Restauração da SC-305 começa a receber whitetopping ainda este ano e deve impulsionar indústrias, agricultura e pecuária
Uma importante transformação está em andamento na rodovia SC-305, que conecta São Lourenço do Oeste a Campo Erê, no Extremo-Oeste catarinense. Após quase 30 anos sem investimentos significativos, o projeto de revitalização da rodovia não apenas prevê melhorias na estrutura, como também traz inovações ao optar pelo pavimento rígido em concreto, uma técnica conhecida por sua durabilidade e resistência. A obra faz parte do programa estadual Estrada Boa e está orçada para conclusão em 24 meses, prometendo um impacto profundo para a região.
A SC-305 é uma via essencial para a economia e mobilidade no Noroeste catarinense, especialmente para o escoamento da produção local e para o deslocamento de pacientes entre cidades. Dejalma Frasson Junior, gerente da regional Sul da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), ressalta a importância dessa obra. “Essa rodovia estadual existente em asfalto não recebia obras de manutenção há muito tempo e, assim, encontra-se muito degradada. Isso tem ocasionado prejuízos tanto econômicos, pois é um importante corredor logístico, quanto perda de vidas devido a ocorrências de acidentes envolvendo caminhões”, relata.
Everaldo Di Berti, coordenador regional da Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade (SIE) do Extremo-Oeste, destaca que a rodovia liga o Estado ao Paraná e permite o escoamento da produção local. “A obra terá um impacto positivo direto nos municípios de São Lourenço do Oeste e Campo Erê, e também indiretamente em cidades como Pato Branco, Palma Sola e Flor da Serra do Sul”, enumera.
Além disso, a rodovia funciona como uma importante ligação para outras rotas estaduais e federais, facilitando o fluxo entre os Estados de Santa Catarina e Paraná. Segundo Di Berti, a restauração e a ampliação da SC-305 com pavimento de concreto e a adição de faixas adicionais vão trazer desenvolvimento e muito mais segurança, evitando acidentes ao longo do trecho.
Detalhes técnicos e inovações da obra
A restauração da SC-305 envolve um conjunto de melhorias estruturais. Com 28 quilômetros de extensão, o projeto inclui a terraplanagem e a drenagem da via, além de acrescentar 11,12 km de faixas adicionais, garantindo melhor fluidez no trânsito. “A restauração da rodovia em concreto dará vida útil de no mínimo 20 anos e impulsionará as indústrias da região destacando-se a indústria moveleira, o setor alimentício, implementos agrícolas, bem como agricultura e pecuária”, observa Frasson Junior.
A obra já conta com 18 quilômetros de terraplanagem concluída e 15 quilômetros de sub-base de macadame e base de Concreto Compactado com Rolo (CCR) finalizados. Este avanço, segundo a Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade, permite que ainda neste ano se inicie a aplicação do concreto nas terceiras faixas e no leito principal da rodovia.
O projeto também contempla três interseções: uma com acesso a propriedades rurais, outra na SC-159, e uma última na estrada rural Linha São Brás, que dá acesso ao ginásio de esportes. “Além da restauração do pavimento, será realizada a ampliação das faixas de rolamento, com inclusão de acostamento em concreto ao longo de toda a extensão rural. Também serão implantados 10.625 metros de terceiras faixas e correção geométrica das curvas existentes”, detalha Frasson Junior.
Pavimento rígido: maior durabilidade e economia
Um diferencial importante na obra é a escolha pelo pavimento rígido, ou whitetopping, que consiste em uma camada de concreto sobreposta ao pavimento asfáltico existente, com 23 cm de espessura. Essa opção não apenas garante uma maior durabilidade, como também representa economia a longo prazo para a administração estadual. Ao todo, serão utilizados 60.695,88 m3 de concreto no projeto, resultando em uma rodovia preparada para o intenso fluxo diário de cerca de 5.000 veículos.
Segurança e desenvolvimento para o Extremo-Oeste
Com o andamento das obras na SC-305, a expectativa é de que a região se beneficie em diversos aspectos. A infraestrutura melhorada e a adição de faixas adicionais contribuirão para a segurança dos motoristas e para a redução do tempo de viagem entre as cidades. Além disso, o novo pavimento rígido é uma garantia de que a estrada suportará o aumento no volume de tráfego sem necessitar de reparos frequentes, como ocorre com o asfalto convencional.
Além do impacto econômico e social da SC-305 no desenvolvimento regional, conectando Santa Catarina ao Paraná de forma mais eficiente e segura, os benefícios serão perceptíveis para a economia local e para a mobilidade de quem depende da rodovia diariamente. “A restauração da rodovia e implantação das faixas adicionais resultarão em viagens mais rápidas, economizando tempo durante o deslocamento”, assinala Di Berti.
Assim, a revitalização da SC-305 é uma obra de grande magnitude para o Extremo-Oeste de Santa Catarina. Em meio a desafios logísticos e técnicos, a concretização deste projeto representa um marco para o desenvolvimento da infraestrutura local, com ganhos econômicos e sociais de longo prazo. Com previsão de conclusão para novembro de 2025, a comunidade aguarda ansiosa pela nova SC-305, que promete transformar o transporte e fortalecer a economia da região.
Entrevistados
Dejalma Frasson Junior é engenheiro civil graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduado em Edificações, Gestão Empresarial, Tecnologia do Concreto e Engenharia Rodoviária. Foi pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Atualmente, é gerente da regional Sul da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).
Everaldo Di Berti é coordenador regional da Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade (SIE) do Extremo-Oeste.
Contatos:
dejalma.frasson@abcp.org.br
crext@sie.sc.gov.br
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Ana Carvalho
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Como usar a engenharia para contenção de tsunamis e erosão costeira?
A engenharia pode desempenhar um papel essencial na mitigação dos impactos causados por tsunamis e pela erosão costeira. Soluções como a construção de diques, barreiras marítimas e obras de engordamento de praias, ajudam a proteger infraestruturas, preservar ecossistemas e garantir a segurança das populações.
Como se formam os tsunamis?
Francisco Dourado, geólogo e professor da Faculdade de Geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), explica que as ondas de tsunami geralmente são geradas por terremotos de intensidade superior a sete pontos na escala Richter. “No entanto, não basta apenas a intensidade; o tipo de terremoto também é determinante. O maior risco de tsunamis ocorre nos terremotos convergentes. Quando as placas se encontram, uma se eleva enquanto a outra desce, empurrando a água para cima e gerando uma onda poderosa. Esse movimento vertical é o principal responsável pela formação de tsunamis significativos. Já nos terremotos divergentes (quando as placas se afastam), embora menos comuns, também pode haver deslocamento de água. Isso ocorre porque a separação das placas cria um ‘vazio’ que provoca o movimento da água. Por outro lado, os terremotos transcorrentes, onde as placas deslizam lateralmente, não geram tsunamis”, expõe o geólogo.
Como fazer a contenção e prevenção de ondas gigantes?
De acordo com Dourado, para fazer a prevenção e contenção de desastres, existem dois grandes eixos: sistemas de alerta precoce e obras físicas de contenção.
