Mercado imobiliário em Curitiba para 2025: crescimento e desafios marcam o setor

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O mercado imobiliário de Curitiba e Região Metropolitana (RMC) apresenta um cenário promissor para 2025, impulsionado por um aumento significativo na aprovação, construção e venda de imóveis novos. No entanto, a alta taxa de juros e a incerteza econômica trazem desafios para incorporadoras e compradores.
Dados da Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep) indicam que, entre 2023 e 2024, houve um crescimento de 33% na análise de processos para novos empreendimentos na região. Em 2024, foram mais de 1,2 mil processos analisados, frente aos pouco mais de 900 registrados em 2023.
O Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR) confirma essa tendência, apontando um aumento de 17% no volume de unidades liberadas para construção em Curitiba entre janeiro e novembro de 2024, em relação ao ano anterior. Além disso, a oferta de imóveis novos cresceu cerca de 50% nesse período, com aproximadamente 10 mil unidades disponibilizadas no mercado.
Taxa de juros elevada preocupa o setor
Apesar do crescimento no número de lançamentos, o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), Thomas Gomes, alerta para os desafios que o setor enfrentará em 2025. "Com certeza absoluta, esse ano vai ser mais um ano bastante desafiador, especialmente pelo cenário de taxa elevada de juros, bastante incômodo para o setor. A Selic alta é o principal inimigo do mercado imobiliário, porque inibe muito o poder de compra e a própria intenção de compra do cliente", afirma Gomes.
A taxa básica de juros elevada dificulta o acesso ao crédito e reduz a intenção de compra dos consumidores, exigindo que incorporadores sejam mais criteriosos em seus projetos.
"Os clientes vão brigar sem dúvida nenhuma por preço e o grande desafio dos incorporadores é conseguir entregar mais por menos", destaca o presidente da Ademi-PR.
Resiliência e adaptação do mercado
Mesmo diante de um cenário desafiador, o mercado imobiliário tem demonstrado resiliência. Segundo Gomes, o setor tem conseguido manter resultados positivos, mesmo com adversidades econômicas. "O mercado imobiliário, apesar de ter se mostrado muito resiliente ao longo dos anos, principalmente os últimos, começou a ter alguns fatores macroeconômicos jogando contra e um deles é a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que não sabemos ainda qual impacto terá sobre o setor", observa ele.
O mercado imobiliário de Curitiba e Região Metropolitana apresenta sinais de crescimento e consolidação, mas 2025 promete ser um ano de desafios. Estratégias inovadoras e flexibilidade serão fundamentais para que incorporadores consigam atender às demandas de um público cada vez mais exigente e cauteloso.
Entrevistado
Thomas Gomes é graduado em Engenharia Civil pela Pontifícia Católica do Paraná (PUC-PR), possui especialização em Investimentos Imobiliários pela Insper (SP), cursou o Program for Leadership Development na Harvard Business School (EUA) e é head de Real Estate na Life Capital Partners. Atualmente é presidente da Ademi-PR.
Contato: tgomes@lifecapitalpartners.com.br
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Ana Carvalho
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
INCC-M acelera para 0,71% em janeiro

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O ano de 2025 começou com um aumento de 0,71% no Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M), do FGV IBRE – Instituto Brasileiro de Economia. Este indicador é referente a janeiro e superou a variação de 0,51% registrada no mês anterior (dezembro de 2024). A elevação nos custos do setor também se reflete na taxa acumulada em 12 meses, que alcançou 6,85%. Esse resultado representa um crescimento significativo em relação a janeiro de 2024, quando o índice apontava uma alta de 3,23% no mesmo período.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) é um indicador econômico que capta a evolução de custos de construções residenciais. Com este índice, é possível avaliar a evolução dos preços de materiais e custos de mão de obra na construção civil. Segundo o FGV IBRE, esse é um indicador importante para as construtoras monitorarem, além de fornecer dados relevantes para a indústria e o varejo do setor. Também serve como referência para a tomada de decisões por outros agentes econômicos.
INCC-M nas capitais brasileiras
O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) registrou variações entre diferentes cidades brasileiras em janeiro. Enquanto Salvador, Belo Horizonte, Recife e São Paulo apresentaram uma aceleração no ritmo de aumento dos custos de construção, Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre seguiram na direção oposta, com uma desaceleração em suas taxas de variação.
Dentre estas capitais, Belo Horizonte apresentou a maior variação em janeiro: 1,48%. Já em Brasília, o índice foi o menor: 0,23%.
Grupo de Materiais, Equipamentos e Serviços desacelera
O grupo de Materiais, Equipamentos e Serviços teve alta de 0,42% em janeiro, abaixo dos 0,49% registrados no mês anterior.
Dentro dessa categoria, Materiais e Equipamentos apresentaram um avanço de 0,43%, um crescimento mais moderado em comparação aos 0,57% observados em dezembro. De acordo com o FGV IBRE, esse comportamento indica uma desaceleração nos preços desses insumos, fundamentais para a execução de obras. Entre os subgrupos analisados, apenas "materiais para instalação" mostrou queda em sua taxa de variação, passando de 1,51% para -0,33%.
No grupo de Serviços, houve um aumento expressivo na taxa de variação, que saiu de -0,25% em dezembro para 0,41% em janeiro. Esse avanço foi impulsionado pelo item "projetos", cuja taxa passou de 0,00% para 0,52% no período.
Mão de obra
O índice de Mão de Obra registrou uma variação de 1,13% em janeiro, representando um aumento expressivo em relação aos 0,53% registrados em dezembro.
