Construção da Ponte Harald Karmann promove importante avanço na mobilidade urbana de Joinville

Com capacidade para suportar até 5.400 veículos por hora, a Ponte Harald Karmann deve contribuir para a redução de congestionamentos.
Crédito: Secom Joinville

A construção da ponte Harald Karmann, anteriormente conhecida como Ponte Nacar, representa um marco para a mobilidade e a infraestrutura urbana de Joinville (SC). A obra, que faz parte de um investimento de R$ 29 milhões da Prefeitura, visa otimizar o fluxo viário e ampliar a integração entre as regiões central e sul da cidade, promovendo um importante avanço na mobilidade urbana.

A Ponte Harald Karmann foi projetada para ser um eixo de ligação entre as ruas Coronel Francisco Gomes e Nacar, sobre o rio Bucarein. Com uma extensão de 42,40 metros e largura de 15,20 metros, a nova estrutura é composta por três faixas de trânsito, sendo uma delas exclusiva para o transporte público e duas para veículos em geral.

A ponte também conta com calçadas para a passagem segura de pedestres, reforçando o compromisso com a mobilidade sustentável. “A revitalização dessa ponte é essencial para a cidade, pois contribui significativamente para o sistema viário da região central e sul de Joinville. Essa melhoria trará maior fluidez ao tráfego e beneficiará milhares de pessoas diariamente”, explica Paulo Mendes Castro, diretor da Secretaria de Infraestrutura Urbana de Joinville.

Infraestrutura moderna e sustentável

Toda a estrutura de concreto da ponte, incluindo peças pré-moldadas, foi fornecida pela Concrebras.
Crédito: Secom Joinville

O projeto inclui não apenas a construção da ponte, mas também uma série de intervenções viárias na rua Nacar e em ruas adjacentes. Essas obras compreendem a instalação de tubulações de drenagem, a construção de uma nova base e sub-base para a pavimentação, além de calçadas acessíveis. Itens complementares, como meio-fio e bocas-de-lobo, também foram implementados, promovendo uma infraestrutura moderna e eficiente.

Com capacidade para suportar até 5.400 veículos por hora, a Ponte Harald Karmann deve contribuir para a redução de congestionamentos e aprimorar a mobilidade na área. “Nossa expectativa é de que essa ponte não só melhore a circulação de veículos, mas também incentive o uso do transporte público, que agora conta com uma faixa exclusiva, facilitando o deslocamento dos moradores e trabalhadores da região”, destaca Castro.

Fornecimento de concreto pela Concrebras

Toda a estrutura de concreto da ponte foi fornecida pela Concrebras. Ao todo, foram utilizados 630 m³ de concreto na obra, garantindo a resistência e durabilidade da ponte. O concreto foi cuidadosamente desenvolvido para atender às especificidades da construção, de modo a garantir a segurança e a estabilidade da estrutura.

Em estruturas pré-moldadas, foi utilizado o concreto de resistência de 40,0 MPa, descarregado dentro de formas, normalmente metálicas. Depois de secas, as peças foram fixadas à estrutura com auxílio de guinchos ou guindastes.

A Ponte Harald Karmann faz parte de um plano de mobilidade que inclui outras três frentes de trabalho, todas com o objetivo de melhorar o sistema viário de Joinville. Na segunda etapa, foi realizada a pavimentação e implantação de drenagem e rede de esgoto na rua Graciosa, ligando-a à rua Guanabara. A terceira frente envolveu a pavimentação entre as ruas Guanabara e Desembargador Heráclito Ribeiro, e a quarta etapa consiste na pavimentação da rua Coronel Francisco Gomes, que se estende desde a rua Eugênio Moreira até o bairro Bucarein.

A conclusão da ponte ocorreu em setembro deste ano e, embora alguns veículos já estejam utilizando a via, o tráfego oficial só será liberado após a conclusão da pavimentação da rua Coronel Francisco Gomes, prevista para as próximas semanas. Essa liberação permitirá que a ponte opere em plena capacidade, beneficiando motoristas, pedestres e usuários de transporte público.

Um futuro com mais infraestrutura e mobilidade

Projeto inclui construção da ponte e uma série de intervenções viárias na rua Nacar e em ruas adjacentes.
Crédito: Secom Joinville

A construção da Ponte Harald Karmann é um passo significativo para Joinville, uma cidade que cresce e se moderniza a cada ano. Essa obra representa um investimento na qualidade de vida dos joinvilenses e uma resposta às demandas por melhorias no transporte urbano. “Esperamos que a ponte contribua para o desenvolvimento da cidade, tornando o trânsito mais fluido e seguro para todos”, destaca.

A expectativa é de que, com a conclusão do projeto, a Ponte Harald Karmann seja um modelo de infraestrutura viária moderna, adaptada às necessidades de uma cidade em crescimento, e como uma referência de integração entre transporte público e privado, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e para o bem-estar da população de Joinville.

Entrevistado

Paulo Mendes de Castro é engenheiro civil graduado pela Universidade Católica de Minas Gerais e pós-graduado em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Possui experiência profissional na construção e operação de rodovias, construção de obras de arte especiais (pontes), terraplanagem, barragem, obras para captação de água, estação de tratamento de água, construção de aterro hidráulico, entre outras. Desde 2021 é diretor na Secretaria de Infraestrutura Urbana da Prefeitura de Joinville, coordenando a construção de obras como a Ponte Harald Karmann, Ponte Albertinho Bornschein e a Ponte Joinville.

Contato/Assessoria de Imprensa:
imprensa@joinville.sc.gov.br

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Ana Carvalho
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Por que projetar com fck a 63 dias?

Durante o 65º Congresso Brasileiro do Concreto, em Maceió (AL), o professor Paulo Helene ministrou a palestra “Por que projetar com fck a 63 dias? EN 1992-1-1 e MC 2020". Em entrevista ao Massa Cinzenta, ele falou sobre os benefícios e desafios de projetar com fck a esta idade fora do habitual.

Benefícios técnicos de projetar com fck a 63 dias 

Com fck a 63 dias, a emissão de gases de efeito estufa também é consideravelmente reduzida, em torno de 15% a 25%.
Crédito: Ibracon

De acordo com Paulo Helene, vários benefícios em se projetar com fck a 63 dias. “Em primeiro lugar, os cimentos atuais precisam ter muitas adições por razões justificáveis de sustentabilidade, e estas reagem lentamente; ou seja, com 63 ou 91 dias apresentarão melhores resultados”, aponta. 

