Cidades quebram recordes de temperatura e especialistas destacam inovações para combater os impactos do calor extremo

Vidros com baixa emissividade são uma das opções mais eficazes para melhorar o conforto térmico sem sacrificar a iluminação natural.
Crédito: Envato

O Brasil enfrentou oito ondas de calor até setembro de 2024 e tudo indica que neste verão deve se repetir o fenômeno que tem levado cidades a registrarem recordes históricos de temperatura. Um estudo conduzido por cientistas brasileiros e portugueses revelou que, entre 2000 e 2018, as ondas de calor causaram mais de 48 mil mortes no país, número que supera em vinte vezes as mortes por deslizamentos de terra no mesmo período. 

Para combater os impactos urbanos do calor extremo, arquitetos e urbanistas buscam soluções para mitigar os efeitos. De acordo com Frederico Carstens, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA-PR), afirma que as ondas de calor exacerbam o efeito das ilhas de calor urbanas, onde a infraestrutura, como asfalto, retém mais calor do que áreas rurais. 

Ele destaca que mudanças na forma como se constrói podem ser decisivas. “O planejamento urbano precisa incluir materiais e tecnologias que reduzam o impacto térmico nas edificações e no espaço público. Não é só uma questão de conforto, mas de saúde pública”, afirma.

Soluções para conforto térmico em edificações

Entre os processos produtivos que ajudam a reduzir o calor em edificações, Carstens aponta o uso de materiais com alta refletância térmica, isolamento térmico em paredes e coberturas, além de projetos que priorizem a ventilação cruzada e o sombreamento. “O telhado verde, por exemplo, não só reduz a temperatura interna, mas também ajuda a combater o efeito de ilhas de calor ao trazer vegetação para áreas urbanas”, explica o arquiteto.

Além disso, tecnologias como vidros com controle solar e baixa emissividade, sistemas de automação e energia fotovoltaica podem transformar o modo como os edifícios lidam com o calor. “Vidros low-E são uma das opções mais eficazes para melhorar o conforto térmico sem sacrificar a iluminação natural, enquanto a automação otimiza o uso de recursos de forma inteligente”, completa.

Concreto é um aliado para a eficiência térmica

No espaço urbano, pavimentos reflexivos em concreto e fachadas ventiladas desempenham papel importante na mitigação de altas temperaturas. “Esses materiais reduzem o ganho de calor na superfície e diminuem o aquecimento do entorno, beneficiando a todos”, ressalta Carstens.

Saúde e urbanismo sob ameaça

Fachada verde é uma das opções para suavizar a temperatura das edificações.
Crédito: Envato

Com ondas de calor responsáveis por milhares de mortes no Brasil, a integração de estratégias arquitetônicas e urbanísticas é urgente. “O planejamento não pode ignorar os impactos do aquecimento global. A arquitetura tem ferramentas para minimizar esses efeitos, mas é preciso articulação com políticas públicas e incentivos para que essas soluções se tornem padrão”, enfatiza.

O papel da arquitetura no enfrentamento da crise climática

A resposta às ondas de calor vai além do uso de tecnologias: trata-se de repensar como são construídos e ocupados os espaços. “Projetar cidades resilientes é uma questão de sobrevivência. Precisamos de materiais, métodos e políticas que priorizem a sustentabilidade e o bem-estar da população”, conclui Frederico Carstens.

Enquanto o Brasil encara recordes de temperatura, iniciativas como as defendidas pelo especialista mostram que é possível adaptar as cidades e os empreendimentos ao novo cenário climático, mas desde que os desafios sejam enfrentados com planejamento e inovação.

Entrevistado
Frederico Carstens é arquiteto e urbanista graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com Mestrado pela PUC-PR e UFRGS. Fundador da Realiza Arquitetura e atualmente é presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) e está à frente do desenvolvimento de soluções para cidades inteligentes no Brasil.

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marisa@talkcomunicacao.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Novas regras internacionais vão exigir a divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade

Consumidores estão mais conscientes e exigem transparência quanto aos impactos de suas operações no meio ambiente.
Crédito: Envato

O ano de 2025 marca o início de uma nova etapa para o setor empresarial brasileiro, impulsionada pela implementação de normas internacionais que vinculam sustentabilidade à transparência financeira. Sob as normas IFRS S1 e IFRS S2 (International Financial Reporting Standards), todas as empresas de capital aberto serão obrigadas a divulgar informações financeiras relacionadas à sustentabilidade, incluindo os impactos climáticos de suas operações.

O objetivo é padronizar as práticas de relatório em um cenário global, permitindo uma análise comparativa mais eficaz para investidores e a sociedade. “Essas normas têm como meta trazer informações financeiras e os impactos sobre o clima, facilitando a compreensão de práticas sustentáveis, tanto pela sociedade quanto pelos investidores institucionais”, explica Claudio Hermolin, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio).

As normas foram publicadas em junho de 2023 pelo IASB – International Accounting Standards Board.

PMEs entram na rota da sustentabilidade

Embora o foco inicial esteja nas grandes empresas, Hermolin acredita que as pequenas e médias empresas (PMEs) também serão afetadas a longo prazo. “Hoje, essas normas impactam principalmente as grandes empresas com governança corporativa e necessidade de prestar contas aos acionistas. Mas, no médio e longo prazo, isso será aplicado a todas as empresas, independentemente do seu tamanho”, destaca.

Isso significa que, mesmo fora do escopo imediato das novas exigências, as PMEs devem começar a se preparar, implementando práticas sustentáveis e sistemas de monitoramento para garantir a conformidade futura.

Brasil na vanguarda das normas globais

O Brasil tem se destacado ao adotar as normas IFRS como obrigatórias para empresas de capital aberto por meio da regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Isso coloca o Brasil à frente na integração das questões climáticas e financeiras, um movimento essencial para manter a competitividade em mercados globais.

Segundo Hermolin, o cuidado com a sustentabilidade tornou-se uma exigência tanto do mercado consumidor quanto de bancos e grandes fundos de investimento, que hoje priorizam empresas que demonstrem impactos sustentáveis claros e transparentes.

Sustentabilidade como diferencial competitivo

A incorporação dessas normas não é apenas uma questão regulatória. Empresas que não adotarem práticas sustentáveis enfrentarão dificuldades na captação de recursos e na manutenção de sua base de clientes. “A sustentabilidade será cada vez mais um diferencial competitivo, tanto na conquista do mercado consumidor quanto no acesso a recursos financeiros”, observa.

Essa transição também reflete uma mudança cultural: os consumidores estão mais conscientes e exigem que as empresas sejam transparentes quanto aos impactos de suas operações no meio ambiente.

Desafios e oportunidades para o setor da construção civil

No setor da construção civil, conhecido por seu alto impacto ambiental, as novas normas representam tanto um desafio quanto uma oportunidade. Empresas precisarão adotar soluções inovadoras para reduzir emissões de carbono, otimizar o uso de recursos e garantir que seus relatórios atendam aos padrões internacionais.

Para as PMEs do setor, a adaptação pode parecer onerosa inicialmente, mas trará benefícios a longo prazo, como acesso a novos mercados e maior competitividade.

Assim, empresas de todos os portes devem começar a revisar suas práticas de sustentabilidade e estabelecer sistemas de monitoramento que garantam a conformidade com as normas IFRS S1 e IFRS S2. Investir em consultorias especializadas e capacitar equipes internas será essencial para navegar nessa transição e transformar desafios regulatórios em oportunidades de crescimento.

Entrevistado
Claudio Hermolin é graduado em Engenharia Civil pela PUC-Rio, com especializações na Escola de Negócios da PUC-Rio, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Harvard Business School. Tem mais de 30 anos de atuação no mercado imobiliário ocupando posições de liderança, nos segmentos de engenharia, incorporação e intermediação em empresas. Atualmente, é presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio) e também vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) no Sudeste e conselheiro de diversas empresas.

