Entenda como as empresas do setor podem adotar as práticas de ESG e as desvantagens de ficar para trás
A sigla ESG (Environmental, Social and Governance), que em português significa Ambiental, Social e Governança, consolidou-se como uma das principais tendências globais. Mais que um modismo, o ESG molda estratégias de negócios e promove a sustentabilidade no longo prazo. No setor da construção civil, sua implementação é imperativa, dado o impacto ambiental, social e econômico dessa indústria.
O ESG foi formalizado em 2004, mas ganhou destaque após a pandemia do COVID-19. "É uma metodologia que atua na gestão de riscos, na geração de oportunidades e na criação de valor a longo prazo", explica Silvia Elmor, especialista em ESG e auditora líder no tema.
Para a construção civil, que tem sido apontada como uma das maiores consumidoras de recursos naturais e emissoras de gases de efeito estufa, o ESG vai além da sustentabilidade ambiental. Ele abrange um projeto eficiente de recursos, a saúde e segurança da força de trabalho e os impactos comunitários de novos empreendimentos. “Não é mais uma questão de se as empresas devem adotar critérios ESG, mas quando o farão para não perder competitividade”, afirma.
Como aplicar os pilares do ESG
1. Ambiental
O pilar ambiental exige que as empresas da construção civil integrem práticas sustentáveis em todas as etapas, desde a escolha de materiais até a gestão de resíduos. Fábio Ramos, diretor geral da Plenno Arquitetura e especialista em ESG no ramo imobiliário, destaca que “a neutralização de carbono é relevante, mas é preciso também seguir regras locais, como as de poluição visual”.
2. Social
Mais do que inclusão social e diversidade, o pilar social exige compromisso com acessibilidade e segurança. Ramos ressalta a importância de atender à ABNT NBR 9050, que regula a acessibilidade em edificações. “A acessibilidade vai além de rampas ou corrimões. É uma questão de segurança e autonomia para todos”.
3. Governança
A governança é essencial para garantir transparência e gestão de riscos. Empresas precisam de políticas claras, conformidade com regulações e engajamento da alta liderança. “É um movimento top-down, que depende do apoio da liderança para ser legítimo”, afirma Silvia.
Benefícios para empresas que adotam ESG
Empresas que integram ESG em sua estratégia colhem diversos benefícios. Entre as vantagens, destacam-se o aumento da produtividade, fidelização de clientes, melhora na reputação e acesso a crédito mais competitivo. Além disso, 87% dos consumidores brasileiros preferem marcas sustentáveis, e 70% estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços com práticas ESG”, orienta Silvia.
Por outro lado, empresas que ignoram a agenda ESG enfrentam sérias desvantagens. Além de perderem acesso a financiamentos e licitações públicas, correm o risco de ficar fora do mercado. “Fatores ambientais, sociais e de governança estão se tornando critérios mandatórios em contratos", alerta.
Ramos acrescenta que práticas superficiais de ESG podem ser vistas como greenwashing, prejudicando a credibilidade da empresa. "Aplicar ESG em sua plenitude não deveria ser um diferencial, mas uma obrigação".
ESG: o caminho inevitável
Por isso, adotar práticas ESG na construção civil não é apenas uma resposta às demandas de investidores e consumidores, mas também uma forma de assegurar a longevidade das empresas. “O ESG é a sexta maior onda de inovação e guiará os mercados pelos próximos 25 anos", assegura Silvia.
Empresas que investem em ESG hoje estão construindo um futuro mais sustentável, inclusivo e próspero. A questão não é mais se é preciso adotar a metodologia, mas como começar.
Entrevistados
Silvia Elmor é consultora, palestrante, co-idealizadora da DESGN – estúdio de inovabilidade, é especialista em ESG pela International Association for Sustainable Economy (IASE - Londres), auditora líder ESG com base na ABNT PR 2030:2022, pós-graduada em Direitos Humanos e Responsabilidade Social Corporativa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); pós-graduada em Marketing Estratégico pela FAE Business School, Formação em Liderança Feminina pela Inova – Lisboa. É coordenadora da Câmara Setorial ESG da Associação Comercial do Paraná (ACP) e diretora do Instituto Barão do Serro Azul, braço social da ACP, coordenadora estendida do Pilar ESG do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
Fábio Ramos é administrador de empresas graduado e pós-graduado pela Universidade Nove de Julho, possui MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Mercado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Possui mais de 15 anos de experiência no segmento de Legislação Urbana, Real Estate Compliance e ESG aplicado ao segmento imobiliário. Atualmente, lidera uma equipe composta por mais de 50 profissionais entre arquitetos, engenheiros, advogados e analistas especializados em Arquitetura Legal e Real Estate Compliance (Compliance Imobiliário). É diretor geral da Plenno Arquitetura.
Contatos:
silvia@desgn.co
fabio.ramos@plenno.com.br
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Ana Carvalho
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Vícios construtivos e insegurança jurídica: desafios crescentes na construção civil
O Brasil registrou 139.026 ações judiciais relacionadas a vícios construtivos desde o ano de 2008, sendo que 82.900 desses processos ainda estavam ativos até agosto de 2024. Esse levantamento, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), reflete um problema crescente que afeta não só as construtoras, mas também consumidores e o sistema judiciário em geral.
Os vícios construtivos referem-se a eventuais falhas em obras que comprometem sua funcionalidade, segurança ou estética. Eles podem envolver problemas em instalações elétricas e hidráulicas, defeitos estruturais ou falhas em acabamentos.
No entanto, Fernando Guedes, vice-presidente jurídico da CBIC, alerta que nem todas as ações são legítimas. “Muitas vezes, os processos não pedem o reparo do defeito, mas apenas indenizações financeiras, caracterizando litigância predatória (ajuizamento de processos de forma abusiva ou fraudulenta)”.