Além disso, esta técnica viabiliza mais e melhor o uso de cimentos com menor taxa de clínquer, o que é mais sustentável. “O traço dosado para fck aos 63 dias de idade é muito mais econômico que aos 28 dias de idade, cerca de 20%. A variabilidade da resistência do concreto é menor aos 63 dias do que aos 7 ou 28 dias. O consumo de cimento é menor. A emissão de gases de efeito estufa também é consideravelmente reduzida, em torno de 15% a 25%. Há uma diminuição no consumo de matérias-primas não renováveis e de energia. Estaremos a favor do planeta”, explica Paulo Helene.

Variáveis que afetam a resistência do concreto a longo prazo 

Para Paulo Helene, no mundo inteiro, a matéria-prima para a fabricação do cimento Portland é a mesma, assim como os procedimentos industriais, adições e aditivos. “É um material universal, barato, flexível, durável, resistente e abundante. Consumir cimento Portland e concreto em qualquer lugar do planeta é a mesma coisa. Por essa razão, a taxa de crescimento da resistência do concreto com a idade, em qualquer parte do mundo, é a mesma e está indicada no fib Model Code 2020, que é uma referência para os 193 países do planeta, especialmente para os 38 da Europa e nós do Brasil que o tomamos como referência conceitual. Da mesma forma, a taxa de crescimento da resistência também está indicada no ACI, e as curvas do fib e do ACI são muito similares; diria que são equivalentes”, afirma.

Paulo Helene ainda afirma que projetar para um fck a 63 dias, como fck = 40 MPa, ou projetar para fck = 40 MPa a 28 dias é igual, por exemplo, em um programa reconhecido no país, como o TQS. “O projeto resultante é o mesmo! A única diferença é escrever fck a 63 dias no carimbo. Com essa informação, o construtor, a concreteira e o laboratório de ensaio vão desenvolver um concreto com fck de 40 MPa a 63 dias, que é mais econômico, sustentável, racional e amigável ao meio ambiente. Talvez, em casos especiais, seja conveniente estudar o escoramento e a fluência, mas isso depende da data de aplicação das cargas de projeto. Nos casos usuais, só muda a data do ensaio. Até o corpo de prova é o mesmo. E a execução da obra segue no mesmo ritmo, salvo, talvez, em casos especiais, onde seria necessário um conjunto adicional de formas e escoramentos. Vale lembrar que formas e escoramentos têm emissão desprezível (quando comparados ao cimento e ao aço) de gases de efeito estufa, ou seja, podem ser usados sem restrições”, justifica.

Desafios ao adotar o fck a 63 dias

Segundo Paulo Helene, uma das dificuldades para adotar o  fck a 63 dias é o desconhecimento sobre a segurança das estruturas de concreto e sobre o comportamento dos materiais. “Considere-se que o texto da norma atual ABNT NBR 6118 ainda proíbe a adoção de fck com idade diferente de 28 dias. Infelizmente, é hoje, talvez, a única no mundo que ainda possui essa restrição. Outro problema é a insegurança, pois muitos projetistas não sabem como projetar com fck a 63 dias. E é muito simples!”, pondera.

Por outro lado, Paulo Helene acredita que o mercado da construção está preparado para adotar esta prática, embora toda evolução seja lenta.Projetar e construir estruturas é uma atividade de muita responsabilidade, que requer tempo, amadurecimento e a convicção de que vale a pena”, opina.

Entrevistado
Paulo Helene é sócio honorário do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). Ele também é engenheiro civil, professor titular da Universidade de São Paulo e diretor da PhD Engenharia. 

Contato: paulo.helene@concretophd.com.br 

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Upcycling na construção civil: preservação da memória histórica e sustentabilidade

A construção civil tem adotado novas práticas para acompanhar tendências de sustentabilidade e consumo consciente. Entre os conceitos que ganharam força nos últimos anos, destaca-se o upcycling, método que promove a reutilização criativa e com valor agregado de materiais obsoletos.

O upcycling consiste na transformação de materiais descartados ou obsoletos em objetos de valor com novos usos. Na construção civil, isso pode ocorrer por meio da reutilização de materiais de demolição para criar novos elementos arquitetônicos ou objetos de design.

Segundo Lilian Basilio, gerente de Obras e Pós-Obras da Incorporadora Weefor, o conceito vem ganhando popularidade desde os anos 2000, como uma resposta à demanda crescente por padrões de consumo mais conscientes e pela preservação do meio ambiente.

Upcycling e retrofit: abordagens complementares

Conceito incorpora a memória histórica a novos projetos, conectando o passado e o presente.
Crédito: Divulgação

Apesar de ambos os conceitos se alinharem a estratégias de sustentabilidade, upcycling e retrofit possuem aplicações que se diferem significativamente. O retrofit envolve a modernização de grandes estruturas e sistemas, frequentemente utilizando tecnologia para melhorar a eficiência energética de edifícios.

Já o upcycling foca em ressignificar elementos menores e incorporá-los de forma criativa a novos projetos. Dessa forma, as duas práticas podem ser complementares, combinando a modernização estrutural com o reaproveitamento criativo de materiais.

Em contraste com o retrofit, que se concentra em modernizar estruturas existentes para melhorar sua eficiência e funcionalidade, o upcycling adota uma abordagem mais simples e criativa, com foco em dar novo propósito a materiais que seriam descartados. “Enquanto o retrofit trata de incluir um novo sistema de conforto térmico em um prédio, o upcycling reutiliza azulejos antigos para criar uma obra de arte", exemplifica Lilian.

Leia também: Retrofit: um conceito que une engenharia e arquitetura para dar nova vida para edificações antigas

Conservação da memória e inovação

A Weefor incorporou o upcycling em seu portfólio como parte do desenvolvimento de seus empreendimentos, preservando a história dos locais onde as construções são erguidas. Um exemplo é o projeto MOVA WF, localizado em um terreno que abrigava casas dos anos 1970, repletas de elementos arquitetônicos e materiais que refletiam a época. “Quando recebemos os projetos vencedores do concurso WeeforARQ II, foi surpreendente verificar que os arquitetos conseguiram manter viva a história daquele terreno, respeitando e valorizando o passado. Isso nos inspirou a adotar o upcycling na arquitetura de interiores do MOVA WF”, conta Lilian.

No MOVA WF, localizado no bairro Batel, em Curitiba, os painéis de madeira das antigas casas foram transformados em móveis para o hall de entrada, e o piso foi reaproveitado para confeccionar mesas de centro. “Além disso, portas e outros materiais foram reformulados e incorporados em novas peças de design, unindo memória e sustentabilidade nas áreas comuns do empreendimento”, detalha.