Contato:

presidencia@sinduscon-rio.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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'Edifício árvore' traz água filtrada e ar mais puro aos moradores

A fachada foi projetada para minimizar a exposição solar.
Crédito: Fischer Group

Com previsão de entrega para 2029, a Fischer Group deve lançar em breve, em Balneário Camboriú (SC), o edifício Auris Residenze, que tem como diferencial o conceito de “edifício-árvore”.

De acordo com Claudio Fischer, CEO da Fischer Group, a ideia de biofilia é central no projeto. “Trata-se de considerar o ambiente como um ser vivo, promovendo a reciclagem e a reutilização de recursos dentro do prédio. Essa abordagem não só contribui para a sustentabilidade, mas também gera um ganho de custo ao longo do tempo. Isso significa que os moradores terão um impacto positivo no seu bolso, com redução nas despesas de condomínio. Em um edifício como o nosso, a eficiência e a gestão inteligente de recursos se traduzem em uma economia significativa a longo prazo”, assegura Fischer.

Água filtrada e redução de consumo

Uma das soluções adotadas pelo prédio é uma bateria de filtros que será implantada, além de testes rigorosos de qualidade de água. A ideia é garantir água filtrada em todo o condomínio mesmo em caso de falhas no fornecimento pelo município. 

Adicionalmente, o sistema de reaproveitamento de águas pluviais e cinzas contribuirá para uma diminuição de até 52% no consumo de água.

Qualidade do ar

Outra tecnologia prevista no projeto do Auris Residenze são os sensores de CO2, que informarão sobre a qualidade do ar. Também serão instalados sistemas de ventilação, inclusive nas garagens, para renovar o ar conforme os níveis de CO2 detectados. Os filtros e a tecnologia de renovação de ar garantirão a pureza, superior à do ambiente externo, em todos os apartamentos.

“Esse sistema não só renova o ar, mas também filtra, proporcionando um conforto muito maior”, afirma Fischer.

Conforto térmico

A fachada em concreto aparente pigmentado, juntamente com os brises, foi projetada para minimizar a exposição solar e aumentar o conforto térmico nos ambientes em 16%. Como resultado, espera-se uma redução de até 42% no uso de ar-condicionado e uma economia de 26% no consumo de energia, graças à maior entrada de luz natural.

Edifício conta com sistema de filtragem e renovação do ar.
Crédito: Fischer Group

“O design do prédio foi pensado para reduzir ao máximo o impacto do calor. Por exemplo, em vez de simplesmente colocar lajes e janelas expostas ao sol, recuamos o apartamento e criamos terraços ao redor, onde colocaremos árvores nativas. Além disso, contamos com a consultoria de especialistas que trabalharam para a Copa do Mundo e nos ajudarão a implementar soluções eficientes, como um sistema que reduzirá em 50% o impacto solar nas janelas. Isso resultará em uma economia significativa no consumo de energia, especialmente no uso do ar-condicionado, tanto para o apartamento quanto para o prédio como um todo. O projeto também inclui brises nas sacadas, que vão canalizar o vento, reduzindo ainda mais a necessidade de ar-condicionado. Além disso, as janelas piso-teto, com 3,10 metros de altura, são projetadas para garantir uma excelente ventilação e aproveitamento de luz natural, criando um ambiente confortável e sustentável. Tudo isso contribui para uma sensação de bem-estar, funcionando de maneira similar a uma árvore, que retira da natureza o que é necessário para manter o equilíbrio”, justifica Fischer.

Arquitetura autoral e conexão com a natureza

Um dos principais destaques deste projeto é sua arquitetura única, que, além de uma fachada diferenciada, incorpora jardineiras estrategicamente posicionadas entre o concreto e os apartamentos. Essas jardineiras formam jardins suspensos com um sistema de irrigação eficiente, enriquecendo a paisagem urbana da cidade. Para intensificar a conexão com a natureza, o projeto também inclui áreas verdes e o plantio de espécies nativas frutíferas no paisagismo.

Para o arquiteto italiano Marco Cassamonti, autor do projeto, os prédios verdes são uma tendência global. “Acreditamos que a sustentabilidade é a consequência de um bom planejamento arquitetônico, feito com inovação e inteligência, por meio de uma abordagem que considere aspectos importantes como conforto, eficiência energética e impactos ambientais. No panorama mundial, a adoção do modelo de economia circular na construção civil está avançando consideravelmente. Percebemos que temas como eficiência energética, reaproveitamento de materiais e retrofit, além da redução na geração de resíduos e a neutralização do carbono, serão cada vez mais centrais nesses debates. Por isso, buscamos aplicar cada um desses elementos no projeto. Outro exemplo é o uso de matéria-prima local, para reduzir a pegada de carbono nas operações logísticas”, explica.

Entrevistado
Claudio Fischer é CEO da Fischer Group.

Contato
Assessoria de imprensa Fischer Group - redacao1@rotascomunicacao.com.br

Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
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Agenda: confira os principais eventos da construção civil em 2025

Programação de eventos do setor de construção, cimento e concreto acontece durante o ano todo.
Crédito: Concrete Show

Quer se programar para os principais eventos do setor da construção civil, cimento e concreto? O Massa Cinzenta preparou uma lista com os principais eventos de construção civil, concreto e cimento ao longo do ano. Confira abaixo!

JANEIRO

World of Concrete

Data: De 20 a 23 de janeiro de 2025

Local: Las Vegas, Estados Unidos

Site para inscrição: https://www.worldofconcrete.com

Valor para participar: A partir de US$ 100

O World of Concrete 2025 é o principal evento internacional de concreto e alvenaria. Nele, os participantes têm acesso às tecnologias mais recentes, que estão revolucionando a segurança, o desempenho e a velocidade. Durante o evento, é possível explorar soluções inovadoras, participar de competições e aproveitar um programa educacional abrangente.

Em 2025, a programação educativa começa no dia 20 de janeiro, enquanto os expositores estarão disponíveis a partir do dia 21. Nos seminários, serão abordados temas como Melhores Práticas para Colocação e Acabamento de Lajes de Concreto, Produzindo com Sucesso Pisos de Concreto Planos e Nivelados de Qualidade, Reparo de Concreto: Impermeabilização, Proteção e Prevenção de Corrosão e Práticas de Planejamento e Impactos da Produtividade no Canteiro de Obras.

MARÇO 

Construsul BC

Data: 25 a 28 de março de 2025

Local: Expocentro, Balneário Camboriú – SC

Site para inscrição: https://feiraconstrusulbc.com.br/home/

Após o sucesso da edição inaugural em 2024, a 2ª edição da Construsul BC promete apresentar tendências, impulsionar negócios, fortalecer relações e fomentar parcerias entre os profissionais da cadeia produtiva da construção civil. Além disso, o evento oferecerá conteúdo de alta qualidade por meio de uma programação especialmente desenvolvida para o público.

De acordo com os organizadores, a feira terá um aumento de 50% na área de exposição e espera reunir mais de 230 expositores. Entre as novidades apresentadas estarão argamassas, aditivos, selantes, impermeabilizantes, itens de iluminação e elétrica, fechaduras, ferragens e cadeados, churrasqueiras e lareiras, revestimentos, tintas, vernizes e acessórios, além de portas, janelas e complementos. O evento também destacará produtos para cozinhas e banheiros, sistemas construtivos, ferramentas manuais e elétricas, máquinas e equipamentos para construção.

ABRIL

Feicon Batimat - Salão Internacional da Construção + 100° Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC)

Data: 08 a 11 de abril de 2025

Local: São Paulo Expo, São Paulo - SP

Site para inscrição: https://www.feicon.com.br/pt-br/Visitar/Credenciamento.html 

Reunindo os principais players do setor e o mais amplo portfólio de produtos nos segmentos de acabamentos, estruturas, instalações e áreas externas, a FEICON oferece aos seus principais compradores — incluindo varejistas, distribuidores, engenheiros, construtores, arquitetos e outros profissionais da área — a oportunidade de conhecer novas tecnologias, tendências e lançamentos do mercado.

Durante a FEICON, uma das principais atrações é o Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).  A 100ª edição do ENIC reunirá os maiores líderes e profissionais da construção para discutir inovações, tecnologias e os caminhos para o futuro do setor no Brasil e no mundo.