- Alerta precoce: Para prevenir os impactos de tsunamis, é fundamental identificar o tipo de terremoto, sua intensidade e características. “A partir dessas informações, modelamos as ondas para prever quais áreas serão afetadas e com que intensidade. Quanto maior o comprimento de onda, maior será a massa de água deslocada, amplificando o impacto nas regiões atingidas. Sistemas de alerta incluem sirenes e mensagens por celular, rádio ou TV, como acontece em países como Japão e Indonésia”, informa Dourado.
- Obras de contenção: Em sua maioria, são estruturas conhecidas como "monoblocos" ou barreiras, similares a diques, projetadas para impedir que as ondas atinjam o litoral. “Por exemplo, no entorno da usina nuclear de Fukushima, havia um muro alto construído especificamente para proteger a instalação. O problema em Fukushima foi que a altura da onda superou as expectativas, ultrapassando as barreiras. No Japão, essas barreiras são frequentemente chamadas de ‘muros de contenção’. São as principais obras físicas utilizadas para proteção contra tsunamis, projetadas para reduzir os danos causados pelas ondas. No entanto, como vimos em Fukushima, o planejamento precisa considerar cenários extremos para garantir sua eficácia”, pontua o geólogo.
- Soluções baseadas na natureza: É o caso, por exemplo, das faixas de manguezais que podem mitigar o impacto das ondas. “Isso foi observado em áreas da Indonésia durante o tsunami de 2004. No entanto, essas soluções reduzem, mas não eliminam os danos, especialmente diante de ondas de grande magnitude”, destaca Dourado.
Erosão costeira
Atualmente, o Brasil enfrenta um problema sério de erosão costeira, que está diretamente ligado à variação no nível médio do mar. Essa variação pode ocorrer tanto por processos naturais quanto por isostasia, que são movimentos verticais do litoral causados por fenômenos geológicos, segundo Dourado. Além disso, mudanças nas correntes marítimas contribuem para intensificar esse processo, como podemos observar em locais como Atafona, no Rio de Janeiro.
“Atafona, localizada na foz do Rio Paraíba do Sul, é um exemplo emblemático. O Paraíba do Sul, além de ser a principal fonte de água para o Rio de Janeiro e outras cidades do Estado, sofre uma redução significativa de vazão devido ao alto consumo de água ao longo de seu curso. Essa redução no fluxo de água e sedimentos enfraquece a capacidade do rio de compensar a ação das correntes marítimas, agravando a erosão costeira. Como resultado, Atafona já perdeu dezenas de quarteirões, engolidos pelo avanço do mar. Casos semelhantes ocorrem em outras partes do litoral brasileiro. Na Praia da Macumba, no Recreio dos Bandeirantes, dezenas de metros de calçadão foram destruídos há cerca de cinco anos devido à erosão. Na Barra da Tijuca, tentativas de conter a erosão por meio de obras de engenharia enfrentaram dificuldades devido à falta de licenças ambientais. Esses desafios não são exclusivos do Rio de Janeiro e se repetem ao longo do litoral brasileiro”, sugere o geólogo.
Dentre as obras de engenharia que têm sido aplicadas para mitigar os impactos da erosão, Dourado cita:
- Diques e moles, que ajudam a minimizar os efeitos das correntes marítimas sobre os sedimentos;
- Engordamento de praias, que consiste em adicionar sedimentos à faixa de areia para compensar a perda natural.
“No entanto, a eficácia dessas medidas varia. O sucesso depende de estudos aprofundados sobre a dinâmica do transporte de sedimentos na região. Em alguns casos, o sedimento depositado é removido rapidamente pela ação das ondas, tornando a solução temporária. Também é necessário observar o comportamento da praia ao longo de vários ciclos sazonais. Isso porque as características de uma praia podem variar significativamente entre o verão e o inverno. No campo do planejamento urbano, países como o Japão se destacam por integrarem ações de mitigação da erosão em suas estratégias. No Brasil, embora haja iniciativas para discutir o problema, a implementação prática é incipiente. A cidade de São Sebastião, em São Paulo, ilustra como as alterações costeiras podem forçar adaptações urbanas. Parte da cidade precisou ser deslocada devido à redução do território litorâneo. Já em Atafona, a perda de quarteirões aconteceu sem alternativas de realocação, demonstrando a gravidade da situação”, conclui.
Leia mais:
Entrevistado
Francisco Dourado é geólogo e professor da Faculdade de Geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Também é coordenador do Centro de Pesquisas e Estudos sobre Desastres (Cepedes) da UERJ. Integra, ainda, o CENACID.
Contato: franciscodourado1975@gmail.com
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Tendência em alta: avanço de IA, IoT e robótica na construção permite crescimento das cidades inteligentes
O conceito de cidades inteligentes, com foco em conectividade e sustentabilidade, está ganhando destaque mundialmente. Segundo pesquisa realizada pela Mordor Intelligence, o mercado global dessas cidades deve crescer de US$ 1,36 trilhão em 2024 para US$ 3,84 trilhões em 2029, com uma taxa anual de 23,21%. Esse crescimento reflete a busca por soluções de mobilidade, segurança e infraestrutura urbana mais eficientes, uma grande oportunidade para a indústria AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção).
De acordo com Frederico Carstens, presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), uma cidade inteligente caracteriza-se por integrar tecnologia e dados, otimizando recursos e proporcionando qualidade de vida aos cidadãos.
Ele destaca que, em uma cidade inteligente, diferentes sistemas, como transporte, energia e segurança, estão interconectados. Esse sistema urbano usa dispositivos de IoT (Internet das Coisas) e Inteligência Artificial (IA) para monitorar dados em tempo real e tomar decisões baseadas nessas informações, criando uma experiência urbana adaptável. "A combinação de IA e IoT permite uma gestão em tempo real e decisões baseadas em dados, promovendo um ambiente urbano mais sustentável e participativo", explica Carstens.
Os sensores instalados em áreas estratégicas, por exemplo, têm capacidade para monitorar o tráfego, o clima e o consumo de energia, promovendo uma gestão de recursos como água e eletricidade. Isso torna a cidade mais eficiente, especialmente em eventos de grande porte, e possibilita o ajuste da infraestrutura urbana conforme a demanda, resultando em economia e sustentabilidade.
Leia mais: No mundo, 150 cidades inteligentes estão em construção
Arquitetura e engenharia integradas às cidades inteligentes
Para atender às necessidades de uma cidade inteligente, projetos de arquitetura e engenharia precisam estar alinhados com as novas tecnologias. "Os edifícios devem contar com infraestrutura que suporte IoT e automação, permitindo o monitoramento e a coleta de dados para uma gestão eficiente", afirma Carstens. Esse tipo de projeto demanda uma abordagem colaborativa, envolvendo arquitetos, engenheiros e especialistas em tecnologia, o que resulta em ambientes construídos mais flexíveis e adaptáveis.
Carstens menciona que o design generativo e a simulação, por exemplo, permitem que se testem múltiplas variantes de um projeto antes de sua execução, enquanto a IoT possibilita o monitoramento em tempo real da obra, garantindo que o projeto atenda aos padrões de qualidade e eficiência.