Além dos custos diretos com indenizações, honorários e perícias, os vícios construtivos impactam a reputação das empresas e geram atrasos nos cronogramas de obras. Esses fatores dificultam a competitividade e sustentabilidade financeira das construtoras. “A judicialização excessiva desvia recursos humanos e financeiros para lidar com processos, afetando a eficiência operacional”, explica.
Insegurança jurídica: um entrave ao crescimento
A ausência de regulamentações claras sobre prazos de garantia e prescrição para ajuizamento de ações cria um ambiente de insegurança jurídica no mercado imobiliário. Para Guedes, é essencial distinguir ações legítimas de casos de litigância predatória. “Precisamos de mecanismos legais que proporcionem maior segurança para o setor, evitando o congestionamento do Judiciário e os prejuízos financeiros ao governo”.
Para enfrentar o problema dos vícios construtivos, a CBIC lançou o Projeto Vícios Construtivos Ciclo 2, que visa combater práticas predatórias e estabelecer parâmetros claros para a garantia e prescrição. Entre as ações preventivas, Guedes destaca:
* Controle rigoroso da qualidade em todas as etapas da construção;
* Capacitação contínua dos profissionais;
* Registro detalhado de inspeções e manutenções;
* Comunicação efetiva com clientes para resolução extrajudicial de problemas.
Empresas que negligenciam a qualidade e não adotam medidas preventivas enfrentam danos financeiros e reputacionais. Além disso, a falta de práticas consistentes de gestão expõe as construtoras a riscos judiciais e perda de confiança dos clientes. “Esses fatores comprometem a imagem do setor e criam barreiras para sua evolução”, observa Guedes.
Uma agenda de qualidade e segurança
A judicialização de vícios construtivos não apenas sobrecarrega o sistema jurídico, mas também ameaça a sustentabilidade do setor da construção civil. Como aponta Guedes, trazer estabilidade jurídica é fundamental para preservar a competitividade do mercado e garantir a qualidade das obras.
Com iniciativas como o Projeto CBIC Vícios Construtivos, o setor busca alinhar práticas de qualidade, regulamentação e diálogo com os consumidores, pavimentando o caminho para um mercado mais confiável e eficiente, sendo a execução o principal desafio a partir de agora.
Entrevistado
Fernando Guedes é advogado e vice-presidente Jurídico da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Com ampla experiência no setor, atua na defesa de políticas que promovam segurança jurídica e sustentabilidade para o mercado imobiliário e da construção civil. Guedes é especialista em Direito Empresarial e Tributário, com reconhecida trajetória na mediação de conflitos e no enfrentamento de questões relacionadas a vícios construtivos. Sua atuação na CBIC é marcada por iniciativas inovadoras, como o Projeto CBIC Vícios Construtivos, que busca fortalecer a qualidade das obras e combater a judicialização predatória no setor.
Contato: ascom@cbic.org.br
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Belém vai sediar COP 30 em 2025 e obras de infraestrutura já estão transformando a capital paraense
De 10 a 21 de novembro de 2025, Belém do Pará será palco da 30ª Conferência das Partes (COP 30), evento anual da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Reunindo líderes globais, especialistas e organizações em busca de soluções para as mudanças climáticas, a COP trará reflexos não apenas no debate ambiental, mas também no desenvolvimento da infraestrutura e da mobilidade urbana da capital paraense.
O Governo do Pará, em alinhamento com a UNFCCC, está realizando uma série de investimentos que fazem parte de um amplo pacote de obras estruturantes que não só atenderão às demandas do evento, mas também transformarão Belém em uma cidade mais moderna, sustentável e integrada.
Com orçamento de R$ 4 bilhões para 2024, oriundos do Tesouro Estadual, Itaipu Binacional e BNDES, o planejamento abrange saneamento, mobilidade urbana e espaços públicos.
Neil Aldrin de Azevedo Henriques, diretor de Tecnologia e Materiais de Construção do Sinduscon Pará, destaca o avanço positivo nas obras. "Estão conseguindo avançar e cumprir o cronograma. Acredito que a entrega será no prazo previsto em contrato", afirma. No entanto, ele ressalta a escassez de mão de obra qualificada como um dos maiores desafios não só no Pará, mas em todo o Brasil.
A preparação da mão de obra requer tempo e investimento. “O setor da construção civil gera muito emprego, mas precisamos capacitar os operários, o que leva tempo”, ressalta. Ele também menciona a parceria entre o Sinduscon e entidades como o Senai para promover a qualificação, embora a demanda das empresas associadas supere a oferta disponível.
Projetos previstos para a COP 30
Entre os principais projetos, destaca-se o Parque da Cidade, localizado em uma área de 500 mil m² onde antes operava um aeroporto. Com 70% das obras concluídas até outubro de 2024, o parque incluirá espaços como o museu da aviação, áreas verdes preservadas, ecotrilhas, ciclotrilhas, um lago artificial e instalações esportivas. Após a conferência, será um legado permanente para os moradores de Belém.
Outro destaque é o Porto Futuro II, um complexo que integrará lazer, gastronomia e inovação em bioeconomia. Localizado em antigos galpões da Companhia Docas do Pará, o espaço promoverá a cultura amazônica e experiências únicas para visitantes.
Mobilidade em transformação
O trânsito da Região Metropolitana será beneficiado com a entrega de dois viadutos em Ananindeua e outros dois na entrada de Belém, além da ampliação da Rua da Marinha, que passará a ter seis faixas de rolamento.
Já o sistema de transporte público será modernizado com a conclusão do sistema de transporte BRT Metropolitano, que contará com veículos a diesel Euro 6, de baixas emissões, e modelos elétricos. Essas ações visam melhorar não apenas o trânsito durante a conferência, mas também a qualidade de vida dos moradores a longo prazo, sendo um dos exemplos de como a COP está promovendo soluções de mobilidade sustentáveis.
Melhorias em saneamento básico também fazem parte do pacote. Mais de 59,5 km de redes de esgotamento sanitário serão implantados, beneficiando mais de 500 mil pessoas com drenagem pluvial, esgotamento e paisagismo. Trechos de canais já revitalizados, como os canais do Tucunduba e União, são exemplos do impacto positivo dessas obras.
