Ponte Rio-Niterói faz 50 anos e continua sendo uma das maiores obras de engenharia do mundo
A data histórica de 4 de março de 1974 marca a inauguração da Ponte Rio-Niterói, que completou 50 anos neste ano, continua sendo a maior ponte do Hemisfério Sul e a 23a no ranking mundial. É, sem dúvida, uma das maiores obras de engenharia do mundo sob o ponto de vista estrutural e arquitetônico.
Referência mundial na área de manutenção de grandes pontes, sua estrutura continua sendo debatida. Durante o XV CBPE - Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, promovido em maio pela ABECE e ABPE, o engenheiro Carlos Henrique Siqueira abordou o tema “Ponte Rio-Niterói: o cenário das juntas de dilatação em 50 anos de história”.
Siqueira é a memória viva da história da ponte. Ele iniciou sua carreira como engenheiro contratado para integrar a equipe, formada por cem engenheiros. “Eu estava fazendo pós-graduação quando me convidaram para trabalhar na construção da ponte. Depois de inaugurada, continuei como responsável técnico pela manutenção e depois, no regime de concessão, fui contratado como consultor. A ponte fez 50 anos de inauguração e faz 52 anos que trabalho nela”, comemora.
Desafios do projeto
Com essa trajetória, Siqueira relembra os desafios do projeto, que iria encurtar a distância entre Rio de Janeiro e Niterói. Antes da construção, era necessário percorrer a Baía de Guanabara, num percurso de 100 quilômetros. “A construção começou em 1969 e, na minha visão, duas situações foram as mais desafiadoras: as construções das fundações profundas num trecho da Baía da Guanabara e a montagem do caixão metálico”, ressalta.
Um dos dados que tornam essa obra única é que a laje do vão central, por onde passam os veículos, está apoiada em tubulões das fundações em rochas sãs localizadas a 130 metros de profundidade. “Isso é espetacular. Temos 1.138 tubulões e o mais profundo deles tem uma coluna contínua de concreto de 130 metros. Isso foi realmente na minha visão, um dos maiores desafios”.
Outro desafio foi a montagem da estrutura metálica que, para aquela época, foi a maior do mundo, de acordo com as revistas técnicas internacionais. O governo brasileiro comprou da Inglaterra 13.155 toneladas de aço e, quando chegaram os painéis, foi feita a soldagem e construídos os caixões metálicos na base naval da Ilha do Caju. “Ficamos conhecidos internacionalmente por essa montagem”, relembra.
Números grandiosos
Tudo que diz respeito à Ponte Rio-Niterói é grandioso. A ponte tem o maior vão em viga reta contínua do mundo, com 300 metros de comprimento. “Ainda é o maior vão central do mundo e esse recorde provavelmente não será batido, porque não se faz mais pontes similares”, ressalta o engenheiro.
Segundo Siqueira, esse vão de 300 metros é o principal canal de navegação, além de dois canais de navegação adjacentes de 200 metros.
Ele detalha que a ponte no trecho sobre o mar tem pilares de concreto com 20 metros e vai chegando perto do vão central com pilares de 65 metros, conforme exigência da Aeronáutica na época.
Confira outros dados impressionantes da Ponte Rio-Niterói
- 1.142 vigas nos acessos Rio e acessos Niterói;
- 3.250 aduelas, que compõem a superestrutura sobre a baía de Guanabara;
- 456 é o número de pilares na ponte, sendo que 206 estão no mar;
- 75 mil m3 é a quantidade de concreto submerso no trecho sobre o mar;
- 238 mil toneladas de cimento foi a quantidade utilizada na construção, o que daria uma altura superior a 2 mil vezes o Pão de Açúcar considerando o saco de cimento empilhado;
- 10.000 operários trabalharam na construção;
- 200 engenheiros atuaram na construção;
- 180 mil veículos trafegam diariamente pela ponte;
- 1ª obra no Brasil a ter Manual de Inspeção.