Economia e outras vantagens do upcycling

Painéis das antigas casas foram transformados para uso no hall de entrada.
Crédito: Divulgação

A utilização de materiais já existentes não apenas reduz a extração de novos recursos naturais, mas também diminui os custos de descarte e transformação. “Há uma economia gerada pela reaplicação dos materiais, pois não há demanda por novos recursos e o processo tende a ser mais simples”, destaca Lilian. Essa prática favorece o consumo consciente e a circularidade dos bens de consumo, prolongando a vida útil dos materiais e diminuindo o impacto ambiental.

Além dos benefícios econômicos, o upcycling contribui para a preservação do patrimônio histórico. Materiais e objetos que fazem parte da memória de uma época ganham novos usos, perpetuando histórias e promovendo um vínculo emocional com o ambiente construído

Além do MOVA WF, o conceito de upcycling já havia sido aplicado em outros empreendimentos da incorporadora. Em outro empreendimento, isoladores elétricos industriais foram transformados em uma escultura pelo paisagista Felipe Eira, uma forma de homenagear a história do terreno e dar novo significado aos materiais do local.

Sustentabilidade histórica

O upcycling na construção civil vai além da reutilização de materiais, porque incorpora a memória histórica nos novos projetos, proporcionando uma conexão entre o passado e o presente. “Nossa ideia é que a história do terreno seja sempre parte integrante do desenvolvimento do produto, preservando tanto a materialidade quanto os significados históricos”, enfatiza.

Dessa forma, ao adotar o upcycling, as construtoras não apenas contribuem para um meio ambiente mais sustentável, mas também para a valorização cultural e a conservação da história dos locais onde atuam, criando empreendimentos que são tanto funcionais quanto simbólicos.

O upcycling abrange uma infinidade de materiais. Elementos oriundos de demolição, como blocos e lajes de concreto, podem ser utilizados como base de terrenos ou enchimento. Além disso, esses materiais podem ser utilizados para criação de obras de arte e esculturas. “O terreno onde será construído o projeto vencedor do WeeforARQ 3º Edição abrigava uma siderúrgica que possuía vários elementos de concreto. Dispponibilizamos para os participantes do concurso um acervo de imagens desses elementos para que possam se inspirar na história daquele terreno”, assinala.

Na construção civil, é cada vez mais necessário adotar conceitos que promovam uma nova forma de construir os empreendimentos e, até mesmo, as cidades. O upcycling oferece inúmeras oportunidades nesse sentido. “Pode ser aplicado na reutilização de materiais de demolição em novos produtos ou elementos de arquitetura e design, na confecção de mobiliário, na criação de novos usos para equipamentos de transporte e embalagens, entre outras possibilidades. Afinal, a criatividade para criar novos produtos pode ter como base a premissa de ressignificar objetos já produzidos e que estão fora de uso”, conclui.

Entrevistada

Lilian Basilio é arquiteta e urbanista graduada pela Universidade Positivo (UP), pós-graduada em BIM pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e gerente de Obras e Pós-Obras da incorporadora Weefor.

Contato: lucy@weefor.com.br

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Ana Carvalho
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Concreto de alto desempenho ajuda a aumentar a durabilidade de pontes

Entre os dias 22 e 25 de outubro, ocorreu o 65º Congresso Brasileiro do Concreto em Maceió (AL). O evento deste ano teve como tema “Inovações Tecnológicas nas Construções de Concreto” e uma das palestras apresentadas foi "Panorama Geral das Pontes Rodoviárias Brasileiras", ministrada por Ademir Santos, sócio-fundador da ADS Engenharia e Inovação e professor aposentado de Pontes e Estruturas de Concreto da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Durante o evento, Santos revelou que o Brasil possui cerca de 120.000 pontes rodoviárias, das quais apenas cerca de 12.000 têm informações consistentes, de acordo com o professor. Ele destacou que, quanto ao estado de conservação (Índice de Condição) das 12.000 pontes “conhecidas”, é possível estimar que:

- 10% delas requerem intervenções de recuperação imediata;
- 20% não requerem recuperação imediata, mas devem ser monitoradas regularmente;
- 70% estão em boas ou excelentes condições.

O palestrante ressaltou que esses dados se referem às pontes sob jurisdição do DNIT, das concessões privadas federais, dos Estados de São Paulo e da Bahia.

Em relação a outros países, Santos mencionou que é difícil estabelecer uma comparação justa, já que apenas cerca de 10% do total de pontes brasileiras têm dados confiáveis. “Diante deste quadro, pode-se afirmar que estamos alarmantemente atrasados em relação aos Estados Unidos ou Europa”, afirmou o professor.

A região Sudeste apresenta pontes com melhores Índices de Condição, enquanto a região Nordeste possui os índices mais baixos. Segundo Santos, o principal fator que causa essa disparidade é a quantidade de recursos disponíveis para manutenção.

Tecnologias para aumentar a durabilidade das pontes

Apenas cerca de 10% do total de pontes brasileiras têm dados confiáveis.
Crédito: Envato

O palestrante destaca que, para as novas pontes, é essencial considerar o uso de concreto de alto desempenho, armaduras menos suscetíveis à corrosão, projetos voltados para uma vida útil prolongada, além de uma fiscalização rigorosa na execução das obras. “Esses fatores certamente contribuirão para uma maior durabilidade das pontes”, comenta.

Para as pontes já construídas, Santos recomenda a implantação urgente de um sistema eficaz de gestão do patrimônio, visando garantir uma maior longevidade das estruturas.

Mudanças climáticas e as pontes

A mudança climática e os eventos extremos, como enchentes, têm impactado a segurança e a durabilidade das pontes no Brasil. Um dos casos mais emblemáticos são as enchentes no Rio Grande do Sul, que, entre outras consequências, resultaram no colapso de várias pontes.

“Diante deste cenário, podemos considerar nossa corresponsabilidade, tanto como cidadãos quanto como profissionais de Engenharia de Pontes: refletir e pesquisar novos materiais, investir em projetos que integrem novas estratégias de sustentabilidade (seja econômica, ambiental ou tecnológica), além de discutirmos, de forma coletiva, a articulação técnica e política da gestão da Engenharia. Afinal, tudo o que puder ser implementado sob a perspectiva coletiva, ou seja, soluções para escalonar o transporte, para modernizar a gestão do patrimônio construído, também contribui para a proteção do meio ambiente. Ademais, já não é mais possível compartimentar o pensamento”, afirma Santos.