A IA também desempenha um papel importante na agilidade dos processos construtivos. "Com IA e robótica, construções que levariam meses podem ser finalizadas em dias. Esse avanço tecnológico possibilita adaptações rápidas na infraestrutura das cidades para atender às demandas dos cidadãos e reduzir desperdícios", aponta Carstens. Ele cita o caso de Pato Branco, no Paraná, como exemplo de cidade brasileira que está incorporando tecnologias de alta performance em seu plano diretor, servindo como referência nacional em mobilidade e infraestrutura urbana sustentável.
Leia mais: Como superar os desafios da implantação do BIM e da Inteligência Artificial?
Cases internacionais inspiradores
A integração de IoT e IA em projetos urbanos tem gerado cases de sucesso no mundo. Entre eles, Carstens menciona o Hudson Yards, em Nova Iorque, que utiliza uma plataforma IoT para monitorar o consumo de energia e recursos em tempo real. Na Coreia do Sul, o distrito de Songdo foi planejado como uma cidade inteligente, com sistemas integrados de transporte, gestão de resíduos e eficiência energética.
Na Europa, o distrito de HafenCity, em Hamburgo, destaca-se por adotar práticas de mobilidade sustentável e incorporar sistemas automatizados de gestão de resíduos. Esses exemplos mostram como é possível integrar tecnologia e urbanismo para otimizar recursos e promover a sustentabilidade.
O presidente da AsBEA-PR acredita que, com a ampliação do acesso a IA e IoT, essas tecnologias se tornarão mais viáveis para cidades de diferentes tamanhos e perfis. A sustentabilidade continuará a ser uma prioridade, com o desenvolvimento de materiais inteligentes que respondem a condições ambientais, além de tecnologias para economia de água e energia.
Entrevistado:
Frederico Carstens é arquiteto e urbanista graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com Mestrado pela PUC-PR e UFRGS. Fundador da Realiza Arquitetura e atualmente é presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) e está à frente do desenvolvimento de soluções para cidades inteligentes no Brasil.
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Estudo mostra perfil do trabalhador da construção civil no país
A escassez de mão de obra na construção civil é uma preocupação constante e tem sido amplamente debatida em eventos como o Modern Construction Show e Concrete Show. Com o objetivo de compreender melhor o perfil dos trabalhadores do setor e enfrentar esse grande desafio, o SindusCon-SP encomendou um estudo à consultoria Ecconit, intitulado “Caracterização do perfil socioeconômico da mão de obra do setor da construção civil brasileira e paulista”.
“Este estudo traz uma base sólida para enfrentamento da falta de mão de obra. Estamos atuando em diversas frentes para encontrar alternativas para esta questão, como o incentivo à industrialização, a capacitação de profissionais e a busca de novos ingressantes no setor”, Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP.
Perfil demográfico do trabalhador da construção civil
De acordo com o estudo, os profissionais atuantes na construção civil brasileira, incluindo assalariados com ou sem carteira assinada e trabalhadores por conta própria, tanto formais quanto informais, somam 7,065 milhões de pessoas.
Desses, 1,582 milhão estão no estado de São Paulo, conforme dados de 2023. No cenário nacional, o perfil típico do trabalhador do setor é de um homem com aproximadamente 41 anos, que possui ensino fundamental incompleto. A maioria atua de forma autônoma e informal, dedicando cerca de 37,9 horas por semana à atividade e recebendo uma renda média mensal de R$ 2.116,13 no ano passado. As mulheres representam apenas 4,4% desse contingente.
No Estado de São Paulo, o trabalhador médio da construção civil também é homem, porém com cerca de 43 anos e ensino fundamental completo. A maior parte trabalha de maneira autônoma e informal, cumprindo uma jornada semanal de aproximadamente 38,8 horas e registrando uma renda média mensal de R$ 2.552,99 em 2023.
“Ao cruzarmos estes dados do estudo com as informações mais recentes do IBGE, nós vimos um processo de envelhecimento que está ocorrendo em toda a economia – e em várias partes do mundo também. Por conta disso, vemos algumas tendências nas projeções. Se em 2020, temos cerca de 65% da população na faixa etária de 15 a 59 anos, espera-se que em 2070, essa população seja de 50%”, informa Ana Maria Castelo, sócia da Ecconit.
Formalidade x informalidade
Entre 2012 e 2023, a informalidade na construção civil brasileira aumentou de 63,1% para 67%, enquanto a remuneração média se manteve estável, com alta de 0,3% no período, mas cresceu 10,3% em relação a 2019.
Em São Paulo, a informalidade recuou de 63,6% para 62,6%, mas a remuneração média caiu 4,5%, apesar de um aumento de 9,8% em comparação a 2019.
Trabalhadores formais representam 25,5% dos ocupados no setor nacionalmente, com jornada semanal de 41,5 horas e renda média de R$ 2.859,89 em 2023, um aumento de 2,5% desde 2019. As mulheres compõem 9,2% desse grupo. Em São Paulo, os formais são 27,1% dos ocupados, têm média de R$ 3.661,09 (alta de 8,3% desde 2019) e mulheres representam 12,4%.
Desafios
Ana Maria aponta que a cada ciclo de crescimento, a construção enfrenta o desafio da escassez de mão de obra. “Essa é uma questão que está diretamente associada à sua característica principal – ser bastante intensiva em mão de obra. A participação da ocupação na construção é superior à sua participação no PIB. Apesar de ser um fator positivo o fato de o setor empregar muitas pessoas, é também o calcanhar de aquiles”, explica.
Além disso, Ana Maria também pontua que ao longo dos anos, a população ocupada no setor melhorou sua formação e tornou-se mais madura, o que é também consequência da dificuldade em atrair jovens. “Vale ressaltar que o envelhecimento é fenômeno da sociedade brasileira que em 2070 terá 38% de sua população com mais de 60 anos. Por outro lado, apenas 25,4% serão homens entre 15 e 59 anos. É um fenômeno não só presente na construção brasileira, está também presente em outros setores. Só que o setor da construção no Brasil vem enfrentando dificuldades adicionais em virtude características atuais desta área”, destaca.
Dentre outros pontos de atenção elencados por Ana Maria, está a baixa participação das mulheres no setor da construção, além de recursos fundamentais para aumento da produtividade, através de investimentos em maior industrialização. “O uso de processos mais industrializados pode tornar o setor mais atraente para jovens e, principalmente, mulheres. Este é um grupo que possui um potencial muito forte”, indica.
Em sua conclusão, Castelo sugere investimentos na formação e capacitação dos jovens como forma de divulgar as potencialidades do trabalho no setor. “O Brasil tem cerca de 20% da população brasileira de jovens entre 15 e 29 anos que não trabalham nem estudam. Nós temos um grande desafio de tornar o setor atrativo. Isso também está ligado com a industrialização, modernização. Mas isso não basta – como estamos falando de pessoas que não trabalham nem estudam, precisamos investir na qualificação”, conclui.
Fonte
Ana Maria Castelo é sócia da Ecconit. Mestre em economia pela Universidade de São Paulo (USP), desde 2010 é coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getulio Vargas/IBRE onde comanda e desenvolve estudos e análises setoriais. É responsável pela divulgação do INCC-M e da Sondagem da Construção da FGV.