MAIO

FIB Conceptual Design + XVI Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas

Data: 12 a 13 de maio de 2025

Local: Hotel Pestana, Rio de Janeiro – RJ

Site para inscrição: https://cbpe2025.com.br/site/  e https://fib.abece.com.br/

Valor para inscrição: A partir de R$540

O XVI Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas tem como objetivo divulgar as grandes obras em andamento, tanto no Brasil quanto no exterior, além de apresentar pesquisas e aplicações recentes e relevantes nas áreas de cálculo, dimensionamento, detalhamento e execução de estruturas. O evento é aberto a empresas, profissionais e estudantes interessados na área.

Em 2025, o congresso será ainda mais enriquecido com a 4ª edição do evento da FIB Conceptual Design (Federação Internacional de Concreto Estrutural). A combinação desses dois eventos busca ampliar o alcance e o público, tornando esta jornada de uma semana uma oportunidade única para a engenharia brasileira. O evento deverá abordar construções como a ponte de Recife, Parques da Cidade, entre outros. E, por fim, no último dia serão realizadas visitas técnicas a grandes construções como o Maracanã, Ponte Rio-Niterói e o Museu do Amanhã.

O evento foi idealizado para promover a integração, especialmente de jovens talentos que, embora não se dediquem integralmente à vida acadêmica, já estão inseridos no mercado de trabalho, seja em escritórios ou indústrias. O objetivo é ampliar as discussões sobre desafios e transformações atuais, como a neutralidade de carbono, inteligência artificial e a construção 5.0.

28th ICOLD World Congress + 93rd ICOLD Annual Meeting (Annual Meeting & International Symposium on Dams for People, Water  - Common challenges, shared future, better dams)

Data: 16 a 23 de maio de 2025

Local: Chengdu, China

Site para inscrição: https://www.icold-cigb2025.com/web/content/m558

Valor para participar: A partir de US$ 490

O Congresso ICOLD é um dos eventos acadêmicos mais influentes da sociedade internacional de barragens, com o objetivo de incentivar a comunidade global a trabalhar de forma colaborativa para fortalecer a cooperação multilateral e o intercâmbio de conhecimentos, promovendo o lema “Melhores barragens para um mundo melhor”. O congresso em Chengdu oferecerá diversas oportunidades para elevar a cooperação técnica internacional no campo de barragens e reservatórios a um novo patamar, além de desempenhar um papel essencial na promoção da tecnologia de barragens globalmente.

Durante os workshops, serão abordados temas como Modelagem Numérica Avançada Aplicada à Engenharia de Barragens, Métodos de Análise Sísmica para Barragens de Terra, Compactação de Enchimento de Terra em Barragens de Terra e Análise e Simulação de Inundações por Falha de Barragem.

JUNHO

XV SBTA - Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas

Data: 11 a 13 de junho de 2025

Local: Plaza São Rafael - Hotel e Centro de Eventos, Porto Alegre – RS

Site para inscrição: https://www.sbta2025.com/ 

Valor para participar: A partir de R$ 300,11

O SBTA é um evento técnico nacional focado em tecnologias relacionadas a argamassas e revestimentos. Durante os três dias do simpósio, o objetivo é promover debates enriquecedores e oportunidades de networking entre profissionais, pesquisadores e estudantes da construção civil.

Nesta edição, serão abordados temas como desempenho, sustentabilidade, inovação, além de conservação e reabilitação do patrimônio histórico. O XV SBTA oferece a oportunidade para as empresas da construção civil compartilharem suas experiências e soluções adotadas tanto no aspecto executivo quanto no tecnológico, especificamente em relação a argamassas e revestimentos.

O evento contará ainda com três minicursos, que serão: "Aditivos para argamassa e composição de misturas", "Revestimentos argamassados e cerâmicos: uma abordagem laboratorial e prática para o desempenho total" e "Inventário de energia e carbono incorporados nas argamassas utilizando o Sidac".

Concrete Solutions 2025 - 9th International Conference on Concrete Repair, Durability and Technology

Data: 16 a 18 de junho de 2025

Local: Lisboa, Portugal

Site para inscrição: https://concrete-solutions.org/

Valor para participar: A partir de 320 euros

Concrete Solutions 2025 é a 9ª edição de uma série de Conferências Internacionais sobre Reparo, Durabilidade e Tecnologia do Concreto. As edições anteriores atraíram uma ampla gama de participantes, incluindo profissionais do setor, clientes, acadêmicos e estudantes.

O objetivo do evento é apresentar os mais recentes avanços no conhecimento sobre concreto, abordando temas como Tecnologia de Concreto e Aditivos, Durabilidade do Concreto, Reparo Eletroquímico, Reparo de Fissuras, Reparo de Danos por Fogo, Avaliação de Resistência In-situ, Ensaios Não Destrutivos, Diagnóstico e outros tópicos relevantes.

A conferência oferecerá uma excelente plataforma para o intercâmbio de informações científicas e práticas, em um ambiente propício a workshops. Os trabalhos apresentados serão avaliados por pares e os Anais da conferência serão publicados.

9° Congresso Brasileiro do Cimento + Expocimento 2025

Data: 30 de junho a 02 de julho de 2025

Local: Golden Hall WTC, São Paulo - SP

Site para inscrição: https://congressocimento.com.br/

Valor para participar: A partir de R$ 850

O Congresso Brasileiro do Cimento é o principal evento voltado para as cadeias de valor do cimento e seus produtos e derivados. Durante três dias, o congresso reúne autoridades, líderes empresariais, profissionais técnicos, pesquisadores e especialistas, tanto nacionais quanto internacionais, para debater temas que abrangem desde reformas e políticas públicas que impactam o setor da construção civil até inovações tecnológicas na produção e aplicação do cimento, além de sistemas construtivos que o utilizam, incluindo questões legislativas e ambientais. Em 2025, o evento continuará com este foco e abordará temas como os desafios ambientais da indústria e as inovações em construções sustentáveis.

Já a Exposição Internacional do Cimento - EXPOCIMENTO 2025 marcará um novo capítulo para o setor, apresentando as mais recentes e relevantes inovações tanto para a produção do insumo quanto para as organizações que aplicam sistemas cimentícios.

JULHO

Construsul 

Data: 22 a 25 de julho

Local: Centro de Eventos FIERGS, Porto Alegre – RS

Site para inscrição: https://feiraconstrusul.com.br/home/

Promovida pela Sul Eventos Feiras Profissionais, a Construsul é um dos principais eventos do setor da construção civil, reunindo toda a cadeia produtiva e abrangendo os segmentos de construção, acabamentos e infraestrutura. A feira atrai um público diverso e qualificado, como lojistas, construtoras, engenheiros, arquitetos, indústrias e representantes comerciais. Empresas participantes oferecem soluções que vão de sistemas construtivos e ferramentas a revestimentos, produtos para cozinhas e banheiros, iluminação, entre outros, consolidando a feira como um espaço dinâmico para exposição de tendências e inovação.

A Construsul fomenta o networking e parcerias comerciais, além de promover a atualização profissional por meio de seminários, congressos e palestras. Essas atividades, realizadas com o apoio de entidades do setor, abordam temas alinhados às tendências mais recentes, fortalecendo o evento como um ponto de encontro estratégico para quem busca soluções inovadoras e conhecimento no mercado da construção civil.

AGOSTO

Concrete Show

Data: 19 a 21 de agosto de 2025

Local: São Paulo Expo, São Paulo – SP

Site para inscrição: https://www.concreteshow.com.br/pt/home.html

Há mais de 15 anos impulsionando o mercado global, o Concrete Show é um ponto de encontro estratégico para a cadeia construtiva do concreto e da mineração. O evento se destaca por promover conteúdo técnico qualificado, networking e oportunidades de negócios, reunindo as últimas tecnologias e tendências do setor. Com um público altamente qualificado, atrai empresários, profissionais, executivos, estudantes e pesquisadores em busca de soluções inovadoras e relacionamento com empresas de diferentes portes, nacionais e internacionais. Um dos destaques do evento é o Congresso Construindo Conhecimento, que traz palestras exclusivas, convidados internacionais e muita troca de experiências.