Para o professor, a chave para enfrentar este desafio é a mobilização do Estado, nos âmbitos federal, estadual e municipal, das Instituições de Pesquisa e das Universidades, para, em um esforço conjunto, encontrar medidas de prevenção que mitiguem as consequências das mudanças climáticas. “A formação em engenharia neste século deve ser holística, exigindo a integração de saberes, habilidades e atitudes que possam impactar positivamente as dinâmicas de convivência nos espaços comuns, com a consciência de que existem recursos não-renováveis”, conclui Santos.

Entrevistado

Ademir Santos é sócio fundador da ADS Engenharia e Inovação, de Salvador (BA). É professor de Pontes e Estruturas de Concreto da UFBA (aposentado) e doutorando da Universidade do MINHO, Portugal.

Contato: ademir.santos@ads.eng.br

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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


CBIC revisa pela segunda vez consecutiva crescimento da construção civil para 3,5% em 2024

Pela segunda vez consecutiva, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou a projeção de crescimento do setor da construção civil, elevando a expectativa de 3% para 3,5%, refletindo uma trajetória de crescimento impulsionada pela alta na produção de insumos e no consumo de materiais. Essa nova projeção, acima do esperado para o início do ano, é sustentada pelo aumento nas vendas de cimento e pela elevação da produção física de insumos, que tiveram papel fundamental na recuperação do setor.

Construção civil segue como uma das principais fontes de emprego formal no país.
Crédito: Envato

De acordo com a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, a melhora no PIB da construção civil se deve, em grande parte, à retomada de obras e ao aquecimento da demanda no mercado imobiliário. “O setor mostra sinais de recuperação, mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador, com fatores que pressionam os custos e o financiamento de novos projetos”, afirma.

Além disso, houve crescimento de 4,3% na produção de insumos de janeiro a agosto deste ano e um salto de 10,4% nas vendas de cimento em setembro, com um acumulado anual de 48,7 milhões de toneladas. “O setor vem em um ciclo virtuoso de crescimento. O saldo de novas vagas geradas continua positivo e os empresários mantêm expectativas otimistas para o nível de atividade nos próximos seis meses. Diante desses fatores, é possível que o crescimento supere o inicialmente previsto”, afirma o presidente da CBIC, Renato Correia.

Os dados foram divulgados pela CBIC durante coletiva de imprensa online, na qual foram apresentados o desempenho econômico do setor no terceiro trimestre de 2024 e as perspectivas para o ano, incluindo informações sobre geração de empregos, custo da construção e os principais desafios enfrentados. O evento contou também com a participação do gerente de análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marcelo Azevedo. O levantamento faz parte do projeto ‘Inteligência Setorial Estratégica’, realizado pela CBIC em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional).

Crescimento de vendas no mercado imobiliário

O setor imobiliário também teve papel relevante no crescimento da projeção do PIB da construção, com um aumento de 5,7% nos lançamentos e de 15% nas vendas de imóveis no primeiro semestre.

O financiamento imobiliário, impulsionado pela demanda das famílias e pela leve queda na taxa de juros, favoreceu a compra de novas unidades. As unidades financiadas pelo FGTS registraram um crescimento expressivo de mais de 40% entre janeiro e agosto de 2024, em comparação ao mesmo período do ano passado, enquanto os financiamentos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) cresceram 5,4%.

Ieda ressalta que o aquecimento no consumo interno e a leve flexibilização nas condições de crédito contribuíram para o fortalecimento do setor. No entanto, o ambiente ainda apresenta desafios, particularmente em relação ao financiamento por caderneta de poupança, que pelo quarto ano consecutivo fecha com captação líquida negativa. “Essa captação negativa afeta diretamente o financiamento imobiliário e a continuidade de projetos, o que precisa ser monitorado para garantir a sustentabilidade do crescimento no setor”, afirma a economista.

Desafios do setor em 2024

Mesmo com o crescimento, a construção civil enfrenta desafios complexos neste ano, exigindo adaptação e novas estratégias. Entre os principais problemas estão:

Aumento nos custos de insumos e mão de obra: os custos de materiais e da mão de obra registraram altas significativas, com o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acumulando 5,48% em 12 meses, bem acima do IPCA de 4,42% no mesmo período.

Desde o início da pandemia, os materiais acumularam alta de 63%, e a mão de obra, 40%, o que impacta diretamente a margem de lucro e os preços dos imóveis. “Esses aumentos refletem uma pressão que deve ser repassada ao preço final, tornando o acesso à moradia mais difícil”, explica.

Taxa de juros elevada: a Selic, apesar de ter registrado uma leve redução recentemente, permanece em patamares elevados, o que encarece o crédito e limita o acesso a novos financiamentos, tanto para construtoras quanto para consumidores. Ieda aponta que a alta taxa de juros afeta diretamente a viabilidade de novos empreendimentos, aumentando a instabilidade nas projeções de médio e longo prazo do setor.

Falta de mão de obra qualificada: a escassez de trabalhadores qualificados no setor é um problema crescente, que impacta não apenas os custos, devido à demanda elevada por profissionais especializados, mas também a produtividade, principalmente em obras de infraestrutura e empreendimentos de alta complexidade.

Carga tributária elevada: a reforma tributária, embora necessária, trouxe incertezas quanto à neutralidade fiscal para o setor, que busca uma redução significativa nas alíquotas para manter a competitividade e estimular o investimento.

Geração de empregos permanece robusta

Apesar das dificuldades, a construção civil segue como uma das principais fontes de emprego formal no país. Nos últimos 12 meses, o número de trabalhadores formais na construção civil cresceu 5,24%, com 2,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada em agosto de 2024, o maior número desde 2014. Desde 2021, o setor vem criando mais de 210 mil novos empregos formais entre janeiro e agosto de cada ano. O setor representa 6,27% do total de trabalhadores formais no Brasil, mas responde por mais de 12% das novas vagas criadas.

Com uma visão otimista, o setor deve seguir em crescimento até o final do ano, embora o financiamento e os custos sigam pressionando o setor, com desafios a serem enfrentados para garantir a sustentabilidade e a competitividade da construção civil no Brasil.

Fonte:
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) 

Contato: ascom@cbic.org.br

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Como funcionará o mercado de carbono para a indústria cimentícia?