Contato: Assessoria de imprensa Sinduscon-SP: dbarbara@sindusconsp.com.br
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Seminário Abcic mostra o papel da industrialização nos desafios da construção
Com o objetivo de enfatizar a importância de expandir o uso de sistemas construtivos industrializados em obras pelo país, especialmente em edifícios altos, a Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) realizou o 8º Seminário Internacional. Com o tema “A Industrialização da Construção em Concreto – Tecnologias e Soluções Sustentáveis para Verticalização”, o evento foi realizado no dia 16 de outubro, em São Paulo.
Aplicação da pré-fabricação em concreto em Edifícios Altos no mundo
Durante o evento, David Fernández-Ordóñez, secretário geral da International Federation for Structural Concrete (fib), mostrou como está a aplicação da pré-fabricação em concreto em edifícios altos no mundo, enquanto Marcelo Miranda, CEO da Consolis Tecnyconta na Espanha, apresentou o case da Consolis Green Spine Line, enfatizando a contribuição da construção industrializada de concreto para alcançar a neutralidade de carbono.
De acordo com Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic), as duas apresentações mostram as diversas possibilidades da aplicação do pré-fabricado de concreto em edifícios altos, uma vez que o sistema construtivo pode ser utilizado de forma integral ou híbrida com outros sistemas.
“Os exemplos trazidos no boletim da fib, que foi traduzido pela Abcic, apresenta diversos cases realizados em todo o mundo, incluindo em nosso país, o que reforça a vanguarda da engenharia brasileira e o uso das estruturas e fachadas pré-fabricadas de concreto em obras de elevada altura. A linha de pré-fabricados de concreto certificada e sustentável da Consolis é um grande exemplo que os investimentos em tecnologia e inovação trazem grandes resultados não apenas em termos ambientais, mas também econômicos e sociais. É importante ressaltar que, em sua apresentação, Marcelo Miranda mostrou que foi necessário implantar uma mudança dentro da organização para permitir a implementação de ideias inovadoras, sempre com mais governança, transparência e processos definidos”, informa Íria.
Para a presidente executiva da Abcic, a aplicação da pré-fabricação de concreto em edifícios altos no Brasil está em crescimento, assim como em outras áreas. “É uma tendência que veio para ficar, pois o setor da construção precisa vencer desafios como produtividade, escassez de mão de obra, cronogramas mais ousados e neutralidade de carbono”, pontua.
Sobre o tema neutralidade de carbono na construção, Íria destaca que os sistemas industrializados permitem a racionalização no uso dos materiais, a redução na emissão do CO2, a destinação dos resíduos sólidos e líquidos e a redução do consumo de água e energia. Para ela, a construção industrializada pode contribuir para acelerar o processo de desmaterialização da construção através do uso racionalizado de matérias-primas e insumos, com condições favoráveis de controle e implementação de novas tecnologias de concreto.
Potencial das estruturas pré-fabricadas de concreto e a verticalização
Um dos painéis do evento era sobre o “Potencial das estruturas pré-fabricadas de concreto e a verticalização” e contou com as participações dos engenheiros Augusto Pedreira de Freitas (Pedreira Ônix e coordenador da ABNT NBR 16475), Carlos Melo (CMA Engenharia e coordenador da ABNT NBR 9062), Fernando Stucchi (EGT Engenharia e head da Delegação Brasileira junto à fib), Francisco Graziano (Pasqua & Graziano), José Carlos do Amaral (ZMC Consultores), Marcelo Melo (Casagrande Engenharia e fib National Young Members Group) e Ricardo França (França & Associados Projetos Estruturais).
“Os edifícios altos podem ser viabilizados de diferentes tipologias, desde estruturas híbridas que combinam os elementos industrializados com estrutura metálica ou concreto moldado no local até integralmente pré-fabricado, com sistemas em esqueleto, estrutura aporticada ou soluções em painéis portantes, vistos principalmente em países nórdicos, na Bélgica e Holanda”, explica Íria.
Durante o painel, os projetistas de estruturas apresentaram as diferentes possibilidades do uso das estruturas e fachadas pré-fabricadas de concreto em empreendimentos de elevada altura, resultando em benefícios como produtividade, segurança, qualidade, desempenho, durabilidade, atendimento de cronogramas ousados, menor geração de resíduos, melhor uso de matérias-primas, melhor organização do canteiro de obras, precisão técnica, entre outros.
“No painel, os projetistas enfatizaram que as normas brasileiras aplicáveis ao pré-fabricado, como a ABNT NBR 9062 e as normas complementares, estão preparadas para a adoção do sistema construtivo, ou seja, o arcabouço normativo dá respaldo para que sejam feitos projetos para edifícios altos com o pré-fabricado de concreto,” comenta Íria.
Outro ponto importante foi o estímulo para a aplicação de tecnologias nesse sistema construtivo, como o BIM, materiais mais avançados, como concretos de ultra alto desempenho (UHPC) e aços mais resistentes com menor pegada de carbono, aditivos e sistemas de ligações.
Também foram apresentados cases das arenas esportivas, que foram construídas com o pré-fabricado de concreto, como a Arena Corinthians, o Fonte Nova, entre outros (para a Copa do Mundo), além do Velódromo, Arenas Cariocas e o Centro Olímpico de Tênis, para os Jogos Olímpicos.
“Essas obras comprovaram que a viabilização de projetos assertivos e adequados traz inúmeras possibilidades do uso do sistema construtivo. Além disso, para se alcançar todos os benefícios da pré-fabricação de concreto, é importante que o projeto seja pensado desde o início com o uso do sistema construtivo, que demanda, por exemplo, um plano de montagem das estruturas. Em uma edificação pré-fabricada, a estabilidade global deve ser garantida também nas fases transitórias de montagem, não apenas no modelo final executado. A montagem e as etapas de enrijecimento da estrutura devem ser avaliadas e planejadas para que essa estabilidade seja assegurada à estrutura em todas as fases da obra”, conclui Íria.
Entrevistada
Íria Doniak é presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic).
Contato:
Assessoria de imprensa ABCIC: sylvia@meccanica.com.br
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Nova lei permite tributação reduzida sobre valorização de imóveis
A recente promulgação da Lei nº 14.973, de 16 de setembro de 2024, introduziu mudanças significativas no regime tributário para valorização de imóveis. Agora, tanto pessoas físicas quanto jurídicas têm a possibilidade de ajustar o valor de mercado de seus imóveis, pagando uma alíquota de imposto de renda reduzida. Essa medida foi projetada para simplificar o planejamento tributário e aliviar a carga fiscal futura.
“A Lei 14.973, dentre vários provimentos, oferece oportunidades de regularização de ativos não declarados e uma oportunidade para atualização do custo de imóveis detidos no Brasil. Trata-se de uma lei que ajusta algumas cobranças de impostos e dá ao contribuinte chances para pagar o que deve e não declarou”, afirma Marcelo Yazaki, sócio-diretor da Bioma Incorporadora.