De acordo com FGV IBRE, este índice foi puxado por reajustes na cidade de Belo Horizonte. Em dezembro de 2024, representantes dos sindicatos patronal e dos trabalhadores assinaram a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2024/2025 do setor. O documento estabeleceu um reajuste salarial de 4,6%, além de mudanças para a valorização da mão de obra e a capacitação profissional. Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon- MG), outras medidas tomadas foram:
- Adicional de hora extra reduzido para 80%, garantindo maior competitividade sem prejuízo à valorização do trabalhador.
- Capacitação de 10% da força de trabalho, com subsídio da FIEMG, inclusive diretamente nas obras.
- Pisos salariais alinhados ao novo salário mínimo, também vigentes a partir de janeiro de 2025.
- Educação básica subsidiada pelo SESI para filhos de trabalhadores, promovendo maior inclusão e bem-estar.
Aumento da Selic
Ao mesmo tempo em que houve esta aceleração do INCC, no final de janeiro, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou o aumento da Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Para a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), esta medida pode agravar os desafios econômicos, encarecer o crédito, desestimular investimentos e pressionar o orçamento das famílias.
“Medidas para controlar a trajetória crescente da dívida pública são essenciais para termos uma taxa de juros padrão saudável a médio e longo prazos. Isso vai destravar investimentos e incentivar o crescimento do país de forma sustentada. Conviver com juros elevados trava o desenvolvimento, reduz a geração de empregos e penaliza empresas e famílias”, comenta Luiz França, presidente da ABRAINC.
Ieda Vasconcelos, economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), destacou em informativo da instituição que este aumento fez a taxa Selic retornar para o patamar alcançado em agosto de 2023. “Particularmente para a Construção Civil a taxa de juros elevada foi, em 2024, o principal problema, conforme avaliação dos empresários do setor na Sondagem Indústria da Construção realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Nos últimos três meses de 2024, 34,1% dos empresários apontaram que esse foi o principal problema do setor. Em relação ao 3º trimestre de 2024 observou-se um incremento de 8,7 pontos percentuais”, pontua a economista.
Ainda, esse fator também contribuiu para a queda do Índice de Confiança (ICEI) do empresário do setor, em janeiro de 2025. “Pela primeira vez, nos últimos dois anos, o referido indicador ficou abaixo da linha de 50 pontos, que separa a confiança da falta de confiança. O recuo do indicador reflete a piora da avaliação dos empresários do setor em relação às condições atuais de negócios e em relação às expectativas”, informa Ieda.
Fontes
FGV IBRE – Instituto Brasileiro de Economia.
Luiz França é presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC).
Ieda Vasconcelos é economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Contatos
FGV IBRE - assessoria.fgv@insightnet.com.br
ABRAINC - comunicacao@abrainc.org.br
CBIC - imprensa@cbic.org.br
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Ceará substitui asfalto convencional por concreto nas ruas para suavizar o calor urbano

Crédito: Divulgação/ASCOM
Com temperaturas em constante ascensão, o Estado do Ceará tem buscado soluções inovadoras para minimizar os efeitos do calor excessivo nas cidades.
Uma dessas estratégias é a substituição do asfalto convencional por blocos de concreto intertravados em vias públicas. O material, além de contribuir para a redução da sensação térmica, também apresenta benefícios econômicos e ambientais.
Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), entre julho de 2024 e janeiro de 2025, algumas cidades do Estado registraram um aumento médio de até 4,7 °C. Esse crescimento reforça a necessidade de intervenções urbanas que reduzam o impacto das chamadas ilhas de calor.
O secretário das Cidades, Zezinho Albuquerque, destacou a importância dessa iniciativa.
"A parceria do Governo do Ceará com as prefeituras tem viabilizado o uso dos blocos intertravados, que ajudam a diminuir a temperatura das vias e proporcionam mais conforto para a população. Além disso, esse tipo de pavimentação melhora a permeabilidade do solo e reduz custos de manutenção", informa.
Investimento e expansão do projeto
Atualmente, 24 obras utilizam os blocos de concreto intertravado na pavimentação viária, totalizando mais de 300 mil m2 de intervenção. O investimento do Estado já ultrapassa R$ 40 milhões, beneficiando 18 municípios distribuídos por nove regiões de planejamento.
Além das ruas, o material também está sendo aplicado em projetos de urbanização, como praças, margens de rios e açudes. No total, são 56 obras em execução, cobrindo mais de 400 mil m2 e com investimentos superiores a R$ 70 milhões.
Benefícios ambientais e econômicos

Crédito: Divulgação/ASCOM
A substituição do asfalto pelo concreto traz vantagens significativas. O asfalto, por sua composição, absorve mais calor e contribui para o aumento da temperatura urbana. Já o concreto reflete mais luz solar, reduzindo o aquecimento das vias.
Outra vantagem é a permeabilidade. O sistema de blocos intertravados permite melhor drenagem da água da chuva, ajudando a evitar alagamentos e melhorando a infiltração no solo.
No aspecto econômico, o secretário Zezinho Albuquerque destaca que o uso do concreto pode gerar uma economia de até 25% em relação ao asfalto, além de demandar menos manutenção e criar mais empregos na cadeia produtiva.
"Estamos falando de uma alternativa mais sustentável, eficiente e viável para nossas cidades. Esse modelo de pavimentação não só alivia o calor, mas também impulsiona o desenvolvimento urbano com mais qualidade", reforça Albuquerque.
Perspectiva para o futuro
Com os bons resultados já observados, a expectativa é de que cada vez mais municípios cearenses adotem o pavimento intertravado em suas obras. Além do impacto na temperatura das cidades, a iniciativa também fortalece a infraestrutura urbana, tornando os espaços públicos mais confortáveis e acessíveis. O Ceará segue como um exemplo de inovação em políticas urbanas, investindo em soluções sustentáveis para enfrentar os desafios climáticos e melhorar a qualidade de vida da população.
Entrevistado
Zezinho Albuquerque é secretário das Cidades do Ceará.