Com a previsão de receber mais de 60 mil pessoas, Belém enfrentou o desafio de ampliar sua capacidade hoteleira. Para isso, navios de cruzeiro ancorados no porto da cidade oferecerão 4.500 quartos. Paralelamente, a construção de dois hotéis cinco estrelas e a reforma de edifícios históricos, como o antigo prédio da Receita Federal, vão garantir conforto e funcionalidade aos visitantes e deixar um legado turístico para a cidade.
A infraestrutura relacionada à COP 30 exige um nível elevado de especialização, já que envolve obras como o Parque da Cidade, o Porto Futuro II e sistemas de mobilidade urbana, que devem estar alinhados às demandas do evento e ao legado para a população local. "São projetos que exigem mão de obra qualificada, e a ausência dela pode impactar prazos e custos. Essa situação demanda esforços conjuntos do setor público e privado", observa Henriques.
Apesar das dificuldades, o setor vê a COP 30 como uma oportunidade de transformar Belém e o Pará em referências de sustentabilidade e desenvolvimento. "Esse é um desafio que o setor da construção civil terá a capacidade de resolver. Acredito que, com a parceria entre os sindicatos, a Federação das Indústrias e o governo, conseguiremos superar essa fase e entregar os projetos com qualidade", assinala.
Um futuro promissor
A COP 30 não apenas coloca Belém no centro das discussões globais sobre clima, mas também impulsiona o desenvolvimento local. Obras estruturantes, como o Terminal Internacional de Cruzeiros, que abrigará hotéis flutuantes durante o evento, e o Terminal Hidroviário da Cidade Velha, reforçam a conexão da cidade com as ilhas da região e posicionam Belém como destino turístico e logístico de destaque.
Com um legado que vai além dos dias da conferência, os investimentos realizados refletem o compromisso de Belém em se preparar para o futuro, equilibrando sustentabilidade, urbanismo e qualidade de vida.
A COP 30 será um marco para Belém, unindo esforços locais, nacionais e internacionais para transformar a cidade em um polo global de sustentabilidade e desenvolvimento. As obras não só atenderão às necessidades do evento, mas também deixarão uma base sólida para que Belém continue crescendo de forma planejada.
Fonte
Governo do Pará
Entrevistado
Neil Aldrin de Azevedo Henriques é engenheiro civil e diretor de Tecnologia e Materiais de Construção do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA).
Contatos:
redacao@agenciapara.com.br
secretaria@sindusconpa.org.br
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Como o fim da escala 6x1 impactaria a construção civil?
A redução da jornada de trabalho, com o fim da escala 6x1, está em debate no Congresso e também em diversos setores do mercado de trabalho. Atualmente, a Constituição limita a jornada a 44 horas semanais e a 8 horas diárias. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para o fim da escala 6x1 propõe jornada semanal máxima de 36 horas, 4 dias de trabalho e 3 dias de folga. Caso seja aprovada, quais seriam os impactos para a construção civil?
Eduardo Aroeira, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), já se pronunciou sobre o assunto. Em entrevista coletiva, ele declarou que o mercado está, hoje, praticamente em pleno emprego e que a grande luta não é empregar pessoas e, sim, o aumento de produtividade.
“A alteração da escala neste momento, em que temos uma produtividade baixa e uma necessidade de entrega, principalmente de unidades de interesse social, com certeza, geraria o desemprego ou a informalidade”, justificou Aroeira. Na opinião do vice-presidente da CBIC, a discussão mais importante é sobre como melhorar as condições dos trabalhadores e aumentar a produtividade por meio de maneiras diferentes de construção.
Para Maristela Honda, presidente do Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo (Seconci-SP) e vice-presidente de Responsabilidade Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), a PEC traria consequências negativas para a construção civil, como aumento dos preços das obras, inviabilização de programas habitacionais como o “Minha Casa, Minha Vida”, e elevação da informalidade.
“Se a proposta fosse implementada, adquirentes de imóveis, investidores, governo, construtoras e incorporadoras seriam amplamente prejudicados. Para atender a forte demanda e executar as obras, seria necessária a contratação de mais trabalhadores, onerando os orçamentos. Ora, o principal problema atual da construção é justamente a falta de mão de obra. Isto já está elevando os custos de produção, que ficariam ainda mais caros com a necessidade de contratação de mais pessoal. Se a jornada de trabalho for reduzida, esses custos adicionais seriam repassados para os preços das obras”, pondera Maristela.
Como consequência, segundo Maristela, programas habitacionais como o “Minha Casa, Minha Vida” seriam inviabilizados, governos pagariam mais caro pelas obras públicas, as vendas e a arrecadação cairiam, prejudicando um Orçamento federal crescentemente deficitário.
“Um estudo da consultoria Ecconit para o SindusCon-SP mostrou que em 2023 apenas 25,5% dos ocupados na construção brasileira eram empregados com carteira assinada. Ou seja, a redução da jornada, se implementada no setor, atingiria menos de um quarto dos ocupados no setor. E o problema poderia se agravar, com a migração de folhas de pagamento para a informalidade”, opina a presidente do Seconci-SP.
Mais descanso é sinônimo de produtividade?
Na opinião de Maristela, a produtividade depende majoritariamente de fatores inerentes à jornada de trabalho. “Na construção, para que a produtividade se eleve com menos horas de trabalho, seria necessária uma forte industrialização da atividade nas obras. Em uma cadeia produtiva vasta e de longo ciclo como é a construção, essa evolução não se faz da noite para o dia. A industrialização da construção terá um impulso em alguns anos, na vigência da reforma tributária, que deverá desonerar os produtos industrializados empregados pelo setor. Até lá, será necessário manter os processos construtivos atuais, que, aliás, já avançaram muito nos últimos anos”, afirma.