De acordo com Gilberto Bergamin, advogado especialista em direito empresarial e sócio fundador da Hauss Brasil, startup de construção civil, a lei permite que tanto pessoas físicas quanto jurídicas atualizem o valor de seus bens imóveis para o valor de mercado, o que é uma alternativa vantajosa, especialmente para imóveis que se valorizaram desde a compra.
“A diferença entre o valor atualizado e o custo original de aquisição será tributada a uma alíquota reduzida: 4% para pessoas físicas e 6% para pessoas jurídicas. Esse ajuste visa corrigir distorções no patrimônio, permitindo que o contribuinte declare um valor mais realista dos imóveis que possui, beneficiando a apresentação de seu patrimônio de forma mais próxima ao valor de mercado”, afirma Bergamin.
Em suma, o proprietário poderá declarar o valor do seu bem pelo valor de mercado, algo até então não permitido. “Ao longo dos anos, é muito comum que o imóvel adquira uma apreciação de valor e, com isso, o valor do patrimônio do contribuinte fique bastante defasado. Para se ter uma ideia, o Índice Fipe/Zap de imóveis calcula que entre janeiro de 2011 e outubro de 2024, a valorização média acumulada dos imóveis residenciais em São Paulo foi de 140% no período. Ou seja, o comprador que adquiriu um apartamento por R$ 1 milhão, hoje tem R$ 2,4 milhões de patrimônio imobiliário. Porém, em seus bens perante a Receita Federal, ele possui o mesmo R$ 1 milhão que declarou no ano que comprou o seu imóvel. Se ele decidir vender hoje seu imóvel, pagará ganho de capital sobre o seu ‘lucro’, ou seja, sobre os R$ 1,4 milhão de ganho”, declara Yazaki.
Criação do RERCT-Geral
A lei estabelece o Regime Especial de Regularização Geral de Bens Cambial e Tributária (RERCT-Geral), que facilita a regularização de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados com incorreções, segundo Bergamin.
“Essa medida visa a inclusão de bens mantidos no Brasil ou no exterior, permitindo que os contribuintes que aderirem ao regime regularizem seu patrimônio com uma declaração voluntária, desde que comprovem a origem lícita dos recursos. A adesão ao RERCT - Geral é uma oportunidade para contribuintes corrigirem omissões ou declarações incorretas, tornando o processo de regularização mais acessível e menos oneroso”, define Bergamin.
Impactos no valor de mercado imobiliário
De acordo com Bergamin, a possibilidade de atualização do valor dos imóveis para o valor de mercado, permitida pela Lei nº 14.973, representa uma mudança significativa para os contribuintes.
“Com uma alíquota reduzida sobre a diferença de valor, pessoas físicas e jurídicas podem aumentar o valor contábil de seus bens imobiliários, alinhando-o ao valor real de mercado. Isso é especialmente benéfico para quem possui imóveis valorizados, pois o aumento do valor patrimonial proporciona um registro financeiro mais fiel”, expõe Bergamin.
Além disso, Bergamin pontua que a medida pode trazer uma valorização no mercado imobiliário, já que, ao registrar o valor atualizado dos imóveis, o contribuinte pode usufruir de um ativo mais valorizado, o que impacta diretamente o patrimônio.
Lei nº 14.973 e os programas de regularização anteriores
Um dos pontos que diferencia a lei nº 14.973 é que ela amplia as opções de regularização em comparação com programas anteriores, cobrindo uma maior variedade de bens e recursos que podem ser regularizados, tanto no Brasil quanto no exterior.
“Ela oferece um regime específico para regularização de bens não declarados, incluindo não apenas ativos financeiros, mas também imóveis, veículos, direitos e até ativos intangíveis como marcas e know-how”, aponta Bergamin.
Ainda, diferentemente de programas anteriores, a lei oferece uma tributação reduzida e menos complexa para a atualização patrimonial, sendo aplicável a imóveis por meio de uma taxa fixa, sem necessidade de comprovações extensivas, segundo Bergamin.
Desafios e os cuidados para aderir ao programa
Na opinião de Yazaki, a ideia é interessante, porém a mesma lei cria uma série de gatilhos e escalonamento. “Por exemplo, novo valor não será considerado caso o contribuinte efetue a venda do imóvel dentro dos 3 primeiros anos. E depois, há um escalonamento de 8% de atribuição do novo valor por ano. Isso quer dizer que, somente após 15 anos, o contribuinte poderá utilizar o valor de mercado de hoje (novembro de 2024) para um eventual ganho de capital no futuro. Creio que, no final das contas, essa medida favorece uma baixíssima quantidade de pessoas que adquiriram um imóvel por valor pífio, fruto de uma grande oportunidade ou de efetivamente uma declaração incorreta. Parece ser mais uma tentativa de dar a chance de algum contribuinte se acertar com o leão. Talvez um outro caso que possa interessar o contribuinte seja na situação de imóveis comprados a muito tempo atrás, e cujo valor declarado é muito baixo. Se esse proprietário tiver planos de vender o imóvel em um horizonte de 10 anos ou mais, e tiver condições de arcar com os 4%, talvez possa valer a pena. Mas ainda assim, é um custo hoje para uma grande economia no futuro distante”, justifica.
Segundo Bergamin, os contribuintes interessados devem ficar atentos aos prazos de adesão ao programa, que são relativamente curtos. “O pagamento da atualização patrimonial deve ser feito em até 90 dias após a publicação da lei”, pondera Bergamin.
Ao atualizar o valor de seus bens imóveis, o contribuinte gera uma tributação imediata sobre o valor da atualização, o que exige planejamento financeiro. “É essencial que o contribuinte compreenda o impacto fiscal dessa decisão, considerando se os recursos financeiros estão disponíveis para cobrir a taxa reduzida que incidirá sobre a diferença”, informa Bergamin.
Ainda, Bergamin destaca que um dos requisitos fundamentais para aderir ao programa de regularização é que o contribuinte comprove a origem lícita dos bens e recursos.
Por fim, a lei exige que os documentos e comprovantes relativos à regularização sejam guardados por, no mínimo, cinco anos, segundo Bergamin.
Entrevistados
Gilberto Bergamin, advogado especialista em direito empresarial e sócio fundador da Hauss Brasil, startup de construção civil.
Marcelo Yazaki é sócio-diretor da Bioma Incorporadora.
Contatos
Gilberto Bergamin: gilberto@bergaminadv.com.br
Assessoria de imprensa Bioma Incorporadora: contato@viracomunicacao.com.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Banco Central está criando a moeda digital Drex para facilitar compra e venda de imóveis
O Drex, a nova moeda digital que está sendo desenvolvida pelo Banco Central, promete transformar as operações financeiras no Brasil e pode ser um divisor de águas no mercado imobiliário. Mais do que uma simples digitalização do dinheiro, o Drex surge como uma ferramenta capaz de simplificar transações complexas, como a compra e venda de imóveis, garantindo segurança e praticidade.
De acordo com Angela Schuchovski, educadora financeira e planejadora, o Drex é uma extensão digital do Real, a moeda oficial do Brasil. “Não se trata de uma criptomoeda, mas é o nosso dinheiro em outro formato. Assim como temos o Real em papel, no cartão ou no banco, agora teremos a opção digital”, explica.