Contato:
comunicacao@cidades.ce.gov.br
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Ana Carvalho
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Revitalização da PRC-280 avança para a ligação até Clevelândia
Em 2022, o governo do Estado do Paraná começou os estudos para a revitalização da PRC-280 com whitetopping no trecho entre Palmas e Pato Branco, atendendo também os municípios de Clevelândia e Mariópolis. Em dezembro de 2024, o governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou a ordem de serviço para dar início às obras de revitalização da PRC-280, agora na ligação de Pato Branco até Clevelândia.

Crédito: Roberto Dziura Jr/AEN
A intervenção viária entre Pato Branco e Clevelândia representa a fase final da revitalização da rodovia, abrangendo um trecho de 38 quilômetros. No total, a obra se estende por mais de 140 quilômetros e conta com um investimento de R$ 450 milhões.
Na mesma ocasião, também foi lançado o edital para dar continuidade à construção do Contorno Noroeste de Pato Branco.
De acordo com o governador, os investimentos devem passar de R$ 500 milhões para o Sudoeste, com obras importantes. “O Sudoeste vem crescendo muito, ajuda muito o Paraná a também crescer, gera muito emprego, tem muita indústria vindo para cá. E nós temos que preparar a região com muitas obras para acompanhar esse crescimento”, informou Ratinho Junior.
Uso de whitetopping
A PRC-280 foi a pioneira entre as rodovias estaduais a passar por revitalização utilizando a técnica de whitetopping, que consiste na aplicação de uma camada espessa de concreto sobre o pavimento original. O pavimento rígido está sendo implantado em 13 trechos de rodovias em diferentes regiões do Estado, totalizando aproximadamente 340 quilômetros entre obras finalizadas, em andamento e previstas.
Esse método proporciona maior durabilidade e reduz a necessidade de manutenções frequentes. Em entrevista ao Massa Cinzenta, Janice Kazmierczak Soares, diretora Técnica do DER/PR, destacou que a restauração em pavimento de concreto (Whitetopping) apresentou mais vantagens. “O custo inicial desta técnica ficou menor que o custo da restauração em pavimento asfáltico, principalmente em decorrência da alta nos preços dos ligantes asfálticos. Além disso, quando se considera o custo de manutenção, o pavimento de concreto é bem mais econômico, quando bem executado. Enquanto o pavimento asfáltico exige conservação constante a partir do segundo ou terceiro ano de vida útil, o pavimento de concreto é mais resistente, exigindo apenas a troca do material das juntas de dilatação e pequenos reparos nas placas, caso ocorra alguma patologia”, afirma Janice.

Crédito: Roberto Dziura Jr/AEN
Dejalma Frasson Junior, gerente da Regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), ressalta que, no Brasil, a pavimentação enfrenta desafios, especialmente nas vias urbanas, que apresentam deficiências e geram custos adicionais para o governo, os usuários, o setor empresarial e o meio ambiente. “Atualmente, o transporte rodoviário é o principal modal do país. No entanto, nossa malha viária pavimentada representa menos de 13% do total. Entre as soluções em crescimento, destacam-se aquelas que utilizam concreto e cimento. Ainda assim, dessas vias pavimentadas, apenas 2% a 3% contam com concreto, embora sua aplicação esteja crescendo de forma exponencial. Um dos desafios é a falta de conhecimento técnico entre os profissionais de engenharia sobre essa tecnologia, que já é utilizada globalmente há mais de 100 anos. No Brasil, sua adoção tem se intensificado apenas nos últimos 10 a 15 anos”, comenta.
Dentre os benefícios da técnica de whitetopping, a ABCP cita:
- Maior durabilidade e, portanto, maior economia, já que há menos necessidade de manutenção;
- A técnica reaproveita toda a infraestrutura do pavimento existente. Ainda assim, a sua durabilidade se mantém, sendo igual a de um pavimento de concreto novo;
- A aderência dos pneumáticos à superfície do pavimento de concreto é favorecida pela existência das ranhuras artificiais, evitando aquaplanagem e proporcionando menor distância de frenagem;
- Maior capacidade de reflexão da luz, o que exige até 60% menos iluminação em trechos urbanos e propicia melhores condições de visibilidade ao motorista, além de aumentar a segurança de tráfego;
- Por fim, é totalmente reciclável ao fim de sua vida útil.
Contorno Noroeste
A nova etapa do Contorno Noroeste de Pato Branco ligará a PR-493 à PRC-158, complementando o primeiro trecho já concluído, que conecta a PR-493 à BR-158. O projeto tem como objetivo desviar parte do tráfego, especialmente de veículos pesados, do perímetro urbano. Com a obra, o trecho da PRC-158 que atualmente corta a cidade deverá ser municipalizado e transformado em uma avenida, melhorando a mobilidade urbana.
A licitação será realizada por meio de concorrência eletrônica na modalidade semi-integrada, incluindo a elaboração do projeto executivo e a execução da obra em um único contrato. De acordo com a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística, a previsão é concluir a licitação e iniciar a obra em 2025. O prazo de entrega é mais de dois anos.
O primeiro trecho da obra, entregue em 2021, tem 5,28 quilômetros de extensão e facilita o tráfego comercial com a PRC-280, corredor estratégico para exportação entre os municípios da divisa com Santa Catarina e os portos paranaenses.
Fontes
Governo do Estado do Paraná.
Janice Kazmierczak Soares, diretora Técnica do DER/PR.
Dejalma Frasson Junior, gerente da Regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
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Marina Pastore – DRT 48378/SP
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World of Concrete 2025: inovação e sustentabilidade foram destaque no maior evento mundial da construção civil
Entre os dias 20 e 23 de janeiro de 2025, Las Vegas, nos Estados Unidos, sediou o World of Concrete 2025, um dos maiores e mais influentes eventos mundiais do setor da construção civil.