Entre os dias 22 e 25 de outubro, ocorreu o 65º Congresso Brasileiro do Concreto em Maceió (AL). O evento deste ano teve como tema “Inovações Tecnológicas nas Construções de Concreto” e uma das palestras apresentadas foi "Regulamentação do mercado de carbono", ministrada por Edna Possan, professora associada Nível 4 na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e coordenadora do LADEMA (Laboratório de Desempenho, Estruturas e Materiais).

De acordo com Edna, o mercado de carbono foi idealizado  na Eco-92, foi formalizado no Protocolo de Kyoto e ganhou força com o Acordo de Paris, que estabeleceu regras para emissões e créditos de carbono, onde quem reduz ou remove emissões pode vender créditos e quem emite além do limite máximo dado pelas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas, do inglês, Nationally Determined Contribution)  pode comprá-los.

Indústria do cimento só conseguirá atingir o net zero por meio de captura de carbono (CCUS) ou pela compra de créditos.
Crédito: Envato

“Para que o setor cimentício atinja carbono negativo ou net zero até 2050, é essencial considerar as especificidades deste material. O cimento enfrenta limitações quanto à descarbonização, pois uma parte de suas emissões está ligada à descarbonatação de rochas calcárias. Deste modo, a indústria de cimento precise precisará recorrer à remoção, compensação ou captura de carbono para alcançar o net zero. Atualmente, as estratégias em curso pelo setor incluem a substituição do clínquer, a alteração de alguns combustíveis e melhoria da eficiência energética e o coprocessamento. Em conjunto com a recarbonatação (ainda em discussão para futuras considerações no balanço das emissões), essas ações possibilitam uma redução considerável das emissões associadas ao cimento. Em torno de 36 a 40% das emissões dependerão de outros processos de redução ou remoção”, explica a professora.

O grande desafio para as indústrias ligadas à construção está em reduzir suas emissões a baixo custo. “Com a implementação de um preço para o carbono, produtos que comercializamos, como cimento, aço e outros materiais de construção de alta emissão de carbono, terão seu custo impactado. E, com isso, fica difícil manter a competitividade”, aponta Edna.

O mercado de créditos de carbono é regulado conforme as metas climáticas estabelecidas pelo Acordo de Paris e as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) brasileiras. “Cada setor produtivo possui uma meta de emissões. No caso do cimento, segundo a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) a média global de emissão do cimento é de cerca de 630 kg de CO₂ por tonelada, enquanto no Brasil a média é de 560 kg, o que gera um ‘crédito’ de aproximadamente 70 kg por tonelada por emitirmos menos que a média global”, comenta a professora.

De acordo com Edna, as compensações também são feitas por meio de projetos de captura de carbono, com destaque para reflorestamento e manejo de florestas, que representam as maiores capturas. “As empresas do setor de cimento podem contabilizar áreas de preservação como créditos, mas certamente terão que adquirir créditos adicionais de outros projetos de crédito de carbono”, indica.

A professora alerta que essa transição é urgente e já vem sendo tratada pelo setor já que a indústria do cimento tem metas para reduzir as emissões de CO₂ até 2030 e atingir a neutralidade de carbono até 2050. 

Iniciativas e tecnologias de captura de carbono

No ciclo de vida dos materiais à base de cimento, é possível capturar uma pequena quantidade de carbono por meio da recarbonatação. “Podemos também empregar CO₂ no processo de cura carbônica de materiais a base de cimento, ou no tratamento de partículas de agregado. Contudo, esse é um ganho modesto, incapaz de reduzir drasticamente as emissões do setor cimenteiro. O desafio é desenvolver tecnologias acessíveis para potencializar essas soluções”, afirma Edna.

Algumas tecnologias de captura direta de carbono do ar ou dos processos industriais já existem, mas são caras e ainda pouco eficazes. “ Uma opção é o armazenamento geológico, onde o CO₂ é injetado em rochas porosas no subsolo, embora isso envolva custos altos para transporte e injeção, além de incertezas quanto aos impactos ambientais a longo prazo”, sugere a professora.

Outra estratégia é converter o CO₂ em produtos úteis. “Um exemplo promissor é a tecnologia desenvolvida pela USP, que transforma o dióxido de carbono em metanol, e o desejo dos pesquisadores é avançar para a pesquisa para a produção etanol, onde se poderia viabilizar o uso de CO₂ como fonte de combustível. Estes processos requererem muita energia, tecnologia e inovação, e se conseguirmos desenvolver essa promissora tecnologia com uma matriz energética limpa, podemos tornar viável a produção de etanol diretamente do CO₂, evitando a necessidade de uso da cana-de-açúcar e aproveitando a infraestrutura de transporte já existente para etanol. Essas tecnologias ainda estão em desenvolvimento, mas acredito que, com avanços contínuos, será possível tornar o CO₂ uma fonte viável de recursos”, constata Edna.

Desafios na regulamentação do mercado de carbono no Brasil

No Brasil, há o Projeto de Lei 182 para instituir o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Atualmente, ele está em tramitação, e um dos desafios é tentar equilibrar um preço que incentive a redução sem inviabilizar o uso de materiais essenciais.

“Hoje, no mercado global, o preço do carbono varia de 0 a 167 dólares por tonelada – sendo que 167 dólares é um outlier, aplicado no Uruguai. Em média, o valor gira em torno de 10 dólares. Países em desenvolvimento tendem a adotar uma taxação mais baixa, mas acredito que a taxação no Brasil precisa ser ajustada com um valor que incentive as indústrias a reduzir emissões, sem encarecer o produto a ponto de inviabilizar sua comercialização. Esse é o equilíbrio delicado: uma taxação que motive as empresas a se adaptarem, sem ser tão baixa que ninguém sinta o impacto, nem tão alta que encareça o concreto e os materiais cimentícios a ponto de comprometer o setor da construção”, expõe Edna.

Entrevistada

Edna Possan é doutora em Engenharia Civil (2010) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com mestrado (2004) pela mesma universidade. Graduada em Engenharia Civil (2003) pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Professora Associada Nível 4 na Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA) e coordenadora do LADEMA (Laboratório de Desempenho, Estruturas e Materiais). Diretora do Centro Interdisciplinar de Tecnologia e Infraestrutura (ILATIT-UNILA) de 2013 a 2015 e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPGECI) de 2020 a 2024. Presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC) ciclo 2024-2026, da qual já foi diretora de relação interinstitucionais (2018-2020) e vice-presidente (2020-2022). É membro fundador da Associação Latino-Americana de Patologia da Construção (ALCONPAT Brasil). Socia do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), da Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción (ALCONPAT Internacional). É membro do comitê técnico da ABNT - CE 18:300.06 - Comissão de Estudo de Durabilidade do Concreto, deste 2009. Conselheira do CREA-PR (2020 a 2025). Recebeu diversos prêmios, dentre eles Embaixador do Iguaçu Iguassu Convention, Joven Investigador Destacado o Productivo - ALCONPAT Internacional e Educador do ano - CREAPR. Atua na área de patologia das construções, materiais de construção e meio ambiente. Tem experiência na área de Engenharia, com ênfase em durabilidade, previsão de vida útil probabilística e determinística, emissões e captura de CO2, aproveitamento de resíduos sólidos, sustentabilidade da construção economia circular e ecoeficiência (ODS 11 e 12). Também atua na temática de women in science (ODS 5).