Referência mundial em manutenção
A Ponte Rio-Niterói continua sendo uma referência porque, ao longo de seus 50 anos, sua estrutura foi cuidadosamente mantida, sendo inclusive alvo de curiosidade para o mundo e, para se ter uma ideia, diversas delegações internacionais a visitam constantemente.
Siqueira inclusive é professor convidado do governo chinês para Vistoria de Pontes e relata que em 2004 recepcionou os engenheiros chineses em sua visita técnica. “Eles queriam verificar como a gente protegia a ponte contra impactos de navios. Outras comitivas vêm ao Rio, como os alunos de Engenharia de Munique, para visitar a ponte em sua conclusão de curso”, relata.
Leia também: Como a ponte Rio-Niterói superou o impacto de um navio
Melhorias contínuas
O engenheiro informa que a ponte passa por melhorias contínuas, fazendo recuperações modernas que são referência no mundo todo. Ele conta que nos anos 2000 o asfalto do vão central foi substituído por um piso de concreto armado, com duas camadas de aço. “Isso resolveu definitivamente o problema de abertura de buracos na pista, que causavam acidentes e problemas para a estrutura metálica das soldas”, aponta.
Atualmente, ele conta que os técnicos estão reforçando toda a ponte, com cabos de proteção adicional. Longe de ter qualquer situação de colapso, o fato é que o aço usado na época apresentava relaxação (perda gradual de tensão quando o material está em um estado de deformação constante). “Agora, estamos colocando cabos de aço que não têm relaxação tão alta para compensar a perda de tensão que os cabos estavam sofrendo”, observa Siqueira.
Além disso, estão sendo reforçadas as aduelas de concretos e feitas pinturas dos caixões metálicos devido à ambiência agressiva da Baía de Guanabara. “Fazemos uma série de monitorações nas estruturas metálica e de concreto e estamos trocando as juntas de dilatação no pavimento. São serviços dispendiosos, mas que garantem a manutenção da parte estrutural. É por isso que a ponte continua sendo referência mundial”, conclui ele.
Entrevistado
Carlos Henrique Siqueira é engenheiro civil formado pela Universidade Federal da Paraíba. Pós-graduado em Estruturas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre e Doutor em Ciências pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Engenheiro da Supervisão da Construção e da Manutenção da Ponte Rio-Niterói há mais de 40 anos. Professor do Instituto Nacional de Estruturas Protendidas (INAEP), professor convidado do governo chinês para Vistoria de Pontes e do curso de Mestrado na disciplina “Inspeção, manutenção e recuperação de pontes” pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Consultor da Concessionária da Ponte Rio-Niterói (Ecoponte). Diretor da ABPE (Associação Brasileiras de Pontes e Estruturas).
Contato: carloshsiqueira@yahoo.com.br
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Ana Carvalho
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350 Park Avenue será um dos mais altos arranha-céu de Midtown East em Nova Iorque
O novo edifício 350 Park Avenue, situado na região central leste (Midtown East) em Nova Iorque, promete ser um marco para Manhattan, além de se destacar como um dos mais altos edifícios da região, com 487 metros de altura, superando o mais alto edifício residencial do mundo, (o 432 Park Ave, com seus 426 metros), que se situa na mesma região.
A obra foi projetada pelo escritório britânico Norman Foster+Partners e feita para abrigar a empresa de investimentos globais Citadel em mais da metade de seus 167.000 m2 de escritórios livres, gerando cerca de 6.000 novos empregos. O início das obras está previsto em 2025 e a conclusão estimada para 2032.
Desenvolvido pelas empresas Vornado, Ken Griffith (Citadel) e Rudin Management, o empreendimento trará mais de US$ 35 milhões aos cofres da cidade pelos direitos de construção em altura, mais US$ 150 milhões pela compra do potencial construtivo excedente, adquiridos do restauro da catedral Saint Patrick e da igreja Saint Bartholomew.