O evento reuniu 1.522 empresas expositoras e teve cerca de 180 sessões educacionais, trazendo inovações tecnológicas, soluções sustentáveis e novas tendências para a indústria do concreto.

Crédito: Divulgação/World of Concrete
Acabamentos de concreto foi um dos destaques do evento
Um dos principais destaques do evento foi a grande variedade de técnicas e produtos voltados para o acabamento do concreto. Desde concreto lapidado e polido até soluções estampadas e pigmentadas, as novidades chamaram a atenção pela busca de um material cada vez mais versátil e visualmente atrativo.
O engenheiro e professor Bernardo Tutikian, que participou do evento esse ano, destacou essa área como um dos pontos mais impressionantes da feira. “O evento é mundial e muitas empresas de várias partes do mundo trouxeram soluções incríveis. Mas, certamente, meu maior destaque vai para a área de acabamentos do concreto. Vi muita inovação no concreto lapidado, polido, estampado e pigmentado, com diversas soluções para melhorar o acabamento final e torná-lo mais atrativo visualmente”, relata.
Impressão 3D e industrialização: avanços e desafios
Outro tema debatido no evento foi a industrialização do setor e a impressão 3D na construção civil. Apesar dos investimentos significativos nessa tecnologia, ainda há desafios para sua implementação em larga escala.
"Aqui estão investindo muita energia e dinheiro, mas a impressão 3D ainda está longe de ser uma realidade nos EUA ou em qualquer outro país", explicou Bernardo.
"A busca por maior industrialização é evidente, mas a impressão 3D ainda não decolou devido a dificuldades logísticas e à conexão com outros sistemas da edificação. Mesmo assim, há um avanço tecnológico grande e esforços para resolver esses gargalos", observa.
Sustentabilidade e concretos de alto desempenho
A preocupação com sustentabilidade também esteve em evidência no World of Concrete 2025. O desenvolvimento de concretos de Ultra-Alto Desempenho (UHPC) foi uma das inovações mais comentadas, trazendo soluções que reduzem a quantidade de material utilizado e minimizam os impactos ambientais.
"As empresas estão focadas em concretos com melhores propriedades, como o UHPC, que permite reduzir volumes e, principalmente, diminuir os impactos ambientais", afirma Bernardo.
Parceria entre indústria e meio ambiente
O World of Concrete 2025 reforçou a importância da parceria entre a indústria da construção e as iniciativas sustentáveis. Empresas apresentaram tecnologias voltadas para a redução da pegada de carbono do concreto, investindo em materiais alternativos, processos mais eficientes e reciclagem de resíduos. "Existe um esforço significativo para diminuir a geração de CO₂ na indústria do concreto, e a feira mostrou que esse é um compromisso real do setor".
Tutikian assinala que este é um momento de transformação para a indústria e o evento mostrou que o setor está se movimentando para equilibrar inovação, eficiência e sustentabilidade. “As soluções apresentadas no World of Concrete certamente vão moldar o futuro da construção civil”, assegura.
O World of Concrete 2025 consolidou-se mais uma vez como uma plataforma importante para o compartilhamento de conhecimento e a promoção de avanços na construção civil, reafirmando o compromisso da indústria com um futuro mais inovador e sustentável.
Entrevistado
Bernardo Tutikian é professor e pesquisador da Unisinos, no Rio Grande do Sul. Engenheiro Civil, mestre e doutor, com experiência na University of Missouri (EUA), Universidad de la Costa (Colômbia) e Université de Cergy-Pontoise (França). Autor de mais de 450 artigos em periódicos e congressos. Consultor de empresas na área de tecnologia do concreto, de argamassa, patologia e desempenho.
Contato:
bftutikian@unisinos.br
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Ana Carvalho
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Governo Trump e as perspectivas para o setor da construção civil brasileira

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Com a recente posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o setor da construção civil no Brasil enfrenta incertezas e oportunidades decorrentes de um novo cenário internacional. Políticas econômicas protecionistas e possíveis mudanças no fluxo de investimentos podem impactar diretamente a dinâmica do setor.
Segundo Ana Castelo, coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), o momento é de cautela e ao mesmo tempo de aproveitar as tendências que emergem de um mercado global interconectado.
A agenda protecionista de Trump, que busca priorizar a indústria americana, pode ter efeitos diversos sobre a construção civil brasileira. Ana Castelo ressalta que a valorização do dólar decorrente de políticas monetárias nos EUA tende a encarecer insumos importados utilizados na construção. Por outro lado, um cenário de maior protecionismo pode estimular a produção interna de materiais, promovendo o fortalecimento da indústria nacional.
“A alta do câmbio e suas consequências sobre a inflação e os juros internos representam um desafio significativo para o setor”, alerta.
Além disso, a política monetária americana pode influenciar o custo do crédito no Brasil, tanto para projetos de infraestrutura quanto para o mercado imobiliário de média e alta renda. “Se a Selic continuar em patamares elevados, é provável que haja uma desaceleração no consumo e nos investimentos no setor”, completa.
Cenário nacional: avanços e desafios
O ano de 2024 foi marcado por um desempenho positivo na construção civil brasileira, com destaque para o crescimento no mercado imobiliário e nos projetos de infraestrutura. O programa Minha Casa Minha Vida teve papel fundamental nesse cenário, assegurando a manutenção do ciclo de negócios no setor popular. “Mesmo em um cenário de estagnação do mercado de trabalho, o programa conseguiu sustentar boa parte das atividades da construção”, destaca Ana.
No entanto, o segmento de média e alta renda, que depende mais diretamente de crédito e investimentos, pode enfrentar um desaquecimento. Pequenas obras e reformas também sofrem com o custo elevado do crédito, tornando mais fácil para os consumidores postergarem esses projetos.