A moeda digital permite transações com a mesma paridade do Real, mas de forma simplificada, aproveitando uma infraestrutura tecnológica avançada para melhorar a experiência dos usuários.
Diferentemente do PIX, que é um serviço de pagamento, o Drex foi planejado para ser uma solução financeira abrangente. “O Drex viabiliza operações que vão além dos pagamentos, incluindo investimentos, crédito e até mesmo a compra de imóveis e veículos”, destaca Angela. A ideia é trazer mais eficiência para o ambiente financeiro, com menos intermediários, tornando as operações mais seguras e econômicas.
Simplificação do processo de compra e venda de imóveis
Uma das principais vantagens do Drex está na simplificação de processos complexos, como a compra e venda de imóveis. Isso será possível por meio da interoperabilidade entre a plataforma Drex e a rede de cartórios. “A transação poderá ocorrer dentro da plataforma através dos chamados contratos inteligentes, ou smart contracts”, afirma.
Esses contratos serão adaptáveis às necessidades dos envolvidos, permitindo que a transação financeira seja concluída apenas quando todas as condições estipuladas forem cumpridas. Isso elimina incertezas e aumenta a segurança para todas as partes, já que o contrato só será efetivado quando as obrigações forem cumpridas.
Angela explica que o mecanismo é semelhante ao utilizado na compra de veículos, onde as partes envolvidas não precisam se preocupar em quem vai dar o primeiro passo, pois o dinheiro e a transferência de propriedade ocorrerão simultaneamente.
Redução de burocracia no mercado imobiliário
O impacto do Drex no mercado imobiliário pode ser significativo, especialmente pela redução na burocracia e no tempo gasto com processos de transferência de propriedade. Com os contratos inteligentes, será possível realizar todas as etapas de forma digital e automatizada, com segurança e sem intermediários desnecessários. A expectativa é de que o uso da moeda digital atraia um maior número de pessoas para o mercado de imóveis, ampliando o acesso e facilitando a negociação.
“A digitalização do dinheiro, com o Drex, está alinhada à tendência global de modernização dos sistemas financeiros e pode colocar o Brasil na vanguarda das finanças digitais”, observa Angela Schuchovski.
Tecnologia e segurança
O Drex utiliza a tecnologia de registro distribuído, conhecida como DLT (Distributed Ledger Technology), da qual a blockchain é um exemplo popular. Segundo o Banco Central, a DLT empregada será permissionada, o que significa que apenas instituições autorizadas poderão participar do sistema. Isso inclui o Banco Central e outros reguladores, além das instituições financeiras reguladas.
“Embora o Drex ainda esteja em fase de testes, o Banco Central afirma que o sistema será seguro, garantindo a privacidade e a segurança jurídica conforme as normas em vigor, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a Lei de sigilo bancário”, ressalta. O uso dessa tecnologia traz uma camada adicional de segurança, já que as informações são registradas de forma distribuída (ou seja, em uma rede compartilhada em que todas as partes terão acesso aos mesmos dados), reduzindo os riscos de fraudes.
Impacto em diversas áreas
Além de facilitar transações imobiliárias, o Drex promete democratizar o acesso aos benefícios da economia digital, promovendo modelos de negócios inovadores em várias áreas. A plataforma possibilitará operações programáveis e padronizadas, o que pode reduzir os custos de transação e aumentar a eficiência.
Para utilizar o Drex, o usuário precisará escolher um intermediário financeiro autorizado que deve transferir o saldo em conta para a carteira digital. Isso permitirá transações com ativos digitais e acesso a serviços financeiros diversos.
A nova moeda digital representa, portanto, mais uma opção para os brasileiros realizarem transações de forma segura e prática, sem a necessidade de utilizar métodos tradicionais. Embora a implementação total do Drex vai demandar algum tempo, o caminho está sendo pavimentado para um futuro mais eficiente e inclusivo.
Entrevistada
Angela Schuchovski é graduada em Administração pela FAE Centro Universitário, mestre em Estratégia e Organizações pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e planejadora financeira.
Contato:
angela@pensevalor.com.br
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Ana Carvalho
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Tendência na construção civil: projetos para o público 60+ priorizam acessibilidade e bem-estar
De acordo com o Censo Demográfico de 2022, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% em apenas 12 anos, alcançando 22,2 milhões de indivíduos, ou cerca de 10,9% da população total. A expectativa de vida também tem aumentado, levando a um cenário em que será necessário adaptar a infraestrutura urbana e residencial para atender as demandas desse público.
Por isso, a construção civil brasileira está diante de um novo e promissor mercado: a criação de empreendimentos voltados para o público idoso. Com o envelhecimento da população e a crescente demanda por projetos que atendam às necessidades específicas deste grupo, arquitetos e construtoras estão adaptando suas propostas para promover acessibilidade e qualidade de vida.
A professora Rafaela Aparecida de Almeida, do Centro Universitário Internacional (Uninter), afirma que pensar em acessibilidade em projetos residenciais e comerciais é essencial não apenas para cumprir a legislação, mas para promover uma sociedade mais inclusiva e preparar espaços para o envelhecimento da população. “Elementos como calçadas acessíveis, corredores largos, rampas e banheiros adaptados são imprescindíveis para garantir segurança e autonomia a essas pessoas”.
Normas técnicas e legislações para acessibilidade
Para construir com acessibilidade, a ABNT NBR 9050, atualizada em 2020, é a principal referência, estabelecendo que os empreendimentos de uso coletivo devem ser acessíveis em todas as suas áreas, desde a entrada principal até os locais internos e rotas de circulação. “A legislação prevê especificações, como portas com largura mínima de 80 cm, banheiros adaptados, sinalização em Braille e iluminação adequada. Esses elementos garantem a acessibilidade física e sensorial, promovendo uma experiência mais segura e confortável para os idosos”, esclarece Rafaela.
Além do cumprimento das normas, ela destaca que ir além da legislação é um investimento estratégico que gera valor social e fortalece a imagem da marca. Para a especialista, a criação de ambientes inclusivos e confortáveis é um diferencial que favorece a imagem das empresas e atrai novos públicos.
BIOOS Home: um modelo de inovação para terceira idade
Em Curitiba, a Construtora Laguna se inspirou nas demandas do público idoso para criar o BIOOS Home, o único empreendimento do país com foco exclusivo em pessoas acima de 60 anos. Felipe Sebben, gerente de marketing, comercial e relacionamento da Construtora Laguna, explica que o projeto foi idealizado a partir dos pilares de tecnologia, saúde, comunidade e bem-estar, buscando garantir uma vida longeva e de qualidade. "O público 60+ movimenta a economia na casa de bilhões de reais todos os anos e carece de empreendimentos voltados exclusivamente a eles”, comenta Felipe.
