional Sul da ABCP.

Contato/Assessoria de Imprensa:
celso.souza@fsb.com.br

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CBIC aumenta para 3% a expectativa de crescimento do PIB para o setor da construção em 2024

Empresários estão otimistas, mantendo os investimentos e lançamentos imobiliários.
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A construção civil brasileira revisou positivamente suas expectativas para o crescimento em 2024. Inicialmente, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) havia projetado em março deste ano um crescimento de 2,3% do PIB para o setor, mas, diante da movimentação otimista da economia, reviu suas projeções e agora a nova expectativa de crescimento é de 3% do PIB neste ano.

Esse otimismo reflete uma combinação de fatores favoráveis que se desenrolaram ao longo do primeiro semestre e apontam para um período de recuperação robusta. A revisão para 3% foi impulsionada por uma série de acontecimentos positivos na economia.

Em coletiva de imprensa, realizada no dia 29 de julho, o presidente da CBIC, Renato de Souza Correia, destaca a importância dessas novas perspectivas. “É uma notícia muito boa, porque a construção civil é um setor de base que influencia 97 setores da economia e quando a gente vê as condições convergindo para um número melhor a gente entende que é mais emprego, mais renda, mais habitação, mais infraestrutura para o nosso país que tanto precisa”, avalia.

Já a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, aponta que o cenário macroeconômico também contribuiu para a revisão das expectativas. “O crescimento da economia brasileira, que pelas últimas projeções divulgadas pelo Boletim Focus aponta para um PIB em torno de 2,19%, e as expectativas positivas dos empresários do setor para novos lançamentos imobiliários foram fatores determinantes para a revisão dos números da CBIC”, assinala.

Melhor desempenho do emprego nos últimos 12 anos

De acordo com dados do novo Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego, a construção civil criou 159.203 novos postos de trabalho com carteira assinada de janeiro a maio de 2024, sendo o melhor resultado dos últimos 12 anos. "A resiliência do mercado de trabalho, com a criação de mais de 1 milhão de empregos formais de janeiro a maio em todos os setores da economia, tem sido um pilar importante”, aponta Ieda.

As maiores oportunidades de emprego foram criadas na construção de novos edifícios (42,48%), seguido dos serviços especializados para a construção (32,93%) e obras de infraestrutura (24,59%). 

Aumento dos financiamentos imobiliários com recursos do FGTS

Outro fator crucial é o aumento dos financiamentos imobiliários com recursos do FGTS, que totalizaram R$ 67,7 bilhões no primeiro semestre, um crescimento de 75,31% em relação ao mesmo período do ano anterior. "Os financiamentos imobiliários sofrem com juros altos em dois aspectos. Primeiramente, na quantidade de recursos que o empresário precisa aportar. Em segundo lugar, afeta o consumidor final, que gasta mais dinheiro para comprar o que precisa”, analisa o presidente da CBIC.

Confiança dos empresários em alta

A confiança dos empresários da construção permanece elevada, com expectativas positivas para novos empreendimentos, compras de matérias-primas e aumento no número de empregados. De acordo com levantamento da CBIC, o Índice de Confiança do Empresário da Construção permanece em patamar elevado, apresentando 54,6%, dado superior aos últimos três meses.

As obras de reconstrução no Rio Grande do Sul, devido a eventos climáticos adversos, também podem gerar impactos positivos no setor a médio prazo, embora ainda não haja números definitivos sobre o volume de recursos envolvidos.

No entanto, a alta taxa de juros, que não deve cair abaixo de 10%, é um desafio significativo. "A taxa de juros é um banho de água fria no empresariado, mas temos esperança de que essa taxa possa diminuir um pouco", comenta Correia.

Outros desafios incluem a falta de mão de obra qualificada, custos elevados de construção, insegurança jurídica e burocracia. A sustentabilidade do FGTS e alternativas de funding para o crédito imobiliário também são temas de preocupação, bem como a reforma tributária e as consequências para o setor.

Custos de materiais acima da inflação

Além disso, Ieda menciona que a construção civil continua enfrentando custos pressionados bem acima da inflação. De janeiro de 2020 a junho de 2024, o INCC/FGV aumentou 44,02%, enquanto a inflação oficial cresceu 30,47%. “Nos últimos meses, estamos observando um aumento menor com os custos de material, mas o patamar continua muito elevado”, observa Ieda.