 Ao longo de três dias, o Concrete Show reúne profissionais de mais de 30 países em um ambiente rico em inovações, tecnologias de ponta e uma ampla variedade de produtos e serviços. O evento é ideal para quem deseja se atualizar sobre as tendências do mercado, estabelecer parcerias comerciais, discutir o desenvolvimento sustentável do setor e participar de atrações exclusivas que fomentam a interação e os negócios.

SETEMBRO

CONPAT 2025: XVIII Congreso Iberoamericano de Patología de la Construcción + XX Congreso de Control de Calidad en la Construcción

Data: 24 a 26 de setembro de 2025

Local: Madri, Espanha

Site para inscrição: https://www.ietcc.csic.es/conpat-2025/

Valores para participar: a partir de 275 euros

A ALCONPAT Internacional apoia os congressos CONPAT, realizados bienalmente, em nível internacional nos anos ímpares e em nível nacional nos anos pares. Esses eventos são dedicados à análise das melhores estratégias e tecnologias aplicadas ao setor de construção e reabilitação, destacando-se pela apresentação de estudos de caso e conferências de alto nível.

Com foco no controle de qualidade, nas patologias e na recuperação das construções, os congressos oferecem respostas cada vez mais assertivas aos desafios enfrentados pelo setor. Consolidado como um importante fórum internacional, o CONPAT promove o intercâmbio de conhecimento e inovação entre profissionais e especialistas de diversas partes do mundo.

OUTUBRO

66º Congresso Brasileiro do Concreto

Data: 28 a 31 de outubro de 2025

Local: Curitiba – PR

Site para inscrição: https://site.ibracon.org.br/event/66cbc2025/

Promovido pelo Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), este evento é dedicado à divulgação técnico-científica das estruturas de concreto. Em 2025, o tema central será “Concreto: O Material do Passado, do Presente e do Futuro”, destacando a relevância desse material ao longo da história e sua importância para o futuro da construção civil.

O encontro reúne profissionais e estudantes do Brasil e do exterior para discutir e explorar pesquisas científicas, avanços tecnológicos, normas técnicas, publicações, produtos e serviços relacionados à aplicação do concreto em obras. Entre os temas que costumam ser abordados estão sustentabilidade, durabilidade das estruturas, pavimentos de concreto, sistemas construtivos e inovações científicas e tecnológicas no setor, consolidando o evento como um espaço essencial para troca de conhecimento e atualização profissional.

Confira a agenda completa dos eventos.

FONTES
WORLD OF CONCRETE
CONSTRUSUL
IBRACON
FEICON
ENIC
Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas
IBRACON
FIB
ALCONPAT
CONCRETE SHOW
CONGRESSO BRASILEIRO DO CIMENTO
SBTA
CONCRETE SOLUTIONS 2025
ICOLD World Congress

Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
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Como serão os arranha-céus do futuro?

Uban Intercroping concentra-se na incorporação de indústrias agrícolas em edifícios de grande altura.
Crédito: eVolo

Recentemente, a revista eVolo anunciou os vencedores da Competição de Arranha-Céus 2024. O júri selecionou três vencedores e 14 menções honrosas entre os 206 projetos recebidos.

O prêmio anual, criado em 2006, celebra ideias visionárias que desafiam nossa compreensão da arquitetura vertical e sua interação com os ambientes natural e construído. Ele destaca projetos que utilizam de forma inovadora tecnologias, materiais, programas, estética e organização espacial.

“Uma coisa importante de ressaltar é que o concurso da eVolo Magazine tem como foco central a utopia, o pensamento disruptivo e as discussões relevantes para a arquitetura e o urbanismo do futuro. São projetos inovadores, mas, acima de tudo, são provocações saudáveis e necessárias, que desafiam o status quo e questionam temas essenciais”, informa Augusto Pereira, professor na FAE Centro Universitário e na FAE Business School e sócio fundador da M4Mais Arquitetura e Urbanismo.

Confira alguns projetos de destaque na competição:

Urban Intercropping 

O primeiro lugar foi concedido ao projeto Urban Intercropping, desenvolvido na China. De acordo com a eVolo, o projeto concentra-se na incorporação de indústrias agrícolas em edifícios de grande altura, adotando o modelo de plantio consorciado vertical para otimizar o uso do espaço, da energia solar e dos recursos disponíveis. 

Arranha-céu horizontal acompanha as margens do Rio Amarelo e propõe solução para erosão do solo.
Crédito: eVolo

Para Pereira, o Urban Intercropping segue o conceito de fazendas verticais, uma abordagem que tem sido amplamente considerada como um dos caminhos promissores para o futuro dos grandes centros urbanos. “Essa ideia abrange desde o abastecimento de cidades até o combate à insegurança alimentar, promovendo uma alimentação mais saudável nos ambientes urbanos. Além disso, contribui positivamente para a sustentabilidade, aumentando a cobertura verde nas cidades, seja nos andares, fachadas ou coberturas dos edifícios”, explica o professor.

Pereira acredita que, do ponto de vista técnico, a viabilidade desse conceito é plenamente possível. “No entanto, o principal desafio parece estar na viabilidade financeira, que é fundamental para transformar essa ideia em um modelo de negócio sustentável”, pondera.

Streamline Concerto

Em segundo lugar, ficou o projeto Streamline Concerto, um arranha-céu horizontal concebido para acompanhar a forma sinuosa do Rio Amarelo, na China. Integrado ao ambiente natural, o projeto busca solucionar os desafios ecológicos do Planalto de Loess, com foco na recuperação do solo e da água da região.

Nas áreas de erosão do solo, durante a fase de restauração, é implantada uma barreira ecológica entre o Planalto de Loess e o Rio Amarelo para conter a perda de solo. Na etapa seguinte, de regeneração, o próprio Loess é reaproveitado como uma camada protetora contra tempestades de areia. Braços mecânicos são utilizados para escavar e reforçar habitações em cavernas nas encostas de Loess da barreira ecológica. No lado mais próximo do rio, são criados espaços habitacionais para a população, enquanto no lado voltado para o Planalto de Loess são instalados laboratórios dedicados à melhoria da qualidade do solo. Na fase de sustentabilidade, essa infraestrutura se reintegra à natureza, transformando-se em solo fértil e evoluindo para comunidades habitáveis em cavernas.

Ocean Lungs propõe a criação de um arranha-céu subaquático com 1 quilômetro de profundidade.
Crédito: eVolo

Já na região do "rio suspenso", a jusante, a fase de restauração começa com a construção de uma barreira ecológica entre a cidade e o Rio Amarelo, reduzindo o risco de inundações urbanas durante os períodos de cheia. Em seguida, o sedimento do rio suspenso é convertido em matéria-prima para a fabricação de materiais de construção por meio de impressão 3D, promovendo uma abordagem sustentável e inovadora.

Ocean Lungs

Em terceiro lugar, ficou o Ocean Lungs, do Egito. Este projeto propõe a criação de um arranha-céu subaquático com 1 quilômetro de profundidade, desenvolvido para eliminar o excesso de CO2 dos oceanos por meio das mais avançadas tecnologias de captura de carbono. 

De acordo com os responsáveis pelo projeto, o edifício foi criado para resolver duas questões: o aumento dos níveis de CO2 e a devastação dos recifes de corais, problemas que estão intrinsecamente relacionados. “Este edifício contaria com segmentos submersos em forma de esfera, envolvidos em membranas poliméricas de alto desempenho (como o polifenilsulfona - PPSU) e microporosas. Essas membranas permitiriam a passagem do CO2, mas permaneceriam impermeáveis ao sal e a outros minerais, funcionando como purificadores do oceano ao remover CO2 e outros poluentes”, informam os responsáveis pelo projeto.

Pereira aponta que não existe um histórico significativo desse tipo de construção, mas que já existem práticas que mostram como os artefatos de concreto lançados no mar facilitam a vida marinha, formando novos habitats e promovendo o crescimento de corais ao redor desses elementos. 