Região mais atrativa para trabalhadores, moradores e visitantes
O arquiteto e urbanista Norimar Ferraro aponta que o novo edifício terá 62 pavimentos em uma das mais importantes avenidas (Park Avenue) da região central leste de Nova Iorque, próximo ao edifício 270 Park Avenue (51 andares), da seguradora JPMorgan and Chase, e a recente finalizada 425 Park Avenue (47 andares), todos projetados pelo escritório britânico Norman Foster+Partners.
Diferentemente dos arranha-céus construídos na parte oeste da ilha de Manhattan, na av. Broadway (como o One World Trade Center), os novos edifícios da Park Avenue exploram a região altamente adensada próxima ao Central Park. “O novo edifício procura atender uma iniciativa recente da cidade de Nova Iorque de deixar a região mais atraente aos trabalhadores, moradores e visitantes”, ressalta.
Sustentabilidade e volumetria
Segundo os projetistas, um ponto a se destacar são as estratégias de sustentabilidade do novo empreendimento. Com suas fachadas constituídas por painéis de alta performance, o edifício terá alta eficiência energética. “Painéis de alta performance em fachadas constituem-se de elementos construtivos como janelas, portas, paredes entre outros, com quatro atributos principais: desempenho energético, custo equilibrado, facilidade de construção e durabilidade”, ressalta o arquiteto.
Ferraro, que é também coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Internacional UNINTER, aponta a característica da volumetria do projeto, com seus recuos e terraços, conferindo ao edifício uma forma icônica, com alta identidade visual em seu contexto urbano.
Os recuos e terraços também possibilitam atingir uma maior altura de construção, que pelo potencial construtivo e ocupando a quadra inteira, não conseguiriam atingir essa altura, se a ocupação nos andares fosse igual desde a base do edifício. “Os cantos arredondados conferem uma característica diferenciada dos edifícios da região, geralmente com cantos retos e angulosos. Essa característica do design do edifício é diferente de suas outras concepções, que geralmente destacam a estrutura do edifício, como principal fator estético da volumetria de seus edifícios”, avalia Ferraro.
Aproveitamento da luz solar e terraços ajardinados
A arquiteta e urbanista Gabrielly Braga Carrara destaca os diferenciais do edifício, como a orientação para sudoeste e revestimento de vidro. “Com essa orientação temos o máximo do aproveitamento da luz solar, pois essa vista permite que o edifício receba uma quantidade significativa de luz solar natural durante a tarde, reduzindo a necessidade de iluminação artificial e melhorando a eficiência energética”, observa.
Além disso, o design permite uma vista panorâmica impressionante da cidade, potencialmente aumentando o valor dos espaços internos e proporcionando uma experiência visual rica para os ocupantes”.
Ela também ressalta o uso dos terraços ajardinados, recurso arquitetônico que introduz espaços verdes ao ambiente urbano, proporcionando áreas de descanso e recreação para os ocupantes, além de contribuir para a biodiversidade urbana. “Isso ajuda a regular a temperatura, umidificar o ar e reduzir o efeito das ilhas de calor urbano, além de todo o benefício psicológico que espaços verdes trazem comprovadamente para os seres humanos, reduzindo o estresse e aumentando a satisfação dos ocupantes”, afirma.
Inclusão de arte pública dentro e ao redor do edifício
O novo projeto vai trazer nova dinâmica econômica e social, revitalizando a região Midtown East, promovendo o desenvolvimento econômico e atraindo novos negócios. “Além disso, vai melhorar a infraestrutura local, incluindo atualizações de sistema de transporte, ruas e serviços públicos, para poder acomodar o aumento de tráfego e atividade na área”, observa ela.