Projeções para 2025 e os próximos anos
Apesar dos desafios, o setor deve continuar aquecido no curto prazo devido a contratos e obras já em andamento. O mercado de infraestrutura, impulsionado por leilões recentes, e o ciclo de negócios do Minha Casa Minha Vida prometem manter o ritmo de atividades em 2025.
No entanto, o cenário de médio e longo prazos depende fortemente de como o Brasil enfrentará as pressões externas e internas. “Se as taxas de juros permanecerem elevadas e a inflação pressionar os custos, é possível que vejamos uma retração mais acentuada a partir de 2026”, alerta Ana Castelo. Mesmo assim, ela aponta que o setor possui resiliência devido ao ciclo longo de seus projetos e à capacidade de adaptação dos agentes do mercado.
Recomendações para o setor
Para atravessar este momento de incertezas, a economista sugere uma abordagem proativa, com foco na eficiência operacional e na exploração de nichos de mercado. Ana Castelo enfatiza a importância de atender às demandas já contratadas e de acompanhar de perto as políticas monetárias e suas implicações sobre o crédito.
Além disso, a colaboração entre setor privado e público para viabilizar novos projetos de infraestrutura é fundamental para assegurar a continuidade do crescimento.
Logo, o governo Trump e suas políticas podem impactar a construção civil brasileira de maneiras variadas. Cabe ao setor antecipar os desafios, adaptar-se ao novo contexto global e aproveitar as oportunidades que surgirem. “É um momento de desafios, mas também de preparação para colher frutos em um futuro próximo”, conclui.
Entrevistada
Ana Maria Castelo é coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre.
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RoadMap do Concreto no Brasil é necessário?

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No Brasil, a indústria do cimento já conta com um Roadmap Tecnológico que aborda o potencial de redução das emissões de carbono até 2050. No entanto, ainda não há um documento equivalente para o concreto.
No final de 2024, a Concrete NZ publicou seu plano para alcançar emissões líquidas zero até 2050. “A fib divulgou recentemente o Roadmap do Concreto, que correlaciona o ciclo de vida do material com a cadeia de suprimentos e o desempenho”, explica Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e presidente eleita da fib (2025-2026),
E, no Brasil, valeria ter também um Roadmap do Concreto? Na opinião de Íria, entender e correlacionar os aspectos conceituais é de fundamental importância para se estabelecer as metas e atuar de fato no processo evitando desta forma o chamado “greenwashing”.
“O Brasil precisa estabelecer seu ‘roadmap’ do concreto, e nosso maior desafio em relação às metas não estará nas aplicações formais e técnicas, mas sim na autoconstrução, que representa, a grosso modo, 70% a 75% do consumo de cimento. Evidentemente, as técnicas fazem parte desse contexto, mas é muito mais fácil monitorar, acompanhar e implementar inovações nesse setor”, destaca Íria.
Para a presidente da Abcic, possivelmente, o Brasil adotará o Roadmap proposto pela Global Cement and Concrete Association (GCCA), conforme já discutido em reuniões do CT 301 de Sustentabilidade do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). “Recentemente, durante o CBC (Congresso Brasileiro do Concreto) realizado em Maceió, foi lançado um primeiro boletim técnico (Ibracon/Abece e Abcic), que trata da quantificação das emissões de CO₂ incorporadas em materiais cimentícios e estruturas de concreto — um possível ponto de partida”, comenta.
Adoção de um modelo externo
A presidente da Abcic também pontua que o importante ao se adotar um modelo é compreendê-lo e principalmente avaliar sua proposta, pois é um tema que está em desenvolvimento no mundo todo e que requer atenção.
“São muitas informações sendo geradas e banco de dados para inventários de ciclo de vida - alguns confiáveis outros não. Também, como propõe a fib é necessário integrar a cadeia de suprimentos, toda a indústria cimenteira, os produtores de concreto (centrais dosadoras, indústria de pré-fabricados), projetistas de edificações e infraestrutura e contratantes das obras quer governo, quer iniciativa privada e academia. É algo que não pode ser imposto ou definido de forma unilateral. São necessárias pesquisas e investimentos em tecnologia, mais uma razão que evidencia o engajamento de toda a cadeia de valor”, explica Íria.
Proposta da Nova Zelândia
Especificamente sobre a proposta da Nova Zelândia, que vem sendo conduzida pela Concrete NZ — entidade que reúne toda a cadeia do concreto no país —, a referência utilizada foi o Roadmap da GCCA, estabelecendo metas para 2030 e para o período entre 2030 e 2050.
“A primeira etapa propõe a redução das emissões a partir da indústria cimenteira. Devemos lembrar que o cimento brasileiro, ao longo de décadas, já vem adotando medidas importantes nesse sentido e, hoje, é mundialmente reconhecido como o mais ecoeficiente. Além da redução do clínquer por meio de adições, outro parâmetro fundamental tem sido o consumo de energia e combustíveis. Entre 2030 e 2050, o foco será a captura de carbono pelas estruturas de concreto por meio de mecanismos de recarbonatação, um tema que também está sendo estudado por um grupo de trabalho no âmbito do CT 101 do IBRACON”, explica Íria.
A energia é outro ponto de destaque, segundo Íria, pois, ao adotar fontes limpas tanto na produção do cimento quanto do concreto, é possível alcançar reduções significativas.
“As tecnologias do concreto, o desenvolvimento de projetos e a análise dos sistemas construtivos a serem adotados são aspectos fundamentais. Um dos temas importantes é a desmaterialização, que, no meu entendimento, precisa ser adequadamente avaliada. Ou seja, é necessário tomar decisões que, por meio do desempenho e do bom senso, considerem os três pilares da sustentabilidade: ambiental, econômico/viabilidade e social. Afinal, não se pode priorizar apenas o ambientalmente correto se isso não for economicamente viável ou gerar outros impactos negativos para a sociedade. A visão holística é essencial, pois, no final do dia, quem decidirá pela compra será um cliente que levará em conta diversos aspectos”, destaca Íria.