Apesar desses desafios, a expectativa geral é de um segundo semestre positivo, sustentado por indicadores econômicos favoráveis, criação de empregos e perspectivas de aporte para o financiamento imobiliário. “O programa Minha Casa, Minha Vida, provavelmente com suplemento do FGTS para o restante do final do ano, e as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em andamento são alguns indicadores de que vamos continuar em ritmo elevado de atividade”, conclui Correia.

Fonte
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)

Contato/Assessoria de Imprensa:
ascom@cbic.org.br

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Indústria de materiais de construção apresenta sinais positivos

As perspectivas para o setor da indústria de materiais de construção são promissoras até o final do ano.
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A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT) divulgou a nova edição da sua pesquisa Índice, elaborada pela FGV com dados do IBGE, apresentando números de faturamento do setor.

O estudo indica que em junho de 2024 o faturamento deflacionado das indústrias de materiais de construção apresentou crescimento em comparação com o mesmo período do ano anterior, com expansão de 1,2%. Em relação ao mês anterior, também houve aumento de 0,4%. Baseado nesses dados, a ABRAMAT prevê crescimento de 3% este ano no faturamento total deflacionado dos materiais de construção em relação a 2023.

“Esse é um indicativo claro de que a indústria de materiais de construção está em uma trajetória de recuperação e fortalecimento, apesar da leve retração observada em maio”, afirma o presidente executivo da ABRAMAT, Rodrigo Navarro. “O cenário atual da indústria de materiais de construção apresenta sinais positivos que merecem reconhecimento, ainda que mantendo uma postura cautelosa. Estamos otimistas com o crescimento observado até o momento, impulsionado por programas como o Minha Casa Minha Vida (MCMV), obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e retomada de obras paradas, o lançamento do Nova Indústria Brasil (NIB), além do bom desempenho do setor imobiliário”, explica. “Esses fatores têm contribuído significativamente para o desempenho do setor”, diz Navarro.

Apesar dos bons resultados, ele lembra que ainda há situações que merecem atenção. “Devemos considerar pontos de atenção como a taxa de juros ainda elevada, endividamento das famílias, as discussões pendentes em torno da reforma tributária e um maior combate à falta de conformidade técnica e fiscal”, pondera.

No entanto, esta onda de otimismo é impulsionada pela retomada de investimentos em infraestrutura e construção civil, além de políticas governamentais voltadas para o setor, que visam acelerar a geração de empregos e renda. 

Com relação às projeções até o final do ano, o presidente diz estar otimista. “As perspectivas para o setor da indústria de materiais de construção são promissoras até o final do ano. Continuaremos a trabalhar de forma integrada com nossos associados, membros, parceiros e Governo para superar os muitos desafios existentes e alcançar os objetivos traçados, que exigem uma análise contínua e uma abordagem prudente para garantir um crescimento sustentável neste e nos próximos anos, que é nosso maior objetivo”, finaliza.

Para a elaboração de seus relatórios são utilizados dados oficiais disponíveis, pesquisas com associados e análise interna. O relatório Índice é uma iniciativa da ABRAMAT e engloba dados produzidos pela FGV e IBGE e tem divulgação mensal pela Associação. 

Entrevistado:
Rodrigo Navarro é Doutor em Administração pela Rennes School of Business. Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT), é ainda coordenador do MBA em Relações Governamentais da FGV.

Fonte: ABRAMAT
https://abramat.org.br/

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Edifícios anti-sísmicos são opções para países propensos a terremotos

A Câmara Municipal de Lisboa estima que cerca de metade dos edifícios da capital do país não resistiriam a um outro sismo.
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Os terremotos, também chamados de abalos sísmicos, atingem as regiões mais geologicamente instáveis e mais suscetíveis. O Brasil não é um país propenso a terremotos fortes, mas há regiões no planeta que já viveram grandes tragédias. 

O Japão é o país mais propenso a terremotos no mundo. Localizado no chamado Círculo de Fogo do Pacífico – assim como Indonésia, China e Filipinas - o país está em uma região geologicamente ativa, onde quatro placas tectônicas se encontram. 