Outro diferencial é a possível inclusão de arte pública e espaços culturais dentro ou ao redor do edifício, que enriquece a experiência urbana e contribui para a identidade cultural de Nova Iorque. Ela acredita que a construção do 350 Park Avenue Supertall trará mudanças profundas e variadas para a paisagem de Nova Iorque. “Além de adicionar uma estrutura arquitetônica marcante à skyline da cidade, as mudanças contribuirão para uma Nova Iorque mais dinâmica, moderna e agradável para viver, trabalhar e visitar”, conclui Gabrielly.
ENTREVISTADOS
Norimar Ferraro é arquiteto e urbanista, graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mestre em Educação pela UFPR. Especialista em BIM (Building Information Modeling), é autor de dois livros na área. Professor de graduação e pós-graduação, é também coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Internacional UNINTER. Trabalhou por 4 anos em um escritório de arquitetura na Alemanha, também atua em sua empresa Jeapoa Arquitetos, elaborando projetos residenciais, comerciais entre outros, no Brasil e no exterior.
Contato/Assessoria de Imprensa: assessoria@uninter.com
Gabrielly Braga Carrara é arquiteta e urbanista formada pelo Centro Universitário Curitiba - Unicuritiba, Técnica em Edificações pelo CEP-PR e Designer de Interiores formada pela Universidade Positivo – UP. Pós-graduada em Engenharia de Prevenção de Incêndio pela Universidade Tuiuti do Paraná – UTP, gestora e proprietária do Escritório Conexo Arquitetura e Interiores e Coordenadora no escritório Projemaster Engenharia de Projetos.
Contato: ag.arquitetura6@gmail.com
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Ana Carvalho
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Primeira casa 3D em Portugal une agilidade e economia
A empresa portuguesa Havelar, comprometida em construir comunidades sustentáveis, concluiu a primeira casa impressa em 3D de Portugal, localizada em Vila do Conde, que fica na região metropolitana do Porto.
Em entrevista exclusiva para o portal Massa Cinzenta, o cofundador da Havelar, Rodrigo Vilas-Boas, afirma que o projeto foi desenvolvido com foco na modularidade e adaptabilidade para criar modelos detalhados e otimizados para impressão 3D. No Brasil, surgiu do laboratório da Universidade de São Paulo (USP) a startup Portal 3D, que faz impressão em 3D de concreto. Atualmente, a empresa está iniciando o protótipo de uma cozinha em 3D dentro do Hubic (Hub de Inovação na Construção), para verificar todas as métricas de impressão.
O objetivo da Havelar, fundada pelos sócios Patrick Eichiner, Rodrigo Vilas-Boas e José Maria Ferreira, é criar uma mudança positiva na sociedade.
Isso está baseado em projetos que combinam design de arquitetos de renome mundial com eficiência energética, por meio de um modelo de impressão 3D em grande escala. A meta da empresa é imprimir 130 casas em 2024 por 150 mil euros cada uma. O preço mais acessível está relacionado com a velocidade de construção. Seguindo um projeto, a impressora distribui camadas com concreto, erguendo a estrutura básica da casa.
Paredes de concreto erguidas em 18 horas
Vilas-Boas comenta como foi realizado o processo de construção da casa, que tem 90 metros quadrados. “Após a preparação do terreno e a execução das fundações, a impressora 3D constrói as paredes em camadas de concreto, completando esta fase em cerca de 18 horas”, informa.
Ele afirma que o processo de impressão propriamente dito levou apenas 18 horas, durante as quais a impressora seguiu um projeto predefinido, executando a estrutura da edificação em camadas feitas de concreto.
Em seguida, foram instaladas as portas, janelas, cobertura e realizados os acabamentos internos e externos, num processo que levou aproximadamente duas semanas. O interior da casa térrea possui uma espaçosa cozinha e área de jantar, interligados com a sala de estar, sendo que os dois quartos e o banheiro são cômodos separados. “Foram feitos inspeções e ajustes para garantir a qualidade e segurança da construção, culminando na entrega da residência pronta para habitação”, ressalta.