Saúde mental dos trabalhadores
Sob a perspectiva da saúde mental dos trabalhadores, essa PEC pode trazer benefícios? Para a presidente do Seconci-SP, a questão remete a um dos pontos centrais desse debate: "Até que ponto a saúde mental, a motivação e a produtividade de um funcionário estão mais relacionadas a fatores intrínsecos a ele, ao trajeto e ao ambiente de trabalho, do que à carga horária?". Segundo ela, essa é uma preocupação crescente na indústria da construção.
De acordo com Maristela, proporcionar um ambiente de trabalho seguro e saudável, e atuar pela elevação da qualidade de vida dos trabalhadores da construção e de seus familiares, é uma das missões do Seconci-SP e do SindusCon-SP. Dentre as iniciativas para promover a saúde mental dos trabalhadores da construção civil estão:
- Eventos como o ConstruSer (Encontro Estadual da Construção Civil em Família), que proporciona lazer, educação e estímulo ao convívio familiar aos trabalhadores do setor e suas famílias;
- Treinamentos e eventos como a MegaSipat (Mega Semana Interna de Prevenção de Acidentes), com ênfase na segurança do trabalho;
- Em parceria com o Senai-SP, o Seconci-SP mantém um programa pelo qual os técnicos de segurança daquele serviço visitam periodicamente as obras, orientando sobre a observância das Normas Regulamentadoras de saúde e segurança do trabalho;
- Cursos e treinamentos: o Seconci-SP investe fortemente em formação, capacitação e atualização de conhecimentos dos trabalhadores, aumentando sua motivação e as possibilidades de eles ascenderem profissionalmente.
“Paralelamente, disseminamos conhecimentos sobre inovações e industrialização da construção, reduzindo o trabalho manual. Todas estas atuações contribuem para a saúde mental, deverão elevar no médio prazo a produtividade na construção e poderão futuramente até propiciar uma redução gradual da jornada de trabalho”, afirma a presidente do Seconci-SP.
Entrevistada
Maristela Honda, presidente do Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo (Seconci-SP) e vice-presidente de Responsabilidade Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP).
Contato
Assessoria de imprensa Seconci-SP: rafael.marko@seconci-sp.org.br
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Da fachada ao futuro: como o Prêmio Obra do Ano da ABCIC transforma a construção civil no Brasil
O Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto, promovido pela Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC), não é apenas um evento de celebração, mas é uma vitrine para o potencial transformador da construção industrializada no Brasil.
Desde sua criação, a premiação destaca obras que unem estética, eficiência e sustentabilidade, evidenciando como os pré-fabricados de concreto têm o poder de transformar o cenário arquitetônico e estrutural do país.
Para Íria Doniak, presidente executiva da ABCIC, a importância do prêmio transcende os troféus. "As obras inscritas na premiação evidenciam a versatilidade dos pré-fabricados de concreto, sejam estruturas, fachadas ou fundações. É uma oportunidade de difundir nossa tecnologia e estimular novas ideias, promovendo a união entre arquitetura e engenharia", afirma.
Critérios de avaliação
A premiação é conhecida por seu rigor técnico e seus critérios de avaliação incluem originalidade, inovação, versatilidade, facilidade de execução, além de qualidade e sustentabilidade.
A comissão julgadora, composta por renomados especialistas como Afonso Mamede (Sobratema) e professores de instituições como USP, analisa cada projeto com atenção aos detalhes que destacam o uso dos pré-fabricados. Íria enfatiza a importância desse processo criterioso. "É essencial valorizar obras que conseguem aliar beleza e funcionalidade, mostrando como o pré-fabricado pode atender demandas específicas e complexas, mantendo qualidade e confiabilidade", destaca.
Vencedores de 2024
Nesta edição, a Praça Lindenberg, em São Paulo, foi o destaque do júri. A obra impressionou pela complexidade de suas fachadas, executadas com painéis pré-fabricados desenvolvidos pela Stamp Pré-Fabricados Arquitetônicos. "Trabalhar com um conceito arquitetônico tão detalhado e manter o alto nível de confiabilidade foi um desafio que demonstrou o poder da construção industrializada", explica Íria.
Outros vencedores também se destacaram em suas diversas categorias. Confira:
Edificações: o Arquipeo, projetado pelo arquiteto Gustavo Utrabo, conquistou tanto o prêmio da categoria quanto a Votação Popular. Com modulação inovadora e soluções sustentáveis, a obra reflete a evolução do trabalho híbrido.
Infraestrutura: a duplicação da PR-092, conhecida como Rodovia dos Minérios, no Paraná, mostrou como pré-lajes e longarinas podem viabilizar grandes obras. "A complexidade desse projeto reforça a importância dos pré-fabricados em soluções de grande escala", comenta Íria.
Pequenas Obras: a Casa E-CO ArcelorMittal, apresentada na Feicon, destacou a eficiência dos pré-fabricados em soluções modulares e sustentáveis.
Inovação como alicerce do futuro
Além dos vencedores, a premiação também reconhece projetos com menções honrosas, como o Scala Data Center e o Viaduto de acesso à Vila dos Pescadores. Esses exemplos ilustram como o setor está cada vez mais comprometido com a inovação.
A cada edição, o Prêmio Obra do Ano reforça que o pré-fabricado de concreto não é apenas uma técnica construtiva, mas uma solução que une criatividade, eficiência e compromisso com a sustentabilidade. "A ABCIC tem um papel fundamental em fomentar a adoção de tecnologias modernas na construção civil brasileira. Nosso prêmio é mais que uma celebração. Trata-se de um incentivo ao futuro sustentável e eficiente", conclui Íria.
Entrevistada
Íria Doniak é presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic).
Contato:
sylvia@meccanica.com.br
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99° Enic discute crédito para habitação, inflação e reforma tributária
No dia 26 de novembro, aconteceu em Brasília (DF) o 99º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O evento trouxe discussões sobre o futuro da construção, os impactos da reforma tributária, segurança jurídica e industrialização, com a presença de diversas autoridades.