Entrevistada
Íria Doniak é presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e presidente eleita fib (2025-2026).
Contato
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Enchentes em São Paulo: o que fazer?
Desde 24 de janeiro, São Paulo tem enfrentado fortes chuvas. Naquele dia, a cidade registrou o terceiro maior volume pluviométrico desde o início das medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em 1961, com um acumulado de 125,4 mm.
Estudos do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG-USP) indicam que, entre 1933 e 2023, o volume de chuvas na capital paulista aumentou, em média, 5,5 mm por ano.
Diante desse cenário de precipitações intensas, quais medidas podem ser adotadas na cidade?
Desafios de São Paulo
De acordo com Eduardo Funari, engenheiro agrônomo com especialização em Gestão Ambiental, São Paulo não teve nenhum estudo sobre crescimento organizado ou drenagem de solo. “A cidade é abastecida e circundada pelos rios Pinheiros e Tietê, que são popularmente conhecidos como os ‘ralos da cidade’. Isso funcionava porque as margens deles eram grandes várzeas que retinham a água da chuva nas grandes precipitações e funcionavam como esponja. Mas há muitos anos foi feito um novo trajeto dos rios e eliminada toda a várzea que os circundavam. Então hoje, com as chuvas fortes, o acúmulo de água que não se infiltra, aumenta a velocidade e sobrecarrega de forma rápida os rios. O que teria que ser feito lá atrás, eram grandes áreas verdes ou parques lineares com retenções de água que funcionariam como esponja, com capacidade de segurar chuvas pesadas e não causar alagamentos com as chuvas de grandes precipitações em pouco espaço de tempo.”, explica Funari.
No entanto, Funari aponta que a solução que se adotou para resolver os grandes problemas de enchentes em São Paulo foi o aprofundamento da calha do Tietê. “Isso funcionou muito bem, aumentou a capacidade de escoamento de água do rio, eliminando as grandes enchentes das marginais”, menciona
O engenheiro civil Giovanni Gallo, por sua vez, acredita que o sistema de drenagem da cidade de São Paulo enfrenta diversos desafios, especialmente durante períodos de chuvas intensas. “A cidade possui um Plano Diretor de Drenagem que visa orientar as principais ações para reduzir problemas de inundações, melhorar a qualidade da água, promover a saúde e o bem-estar da população, além de fomentar o desenvolvimento social, econômico e a sustentabilidade. No entanto, o sistema de drenagem atual ainda é considerado defasado e enfrenta dificuldades devido à grande quantidade de áreas impermeabilizadas, como asfalto e calçadas, que impedem a absorção da água”, afirma.
Para Funari, hoje fica muito difícil se buscar novas alternativas de retenção de água em um cenário macro, porque não há mais espaço. “Foi tudo asfaltado, urbanizado e comercializado, gerando um problema bastante crônico de retenção de água no primeiro momento das grandes enchentes”, comenta.
Ilha de calor em São Paulo e as chuvas

Crédito: Envato
São Paulo é um grande exemplo de ilha de calor, fenômeno em que a temperatura na cidade se mantém mais alta do que nas áreas ao redor. Esse efeito ocorre devido à grande concentração de edificações, à pavimentação extensa e à escassez de espaços verdes.
“Nós temos identificado no centro de São Paulo temperaturas que chegam a 5 graus mais altos que a área periférica da cidade. Isso realmente causa uma movimentação, deslocamento de nuvens e potencializa as chuvas que normalmente acontecem nessa época do ano. E soma-se a isso o fato de a capital estar cada vez mais impermeável e cada dia menos preparada. Não teve um plano diretor, só os grandes piscinões nas áreas críticas que foram feitos. Então não houve nenhum trabalho mais profundo sobre isso. Isso realmente potencializa e pode intensificar as grandes chuvas em determinadas áreas da cidade onde a temperatura é mais alta. As chuvas vêm com mais intensidade e com mais estrago, com mais vento e com mais velocidade”, expõe Funari.
Funari destaca que a forma de amenizar isso é criar corredores para a circulação do ar, que começa a ficar muito difícil quando você constrói em torres que bloqueiam a passagem do ar. “O segundo fator é você fazer bolsões com plantios de árvores de grande porte. Árvores onde você tenha copas bastante robustas, que elas sejam largas e altas. Tem algumas espécies nativas e algumas exóticas, e aí muita gente critica que tem que ser tudo nativo, mas para a situação de São Paulo nós temos, e isso é motivo hoje de muita crítica, algumas plantas exóticas de crescimento robusto, muito agressivas e que formam uma copa alta. Então você tem, por exemplo, uma planta exótica, o ficus bejamim, ou o ficus elástico, que são árvores gigantes, que formam às vezes 10, 12 metros de extensão de copas. Isso permite diminuir a velocidade da chuva que cai, formar um efeito refrigerador sobre a temperatura local e causar esse deslocamento de ar, melhorando a situação crítica dos grandes centros. Mas aí você tinha que fazer vários bolsões ao longo do entorno todo do centro de São Paulo”, afirma.
Gallo pontua que, para diminuir o efeito de calor em São Paulo, algumas medidas podem ser adotadas, como criação de áreas permeáveis, atualização do sistema de drenagem, manutenção regular, educação e conscientização da população quanto ao descarte de lixo.
Além disso, Gallo cita o pavimento de concreto, que pode ajudar a reduzir o efeito de calor. “O pavimento de concreto, por ser mais claro, reflete mais luz solar e retém menos calor em comparação ao asfalto. Isso pode colaborar para o resfriamento das cidades e para a redução do fenômeno de ilhas de calor”, sugere.