Por conta dessa situação, o Japão é uma referência na criação de edifícios anti-sísmicos, ou seja, em criar estruturas que conseguem resistir mesmo com os abalos, minimizando os prejuízos financeiros e protegendo vidas. Além do Japão, o Chile também investe em técnicas para reforçar prédios com paredes super-resistentes, com alta taxa de armadura e concreto para suportar os tremores.

De acordo com a ISAAC, (empresa italiana especializada no desenvolvimento de tecnologias inteligentes para a proteção de edifícios e infraestruturas de oscilações e vibrações), em prédios mais altos o indicado são os amortecedores abaixo da construção, capazes de absorver o impacto e o deslocamento no momento de um terremoto. Os amortecedores podem ser feitos com diferentes materiais, desde borrachas até opções eletrônicas acionadas automaticamente, evitando que o prédio entre em ressonância com o tremor

Na Europa, os países mais propensos a terremotos são a Turquia, Itália, Islândia, Espanha, Portugal e ainda a ilha portuguesa dos Açores. Com o objetivo de reduzir os efeitos ocasionados por uma tragédia natural, foi aprovada a implementação do regulamento europeu para as zonas sísmicas, o Eurocódigo 8. Iniciado em 2020, é mais um passo no aperfeiçoamento da legislação técnica para o projeto e construção de estruturas sismo-resistentes. Esse código aplica-se ao projeto e construção de edifícios e de outras obras de engenharia civil em regiões sísmicas, e tem por finalidade assegurar, em caso de ocorrência de sismos, que as vidas humanas sejam protegidas, os danos sejam limitados, e as estruturas importantes para a proteção civil se mantenham em operação.

Os custos para construir toda a infraestrutura de prédios resistentes a terremotos estão entre os principais desafios. Segundo estimativa da Câmara Municipal de Lisboa, o custo de construção depende do tipo de tecnologia escolhida, mas calcula-se um valor médio 800 euros/m2. Apesar do investimento, a longo prazo o valor investido compensa e, principalmente, pode salvar vidas.

Lisboa não está preparada para novos sismos 

Portugal é um país conhecido pela culinária, pelo fado, pelas belas praias e também pela tragédia do terremoto de 1755, que atingiu a cidade de Lisboa, um dos maiores da história da Europa. Estudos atuais calculam que o tremor tenha alcançado 9 graus na escala Richter (a escala vai até 10). Sua magnitude contribuiu para a destruição total da cidade. Mas, ainda hoje, pouco foi feito para proteger a cidade e sua população de novos riscos causados por sismos.

Além das vidas – os números não são exatos, mas estima-se entre 10 mil e 50 mil mortos - a destruição material foi enorme. A Biblioteca Real foi destruída com mais de 70 mil volumes de itens lá armazenados. A Ópera do Tejo, inaugurada naquele ano, também foi destruída, assim como 35 igrejas, 55 palácios e em toda a cidade acredita-se que cerca de 10 mil edifícios foram reduzidos a ruínas.

Depois deste evento, o último grande tremor registrado em Portugal foi em 1969, sendo sentido também no norte do Marrocos e parte da Espanha. Com uma magnitude de 8 na escala Richter, o terremoto atingiu o Sul e a região de Lisboa, tendo deixado 13 mortos e provocado grandes danos materiais.

A explicação para esses abalos, segundo a Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica, é de que o país está inserido na zona da Fratura Açores-Gibraltar e o choque entre as placas tectônicas e atividades vulcânicas torna Portugal propenso a abalos sísmicos, assim como a Itália, Turquia e a Espanha.

Apesar dos riscos de novos desastres, há em Portugal um desconhecimento do estado dos edifícios mais antigos, bem como das reabilitações ou remodelações, sem que haja o necessário acompanhamento técnico. De acordo com o jornal português Público, dos 452.582 edifícios existentes na área de Lisboa, quase 68% foram construídos antes de 1958, ano da primeira legislação anti-sísmica nacional.