No entanto, o professor sinaliza que a construção subaquática enfrenta desafios técnicos consideráveis. “Neste ambiente, a pressão é extrema e muda toda a lógica física — não temos mais a gravidade vertical tradicional, e a estrutura precisa ser pensada de maneira completamente diferente. Embora a tecnologia atual não permita alcançar profundidades tão extremas como 3 mil metros, já temos plataformas de petróleo e outras instalações submersas que mostram que é possível construir em grandes profundidades no mar. Essas estruturas, sejam flutuantes ou ancoradas ao fundo, são exemplos de como a engenharia subaquática pode ser viável”, pontua.

Para Pereira, a ideia de deslocar pessoas para o fundo do oceano parece antinatural, considerando que o nosso habitat original é a superfície. “Por isso, vejo esse projeto como algo mais utópico, uma provocação conceitual. Talvez a construção subaquática se torne realidade apenas em um cenário extremo, como em um futuro de catástrofes climáticas que tornassem a superfície inabitável”, justifica.

Vertical Mega Region

Vertical Mega Region apresenta uma rede urbana interconectada em uma estrutura vertical inovadora.
Crédito: eVolo

O Vertical Mega Region recebeu uma menção honrosa na premiação e visa criar um espaço residencial e funcional em uma estrutura urbana vertical inovadora. 

Neste conceito, o Vertical Mega Region representa uma rede urbana interconectada, onde a infraestrutura de transporte e logística é compartilhada, os vínculos econômicos e industriais são fortes e tanto as pessoas quanto o capital se concentram em um único espaço integrado.

Para Pereira, este é um conceito que, na verdade, não é novo. “Ele remonta aos anos 70, com os movimentos arquitetônicos dos metabolistas japoneses e o Archigram, um movimento britânico de arquitetos que também explorava essa ideia. É algo que, como arquitetos, já discutimos há bastante tempo: a ideia de verticalizar arranha-céus que replicam o comportamento de uma cidade, ou seja, que mimetizam a dinâmica urbana. Isso não é algo recente e já existe há muito tempo. Agora, o que estamos vendo são novas interpretações desse conceito”, pontua.

O professor acredita que a verdadeira complexidade está em reproduzir a vida cotidiana urbana na dinâmica vertical de um prédio. “Afinal, a natureza das ruas urbanas é essencialmente diferente dos corredores de um edifício. Nas ruas, temos contato direto com o céu, a vegetação e diversas interações humanas e ambientais. Já os corredores de um prédio são um ambiente diferente por si só”, conclui.

Entrevistado

Augusto Pereira é professor na FAE Centro Universitário e na FAE Business School. É sócio fundador da M4Mais Arquitetura e Urbanismo, arquiteto e urbanista; doutor em Gestão Urbana; mestre em Gestão Urbana; master em Políticas Ambientais e Territoriais pela Sustentabilidade e o Desenvolvimento Local pela Universidade de Ferrara, Itália (2012).

Contato: augusto.pereira@fae.edu 

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Construção do primeiro hotel do mundo usando impressora 3D significa revolução na construção civil

Impressoras em 3D gigantes começam a erguer o hotel.
Crédito: Divulgação/Icon

O mundo da construção civil alcançou um novo marco com o projeto El Cosmico, o primeiro hotel do mundo construído com a tecnologia de impressão 3D, cuja obra já teve início e deve ser concluída em 2026. Localizado em Marfa, Texas (EUA), a iniciativa é fruto da colaboração entre a ICON, pioneira na tecnologia de impressão 3D, e o renomado escritório de arquitetura BIG (Bjarke Ingels Group).

Com um design inspirado nas formas orgânicas do deserto texano, o hotel une inovação arquitetônica e sustentabilidade. “O El Cosmico não só redefine o uso da tecnologia 3D na construção, mas também promove integração com o ambiente, garantindo funcionalidade e estética únicas”, explica Filipe Bender, arquiteto e especialista em inovação no setor. No total, estão sendo construídos 43 quartos e 18 casas residenciais. 

Concreto Lavacrete: fluidez para aplicação e cura rápida

A construção em 3D requer materiais específicos, como o concreto desenvolvido pela ICON, o Lavacrete, que possui alta fluidez para aplicação e cura rápida, permitindo a formação de camadas robustas que oferecem resistência estrutural e isolamento térmico.

“O Lavacrete é projetado para suportar cargas e garantir durabilidade, mesmo em condições climáticas extremas”, detalha Bender. Além disso, elementos internos, como divisórias e acabamentos, também são impressos, demonstrando a versatilidade da tecnologia, que não se restringe à construção das paredes.

Segundo Ballard, o concreto possui ótimo desempenho térmico e acústico, mostrando-se resiliente às ameaças climáticas e é quase imune às patologias que ameaçam concretos convencionais.

Impressão em 3D no Brasil: desafios e perspectivas

Embora países como Estados Unidos, China e Holanda estejam na vanguarda da construção 3D, o Brasil começa a explorar as possibilidades dessa inovação. Iniciativas experimentais já surgem em São Paulo, como projetos de habitação social e de infraestrutura.

Leia mais: Laboratório brasileiro planeja imprimir cozinha com tecnologia 3D

“A impressão 3D tem potencial para transformar a construção civil no Brasil, especialmente em regiões remotas onde o transporte de materiais é um desafio. Com ela, podemos imprimir estruturas diretamente no local, economizando tempo e reduzindo custos em até 30%”, ressalta o arquiteto.

No entanto, os desafios permanecem. O alto custo inicial das impressoras, a ausência de regulamentação específica e a resistência do mercado são barreiras para a adoção em larga escala. Apesar disso, Bender acredita que o Brasil tem capacidade para se tornar referência na tecnologia. “Precisamos investir em formação profissional e pesquisa, além de criar políticas públicas que incentivem o setor. Temos o cenário perfeito para isso: demanda por habitação social, busca por sustentabilidade e um mercado cada vez mais receptivo à inovação”, enumera.

Futuro promissor

Além das paredes, elementos internos, como divisórias e acabamentos, também são impressos, demonstrando a versatilidade da tecnologia.
Crédito: Divulgação/Icon

Com benefícios como redução de resíduos, maior velocidade na entrega e personalização, a impressão 3D aponta para um futuro sustentável e eficiente. Ferramentas como BIM e inteligência artificial podem integrar ainda mais essa tecnologia, permitindo a gestão de projetos complexos e desenvolvimento de materiais locais, como bioconcreto.

Enquanto o El Cosmico impressiona o mundo com sua arquitetura futurista e sustentável, o Brasil dá seus primeiros passos para aproveitar essa revolução. A integração entre inovação tecnológica e políticas estratégicas poderá posicionar o país como líder na construção 3D nos próximos anos.

Entrevistado
Filipe Bender é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), pós-graduado em Light Design e Interiores pela Universidade Positivo, com ampla experiência em projetos de interiores comerciais e residenciais, acompanhamento de obras, iluminação e marketing estratégico. Sócio de empresas referência no mercado, é fundador da Bender Arquitetura, Render Curitiba e IA Curitiba, unindo inovação, inteligência artificial e design. Também atua como supervisor de cursos no Centro Europeu.

Contato: filipebender@hotmail.com

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fib Symposium ReConStruct discute construções resilientes

Para Íria Doniak, o concreto é um material que se correlaciona de forma importante com os temas da sustentabilidade e da resiliência.
Crédito: fib Symposium ReConStruct

Entre 2010 e 2011, a cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, foi atingida por um terremoto devastador, que destruiu o centro da cidade e resultou na demolição de centenas de prédios. Em resposta ao desastre, a cidade se reestruturou de forma ágil, implementando técnicas projetadas para resistir a abalos sísmicos e incorporando tecnologias inovadoras. Em novembro de 2024, Christchurch foi escolhida para sediar o evento fib Symposium ReConStruct – Resilient Concrete Structures, dedicado a discutir temas como construções resilientes, redução das emissões de carbono e design sustentável.