Contato: epossan@gmail.com 

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Marina Pastore - DRT 48378/SP 
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Concreto aparente: uma tendência moderna e sustentável na construção civil

Concreto aparente no Infinitá Treehouse traz harmonia e integra o edifício com a natureza.
Crédito: Architects Office

Cada vez mais presente em empreendimentos de alto padrão, o concreto aparente tem se destacado como uma opção que une funcionalidade, estética e durabilidade. Esse tipo de material, conhecido por sua robustez e versatilidade, vem ganhando espaço na construção civil, sendo utilizado não apenas como elemento estrutural, mas também como um componente arquitetônico de destaque. 

O concreto aparente é um material utilizado em construções onde a estrutura do concreto não é revestida por outros materiais, como argamassa ou pintura. Isso significa que o concreto em si torna-se um elemento estético do projeto. Por meio de diferentes técnicas, como a adição de pigmentos ou a escolha de moldes específicos, é possível personalizar a aparência do concreto, tornando-o um material visualmente atraente e arquitetonicamente sofisticado.

O coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras, Jair Schwanck Esteves, ressalta a evolução desse material. “A melhoria do concreto estrutural e suas características de adaptabilidade e durabilidade oferecem ao mercado inúmeras possibilidades, incluindo o concreto aparente, que possui grande potencial de crescimento”, afirma.

Vantagens do concreto aparente

Um dos grandes diferenciais do concreto aparente é a sua durabilidade. Esse tipo de material é altamente resistente às intempéries, como chuva, vento e sol, o que o torna uma opção ideal para fachadas e áreas externas de edifícios. Além disso, o concreto aparente requer pouca manutenção ao longo do tempo, já que não depende de pintura ou outros acabamentos que possam deteriorar com o passar dos anos.

Fachadas de vidro conectam os moradores à Mata Atlântica e ao mar.
Crédito: Architects Office

Outra vantagem importante do concreto aparente é a economia em relação ao acabamento. Como o material já é utilizado na estrutura da obra, o concreto aparente elimina a necessidade de revestimentos adicionais, o que pode reduzir custos e agilizar o processo de construção. Além disso, o concreto aparente é uma escolha sustentável, já que minimiza o uso de materiais extras e, consequentemente, a geração de resíduos.

No que diz respeito ao aspecto estético, o concreto aparente oferece uma aparência moderna e industrial, muito valorizada em projetos contemporâneos. Combinado a elementos de vidro e aço, o concreto confere sofisticação e personalidade aos empreendimentos.

Outra possibilidade é a aplicação de concreto aparente pigmentado, que adiciona identidade e diferencial aos empreendimentos. Segundo Esteves, o uso de protótipos para analisar a quantidade de argamassa e outros componentes é essencial para evitar imperfeições nas estruturas, especialmente em áreas com alta densidade de armadura. “Além disso, a utilização deste concreto exige precauções específicas para assegurar a qualidade final do produto, incluindo a limpeza interna do caminhão betoneira e a conservação dos materiais durante todo o processo de construção”, assinala.

Concreto aparente no Infinitá Treehouse

Concrebras utilizou 1.313 m3 de concreto aparente na obra.
Crédito: Architects Office

Um dos exemplos de aplicação do concreto aparente em empreendimentos de luxo é o Infinitá Treehouse, da Construtora Blue Heaven, em fase final de construção em Itajaí (SC). Com apartamentos que variam de 350 m2 a 805 m2, o edifício alia inovação arquitetônica e integração com a natureza. O projeto conta com amplas fachadas de vidro que conectam os moradores à Mata Atlântica e ao mar, além de soluções de automação personalizadas e piscinas suspensas.

O engenheiro Jair Esteves explica que, no Infinitá Treehouse, 31% do material utilizado na obra foi de concreto aparente, um total de 1.313 m3. “O uso do concreto aparente neste empreendimento foi cuidadosamente planejado para garantir tanto a durabilidade técnica quanto a estética. Foram utilizados aditivos cristalizantes e sílica ativa para aumentar a resistência e reduzir a porosidade, além de conferir uma estética diferenciada”, explica.

Integração com a natureza e sustentabilidade

O concreto aparente, quando bem aplicado, pode ser uma peça-chave na integração dos edifícios com o ambiente natural. No caso do Infinitá Treehouse, o uso desse material combinou com as fachadas de vidro, promovendo uma harmonia entre o edifício e o entorno. A integração com a paisagem da Mata Atlântica e a vista para o mar foram elementos essenciais no projeto, que já recebeu o prêmio Rethinking the Future, do Global Architecture & Design Awards 2023, pela sua ousadia arquitetônica e inovação tecnológica.

O empreendimento foi o grande vencedor na categoria Arquitetura/Prédios Altos no People’s Choice Award no LOOP Design Awards 2024, reforçando sua relevância no cenário internacional da arquitetura. Além da estética moderna proporcionada pelo concreto aparente, a automação de alta tecnologia e as piscinas suspensas elevam o nível de sofisticação e luxo do edifício.

Futuro do concreto aparente na construção civil

Com o avanço das tecnologias de construção e a busca crescente por soluções sustentáveis e estéticas, o concreto aparente tem tudo para se consolidar como uma tendência forte na arquitetura brasileira. À medida que mais construtoras adotam o concreto aparente em seus projetos, a tendência é que esse material se torne cada vez mais acessível e presente em diferentes segmentos da construção civil, desde empreendimentos residenciais de luxo até edifícios comerciais e públicos. A durabilidade, a estética e a sustentabilidade são diferenciais que fazem do concreto aparente uma escolha inteligente para o futuro das construções.