Rapidez e economia
A diferença é notória entre a construção em 3D e os métodos convencionais. “Todo o projeto, incluindo a mão de obra humana, foi concluído em menos de dois meses. Em comparação, a construção convencional de uma casa pode variar de 9 a 18 meses”, comemora o cofundador da Havelar.
Outro diferencial é o custo, sendo que a partir de 150 mil euros (cerca de R$ 825 mil) as casas Havelar podem ser produzidas a 1.500 euros por metro quadrado, um custo significativamente inferior à média na cidade do Porto, que é de 3.104 euros por m2. Este preço mais baixo deve-se em grande parte à rapidez da construção oferecida pela impressão 3D.
Brasil e suas iniciativas
No Brasil, surgiu do laboratório da Universidade de São Paulo (USP) a startup Portal 3D, que faz impressão em 3D de concreto. Atualmente, a empresa está iniciando protótipo de uma cozinha em 3D para verificar todas as métricas de impressão.
“Nosso objetivo é coletar informações como custo, produtividade, quantidade de mão de obra e tempo de fabricação a partir da cozinha em 3D para então partir para impressão de uma casa inteira”, afirma o engenheiro Gabriel Carpinelli Perozzi Brasileiro, cofundador da Portal 3D.
Os pesquisadores já descobriram que o tempo de impressão de casas gira em torno de três a quatro dias de trabalho, considerando somente as paredes em 3D. São residências no perfil do programa Minha Casa, Minha Vida, que possuem cerca de 40 metros quadrados.
Brasil e Portugal: diferenças de realidade
Ao analisar a casa portuguesa, erguida pela Havelar, Perozzi afirma que na Europa o método 3D envolve a construção de um pórtico e, com base nisso, imprime-se a casa dentro dessa estrutura. “Porém, é preciso ter terrenos muito grandes e planos para construir sobre esse trilho”, alerta.
Já no Brasil, o estudo leva em consideração a diversificação da topografia para o uso da tecnologia, sendo mais adaptável, neste caso, o uso do método construtivo de minibuilders, ou seja, com impressão da casa iniciando pelos cômodos (parte interna), finalizando pela parte externa (fachada). “Com isso, imprimimos os cômodos e temos mais flexibilidade na utilização. É o método que no Brasil acreditamos ser o mais acertado”, ressalta.
Segundo ele, a impressão em 3D é o método que mais se aproxima da industrialização do canteiro de obra, com tendência para que surjam outras tecnologias para ampliar essa industrialização.
Com essa tecnologia, a construção civil vai poder reduzir a carga física e gerar empregos de melhor qualidade, já que a mão de obra do setor está envelhecendo e não vem atraindo jovens para repor esse déficit de trabalhadores.
Entrevistados
Rodrigo Vilas-Boas é arquiteto e cofundador da Havelar. Concluiu o Mestrado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Lusíada, Porto, em 2005, com um Estágio Acadêmico no ateliê Álvaro Leite Siza Vieira. Já colaborou como arquiteto no escritório OMA / Rem Koolhaas em Roterdã e anteriormente na MVentura & Associados Arquitetos, no Porto. Atualmente, além de co-fundador da Havelar, também é Sócio da OODA Architects.
Contato/Assessoria de Imprensa: mrodrigues@ooda.eu
Gabriel Carpinelli Perozzi Brasileiro é cofundador da Portal 3D, uma startup brasileira pioneira em impressão 3D nascida na USP e formada por pesquisadores. Técnico, Engenheiro Mecatrônico e Mestre em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP e atualmente residente em inovação pelo programa NIDUS do INOVA-USP. Possui experiência em design paramétrico e impressão 3D de concreto.