Nesse aspecto, o BIOOS Home, que deve ser entregue no primeiro semestre de 2026, é uma solução para essa necessidade crescente, com moradia e bem-estar integrados em um único complexo que agrega também medicina e saúde. O empreendimento possui diferenciais que atendem às exigências e expectativas do público sênior, como portas de entrada mais largas, fechaduras eletrônicas, botão de SOS e tomadas inteligentes para prevenir acidentes. “Já as áreas comuns incluem espaços de lazer adaptados, como lounge com piano, ateliê de pintura e sala de TV, com mobiliário adequado, sem cantos vivos e com corrimões em corredores. Outro diferencial é a inclusão de serviços pay-per-use de saúde, oferecendo suporte médico e assistência sob demanda”, informa.
Benefícios de projetos inclusivos para idosos
A construção de empreendimentos como o BIOOS Home aponta uma tendência que deve crescer nos próximos anos, com vantagens tanto para os moradores quanto para o mercado imobiliário. Os benefícios vão além da acessibilidade e segurança, mas também promovem o bem-estar, a integração social e a valorização do imóvel.
Para Rafaela, a valorização dos imóveis acessíveis é um ponto relevante, pois eles garantem uma funcionalidade que atende a todos, independente de limitações físicas. Além disso, projetos acessíveis estimulam uma vida ativa e independente, ampliando o potencial de atração para diferentes perfis de compradores.
O empreendimento da Laguna é um exemplo claro desse conceito. “Nosso objetivo é entregar um empreendimento de qualidade e excelência, buscando sempre a satisfação dos clientes, que conseguem perceber o valor agregado que oferecemos”, explica Sebben. A construtora também firmou parcerias para serviços adicionais que garantem a qualidade de vida dos moradores, como assistência à saúde, lazer e manutenção sob demanda.
Desafios e oportunidades no mercado da construção civil
Embora o mercado da construção para a terceira idade apresente desafios, como a necessidade de adequação dos materiais e o aumento dos custos para garantir acessibilidade, ele traz grandes oportunidades de inovação e crescimento. À medida que o envelhecimento populacional avança, cresce também a demanda por empreendimentos residenciais e comerciais preparados para acolher pessoas idosas.
A iniciativa da Construtora Laguna com o BIOOS Home demonstra como a construção civil pode se adaptar para atender a essa nova demanda, oferecendo um ambiente acessível, seguro e confortável. Além disso, também serve de inspiração para outras empresas do setor investirem nesse tipo de projeto, contribuindo para uma sociedade mais acolhedora e inclusiva para todas as idades.
Entrevistados
Rafaela Aparecida de Almeida é Mestra e Doutora em Gestão Urbana pela Pontifícia Universidade Federal do Paraná (PUC-PR) e especialista em Cidades 4.0: Planejamento urbano e tecnologias pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER). É membro do corpo editorial da Revista Brasileira de Gestão Urbana (URBE). Professora Tutora no Centro Universitário Internacional (UNINTER).
Felipe Sebben é arquiteto graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), especialista em negócios imobiliários e MBA em Gestão Estratégica de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente, é gerente do Grupo Laguna, responsável pelas áreas de marketing, comercial e relacionamento com clientes.
Contatos:
rafaela.a@uninter.com
felipe.sebben@grupolaguna.com.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Shoppings horizontais: nova tendência no varejo e oportunidade para o setor da construção
Nos últimos anos, um novo modelo de centro de compras tem ganhado popularidade entre os consumidores brasileiros: os shoppings horizontais. Diferentes dos tradicionais centros comerciais fechados, esses empreendimentos apostam em uma estrutura mais aberta, com lojas dispostas em um único nível ou poucos andares, proporcionando uma experiência de compra mais integrada e conectada com o ambiente urbano.
Entre as principais características desse novo modelo, destaca-se a fusão de shopping e mercado, com ênfase no bem-estar dos visitantes e a integração com a natureza. Exemplos notáveis dessa tendência são o Flow Open Mall em Curitiba e o City Center Outlet em Campo Largo, que ilustram como esse conceito está moldando o futuro do varejo e também criando oportunidades para o setor da construção.
Flow Open Mall: uma experiência imersiva
O Flow Open Mall, com previsão de inauguração em 2025, é um empreendimento que visa proporcionar aos visitantes uma experiência de compras inovadora. Localizado na Avenida Comendador Franco, em Curitiba (PR), o mall foi projetado para integrar a cidade com a natureza, com uma arquitetura inspirada em tendências asiáticas. Amplos espaços envidraçados e áreas verdes são apenas alguns dos elementos que tornam o ambiente acolhedor e arejado, criando uma verdadeira conexão entre os espaços urbanos e naturais.
O projeto contempla 55 operações na primeira fase do empreendimento de diversos segmentos, como vestuário, alimentação e serviços. A expansão do empreendimento, prevista para 2028, trará mais 50 operações e uma área de entretenimento com cinema e outras atrações. "O Flow Open Mall se posiciona como um local de convivência, compras e bem-estar, pronto para atender a comunidade de forma integrada e inovadora", afirma Ricardo Massuchin, diretor do Flow Open Mall.
O conceito reflete uma tendência global de shoppings que vão além das compras. A ideia é criar um ambiente que ofereça aos consumidores não apenas produtos, mas também bem-estar e experiência de vida, com uma ampla gama de opções de lazer, serviços e atividades que se conectam com o estilo de vida dos visitantes. Além disso, a obra aposta em uma construção mais eficiente e rápida, utilizando pré-fabricados que permitiram a criação de espaços amplos e com design diferenciado, como balanços e mezaninos sem apoios.
City Center Outlet: o charme do comércio ao ar livre
Em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, o City Center Outlet Premium segue uma proposta semelhante, mas com um enfoque no varejo de descontos. Ocupando uma vasta área de 290 mil m², o outlet conta com mais de 100 lojas de marcas renomadas, oferecendo descontos de até 70% durante todo o ano, além de promoções e eventos especiais para atrair e fidelizar clientes.
Diferente dos shoppings tradicionais, o outlet também adota uma arquitetura horizontal, com lojas dispostas em corredores amplos ao ar livre. Essa disposição cria um ambiente mais arejado e acessível, onde os consumidores podem se deslocar com facilidade entre as lojas sem a necessidade de usar escadas ou elevadores. “A construção horizontal oferece mais acessibilidade, com entradas e saídas em várias partes, facilitando o acesso para pessoas com mobilidade reduzida”, destaca Felipe Valente Vieira, coordenador de operações do City Center Outlet Premium.
O uso de concreto aparente no projeto foi outro destaque da construção, com a criação de floreiras e revestimentos em concreto ripado. Essas escolhas não só trazem uma estética moderna e robusta, mas também integram o outlet ao ambiente natural ao redor, oferecendo uma experiência visualmente interessante para os visitantes.
Leia mais: Concreto aparente: uma tendência moderna e sustentável na construção civil
Concrebras: logística para fornecimento em obras de shoppings horizontais
Para os dois projetos, a Concrebras realizou todo planejamento e fornecimento da concretagem, incluindo estudo de logística, considerando redução no tempo de trajeto dos caminhões betoneiras, aumentando a produtividade dos dias de concretagem.
Entre os diferenciais da Concrebras para esses empreendimentos, destaca-se o suporte do departamento técnico, com especialista em concreto, para atender às especificações dos projetos, bem como acompanhamento da concretagem, analisando abatimentos, traços e manejo de aditivos.