Entrevistado

Jair Schwanck Esteves é engenheiro civil formado pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias em Engenharia (IPOG) e coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras. 
Contato: jair.esteves@concrebras.com.br

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Ana Carvalho
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Minicidade tecnológica transforma o interior do Paraná em polo de inovação e empreendedorismo

Meta do Biopark é se consolidar como um dos maiores polos de inovação do país.
Crédito: Divulgação

A região Oeste do Paraná está em plena transformação com a construção de uma minicidade tecnológica voltada para a inovação e o desenvolvimento. Localizado em Toledo, a cerca de 500 km de Curitiba, o Biopark - Parque Tecnológico do Oeste do Paraná - ocupa uma área de cinco milhões de metros quadrados e se destaca como um polo de educação, pesquisa e empreendedorismo.

Iniciado em 2016, o projeto busca criar um ecossistema integrado que vai além da simples oferta de infraestrutura, promovendo um ambiente colaborativo entre empresas, universidades e centros de pesquisa. “Queremos estabelecer um ecossistema que estimule a inovação, a pesquisa, a educação e a moradia, atraindo empresas de tecnologia e startups que desenvolvam soluções em um ambiente colaborativo”, explica Victor Donaduzzi, presidente executivo do Biopark. Desde o seu lançamento, a iniciativa tem contribuído para transformar uma região predominantemente agrícola em uma área urbana moderna.

Educação como pilar fundamental

A educação é um dos principais pilares do Biopark, com o objetivo de impactar positivamente a vida das pessoas e fomentar o desenvolvimento de novos projetos e oportunidades. Segundo Donaduzzi, isso é feito a partir de um modelo educacional moderno, atraente aos estudantes e capaz de gerar pesquisa, inovação e novos negócios. Em 2024, a instituição destinou mais de R$ 5 milhões em bolsas de estudo, o que contribuiu para seu reconhecimento como Entidade de Utilidade Pública em Toledo.

A Biopark Educação é atualmente considerada a melhor instituição de ensino superior do Oeste do Paraná, com 70% dos cursos aprovados ou reconhecidos com nota máxima pelo MEC e 86% de empregabilidade entre os estudantes. “Para os próximos anos, a meta é expandir em 40% o portfólio de cursos oferecidos. Em 2025, o Colégio Donaduzzi iniciará suas atividades, atendendo 300 alunos do ensino fundamental e médio com um currículo bilíngue e metodologias de ensino ativas”, informa.

Investimentos em pesquisa e empreendedorismo

Parque oferece infraestrutura diversificada, como coworkings, laboratórios e barracões industriais.
Crédito: Divulgação

O Biopark se consolidou como um centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI), abrigando iniciativas que visam resultados práticos. A Unidade Mista de Pesquisa e Inovação da Embrapa Oeste Paranaense, por exemplo, tem se destacado em projetos relevantes, como o NAPI Alimentos Saudáveis, que recebeu um investimento de R$ 25 milhões. Além disso, áreas como Biomateriais e a produção de queijos finos têm ganhado reconhecimento nacional e internacional.

O apoio ao empreendedorismo é outro diferencial do Biopark. Com mais de 200 empresas fazendo parte de seus programas de incubação e aceleração, o parque oferece infraestrutura diversificada, como coworkings, laboratórios e barracões industriais. “Estamos focados em fomentar o empreendedorismo, buscando desenvolver empresas e empreendedores do zero”, destaca Donaduzzi. Nos próximos meses, um novo prédio empresarial será construído para atender empresas da área de tecnologia, ampliando ainda mais as oportunidades.

Infraestrutura e qualidade de vida

A estrutura do Biopark contempla um loteamento universitário, espaços comerciais e residenciais, além de áreas de lazer, como parques, ciclovias e pistas de caminhada. O projeto inclui a construção de um hospital e melhorias na infraestrutura de acesso, como uma trincheira sob a PR-182, que trará mais segurança no trânsito. Para garantir a segurança, o Biopark está implementando um sistema de vigilância eletrônica conectado à Guarda Municipal de Toledo.

“A rápida expansão exige atenção especial para manter a gestão eficiente e a governança”, explica Donaduzzi, reforçando o compromisso do Biopark com o desenvolvimento estruturado.

O parque tecnológico está transformando não só Toledo, mas toda a região, com perspectivas promissoras para se consolidar como um dos maiores polos de inovação do Brasil.

Entrevistado

Victor Donaduzzi é graduado em Química pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), com MBA pela Universidade de Pittsburgh (EUA) e especialização em Ecossistemas de Inovação pelo MIT - Massachusetts Institute of Technology (EUA). Atualmente, é vice-presidente do Conselho de Administração e presidente Executivo do Biopark, e investidor em startups que impulsionam o futuro da inovação. Contato: sarah@centralpress.com.br

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Ana Carvalho
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Lei restabelece gradualmente a reoneração sobre a folha de pagamentos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 14.973 (publicada no DOU Extra de 16/9/2024), que estabelece a reoneração progressiva da folha de pagamento para a construção civil e outros 16 setores a partir de 2025. Assim, a desoneração permanece em vigor até o final de 2024.

A partir de 2025, a reoneração gradual para a construção civil será realizada da seguinte maneira:

• 2025 – 3,6% sobre a receita bruta e 5% sobre a folha de pagamento;

• 2026 – 2,7% sobre a receita bruta e 10% sobre a folha de pagamento;

• 2027 – 1,8% sobre a receita bruta e 15% sobre a folha de pagamento;

• 2028 – 20% sobre a folha de pagamento.

Larissa Mendes Ferreira da Silva, sócia do escritório HM Advogados Associados,  afirma que a reoneração sobre os custos de operação das empresas de construção civil resultará em um aumento nos custos trabalhistas, afetando a margem de lucro das empresas. “Com a volta da tributação sobre a folha, as empresas terão que rever seus orçamentos e, possivelmente, aumentar os preços dos serviços finais. 

Desde a compra de terrenos até o planejamento de novos empreendimentos, tudo precisa ser feito com previsões cuidadosas, pois os custos futuros são incertos.
Crédito: Envato

Para Gilberto Bergamin, advogado especialista em direito empresarial e sócio fundador da Hauss Brasil, startup de construção civil, a transição para a reoneração trará um impacto significativo nos custos de operação das empresas do setor. “A reoneração é necessária para equilibrar as contas públicas, mas coloca uma pressão extra nas margens de lucro das empresas de construção. Com a elevação gradual dos encargos sobre a folha, as empresas precisarão se adaptar para manter a competitividade. Isso pode reduzir a criação de novos empregos e forçar uma reavaliação na estrutura de pessoal”, pondera Bergamin. 