A Câmara Municipal de Lisboa estima que cerca da metade dos edifícios da capital do país não serão capazes de resistir a um sismo, com base numa avaliação de engenheiros do Instituto Superior Técnico. Para aferir ao certo o grau de resistência de cada edifício à abalos sísmicos, é necessário a realização de vistorias. Contudo, a Câmara não pode obrigar os proprietários a realizarem as inspeções, razão pela qual a avaliação de risco é menos precisa.

Fontes:

Câmara Municipal de Lisboa
https://www.lisboa.pt

Jornal Público
https://www.publico.pt

ISAAC
https://isaacantisismica.com/

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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Millennium Tower de São Francisco pode apresentar problemas de recalque

A inclinação do arranha-céu em São Francisco continua preocupando engenheiros e técnicos.
Crédito: Scott Hargis - Bruce Damonte, Handel Architects

O luxuoso edifício Millennium Tower de São Francisco (EUA) está deixando engenheiros alarmados devido à inclinação crescente. Desde a sua inauguração, em 2009, o arranha-céu de 58 andares já recalcou mais de 40 cm e se inclinou cerca de 5 cm ao ano, muito além do esperado.

O projeto, estimado em US$ 350 milhões, compreende duas torres. O maior deles abriga 419 apartamentos, incluindo uma cobertura de US$ 13 milhões e 511 m². A estrutura residencial é a mais alta da cidade, e o problema já causou rachaduras nas calçadas adjacentes. A segunda torre, com apenas 12 andares, também apresenta rachaduras nas paredes do porão.

As razões da manifestação patológica ainda estão sendo levantadas, mas alguns especialistas relacionam com soluções de projetos adotadas em construções próximas associado a um processo chamado de ‘desidratação’, diminuindo a resistência do solo em que a fundação está apoiada. Outros dizem que problemas estruturais são atribuídos ao tipo de fundação inadequada, que não foi fixada no substrato rochoso abaixo da camada de argila.

Na tentativa de impedir que novos deslocamentos e até mesmo sobrecargas estruturais não previstas em projeto, uma grande obra de estabilização, no valor de US$ 120 milhões, foi anunciada em outubro de 2020. Após sua conclusão, e segundo informações da rede de TV americana NBC, a Millennium Tower pode estar sofrendo com recalque na área central. Embora o edifício já não esteja mais afundando nas laterais, os dados mostram que houve apenas cerca de 2,5 cm de reversão de inclinação, um quarto do que estava previsto após as obras.

O engenheiro responsável pela chamada reparação da Millennium Tower, Ronald Hamburger, reconheceu recentemente que houve uma melhoria de inclinação menor do que o esperado durante os primeiros seis meses da conclusão do projeto. O modelo avançado projetado para prever o comportamento da torre previu até dez centímetros de correção de inclinação seis meses depois que o arranha-céu inclinado foi ancorado em dois lados na rocha.

Entretanto, engenheiros externos dizem que os dados sugerem que em vez de afundar nos lados opostos, a torre parece estar afundando mais no centro. “Em todos os edifícios altos, embora a base da fundação possa ser bastante espessa, há uma tendência para este centro assentar mais do que as bordas”, disse Harry Poulos, especialista reconhecido internacionalmente em fundações de edifícios altos, entrevistado pela NBC.

São Francisco, Califórnia, nos Estados Unidos.
Crédito: Envato

Poulos aponta dados de monitoramento que, segundo ele, indicam que a torre está agora se acomodando no centro a uma taxa geral de cerca de um décimo de polegada por ano (cerca de 0,25 cm). “Um décimo de polegada não é muito, mas isso seria um pouco preocupante a longo prazo”, opinou.

Apesar de todos os problemas, os moradores - que foram notificados sobre a situação de afundamento pela primeira vez em 2016 - continuam habitando o edifício. "Visto que prevemos que o ritmo de inclinação continue a diminuir com o tempo e acabe por estabilizar, não prevemos que o edifício algum dia se incline o suficiente para se tornar inseguro", afirmou Ronald Hamburger à CNN. "Fiz análises que indicam que o edifício pode aguentar pelo menos 180 cm de inclinação para oeste e 75 cm para norte antes que a capacidade de resistência a terremotos fique comprometida”, disse. "Mesmo que esse tamanho de inclinação fosse excedido, o edifício continuaria a ser mais seguro do que a maioria dos edifícios existentes em São Francisco, mas não tão seguro como preconizado pelo atual código dos edifícios", acrescentou o engenheiro.