Construções resilientes

Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e presidente eleita da fib (2025-2026), que esteve presente no evento, relata que as recentes atividades sísmicas promoveram mudanças significativas no código de construção do país. “Pesquisas vêm sendo conduzidas constantemente para implementar desempenho no que diz respeito à resistência a sismos. Um dos trabalhos que mais me chamou a atenção é o estudo conduzido pela Universidade de Canterbury, ReCast Floors, um programa destinado a pesquisar o comportamento e a melhoria do desempenho de lajes pré-fabricadas, uma vez que a pré-fabricação em concreto é largamente utilizada no país devido às possibilidades de amortecimento nas ligações, que colaboram de forma positiva para a estrutura”, comenta.

Além disso, Íria aponta que o retrofit é outro tema relevante no que tange ao reaproveitamento das estruturas sempre que possível. “É um trabalho constante de investigação e pesquisa para endereçar as melhorias necessárias, tendo a resiliência como prioridade. É algo em constante movimento e que requer uma condução estratégica, com muita seriedade, bom senso e integração entre todos os envolvidos no processo.”

Concreto e construções resilientes

A presidente da Abcic ressalta que o concreto, em suas diferentes aplicações, é um material que se correlaciona de forma importante com os temas da sustentabilidade e da resiliência.

“Esse fato se deve a uma de suas principais características de desempenho: a durabilidade. É ela que suporta as variações climáticas ao longo do tempo ou das fases da vida útil de uma estrutura. Por essa razão, de forma global, é um tema que tem sido cada vez mais aprofundado, discutido e enfatizado, como no recém-publicado MC 2020 (Código Modelo das Estruturas de Concreto), lançado pela fib (The International Federation for Structural Concrete)”, relata Íria.

Íria também acredita que, indiscutivelmente, o concreto é e continuará sendo o material de construção mais utilizado no mundo, devido ao seu custo, aos critérios de desempenho e à disponibilidade de materiais em todas as regiões do planeta. Além disso, a presidente da Abcic pontua que, com os avanços tecnológicos, o concreto se tornará cada vez mais “verde” e inteligente em suas distintas formas de aplicação, o que inclui projeto e construção das novas estruturas, mas também avaliação (diagnóstico), acompanhamento e manutenção das estruturas existentes. “É consenso que precisamos atuar em ambas as situações”, defende.

Smart Concrete

Na opinião de Íria, a indústria da construção civil, de forma geral, está passando por uma importante transformação no mundo, na qual o concreto tem um papel relevante e deve ser utilizado cada vez mais de forma inteligente – o “smart concrete”.

“Isso envolve todos os stakeholders, que devem estar unidos e alcançar importantes consensos. É preciso respeitar a história e a cultura da construção civil dos distintos países. Por essa razão, ter referências internacionais é muito relevante, mas é necessário ter cuidados ao implementá-las sem a análise adequada para cada país. É pensar globalmente, mas agir localmente. Temos desafios importantes a serem superados, como a produtividade, a escassez de mão de obra que, devido às transformações sociais, começa a afetar o mundo todo, os impactos geopolíticos que alteram os custos dos insumos, a nova geração que muda contextos e realidades de mercado, as mudanças climáticas e a busca pela neutralidade de carbono. Enfim, a agenda é ampla e demandará muitos esforços de todos, de forma globalizada e permanente, nos próximos anos”, conclui Íria.

Entrevistada

Íria Doniak é presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e presidente eleita fib (2025-2026).

Contato

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Fundação é uma das etapas mais importantes de edificações e que garante segurança e estabilidade

Fundação não é apenas o começo, mas a garantia de que a estrutura suportará o tempo e as adversidades.
Crédito: Concrebras

A etapa de fundação é um dos pilares mais importantes na construção civil, sendo responsável por transferir as cargas de uma edificação para o solo, garantindo segurança e estabilidade. Luiz Antoniutti, diretor-executivo da incorporadora AGL e especialista em geotecnia, destaca que o sucesso de uma obra começa com a análise detalhada do terreno e o planejamento adequado das fundações.

Antes de iniciar qualquer projeto, é imprescindível uma análise criteriosa do terreno. “Além das condições do solo, é preciso considerar fatores como topografia, presença de rios ou lençóis freáticos e possíveis sobrecargas nos terrenos vizinhos. Esses elementos podem impactar diretamente na escolha da solução de fundação”, explica Antoniutti.

Ele também ressalta que terrenos complexos podem inviabilizar projetos devido aos altos custos de adaptação. “É recomendável realizar sondagens antes mesmo da compra do terreno. Em algumas situações, o custo de obras geotécnicas pode superar o valor do próprio empreendimento”, alerta.

Tipos de fundações e suas particularidades

As fundações podem ser diretas, como sapatas, ou profundas, como as estacas. A escolha depende das características do solo e das cargas que serão aplicadas.

  • Fundações diretas: utilizadas em solos competentes próximos à superfície. São soluções mais econômicas, mas exigem que o solo suporte altas tensões diretamente.
  • Fundações profundas: necessárias quando o solo superficial é inadequado. As estacas são cravadas até atingir camadas mais resistentes ou até a rocha. Elas distribuem a carga ao longo de seu comprimento, garantindo segurança.

Cada tipo de solo exige estratégias específicas. Solos orgânicos, comuns em áreas alagadas, muitas vezes precisam ser removidos. Já solos argilosos ou arenosos podem demandar contenções mais robustas para evitar deslizamentos ou infiltrações.

Leia mais: Conheça os desafios e as soluções inovadoras da concretagem do Edifício Marena executada pela Concrebras

Na região central de Curitiba, por exemplo, é comum encontrar rochas próximas à superfície. Isso pode facilitar o uso de sapatas, mas também pode exigir escavações complexas. Cada caso requer um estudo personalizado para garantir a viabilidade técnica e econômica do projeto”, explica Antoniutti.

Testes e controle de qualidade

A garantia da qualidade das fundações passa por ensaios específicos, como provas de carga estáticas e dinâmicas. Esses testes simulam as condições máximas de trabalho e avaliam a resistência das estacas. “Os ensaios dinâmicos utilizam um golpe de martelo para medir a competência da estaca. Já as provas estáticas aplicam cargas progressivas para avaliar deformações. Ambas as metodologias são essenciais para validar a segurança da fundação”, detalha Antoniutti.

Além disso, o acompanhamento técnico durante a execução é indispensável. “A auditoria de um profissional capacitado assegura que as condições reais do solo correspondem ao que foi planejado. É um processo contínuo de validação e ajustes”, ressalta.

Jorge Christófolli, gerente corporativo de Desenvolvimento Técnico da Cia. de Cimento Itambé, explica que nos blocos de fundação onde há necessidade do controle térmico na fase inicial de endurecimento, equipamentos automatizados de monitoramento das temperaturas internas são instalados no próprio canteiro de obra. “Desta forma são acompanhadas durante uma ou duas semanas até alcançar a fase de resfriamento contínuo”, aponta.

Leia mais: Controle de picos térmicos e lançamento do concreto foram desafios na concretagem do edifício One Tower

O papel do concreto na estabilidade das estruturas

Christófolli destaca que o concreto bem estudado e formulado adequadamente possui estabilidade química e mecânica como característica intrínseca, além de alta durabilidade. “A alcalinidade elevada protege as armaduras de aço e prolonga a vida útil das estruturas por mais de 100 anos”, afirma. A Concrebras, empresa do mesmo grupo da Cimento Itambé, adota medidas como resfriamento prévio do concreto e controle térmico automatizado em blocos de fundação, evitando futuras reações químicas expansivas prejudiciais​.

Obras emblemáticas como o Yachthouse by Pininfarina, em Balneário Camboriú (SC), ilustram os desafios e a expertise da Concrebras. Na construção de fundações para estruturas de grande porte, a empresa utilizou simulações matemáticas e aditivos de alta performance para controlar picos térmicos e assegurar a durabilidade. Essa abordagem inovadora reforça o compromisso com a qualidade e segurança​.