David Fratel, coordenador do Grupo de Trabalho de Recursos Humanos do CTQ do SindusCon-SP, explica que as empresas de construção civil operam, em sua maioria, em regime de SPEs (Sociedades de Propósito Específico). “Quando a desoneração foi implantada, ela foi uma grande ajuda para o setor, uma vez que a mão de obra direta representa de 35% a 40% dos custos totais de uma obra, em grande parte devido ao caráter ainda artesanal da construção civil no Brasil. O INSS tem um peso significativo nos custos devido à alíquota de 20% sobre a folha de pagamento. Para que possamos analisar o impacto da reoneração, é importante verificar se as empresas optaram pela desoneração ou não. Em muitos casos, as construtoras subcontratam empreiteiras, e se essas empreiteiras optaram pela desoneração – neste caso, o impacto será maior. Esse aumento de custo será repassado às construtoras, incorporadoras e, inevitavelmente, ao consumidor final”, pontua.

A grande questão, segundo Fratel, é que o preço dos imóveis deve ser ajustado, o que gera preocupação no setor, já que um aumento no valor final pode afetar as vendas e reduzir o volume de novos empreendimentos. Na opinião dele, a construção civil, como grande geradora de empregos no Brasil, merece um tratamento diferenciado nesse processo, semelhante ao debate em torno da reforma tributária. “Se a construção civil for tratada da mesma forma que a indústria, o impacto será direto nos preços e, por consequência, nas condições de compra dos consumidores”, alerta.

Quadro de empregados

Como contrapartida para o benefício, as empresas deverão manter ao menos 75% dos empregados. Para Bergamin, essa exigência como contrapartida para o benefício fiscal trará mais um fator de pressão. “Diante desse cenário, as empresas que dependem fortemente da mão de obra intensiva, sobretudo para projetos de grande escala, precisarão de uma gestão mais cuidadosa para evitar atrasos nos cronogramas e aumentos nos custos operacionais. O aumento nos encargos trabalhistas pode comprometer prazos e margens de lucro, especialmente em contratos públicos, onde os valores são fixados e a flexibilidade financeira é limitada”, pontua.

Como enfrentar a situação?

Para as empresas do setor, Fratel e Bergamin recomendam agir com prudência, adaptando o planejamento estratégico e tributário para enfrentar os desafios que se aproximam, equilibrando os custos e as incertezas do mercado.

Bergamin também enfatiza a importância da inovação tecnológica e o uso de metodologias construtivas industrializadas serão cruciais. “Empresas que já adotam essas abordagens estão à frente ao minimizar a dependência de operários em campo, otimizando a construção dentro de ambientes controlados”, afirma.

Entrevistados

Larissa Mendes Ferreira da Silva é sócia do escritório HM Advogados Associados.

Gilberto Bergamin, advogado especialista em direito empresarial e sócio fundador da Hauss Brasil, startup de construção civil.

David Fratel, coordenador do Grupo de Trabalho de Recursos Humanos do CTQ do SindusCon-SP.

Contatos

Assessoria de imprensa Sinduscon-SP: dbarbara@sindusconsp.com.br

Gilberto Bergamin: gilberto@bergaminadv.com.br

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Marina Pastore - DRT 48378/SP
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Pontos de ônibus de São Paulo ganham pavimento de concreto

A Prefeitura de São Paulo, por meio da SPTrans, vem realizando a troca de pavimento em pontos de ônibus da capital paulista.

Segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito, as obras incluem a substituição do asfalto por concreto, material mais adequado para áreas com tráfego intenso e frequente de veículos pesados, como os ônibus. Além disso, a reforma abrange a revitalização dos passeios, guias, sarjetas e outros serviços complementares nas paradas de ônibus localizadas fora dos corredores exclusivos do sistema de transporte coletivo da cidade, com o objetivo de aumentar a segurança e o conforto dos passageiros.

Ainda há 53 pontos de ônibus que deverão ganhar pavimento de concreto, com previsão de entrega até janeiro de 2025.
Crédito: SPTrans/divulgação

A SPTrans informou ao Massa Cinzenta que a escolha do concreto para pavimentar as paradas de ônibus se deve à maior resistência e durabilidade do material, quando comparado ao pavimento flexível, oferecendo mais conforto aos passageiros. 

Entre 2020 e 2024, foram executados 208 serviços e utilizados 20.364 m³ de concreto, sendo 16.768 m³ nas vias e 3.596 m³ nos passeios, segundo informações da Secretaria. Dentre os pontos que receberam o serviço, estão as paradas de ônibus na Avenida Celso Garcia, Rangel Pestana e Alcântara Machado.

De acordo com a SPTrans, há, ainda, outros 53 pontos já contratados, com previsão de entrega até janeiro de 2025.

Terminal Diadema

Não é só a cidade de São Paulo que vem investindo no pavimento de concreto nos pontos de ônibus. Em fevereiro de 2023, foi concluída a reforma do pavimento rígido do Terminal Diadema. Segundo a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), ao todo, as duas fases da reforma resultaram na substituição de 96 placas de concreto em uma área de 1.200 m². O novo piso substitui o antigo, que estava em uso há mais de 30 anos sem nunca ter sido renovado. O material empregado é concreto armado, com uma durabilidade quatro vezes superior à do pavimento de concreto tradicional. 

Ainda há 53 pontos de ônibus que deverão ganhar pavimento de concreto, com previsão de entrega até janeiro de 2025.
Crédito: SPTrans/divulgação

A EMTU aponta que entre os benefícios esperados estão a redução nos custos de manutenção dos ônibus, especialmente com suspensão e pneus, devido à superfície regular e sem defeitos. Além disso, é prevista uma diminuição nos problemas com a rede elétrica aérea, frequentemente afetada por pisos irregulares. 

Exemplo de Curitiba

Uma das cidades pioneiras no uso de pavimento de concreto nos corredores de ônibus é Curitiba (PR). “A cidade foi a grande precursora no uso de pavimento de concreto nos corredores urbanos, virou até produto de exportação, o chamado BRT. Foi uma iniciativa muito bem sucedida e que vale a pena ser expandida para outras cidades do Brasil”, afirma Dejalma Frasson Junior, gerente da Regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Fontes

SPTrans;

Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito;

Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU);

Dejalma Frasson Junior é gerente da Regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Contatos

SPTrans - comunicacao@sptrans.com.br
ABCP - daniela.nogueira@fsb.com.br
EMTU - imprensa@emtu.sp.gov.br

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