Fontes:
TV americana NBC
CNN

Ronald Hamburger é engenheiro civil com mais de 30 anos de experiência em projeto, construção, educação, pesquisa, avaliação, investigação e reparo de instalações comerciais, institucionais e industriais. É um especialista reconhecido internacionalmente em engenharia estrutural, sísmica e de explosão baseada no desempenho, e desempenhou um papel de liderança no desenvolvimento de padrões nacionais de engenharia estrutural e disposições de códigos de construção. É vice-presidente do Instituto de Pesquisa em Engenharia Sísmica nos Estados Unidos.

Harry George Poulos é engenheiro civil australiano, especializado em engenharia geotécnica e mecânica dos solos, conhecido internacionalmente como especialista em comportamento do solo e fundações de estacas. É professor emérito da Universidade de Sidney.

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Construção civil segue alinhada com o compromisso na redução de impacto ambiental

O NS Mall será um dos maiores shoppings de rua de Belo Horizonte, e o único com conceito aberto integrado à natureza.
Crédito: NS Participações e Investimentos (divulgação)

Os empreendimentos imobiliários estão cada vez mais integrados à natureza, refletindo uma tendência crescente na construção civil que visa a sustentabilidade e a preservação ambiental. Pensando nisso, incorporadoras estão desenvolvendo projetos que harmonizam edificações com áreas verdes, utilizando técnicas de construção que minimizem o impacto ambiental.

A conscientização sobre a importância da sustentabilidade impulsiona o mercado imobiliário a adotar práticas mais ecológicas, como o uso de materiais recicláveis, redução de resíduos da construção e sistemas de captação de água da chuva. Esse movimento é essencial para a construção de cidades mais sustentáveis, alinhando o crescimento urbano à preservação do meio ambiente.

O Brasil é um bom exemplo dessa integração seja em edifícios, shoppings ou até mesmo bairros inteiros. Na etapa construtiva, empresas engajadas com a sustentabilidade têm como meta a redução do impacto ambiental e o uso racional de recursos naturais.

“Nos últimos anos estamos vivendo uma mudança significativa nos processos construtivos, reflexo da importância dada pelas corporações frente aos desafios climáticos, regulamentações e pressão dos consumidores por soluções mais sustentáveis. Esta mudança se reflete nos projetos imobiliários que buscam melhor desempenho das edificações quanto ao consumo de água e energia, materiais que geram menor impacto ambiental, e soluções baseadas na natureza”, explica Luiz Guilherme Grein Vieira, presidente da Associação Paranaense dos Engenheiros Ambientais (APEAM).

Segundo ele, há um aumento nos últimos anos do número de empreendimentos que buscam certificações Green Building (ou construções verdes) no Brasil. “As certificações GBC Brasil Casa e Condomínio e LEED somam em 2024, 2.417 empreendimentos no Brasil, tornando o país o 5º em número de construções certificadas no mundo”.

Para obter uma certificação Green Building o empreendimento precisa comprovar o atendimento às normas de desempenho de edificações existentes, que garantem, não só o atendimento a requisitos ambientais, mas também a padrões de qualidade de bem-estar e saúde dos seus ocupantes. 

O edifício foi construído pensando não apenas na preservação do meio ambiente, mas também na economia financeira do condomínio.
Crédito: Construtora Laguna (divulgação)

Projetos sustentáveis

Com inauguração prevista para março de 2025 e investimento de R$ 100 milhões, o NS Mall será um dos maiores shoppings de rua de Belo Horizonte, e o único com conceito aberto integrado à natureza. “A consciência de que a humanidade adoeceu por falta da conexão com a natureza nos impulsionou a construir um empreendimento com o conceito da arquitetura afetiva. Será um shopping de generosidade urbana, que proporcionará acolhimento a todos, um espaço confortavelmente projetado para reunir amigos e famílias inteiras”, afirma Ana Carolina Félix, diretora do NS Mall.