Leia mais: Concretagem do Yachthouse é finalizada pela Concrebras

Dessa forma, a fundação é a etapa que define a segurança e a longevidade de uma edificação. “Construir sem uma base sólida é comprometer todo o empreendimento. A fundação não é apenas o começo, mas a garantia de que a estrutura suportará o tempo e as adversidades”, assinala Antoniutti.

Com uma análise geotécnica detalhada e o uso de técnicas apropriadas, a construção civil pode continuar entregando obras cada vez mais seguras e eficientes. Afinal, o futuro das edificações começa, literalmente, no solo.

Entrevistados:

Luiz Antoniutti é engenheiro civil graduado pela Universidade Católica de Pelotas (RS), mestre em Geotecnia pela USP (Universidade de São Paulo) e MBA pela Fundação Dom Cabral. É fundador da In Situ Geotecnia e foi diretor no Brasil da multinacional holandesa Fugro Geotecnia. Foi presidente do Núcleo do Paraná e Santa Catarina da Associação Brasileira de Engenharia Geotécnica e Fundações e também professor de Mecânica dos Solos da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Desde 2015, é diretor-executivo da AGL Incorporadora.

Jorge L. Christófolli é engenheiro civil graduado pela Faculdade de Engenharia São Paulo (FESP-SP), pós-graduado em Patologia das Construções pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor em Engenharia da Construção Civil pela UFPR. Recebeu o Prêmio Epaminondas Melo do Amaral Filho do Ibracon pelo Desenvolvimento do CAD (Concreto de Alto Desempenho). Participou no desenvolvimento do concreto CAD 90 (Recorde de fck no Brasil) e em obras como o Yachthouse By Pininfarina, em Balneário Camboriú (SC), com 81 andares, e do MON (Museu Oscar Niemeyer), entre outras obras importantes. Atualmente, é gerente corporativo de Desenvolvimento Técnico da Cia. de Cimento Itambé.

Contatos:
luizantoniutti@agl.eng.br
jorge@cimentoitambe.com.br

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Saque do FGTS: entidades alertam para o desvio de funcionalidade do Fundo e a ameaça ao financiamento habitacional

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), criado para proteger o trabalhador em situações de desemprego e financiar a habitação popular, infraestrutura e saneamento, tem sido objeto de polêmica. Desde a implementação da modalidade saque aniversário, em 2019, que permite ao trabalhador retirar parte do saldo anualmente, mais de R$ 121 bilhões foram retirados do Fundo.

Entidades como a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o Sinduscon-PR e o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) alertam para os riscos dessa prática, que compromete a sustentabilidade do FGTS e desvirtua sua função original.

Sem a preservação do FGTS como fonte de financiamento, déficit habitacional continuará crescendo.
Crédito: Envato

Instituído para estimular o consumo, o saque aniversário tem gerado preocupação entre especialistas e entidades do setor. Ao permitir que trabalhadores antecipem os valores de seus saldos por meio de empréstimos, essa modalidade reduz os recursos disponíveis para financiamentos habitacionais, afetando diretamente as famílias de baixa renda que dependem do FGTS para realizar o sonho da casa própria.

De acordo com dados da CBIC, a redução na utilização do FGTS para o programa Minha Casa, Minha Vida é expressiva: em 2020, 73% dos compradores usaram o fundo para a entrada do imóvel; em 2024, esse índice caiu para 30%. Essa queda evidencia como a modalidade saque-aniversário prejudica os objetivos fundamentais do FGTS.

A CBIC tem liderado essa discussão e aponta para o desvio de uso do fundo. “O conceito da antecipação do saque-aniversário é prejudicial, porque tira da liquidez R$ 35 bilhões a R$ 38 bilhões por ano. Isso representa cerca de 30% dos recursos hoje destinados a menos e, com a falta da cadeia de poupança, nós entendemos que esses recursos seriam ainda mais importantes para que pudesse abastecer aquela faixa de imóveis ao redor de R$ 350 mil”, observa o presidente da CBIC, Renato Correia.

O FGTS é um instrumento fundamental para financiar a construção de moradias populares e estimular a economia. Sem esses recursos, o setor perde capacidade de gerar impacto positivo na sociedade.

Impacto na habitação popular e no emprego

O impacto negativo do desvio de recursos do FGTS não se limita ao setor habitacional. Segundo a CBIC, desde 2019, a perda de recursos inviabilizou a construção de 580 mil moradias populares e a geração de 1,5 milhão de postos de trabalho. A construção civil, historicamente um dos principais motores da economia brasileira, enfrenta desafios crescentes para manter o nível de atividades e empregos.

Cenários desafiadores

As previsões para o próximo ano apontam para estabilidade no setor da construção, mas o cenário é desafiador. Marcos Kahtalian, vice-presidente de Banco de Dados do Sinduscon-PR, alerta que a alta na taxa de juros, a inflação e os custos crescentes da construção dificultam o crescimento do mercado imobiliário. “O FGTS está garantido, mas a demanda por crédito é muito maior do que a oferta. Em 2025, a construção deve ficar no mesmo patamar deste ano”, pondera Kahtalian.

Além disso, a elevação da Selic intensifica a competição entre ativos financeiros e imobiliários, tornando o crédito habitacional mais caro para o consumidor final. Essa conjuntura reforça a urgência de ampliar as fontes de financiamento para atender à crescente demanda habitacional.

Necessidade de ampliar o acesso ao crédito habitacional

Com o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) enfrentando restrições de recursos, é fundamental buscar alternativas para o financiamento imobiliário. Para entidades do setor, garantir a sustentabilidade do FGTS e ampliar o acesso a linhas de crédito habitacional são passos essenciais para atender às necessidades do mercado e fomentar a economia.

Sem a preservação do FGTS como fonte de financiamento, o déficit habitacional continuará crescendo, agravando desigualdades e comprometendo o desenvolvimento do país. Essa é uma das conclusões do manifesto divulgado pela CBIC e entidades parceiras. Assim, resgatar a finalidade original do fundo é um compromisso não apenas com o trabalhador, mas com o desenvolvimento sustentável do país.

Fontes:
Sinduscon-PR
Sindicato Nacional da Indústria da Construção Civil (SNIC)
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) 

Contatos:dbarbara@sindusconsp.com.br
daniela.nogueira@fsb.com.br
ascom@cbic.org.br

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Setor da construção civil deve desacelerar em 2025, segundo CBIC

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) estima que o setor deve se consolidar com um crescimento de 4,1% em 2024. No entanto, para 2025, a expectativa é de desaceleração, com uma projeção inicial de expansão de 2,3%. Já o Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) preveem um crescimento de 3% no PIB (Produto Interno Bruto) da construção em 2025, ante os 4,4% estimados para 2024.

No Paraná, a previsão para o próximo ano é de estabilidade. “Há uma preocupação muito forte com a taxa de juros da economia brasileira, a tendência de alta também na inflação, o consequente aumento do custo de construção e, sobretudo, a dificuldade em obter mão de obra qualificada. Soma-se a esse cenário as incertezas quanto ao crédito habitacional, que não deve crescer em 2025 devido à escassez de funding, especialmente da Caderneta de Poupança”, pondera o vice-presidente do Banco de Dados do SindusCon-PR, Marcos Kahtalian.

Confira os fatores que devem influenciar o desempenho da construção civil em 2025:

Impactos do cenário internacional

No cenário externo, Ieda Vasconcelos, economista da CBIC, destacou algumas preocupações e incertezas, como o novo governo nos Estados Unidos, as políticas da China, a guerra entre Ucrânia e Rússia, os conflitos no Oriente Médio e a oscilação nos preços das commodities, especialmente em função da nova política econômica americana.

Para Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre, do ponto de vista dos custos e preços das commodities, o mundo enfrenta desafios cada vez maiores no campo da geopolítica. “A recente eleição de Trump, com promessas de uma política altamente protecionista, levanta questionamentos sobre como isso poderá impactar o crescimento econômico global e, consequentemente, os preços das commodities”, explica.