Confira alguns dos destaques:
Crédito para habitação
Durante o 99º ENIC, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o empenho do Governo Federal em ampliar o acesso à moradia no Brasil e assegurou que haverá recursos suficientes para o setor habitacional, uma das áreas mais importantes da construção civil.
Além disso, Lula ressaltou os progressos alcançados pelo programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida” (MCMV) nos últimos anos e anunciou que o governo pretende expandir sua abrangência para atender também famílias de classe média - com renda de até R$ 10 mil. “É justo que uma pessoa que ganha R$ 8 mil, R$ 9 mil, R$ 10 mil seja atendida por um programa do governo, porque essas pessoas trabalham e são pessoas que trabalham por conta própria, são pequenos empreendedores, e nós temos que atender essa gente”, afirmou o presidente.
Controle da Inflação
Durante o 99º ENIC, também foi debatido o controle da inflação e o desafio de conciliar o aumento dos gastos obrigatórios com a necessidade de realizar ajustes fiscais. A economista Zeina Latif chamou a atenção para as preocupações geradas pelo aumento das taxas de juros pelo Banco Central, especialmente em um contexto de queda da inflação global, no qual o Brasil adota uma trajetória oposta à de outras nações.
Na palestra, a economista ressaltou que o Brasil enfrenta um ciclo econômico marcado por volatilidade, com recessões e desacelerações ocorrendo de forma cada vez mais recorrente e, frequentemente, desalinhadas das dinâmicas globais.
“Nos anos 80, o Brasil era altamente vulnerável a choques externos, com uma economia superendividada, reservas internacionais limitadas e uma base exportadora concentrada em poucos produtos. Isso resultava em grande volatilidade e desvalorizações constantes. No entanto, ao longo do tempo, políticas públicas eficazes e o dinamismo do setor privado permitiram avanços significativos, como a superação da insegurança alimentar e a melhoria das contas externas, o que levou o país a alcançar estabilidade desde 2006. Essas conquistas foram fundamentais para reduzir a volatilidade econômica observada nas décadas anteriores”, declarou a economista.
Zeina explicou que o Brasil enfrenta o desafio de desenvolver uma estratégia de ajuste fiscal que não se limite a estabilizar a dívida pública, atualmente em torno de 80% do PIB. Segundo a economista, é essencial estabelecer diretrizes bem definidas e evidenciar a existência de um plano de longo prazo.
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, destacou que, para o avanço da indústria e da construção civil, a diminuição das taxas de juros é essencial. “Precisamos ser rigorosos na questão fiscal e a redução dos juros deve ser uma obsessão. O PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) também deve ser um grande estímulo para o investimento em moradia. Nós teremos juros mais efetivos com o arcabouço fiscal. Toda a discussão hoje será sobre 0% ou 0,25% para fazer superávit”, ressaltou o vice-presidente.
Reforma tributária
No painel dedicado à reforma tributária, Bernard Appy, secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, destacou que a regulamentação do novo sistema tributário, atualmente em debate no Senado Federal, trará impactos positivos para a indústria da construção.
Appy explicou que a regulamentação foi elaborada com atenção especial às particularidades do setor da construção. Ele destacou que a proposta já progrediu consideravelmente na Câmara dos Deputados e que, atualmente, o foco das discussões é a transição entre os regimes tributários vigente e futuro, visando preservar os contratos já firmados. Apesar da redução da alíquota, Appy reconheceu que ainda há debates sobre os efeitos da reforma, mas estimou que a diferença no crédito tributário será limitada, representando cerca de 3 a 4% do valor final dos imóveis.
De acordo com o secretário, uma das mudanças mais significativas será a adoção do sistema não cumulativo, que possibilitará a recuperação de créditos referentes a insumos e serviços empregados na construção, algo que anteriormente não era permitido.
“Isso terá um impacto transformador, incentivando o uso de métodos construtivos mais eficientes, como estruturas pré-fabricadas, e tornando o sistema tributário neutro em relação à escolha do método construtivo”, afirmou o secretário. Com isso, espera-se um aumento na produtividade e na eficiência da construção, o que resultará na redução dos custos e, por conseguinte, no preço final dos imóveis, trazendo benefícios para os consumidores.
Fontes
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Contato
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Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
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Corredor Metropolitano: obra que transformará a mobilidade na Grande Curitiba
O Governo do Paraná deu um importante passo rumo à modernização da infraestrutura viária ao publicar o edital de licitação para a construção do novo Corredor Metropolitano.
O projeto estende a rodovia PR-423, conectando Campo Largo e Araucária à BR-476 com uma obra de infraestrutura moderna, que inclui importantes interseções em vias locais até a conexão com a BR-116 em Curitiba/Fazenda Rio Grande.
A obra promete revolucionar a mobilidade e o desenvolvimento econômico da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Com cerca de 9,5 km de extensão e investimento de R$ 394 milhões, o corredor será uma solução importante para aliviar o tráfego intenso no Contorno Sul.
A Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (AMEP), responsável pela execução do projeto, destaca a relevância dessa rodovia, que irá desviar cerca de 25% do tráfego atual do Contorno Sul, melhorando significativamente a fluidez nas principais interseções da região. Esse novo trecho funcionará como um segundo contorno rodoviário, facilitando o deslocamento entre os polos norte e sudeste do Estado.
Infraestrutura moderna e sustentável
O projeto do Corredor Metropolitano inclui uma infraestrutura robusta, com a construção de rodovia com pavimento rígido na via principal e pavimento flexível nas alças e vias marginais, além de ciclovia de 2,5 metros de largura ao longo de todo o trecho. Essa estrutura moderna prevê também sete obras de arte especiais, como viadutos, trincheiras e uma ponte sobre o Rio Barigui, para garantir segurança e eficiência no fluxo viário.
A escolha pelo pavimento de concreto foi baseada em análises de custo-benefício, considerando a durabilidade e a redução de custos de manutenção a longo prazo. Serão utilizados cerca de 45.000 m³ de concreto para garantir a qualidade e a resistência da pista principal.