O projeto prevê uma praça central de 1.000 m², cercada de espelho d’água e árvores frutíferas, além de um rooftop repleto de verde e com vista para a Serra do Curral. A iluminação dos elevadores e escadas rolantes serão em LED, bem como nas áreas comuns. O edifício terá ainda caixas de captação de água de chuva, e o abastecimento será por gás natural. “Entendemos a falta de ambientes no meio da cidade que gerem bem-estar e proporcionem inspirações, por isso investimos neste conceito”, explica Ana Carolina. Com espaço para locação de 100 lojas, a expectativa é gerar mais de 600 empregos diretos.

Em Curitiba, um dos novos empreendimentos da construtora Laguna é o ALMÁA Cabral, o primeiro empreendimento do Brasil em processo de certificação GBC Condomínio Platina, que garante não só a preservação do meio ambiente, mas também mais economia financeira nos gastos comuns do condomínio. Cerca de 30% da energia das áreas comuns será gerada por placas fotovoltaicas.

O ALMÁA Cabral tem o conceito inspirado no Umm-al-Maa – um oásis localizado na Líbia – e na arquitetura do Ashjar AT AL Barari, de Dubai, que traz tecnologia e inovação como diferenciais.

Em Santa Catarina, outro exemplo de empreendimento com soluções sustentáveis é o Vivapark Porto Belo, primeiro bairro-parque do Brasil. O espaço, idealizado pelo escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados, foi projetado para que os moradores possam fazer tudo a pé, em um ambiente extremamente arborizado. O projeto é desenvolvido pela Vokkan, empresa que desenvolve ecossistemas sustentáveis e inteligentes por meio de negócios imobiliários.

A ideia desse bairro planejado, o Vivapark, é integrar a natureza e suas modernas estruturas de habitação, em perfeita harmonia entre casas, prédios e meio ambiente.
Crédito: Vokkan (divulgação)

O Vivapark Porto Belo foi o primeiro projeto no mundo a obter o selo LEED for Communities: Plan and Design nível Platinum - o mais elevado do sistema de certificação, referência global em sustentabilidade e meio ambiente, com score máximo em qualidade de vida e inovação.

Além disso, as próprias construções ajudam a preservar a vegetação do litoral catarinense, por causa do conceito diferenciado de arquitetura. O concreto das estruturas contrasta com o verde da vegetação. Porém, eles não estão separados: há verde por toda a parte dentro do Viva Park, inclusive no topo das construções e nos arredores.

O presidente da APEAM cita ainda outros exemplos da sustentabilidade no canteiro de obras, como a escolha de materiais sustentáveis, que possuem amplo estudo sobre o ciclo de vida do produto. “Esses materiais consequentemente geram menos impacto e emissões de gases de efeito estufa, contribuindo com o atingimento das metas de redução dos efeitos das mudanças climáticas”, diz.

“A biofilia também é uma tendência do mercado imobiliário, que busca integrar a natureza nos espaços construídos, com a utilização de vegetação prioritariamente nativa nos projetos, maior aproveitamento da luz natural, reuso e aproveitamento de águas, tendo por consequência, ambientes mais saudáveis e eficientes”, conclui Luiz Guilherme.

Entrevistados

Ana Carolina Félix é graduada em Marketing com especialização em Gestão Estratégica de Negócio. É diretora do NS Mall em Belo Horizonte.

Luiz Guilherme Grein Vieira é engenheiro ambiental e presidente da Associação Paranaense dos Engenheiros Ambientais (APEAM). Tem especialização em Gestão de Resíduos Sólidos e Efluentes e Mestrado em Meio Ambiente Urbano e Industrial.

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CBPAT reúne pesquisadores para discussão de cases de manifestações patológicas das edificações

Encontro reuniu 23 palestrantes, que debateram sobre patologia e normas.
Crédito: Alconpat/Divulgação

O Congresso Brasileiro de Patologia das Construções (CBPAT), realizado de 17 a 20 de julho de 2024 em Fortaleza (CE), é um dos principais eventos do setor, reunindo palestrantes e pesquisadores que atuam no controle de qualidade, patologia e recuperação da construção, incluindo produtos, processos e sistemas produtivos.