Tendências da economia nacional que impactam o setor de construção

Ieda destacou que, para 2025, pode-se esperar um menor dinamismo da economia. “A Pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central e divulgada em 06/12/2024, projetou alta de 2,0% do PIB Brasil para 2025, enquanto o incremento aguardado para 2024 é de 3,39%”, explica a economista.

Outro fator que deve ser levado em consideração é a inflação. “A expectativa para a inflação é superior ao teto da meta inflacionária. O teto da meta para 2025 é o mesmo de 2024: 4,5%. 3% é o centro da meta, podendo variar 1,5% para cima, então temos o teto de 4,5%. Até agora as estimativas apontam que o IPCA aumentará 4,59% no próximo ano”, pontua Ieda.

Programa “Minha Casa, Minha Vida” deve ser um dos impulsionadores da construção civil em 2025.
Crédito: Envato

Ainda, outra questão é a taxa de juros em patamar muito elevado. “Em dezembro, tivemos o aumento de 1%, que já era esperado por uma menor parte do mercado financeiro, já que uma maioria aguardava uma alta de 0,75%. Mas o que chega a surpreender com muita força é a sinalização de mais duas altas de 1% na taxa Selic pelo Copom. Ou seja, ela poderá encerrar o primeiro trimestre de 2025 em 14,25%. Com isso, parte do mercado já começa a projetar juros entre 14,5% e 15% no fim do atual ciclo de alta. Isso aí certamente inibe planejamentos e iniciativas de novos lançamentos”, alerta Ieda. 

 “A inflação e os juros, com a elevação da taxa Selic, já começam a impactar diretamente o financiamento habitacional. Esse cenário tem reflexos significativos no mercado, especialmente em relação ao crédito imobiliário. Paralelamente, o mercado de trabalho segue aquecido, mas resta observar como esses fatores econômicos influenciarão o ritmo dos investimentos no setor.”, complementa Ana Maria.

Para o presidente da CBIC, Renato Correa, a taxa de juros é uma preocupação central para o setor. “Os recursos são divididos entre o financiamento à pessoa física e às construtoras. Quando há escassez, a tendência é priorizar a pessoa física, o que é fundamental para garantir que o cliente final tenha acesso ao crédito. No entanto, isso representa um aumento adicional nos custos. Quando precisamos recorrer a recursos de mercado para financiar a construção, essa despesa extra acaba sendo incorporada à conta”, alerta.

Correa destaca ainda que, no momento, o setor lida com uma soma de desafios: aumento nos custos de mão de obra, materiais, juros e na taxa Selic. “Além disso, pode ser necessário buscar alternativas de financiamento fora da caderneta de poupança e do FGTS, o que reduz ainda mais as margens das empresas. Com margens apertadas, as construtoras acabam recuando nos lançamentos. O empresário, ao fazer as contas, percebe que não é o momento de investir e prefere esperar até que o cenário se estabilize”, pondera.

Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, destacou que, no curto prazo, as taxas de juros elevadas não afetam diretamente as obras já contratadas. “No entanto, se houver um aumento significativo dos juros, os investimentos privados e as concessões tendem a ser adiados, o que pode resultar em uma desaceleração mais acentuada da atividade da construção a partir do terceiro trimestre. Além disso, juros altos acabam concorrendo com a rentabilidade de novos investimentos”, ressaltou.

Mercado de trabalho 

Ana Castelo previu que, em 2025, a atividade do setor formal da construção deverá crescer, ainda como reflexo do recente ciclo de expansão, mantendo o mercado de trabalho do setor aquecido. “Em 2024, o mercado imobiliário permaneceu muito aquecido, com um volume significativo de vendas, o que, consequentemente, irá repercutir em novas obras, mantendo o mercado de trabalho aquecido em 2025”, afirma.

Um exemplo disso pode ser observado em Curitiba (PR). De acordo com o Sindicato da Construção Civil do Estado do Paraná (SindusCon-PR), o setor deve gerar 4.500 novas vagas de emprego na cidade em 2025. O órgão encomendou uma pesquisa sobre a intenção de contratação de mão de obra no setor da construção para o próximo ano. O levantamento, realizado pela Brain Inteligência Estratégica, envolveu 200 empresas paranaenses que atuam nas áreas de incorporação, obras públicas e prestação de serviços de engenharia.

Enquanto 31% das empresas manifestaram a intenção de aumentar o número de funcionários, 65% planejam manter o quadro funcional

Despesas das famílias

As despesas das famílias com obras e reformas apontam para uma desaceleração. “Em relação a essas despesas, que foram, digamos, uma surpresa positiva, ainda observamos sinais favoráveis. No entanto, dentro de um contexto mais desafiador, com desaceleração da atividade econômica, redução do consumo e aumento do custo do crédito, é provável que esse componente apresente uma desaceleração”, afirma Ana Maria.

Ritmo de lançamentos

De acordo com Ana Maria, uma mudança provável decorre justamente do cenário mais desafiador em relação ao financiamento para as classes média e alta. “O crédito para média e alta renda enfrentará mais dificuldades, tanto pela menor disponibilidade quanto pelo aumento do custo”, avalia.

Ieda lembra que o adiamento de lançamentos não impacta apenas o ritmo de 2025, mas também o de 2026 e 2027. “O desempenho da construção em 2025 já está condicionado pelos lançamentos realizados em 2023 e 2024. Quando os lançamentos de 2025 são prejudicados, isso afeta diretamente o ritmo da construção em 2026”, alerta.

Minha Casa, Minha Vida

Enquanto o crédito habitacional para os setores de média e alta renda da população deverá se contrair, o programa “Minha Casa, Minha Vida” deverá impulsionar o setor imobiliário no país, segundo Ieda e Ana Maria. “O MCMV deve se fortalecer como protagonista nesse cenário de negócios”, informa Ana Maria. 

No entanto, Renato destacou a importância de acompanhar o teto de preços do programa MCMV em relação aos custos crescentes. “Chega um momento em que o risco já não compensa o investimento. É preciso estar atento para, no momento certo, realizar os ajustes necessários e garantir a continuidade da produção”, aponta 

O presidente da CBIC também ressaltou a vigilância constante sobre essa correlação para evitar interrupções no programa. “Sempre que possível, contribuímos e sinalizamos quando é hora de ajustar os preços. Mas os números de lançamentos são o principal indicativo. É essencial monitorar tanto a faixa 1 quanto os financiamentos vinculados ao FGTS. Ambos precisam de atenção”, observa

Correa ainda destacou que os recorrentes aumentos nos custos de materiais, mão de obra e taxa de juros aceleram a necessidade de revisões no programa. “Um alerta que fazemos já para o início do ano é a necessidade de começar a avaliar essas questões, garantindo que o programa continue entregando resultados expressivos, como tem feito até agora”, conclui.

Investimento em infraestrutura

Os investimentos em infraestrutura realizados pelo setor privado devem continuar em alta. Contudo, há incertezas em relação aos investimentos públicos: enquanto os governos estaduais tendem a aumentar seus aportes, os do governo federal podem apresentar queda.

“Há muitas variáveis em jogo. Um novo ciclo eleitoral já está se desenhando, o que levanta dúvidas sobre o comportamento dos investimentos regionais. Muitos Estados, como São Paulo, por exemplo, já anunciaram orçamentos mais robustos de investimentos, mirando o ano eleitoral. Esse é um componente mais difícil de projetar, mas, sem dúvida, está no radar”, ressalta Ana Maria.

Em São Paulo, Estefan aponta que o plano de investimentos da Sabesp poderá gerar um aumento nas obras de infraestrutura.

Ieda, por sua vez, destacou que a infraestrutura está sendo impulsionada principalmente pelos investimentos privados já contratados.

Fontes
Marcos Kahtalian é vice-presidente do Banco de Dados do SindusCon-PR.
Ieda Vasconcelos é economista da CBIC.
Renato Correa é presidente da CBIC.
Ana Maria Castelo é coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre.
Eduardo Zaidan é vice-presidente de Economia do SindusCon-SP.
Yorki Estefan é presidente do SindusCon-SP.


Contatos

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Sinduscon-SP: dbarbara@sindusconsp.com.br

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