Impactos econômicos e sociais
Mais do que uma solução viária, o Corredor Metropolitano trará impactos positivos para a economia local. De acordo com a AMEP, a nova rodovia facilitará o acesso às indústrias da região, concentrando um significativo número de empregos e promovendo a geração de renda. Além disso, a inclusão da ciclovia reflete uma preocupação crescente com a mobilidade sustentável, incentivando o uso de transportes não motorizados.
O projeto também ampliará o acesso da população a serviços públicos e oportunidades de trabalho, reduzindo os tempos de viagem e melhorando a qualidade de vida na Região Metropolitana de Curitiba. Com o aumento da densidade populacional na região, essa obra chega em um momento estratégico, consolidando a integração entre áreas urbanas e industriais.
Cronograma e desafios
A execução do Corredor Metropolitano depende da obtenção do licenciamento ambiental, que está prevista para 2025. Após o início das obras, a conclusão deverá ocorrer em 30 meses, tornando essa uma das maiores e mais desafiadoras iniciativas de infraestrutura já realizadas na região.
Com planejamento detalhado e foco em eficiência, o Governo do Paraná e a AMEP buscam entregar uma obra que não apenas resolva os problemas de mobilidade da região, mas que também sirva como um modelo para projetos futuros de infraestrutura no estado.
Um marco para a construção civil
A construção do Corredor Metropolitano não é apenas um marco para a mobilidade, mas também para o setor de construção civil no Paraná. Com o uso de tecnologias avançadas e investimentos expressivos, a obra reforça o papel estratégico do Estado como referência em inovação e desenvolvimento sustentável.
Quando finalizado, o Corredor Metropolitano representará um símbolo de modernização e progresso, conectando pessoas, regiões e oportunidades, enquanto pavimenta o caminho para um futuro mais integrado e eficiente na Grande Curitiba.
Fonte
AMEP - Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná
Contato: rodrigues@amep.pr.gov.br
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Financiamento de imóveis pela Caixa: entenda o que mudou
Em outubro, a Caixa Econômica Federal anunciou uma série de mudanças com relação ao financiamento de imóveis de até R$ 1,5 milhão. As regras passaram a valer a partir de 1° de novembro de 2024.
De acordo com José Augusto Viana Neto, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (CRECI-SP), essa mudança é decorrente do fato de que a alta taxa da Selic tornou o mercado financeiro mais atrativo do que a poupança. “Com isso, muitas pessoas têm retirado seu dinheiro da poupança para investir em alternativas mais rentáveis. Vale lembrar que o funding utilizado pela Caixa para financiar o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) provém, essencialmente, dos recursos da poupança. Como os saques superaram os depósitos, a Caixa ficou sem o volume necessário de funding para sustentar os financiamentos. Por essa razão, foi necessário realizar cortes, limitando as operações dentro das condições possíveis de atendimento”, informa.
Principais mudanças nas regras para financiamentos e seus impactos
De acordo com a Caixa, os financiamentos realizados com recursos do SBPE agora terão como requisito que o valor de avaliação ou de compra e venda dos imóveis seja limitado a R$ 1,5 milhão, tanto para aquisição quanto para construção individual. Antes dessa mudança, não havia qualquer restrição quanto ao valor dos imóveis financiados por meio do SBPE.
Outra mudança diz respeito às cotas de financiamento admitidas pelo banco. Há duas modalidades de financiamento habitacional principais: o Sistema de Amortização Constante (SAC), onde as prestações começam mais altas e diminuem ao longo do tempo, e a Tabela Price, em que as prestações permanecem fixas do início ao fim do contrato. Ambas sofreram mudanças significativas recentemente.
“No caso do SAC, o limite de financiamento caiu de 81% para 70% do valor do imóvel, ou seja, o comprador precisa ter pelo menos 30% do valor para dar de entrada. Já na Tabela Price, o limite de financiamento foi ainda mais reduzido, de 70% para 50%, exigindo que o comprador tenha metade do valor do imóvel para a entrada”, explica o presidente do CRECI-SP.
Impactos das mudanças para o mercado
Para Viana Neto, essas mudanças tornam mais desafiador adquirir imóveis de alto valor, já que muitos compradores não possuem 50% do valor do imóvel para dar de entrada. Como consequência, espera-se uma redução no número de transações imobiliárias no curto prazo. “Bancos privados poderiam suprir essa lacuna, mas suas taxas de juros são mais altas, o que tende a afastar ainda mais potenciais compradores”, pondera.
O presidente do CRECI-SP acredita que a situação deve se normalizar apenas em janeiro de 2025, com o início do novo exercício fiscal e a disponibilização de um novo orçamento. “Para 2024, a engenharia já havia solicitado um reforço de R$ 1,5 bilhão para atender os contratos protocolados e em andamento, mas não há previsão de novos recursos no momento. Essas mudanças podem impactar significativamente o mercado imobiliário, dado que as taxas de juros da Caixa são historicamente mais baixas que as oferecidas por bancos privados. Isso reforça as dificuldades para os compradores e o mercado em geral até que a situação seja regularizada.
Qualquer variação percentual nas taxas de juros impacta significativamente tanto o valor final do contrato quanto a comprovação de renda de quem solicita o financiamento. A renda familiar se torna um fator crucial nesse processo”, relata.
Além disso, Viana Neto lembra que, recentemente, em agosto, houve alterações importantes no programa “Minha Casa, Minha Vida”, especificamente na modalidade de imóveis usados. O valor máximo do imóvel, que antes era de R$ 350 mil, foi reduzido para R$ 270 mil. Já a entrada, que antes era mais flexível, agora se mantém em 50%.
“Esses ajustes, somados à taxa Selic atual de 11,25%, criam uma perspectiva preocupante para o futuro. Antes, havia otimismo com a possibilidade de queda da Selic; agora, há o receio de novos aumentos. Essa incerteza afeta os investidores, que hesitam em realizar novos aportes temendo um retorno financeiro abaixo do esperado. No momento, o mercado está em uma posição de espera e esforço, navegando sem muita clareza sobre o que está por vir”, conclui.