De acordo com Roberto Christ, presidente da Associação Brasileira de Patologia das Construções (Alconpat Brasil) – entidade organizadora do evento –, o encontro tem o intuito de divulgar as pesquisas científicas e tecnológicas sobre importantes temas da construção civil, com foco no desenvolvimento profissional. “Um dos intuitos do CBPAT é difundir o conhecimento para que mais pessoas possam se profissionalizar e, assim, fazer com que as manifestações patológicas das edificações sejam minorizadas”, assinala.

Palestras e cursos práticos

No total, o CBPAT reuniu 23 palestrantes, sendo dois internacionais, um da Espanha e outro dos Estados Unidos. Na ocasião, os participantes também tiveram a oportunidade de realizar quatro cursos práticos, que foram: Reabilitação de estruturas na prática, Tecnologia dos concretos especiais, Tecnologias para ensaios não-destrutivos em estruturas de concreto e Proteção catódica de armaduras de aço de estruturas de concreto.

Christ afirma que os estudos científicos ajudam a diminuir as manifestações patológicas, que são diversificadas. “Não existe um estudo específico que indique qual a principal manifestação patológica ou a mais recorrente. Porém, é comum encontrar problemas nas nossas edificações relacionadas à falta de projeto, especificação e erros de execução, mas também existem questões referentes ao mau uso ou falta de conservação ou manutenção”, enumera.

Atualizações da Norma de Desempenho

O evento trouxe com bastante ênfase temas como Normas de Desempenho do Mercado e Normas de Garantias. “A professora Maria Angélica Covelo apresentou os conceitos e a importância da norma de garantia para o setor da construção civil e tivemos também a participação do Jorge Dantas, que abordou os impactos da norma de desempenho no mercado da construção civil do Estado do Ceará”, menciona Christ.

Já o professor Bernardo Tutikian esclareceu os participantes sobre atualizações relacionadas às revisões da Norma de Desempenho (NBR 15575) e seus impactos no mercado da construção civil. “Essa é uma das normas mais importantes de toda a construção civil, senão a mais importante. Ao contrário da grande maioria das normas que temos, ela não é prescritiva, e sim de desempenho”, informa.

Uma norma prescritiva simplesmente informa quais parâmetros a serem adotados em projetos e execução. Ele cita, como exemplo, o cobrimento de concreto para garantir a durabilidade de estruturas de concreto armado. Apenas o projetista deve buscar as tabelas prescritivas da NBR 6118, verificar qual a situação e definir o cobrimento, sem qualquer análise crítica.

“Já a norma de desempenho define parâmetros e os intervenientes devem buscar as especificações para atender. A norma define, por exemplo, o índice de isolamento acústico entre dois cômodos, mas não informa qual material ou espessura de parede para atender a norma. Isso permite que se busquem inovações, desenvolvimentos e mais estudos na construção civil”, afirma.

Ele menciona que a Norma de Desempenho foi atualizada, em especial os itens referentes ao desempenho lumínico e isolamento acústico e térmico. “As empresas precisam ficar atentas a vários parâmetros na área de durabilidade, habitabilidade e sustentabilidade”, ressalta ele.

Entrevistados
Roberto Christ é engenheiro graduado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - (Unisinos), mestre em Engenharia Civil e doutor em Engenharia Civil pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da Unisinos. Atualmente é professor do curso de Engenharia Civil da Unisinos. Professor pesquisador na Universidad de la Costa (Colômbia). Coordenador do Instituto Tecnológico Desempenho para Construção Civil (ITT Performance), onde desenvolve e orienta avaliações de desempenho de sistemas e métodos construtivos inovadores. Coordena o curso de especialização "Patologia e Perícia das Edificações" da Unisinos. É presidente da Associação Brasileira de Patologia das Construções (Alconpat Brasil). 

Bernardo Tutikian é professor e pesquisador da Unisinos, no Rio Grande do Sul. Engenheiro Civil, mestre e doutor, com experiência na University of Missouri (EUA), Universidad de la Costa (Colômbia) e Université de Cergy-Pontoise (França). Autor de mais de 450 artigos em periódicos e congressos. Consultor de empresas na área de tecnologia do concreto, de argamassa, patologia e desempenho. 

Contatos:
secretaria@alconpat.org.br
bftutikian@unisinos.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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