Soluções
Para Funari, ao considerar um cenário micro, o mais viável hoje para a cidade de São Paulo é se fazer retenções de água nos empreendimentos que estão sendo construídos. “Por exemplo, ao fazer um conjunto de cinco torres, o ideal é colocar um telhado verde, pois isso ajuda a reter água. E uma retenção de água no subsolo das torres, das áreas novas estabelecidas, o que permitiria ao empreendimento utilizar água para reuso e escoamento de água de forma mais lenta, que é a solução”, comenta o engenheiro agrônomo.
Funari e Gallo também sugerem modernizar e ampliar a infraestrutura de drenagem existente para aumentar sua capacidade de escoamento. “Ao diminuir a velocidade do deslocamento de água, se beneficia o lençol freático e evita o escoamento para as áreas de bueiro para os rios Pinheiros e Tietê”, justificam.
A criação de parques-esponjas também podem ser uma opção. “Evitar ao máximo transformar as áreas verdes restantes em áreas residenciais, comerciais e assim por diante. Seria interessante a cidade desapropriar o máximo de áreas possíveis hoje, nas quais seria possível fazer esses tipos de intervenções. Pensando nos pequenos bolsões verdes ao longo das ruas, talvez seja uma grande alternativa para incentivar a população e as regionais dos bairros, a criarem alternativas locais. Buscar a permeabilidade do solo, das calçadas e asfalto, que hoje já tem técnicas disponíveis e materiais para se fazer isso, e não seria caro nas renovações desses pisos,” opina Funari.
Gallo complementa: “Sistemas integrados de drenagem, como os utilizados em Curitiba, poderiam funcionar em São Paulo e trazer benefícios significativos. Em Curitiba, o Parque Barigui é um exemplo de como áreas verdes e lagoas artificiais podem ser projetadas para receber o excesso de água da chuva e evitar inundações em áreas residenciais. Implementar soluções semelhantes em São Paulo poderia ajudar a mitigar os problemas de drenagem e inundações. Algumas das medidas que poderiam ser adotadas incluem a criação de parques e áreas verdes, jardins de chuva e lagoas artificiais”.
A construção dos piscinões EU-08 e EU-09, por exemplo, é uma parceria entre a Prefeitura e o Departamento de Águas e Energia Elétrica do governo do estado de São Paulo (DAEE). Os piscinões têm se mostrado eficazes na contenção de águas pluviais e na redução do risco de inundações”, aponta Gallo.
Tudo isso deve ser acompanhado de uma manutenção periódica dos sistemas de drenagem para evitar obstruções e garantir seu funcionamento eficiente, segundo Gallo. Ainda, ele sugere promover campanhas de conscientização para a população sobre a importância de não descartar lixo nas ruas, o que pode obstruir os sistemas de drenagem.
Piscinões: funcionam?
Segundo o prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes, há oito piscinões em construção em parceria com os governos estadual e federal. No entanto, esta alternativa gera discussões entre os especialistas.
Funari acredita que essa solução funciona para grandes enchentes, pois retém a água por um período, permitindo um escoamento mais lento e ajudando o rio Tietê a dar vazão às enxurradas. No entanto, ele ressalta que é uma das alternativas mais caras e menos sustentáveis. “A tendência é que esses locais acumulem lixo. Com as grandes chuvas, a água fica retida, formando um grande depósito de resíduos, e, após a chuva, ainda há todo o processo de limpeza pós-enchente", explica.
Ele sugere que, em vez disso, poderiam ter sido criadas ou ampliadas áreas verdes com bacias de retenção e lagos, proporcionando espaços de lazer e esportes para a comunidade. “Seria uma solução mais econômica, sustentável e integrada ao meio ambiente e à população local”, conclui.
Entrevistados
Eduardo Funari é engenheiro agrônomo com especialização em Gestão Ambiental. Entre inúmeras grandes obras, tem a revitalização do Jardim Francês do Novo Museu do Ipiranga, em SP, que contou com descarte autossustentável, e a execução do projeto de Burle Marx no Museu do Amanhã, no RJ.
Giovanni Gallo é engenheiro civil, com mais de 15 anos de atuação no mercado da construção civil.
Contato
Eduardo Funari – Assessoria de imprensa -
Giovanni Gallo - giovanni@sindicosp.com
Jornalista responsável:
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Excelência em pisos industriais: Concrebras eleva o padrão ao adotar normas internacionais

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Pisos industriais desempenham um papel fundamental em ambientes onde alta performance, durabilidade e resistência são indispensáveis. Os pisos industriais são placas de concreto projetadas para resistir a cargas concentradas e ao desgaste, além de oferecer estabilidade química e térmica.
Esse tipo de material é utilizado em galpões logísticos, centros de distribuição e fábricas, por exemplo, podendo ser reforçado com telas soldadas, fibras de aço ou cordoalhas protendidas. Além disso, os pisos industriais são projetados para minimizar patologias, como fissuras e delaminações.
Segundo Jair Schwanck Esteves, coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras, o segredo está na execução precisa e no planejamento cuidadoso. “Além da composição do concreto, a logística de concretagem é essencial. O sincronismo entre os caminhões evita juntas frias e garante uniformidade”, explica.
Normas brasileiras e recomendações internacionais
No Brasil, as especificações da Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho (Anapre) oferecem diretrizes essenciais para garantir a qualidade. As diretrizes da entidade abrangem especificações como resistência à compressão (fck 30 MPa), resistência à tração na flexão (4,2 MPa) e limites para retração e exsudação.