Impacto para as construtoras e incorporadoras
Para aquelas que trabalham com autofinanciamento, o presidente do CRECI-SP acredita que o cenário é mais positivo, já que a demanda por esse modelo tende a crescer. “Muitas incorporadoras já utilizam financiamento próprio, o que as protege das mudanças recentes. No entanto, aquelas que dependem de financiamentos imobiliários certamente estão preocupadas, já que essas alterações podem reduzir o número de interessados visitando os plantões de vendas. Isso também pode levar ao adiamento de novos lançamentos. Como as medidas entraram em vigor no início do mês, ainda não há dados concretos para avaliar o impacto total no mercado”, conclui.
Entrevistado
José Augusto Viana Neto, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (CRECI-SP).
Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
“Construção Brasil 2024” debate inovação e crescimento no setor
Em outubro, foi realizado o evento Construção Brasil 2024, dedicado à discussão de estratégias inovadoras, transformações tecnológicas e oportunidades de crescimento no setor.
Durante o evento, foram debatidos temas como construção industrializada, novas tecnologias aplicadas a métodos construtivos e novos modelos financeiros voltados ao segmento.
Dentre os palestrantes, destacou-se José Carlos Martins, presidente do Conselho Consultivo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que abriu o dia discutindo o futuro da construção industrializada. Marcelo Xavier (Senior), Lauro Ladeia (diretor técnico da Tegra) e Felipe Motta (gestor de Obras da MRV) participaram do painel sobre “Tecnologias inéditas e métodos construtivos”. Outros nomes de peso incluíram Gustavo Cambaúva, sócio do BTG Pactual, e Fábio Moraes, vice-presidente da Brookfield, que trouxeram insights sobre as oportunidades financeiras no setor.
Confira alguns dos principais temas do evento sob a ótica de Cíntia Tertuliano, head de Produto Construção na Senior Sistemas.
Futuro da construção industrializada no Brasil
De acordo com Cíntia, o futuro da construção industrializada no Brasil tende a ser promissor, especialmente com a crescente busca por eficiência, sustentabilidade e inovação tecnológica no setor. “Alguns pontos-chave para o desenvolvimento desse modelo no país são a adoção de tecnologias avançadas, como a metodologia BIM (Building Information Modeling), soluções de inteligência artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), automação, robótica e impressão 3D. A sustentabilidade será foco, mirando a redução de resíduos, eficiência energética e o uso de materiais sustentáveis”, informa.
Além disso, Cíntia acredita que a industrialização tem o potencial de atender de maneira rápida e econômica à crescente demanda por moradias e infraestrutura, especialmente em projetos de habitação social. “Para acelerar esse processo, incentivos governamentais com políticas públicas e incentivos fiscais serão essenciais para a adoção da construção industrializada. O governo pode estimular o setor ao priorizar tecnologias inovadoras em obras públicas e ao desburocratizar processos”, opina.
A modernização do setor também exigirá a capacitação da mão de obra, preparando profissionais para operar equipamentos tecnológicos, lidar com processos mais avançados e proporcionar a integração com a Indústria 4.0, otimizando processos e permitindo a previsão de falhas por meio de tecnologias como IoT, IA e Big Data, segundo Cíntia. “Soluções modulares e pré-fabricadas também deverão ganhar força, principalmente em setores como saúde, educação e empreendimentos comerciais, devido à sua rapidez e versatilidade”, pontua.
No entanto, Cíntia alerta que a evolução desse modelo exige ainda uma mudança cultural no setor, substituindo a mentalidade tradicional de obras "in loco" por uma visão de longo prazo focada em qualidade, planejamento e execução eficiente.
Modelos financeiros inovadores para o crescimento da construção civil
Cíntia destaca que modelos financeiros inovadores têm o potencial de impulsionar significativamente o crescimento da construção civil no Brasil, ao facilitar o acesso a recursos, mitigar riscos e incentivar a adoção de tecnologias mais eficientes. “Enquanto os modelos tradicionais enfrentam limitações, como altos custos de juros e pouca flexibilidade para atender às novas tendências tecnológicas, alternativas modernas oferecem soluções mais alinhadas às necessidades do mercado”, afirma.
Entre essas opções, Cíntia ressalta:
- Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) com foco em construção industrializada;
- Modelos de Project Finance para grandes empreendimentos;
- Plataformas de Crowdfunding Imobiliário, que democratizam o acesso ao investimento;
- Contratos de Parceria Público-Privada (PPP) para projetos estruturais;
- Modelos baseados em energia sustentável e créditos de carbono, promovendo eficiência energética;
- Aluguel com opção de compra (Built-to-Rent-to-Own), uma solução acessível e inovadora;
- Microfinanças para pequenos construtores, fomentando o empreendedorismo no setor;
- Financiamento com pagamento baseado no desempenho (Performance-Based Finance), vinculado a metas claras;
- Tokenização de ativos imobiliários, trazendo agilidade e segurança ao mercado;
- Seguros de garantia de construção, que oferecem maior confiança a investidores e parceiros.
Captação de investimentos
Para atrair investimentos em um cenário econômico instável, as incorporadoras precisam adotar estratégias que combinem gestão rigorosa, inovação e diversificação, segundo Cíntia. “Entre as principais práticas estão reforçar a governança corporativa e garantir transparência, apresentar relatórios financeiros auditados e assegurar compliance para fortalecer a confiança dos investidores. É preciso também diversificar as fontes de financiamento para ampliar o acesso a recursos por meio de crowdfunding, parcerias institucionais e emissão de debêntures incentivadas. Além disso, essas incorporadoras podem focar em projetos resilientes, priorizando habitação econômica, empreendimentos de uso misto e projetos sustentáveis para diversificar receitas e reduzir riscos”, propõe.