No caso do Flow Open Mall, onde foram utilizados 13 mil m3 de concreto na obra até o momento, a principal diferença na construção de um shopping horizontal em relação ao tradicional é a dinâmica de concretagem, devido ao porte das obras. Por ser um shopping horizontal, o transporte de materiais e a movimentação de equipes são processos menos complexos do que estruturas mais altas dos shoppings convencionais.
O principal ponto de destaque para o Flow Open Mall foi a execução dos pisos dos estacionamentos e do supermercado que fará parte do shopping, com alta exigência para que todo processo acontecesse de forma perfeita e com excelente acabamento. Dessa forma, foi necessário, por parte da equipe da Concrebras, uma análise bem detalhada de aditivos para a pega do concreto acontecer no tempo certo.
Vantagens do modelo horizontal
O conceito de shoppings horizontais tem se mostrado cada vez mais atrativo para consumidores que buscam uma experiência de compra mais fluida e agradável. Em comparação aos shoppings tradicionais, que frequentemente exigem o uso de escadas e elevadores para acessar diferentes andares, o modelo horizontal proporciona conforto e mobilidade, com acesso direto às lojas no nível térreo. Além disso, a presença de áreas ao ar livre e espaços verdes cria um ambiente mais relaxante e acolhedor, ideal para um passeio mais tranquilo e integrado com a natureza.
Outro aspecto importante é a eficiência no tráfego de pessoas e veículos. Como a maioria dos shoppings horizontais tem uma única entrada e saída, com estacionamentos amplos e próximos das lojas, os consumidores podem realizar suas compras com mais comodidade e sem a frustração de percorrer longos corredores ou escadas rolantes. "A disposição das lojas facilita a circulação e oferece mais opções de acessibilidade, tornando a experiência mais prática e agradável", afirma Vieira.
À medida que mais projetos como o Flow Open Mall e o City Center Outlet Premium ganham espaço no Brasil, fica claro que os shoppings horizontais são uma tendência promissora, capaz de transformar o modo como as pessoas compram e se relacionam com o varejo.
Entrevistados:
Ricardo Massuchin é graduado em Administração pela FAE Business School, pós-graduado em Gestão de Pessoas pela mesma faculdade e é responsável pela criação e gestão do Flow Open Mall.
Felipe Valente Vieira é arquiteto graduado pela UniBrasil e atualmente é coordenador de operações do City Center Outlet Premium.
Karolina Kloss é engenheira civil graduada pela Universidade Positivo, com formação técnica em Meio Ambiente. Atualmente, é pós-graduanda em Construção Civil: Residenciais, Industriais e Especiais pela Faculdade Unyleya. Atua como assessora técnica comercial em Curitiba e Região Metropolitana da Concrebras.
Contatos:
comercial@flowopenmall.com
operacional@citycenteroutlet.com.br
karolina.kloss@concrebras.com.br
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Ana Carvalho
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Construção civil terá benefício tributário para compra de máquinas
O programa de depreciação acelerada irá beneficiar 23 áreas econômicas do setor industrial, incluindo as atividades de construção de edifícios e de obras de infraestrutura. O projeto foi instituído pelo Decreto 12.175, de 11 de setembro (publicado no DOU em 12/9/2024), assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o governo, o intuito deste programa é renovar o parque industrial brasileiro para elevar a produtividade, a competitividade, a sustentabilidade e a segurança das empresas. Além disso, a iniciativa visa incentivar o investimento privado.
A depreciação acelerada é um mecanismo que permite às empresas anteciparem receitas. Ao adquirir um bem de capital, o empresário pode deduzir o valor do investimento nas futuras declarações de IRPJ (Imposto de Renda de Pessoa Jurídica) e CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido). Normalmente, essa dedução ocorre de forma gradual, podendo se estender por até 20 anos, conforme o bem se deprecia ao longo do tempo. Com o novo programa de depreciação acelerada, essa dedução poderá ser realizada em duas etapas: 50% no primeiro ano e os outros 50% no segundo.
De acordo com Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (SOBRATEMA), quando uma empresa compra uma máquina, ela pode depreciar seu valor ao longo de quatro ou cinco anos. “Por exemplo, se a construtora pagou R$ 60 mil em uma máquina e vai depreciar em cinco anos, isso equivale a R$ 1 mil por mês em depreciação, o que reduz o resultado e, assim, o imposto a ser pago. No entanto, se a empresa optar por uma depreciação em dois anos, ao invés de R$ 1 mil mensais, ela divide 60 mil por 24 meses, o que resulta em cerca de dois mil e quinhentos reais por mês. Esse é o benefício da depreciação acelerada. No entanto, para acessá-lo, a empresa precisa ter lucro e ser tributada pelo lucro real, o que exclui a maioria das empresas brasileiras, que optam pelo lucro presumido ou Simples”, explica Daniel.
Segundo o vice-presidente da SOBRATEMA, esta medida não deve trazer grandes vantagens e o impacto não será significante para macroeconomia. “Além do valor, temos para o uso a necessidade das empresas apresentarem lucro com a depreciação em quatro anos para fazer análise da depreciação em 2 anos. Em minha opinião, pode haver favorecimento para grandes empresas excluindo as demais, já que a maioria das companhias brasileiras não adota o regime de lucro real, ficando fora desse benefício. E estas empresas maiores já possuem melhores condições de financiamento. Enquanto isso, as pequenas e médias empresas enfrentam taxas de juros elevadas e dificuldade de acesso a crédito”, opina Daniel.
Frequência de renovação dos equipamentos
A frequência de renovação da frota depende da intensidade de uso e das condições de operação, de acordo com Daniel. “Equipamentos que trabalham em ambientes agressivos ou de alta intensidade geralmente precisam ser renovados em menos de cinco anos. No entanto, com os juros altos, muitas empresas estão prolongando a vida útil dos equipamentos. Na parte operacional, há fatores importantes. Se eu tiver uma máquina que opera 10 horas por dia, ao final de um ano, ela terá acumulado entre 2.500 e 3.000 horas de uso. Agora, se a máquina opera 24 horas por dia, esse número sobe para cerca de 5.000 a 6.000 horas anuais. Nesse caso, após dois anos, a máquina já precisará ser vendida, pois seu desgaste será significativo, caracterizando a depreciação. Equipamentos que operam em pedreiras, com produtos corrosivos ou em condições agressivas, demandam uma renovação ainda mais rápida devido ao desgaste acelerado”, afirma.
Para o vice-presidente da SOBRATEMA, hoje, o maior entrave não é o custo dos equipamentos, apesar das pressões da indústria com o câmbio, os custos de produção e outros fatores. O problema principal está nas altas taxas de juros, que desestimulam novos investimentos. “Renovar a frota entre cinco e dez anos é interessante, pois há um avanço tecnológico constante, com soluções mais econômicas e integradas a práticas ESG e produtividade. Isso fortalece a ideia de renovação estratégica”, conclui.
Entrevistado
Eurimilson Daniel é vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (SOBRATEMA).
Contato: Assessoria de imprensa SOBRATEMA - sylvia@meccanica.com.br
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