A Concrebras, conhecida por sua atuação técnica de ponta, vai além do esperado e aplica recomendações do American Concrete Institute (ACI), uma das maiores referências internacionais no setor. “Adotar as recomendações do ACI nos permite oferecer soluções ainda mais eficientes e duráveis, garantindo um padrão de qualidade reconhecido mundialmente”, explica.
Um dos diferenciais do ACI é o uso de gráficos como o Coarseness Factor Chart e o 0.45 Power Chart, que permitem avaliar a distribuição granulométrica e aspereza da mistura, garantindo o desempenho ideal do concreto. “Essas ferramentas ampliam nossa capacidade de entregar pisos com melhor qualidade e maior vida útil”, destaca Esteves. O ACI apresenta uma abordagem ainda mais detalhada, contemplando todos os aspectos do processo, desde a mistura à execução e cura.
Vantagens de ir além das normas exigidas

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Ao combinar normas nacionais com recomendações internacionais, a Concrebras assegura diversos benefícios:
Maior durabilidade: reduz o risco de patologias como fissuras e desplacamentos;
Melhor desempenho estrutural: as recomendações do ACI permitem otimizar o traço e os processos executivos;
Estética superior: pisos mais planos, lisos e nivelados, ideais para setores como logística e indústrias de alta precisão;
Redução de custos a longo prazo: um piso mais resistente demanda menos manutenções e oferece maior estabilidade operacional.
Processo de execução: da placa teste à entrega
Para garantir a qualidade final, a Concrebras, em conjunto com a empresa aplicadora, executa uma placa teste antes da obra principal. Esse procedimento avalia aspectos como o tempo de pega do concreto, a velocidade de descarga e o acabamento do concreto aplicado.
A cura é outro ponto essencial, podendo ser realizada com água ou produtos químicos, garantindo um endurecimento controlado e eficaz. “A placa teste nos permite simular condições reais e ajustar detalhes técnicos antes da execução definitiva, evitando erros e atrasos”, afirma Esteves.
Com isso, a Concrebras demonstra que cumprir normas é apenas o ponto de partida. Ao adotar padrões como os do ACI, a empresa entrega mais do que pisos industriais: oferece soluções que representam segurança, eficiência e inovação. Para Esteves, essa é a essência do trabalho. “Nosso objetivo é superar as expectativas, entregando não apenas o que é necessário, mas o que há de melhor no mercado mundial”, conclui.
Entrevistado
Jair Schwanck Esteves é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias em Engenharia (IPOG) e coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras.
Contato:
jair.esteves@concrebras.com.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Pets ganham espaço e empreendimentos se adaptam ao crescimento da família multiespécie

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O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de população pet, com mais de 168 milhões de animais de estimação, segundo levantamento da Euromonitor. Esse número impressionante reflete uma mudança significativa na estrutura familiar brasileira, onde cães, gatos e outros bichinhos são vistos como membros da família.
Essa transformação está impactando diretamente o mercado imobiliário, que busca atender às novas demandas por espaços denominados pet friendly. “Percebemos um aumento significativo no número de famílias que convivem com pets nos últimos anos. Eles influenciam as decisões de compra e valorizam empreendimentos que incluem essa tendência”, afirma Henrique Campelo, gerente da Euro Incorporações.
Espaços projetados para conforto e segurança
No empreendimento Euro Park, localizado em Itajaí (SC), a inclusão de áreas específicas para pets foi estratégica. “O espaço foi cuidadosamente planejado para oferecer um ambiente seguro e funcional, tanto para os animais quanto para seus tutores. Contamos com áreas de passeio ao ar livre dentro do parque privativo e equipamentos para exercícios”, explica Campelo.
A localização dessas áreas foi pensada para facilitar o acesso dos moradores e preservar a tranquilidade das demais áreas comuns. Materiais resistentes, de fácil limpeza, e brinquedos seguros foram alguns dos cuidados incorporados ao projeto.
Pets como fator de decisão de compra

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Com o aumento das famílias multiespécies, os pets passaram a ser um elemento fundamental na escolha de um imóvel. “A valorização dos pets impacta diretamente a decisão de compra. Empreendimentos que atendem a essa demanda se destacam no mercado e reforçam a percepção de cuidado e inovação da marca", assinala Campelo.
O Euro Park integra espaços pet friendly como parte de um conceito mais amplo de convivência e qualidade de vida. “As adaptações atendem diferentes perfis de famílias, garantindo que os pets tenham conforto e interação em segurança. Isso vai além de atender uma necessidade. Trata-se de um diferencial competitivo", avalia.
Benefícios para o setor imobiliário
Ao considerar os pets no planejamento de empreendimentos, as construtoras não apenas atendem um público crescente, mas também agregam valor ao imóvel. "Essas soluções fortalecem a conexão emocional com os clientes e consolidam a imagem da empresa como inovadora e atenta às novas dinâmicas familiares", afirma o gerente da Euro Incorporações.
Tendências futuras
Com a população pet crescendo e o vínculo com os tutores se estreitando, a tendência é de que mais empreendimentos incorporem espaços dedicados aos bichinhos. Para Campelo, o desafio está em equilibrar funcionalidade, conforto e inovação. “Projetar ambientes para pets exige atenção a materiais, circulação e segurança. É um detalhe que faz toda a diferença na experiência dos moradores e no sucesso do empreendimento”, conclui.
A nova realidade das famílias brasileiras reforça que cuidar dos pets é também cuidar de quem os ama. No mercado imobiliário, essa conexão abre portas para projetos cada vez mais inclusivos e alinhados às necessidades do público.
Entrevistado
Henrique Campelo é gerente da Euro Incorporações, atua há 18 anos no setor imobiliário, com ampla experiência em gestão e desenvolvimento de projetos. Lidera a área comercial, marketing e relacionamento com o cliente.
Contato/Assessoria de Imprensa:
valdevane@comunicacaosemfronteiras.com
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