De acordo com Cíntia, outros pontos relevantes que podem ser observados são o investimento em inovação e novas tecnologias, bem como o gerenciamento de riscos, visando controlar custos, proteger-se contra flutuações cambiais e oferecer garantias sólidas para atrair investidores. “Outra dica é desenvolver estratégias de marketing focadas para investidores, criando pitches claros e atrativos, destacando cases de sucesso e alinhando-se aos critérios ESG para maior credibilidade”, menciona.
Cíntia também indica a importância de monitorar o cenário econômico e ajustar estratégias com base em taxas de juros, demandas locais e mudanças regulatórias para aproveitar oportunidades. “Por fim, pode-se apostar em parcerias público-privadas para viabilizar projetos de habitação e infraestrutura em tempos desafiadores”, conclui.
Entrevistada
Cíntia Tertuliano, head de Produto Construção na Senior Sistemas.
Contato: Assessoria de imprensa - centralpress@centralpress.com.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Concreto armado é uma das soluções que contribuíram para tornar as edificações mais resilientes no enfrentamento ao Furacão Milton
Nos últimos anos, eventos climáticos extremos têm evidenciado a necessidade de métodos construtivos mais resilientes, especialmente em regiões como a Flórida, nos Estados Unidos, frequentemente assolada por furacões. Após a devastação causada pelo Furacão Milton, que impactou fortemente o Estado americano em outubro deste ano, especialistas apontam o concreto armado como uma das principais tecnologias na busca por edificações mais seguras e adaptadas para resistir às forças da natureza.
A destruição provocada por furacões tem aumentado a pressão por normas de construção mais rígidas. Desde o Furacão Andrew, em 1992, foram implementadas diversas normas, entre as quais o Florida Building Code (FBC), um conjunto de regulamentos que dita padrões específicos de segurança para edificações. “Esse código foi criado para garantir que estruturas resistam a ventos extremos e impactos, sendo atualizado regularmente e amplamente fiscalizado”, explica o engenheiro Bruno Moreira Fenili.
As normas exigem, por exemplo, que portas, janelas e outras aberturas sejam resistentes a impactos e a ventos superiores a 250 km/h, conforme detalha o professor e engenheiro William de Assis Silva. “Os sistemas de proteção, como contraventamento e painéis metálicos, são essenciais para evitar danos causados por detritos”, observa.
Algumas das normas vigentes para construções na Flórida:
- Miami-Dade County Building Code: exige que portas, janelas e esquadrias sejam resistentes a impactos e testadas para ventos superiores a 250 km/h.
- ASTM E1996: padrão para a resistência ao impacto de detritos transportados pelo vento.
- Florida Building Code (FBC): requisitos para sistemas de proteção contra furacões, como contraventamento de portas e janelas com painéis metálicos.
O papel do concreto armado na resistência estrutural
Estruturas de concreto armado têm ganhado espaço nas regiões propensas a furacões. A combinação de concreto e aço oferece durabilidade e a capacidade de suportar forças extremas. “Paredes moldadas no local garantem excelente resistência estrutural e vedação contra ventos e detritos, enquanto painéis pré-fabricados de concreto são rápidos de instalar e altamente resistentes”, detalha Silva.
As tecnologias aplicadas às edificações resilientes vão além do concreto armado tradicional. Telhados com inclinações específicas, sistemas de drenagem eficientes e elevações da base das construções são algumas das soluções adotadas para mitigar os efeitos de furacões. Bruno ressalta que a utilização de fundações profundas ou rígidas é outro ponto fundamental, especialmente em áreas sujeitas a inundações.
Um exemplo disso é o empreendimento Porsche Design Tower, na Flórida, projetado para resistir a ventos de até 290 km/h. “Além disso, seu estacionamento elevado a 21 metros do chão demonstra como o concreto pode ser usado de maneira estratégica para minimizar impactos de inundações”, afirma Fenili.
Outras inovações incluem:
- Telhas resistentes a ventos: projetadas para suportar rajadas sem se soltarem.
- Barreiras impermeáveis: efetivas contra enchentes e erosão.
- Janelas e portas de impacto: com vidro laminado e molduras reforçadas, testadas para ventos extremos.
- Paredes de concreto moldado no local: oferecem excelente resistência estrutural e vedação contra ventos e detritos.
- Painéis pré-fabricados de concreto: Rápidos de instalar e extremamente resistentes.
- Fundações elevadas: Utilizam concreto para reduzir impactos de inundações e erosão.
Desafios e perspectivas
Embora o concreto armado seja um dos materiais mais eficazes para enfrentar intempéries naturais, sua aplicação em larga escala ainda enfrenta desafios econômicos e logísticos. Contudo, o investimento em infraestrutura resiliente é cada vez mais visto como uma necessidade, e não um luxo.
Silva enfatiza que a busca por soluções integradas é o caminho para mitigar os impactos das mudanças climáticas. “A combinação de design aerodinâmico, materiais resistentes e normas rigorosas pode salvar vidas e proteger propriedades de desastres naturais”, assinala.
Com o avanço das tecnologias e o aprendizado constante de eventos como o Furacão Milton, a construção civil está mais preparada para enfrentar os desafios impostos pela natureza. O concreto armado, sem dúvida, continua sendo um aliado essencial nessa luta.
Entrevistados:
Wiliam de Assis Silva é engenheiro de produção civil graduado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em Gestão de Projetos em Engenharia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Também possui especialização em Criatividade e Inovação pelo Centro Universitário UniCuritiba. Atua como profissional e docente nas áreas de Estruturas de Concreto Armado, Planejamento e Controle da Construção Civil, Gestão de Projetos, Gestão da Qualidade e Sustentabilidade, além de Logística e Supply Chain.
Bruno Moreira Fenili é engenheiro civil graduado pela Universidade Positivo, pós-graduado em Gerenciamento de Obras pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), MBA em Gestão de Projetos pela USP/Esalq, MBA em Gestão de Incorporações e Construções Imobiliárias pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), atualmente é gerente de Projetos e Desenvolvimento da Construtora Piemonte.
Contatos:
wiliamdeassis@gmail.com
bmfenilli@hotmail.com
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.