Contato: gabriel@p3br.com
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Governo de Santa Catarina inicia dragagem do Rio Itajaí-Açu em Rio do Sul
Depois das graves enchentes no Rio Grande do Sul, agora 20 municípios de Santa Catarina entraram em estado de alerta devido às inundações. O caso mais grave é de Rio do Sul, onde o nível do Rio Itajaí-Açu atingiu 9,06 metros. Por conta disso, a prefeitura decretou situação de emergência. Esta não é a primeira vez que a cidade é atingida. Em novembro de 2023, a cidade teve sua segunda maior enchente da história, com 13,04 metros.
Para evitar novas tragédias, no dia 11 de maio, antes das enchentes, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello assinou, em Rio do Sul, a ordem de serviço para o início das obras de dragagem do Rio Itajaí-Açu. Com isto, o Governo de Santa Catarina destinará R$ 16,2 milhões para a remoção de sedimentos dos rios e a limpeza de suas margens. Os trabalhos serão realizados ao longo de 8,2 quilômetros, abrangendo os rios Itajaí do Sul, Itajaí do Oeste e, após a confluência desses dois, o Rio Itajaí-Açu.
De acordo com a Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina, devido à urgência da obra, o prazo de execução será de 180 dias a partir da emissão da ordem de serviço. Este período está dentro dos 365 dias seguintes à declaração de calamidade pública pelo município de Rio do Sul, em 17 de novembro de 2023 (Decreto n° 12431).
Como será feita esta dragagem?
O coronel Fabiano de Souza, da Secretaria do Estado da Proteção e Defesa Civil, explica que a com a dragagem (processo mecanizado feito por retroescavadeira em uma balsa), serão retirados não apenas sedimentos, mas também todos os objetos que estão depositados no leito do rio, como árvores, madeira e lixo. “Tudo isso atrapalha em períodos de inundação, que ocasiona o aumento da cota do rio, dificultando a vazão, retendo a água e dificultando todo o trabalho de escoamento dessa água”.
Obras do Programa Proteção Levada a Sério
Este projeto de dragagem faz parte do Programa Proteção Levada a Sério. Além de dragagem de rios, estão previstas obras para proteção de margens e construção de diques e até sete novas barragens de pequeno e médio portes.
Por que a região é propensa a enchentes?
Segundo a Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina, a região é banhada por dois rios, o Rio Itajaí do Sul e o Rio Itajaí do Oeste. Juntos, formam o Rio Itajaí-Açu. “De tempos em tempos, as fortes chuvas causam inúmeros prejuízos humanos e materiais, como perda de vidas, inundações de casas e estabelecimentos comerciais, alagamentos, danos a agricultura e pecuária, dentre outros”, informa o Órgão.
Além disso, trata-se de uma área propensa à movimentação do solo devido às elevadas inclinações e à geologia local. O Mapeamento de Áreas de Risco Geológico da SDC, realizado em parceria com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), aponta que o município possui 19 áreas de risco identificadas, das quais cinco são classificadas como de risco muito alto e 14 como de risco alto para rastejo, deslizamento, corrida de massa, erosão e queda.
Fontes
Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina.
Coronel Fabiano de Souza integra a Secretaria do Estado da Proteção e Defesa Civil.
Contato
digital@secom.sc.gov.br
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Marina Pastore
DRT 48378/SP
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Programa Acredita deve favorecer acesso ao crédito habitacional a famílias de baixa renda
O Programa Acredita, lançado pelo governo federal com o objetivo de estimular o crescimento da construção civil e do setor imobiliário no país, foi bem recebido pelo setor. “O programa certamente será um importante avanço para estimular a geração de renda, emprego e crescimento econômico em nosso país”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), Luiz França.
Para o setor, o lançamento do programa é uma demonstração do compromisso do governo em impulsionar a economia, gerar empregos e reduzir o déficit habitacional no país. “Entendemos que a iniciativa será um passo decisivo para ampliar as concessões de crédito habitacional para pessoas físicas e garantir acesso à habitação de forma sustentável, não apenas para as famílias de baixa renda, mas também para a classe média, que enfrenta desafios significativos devido às altas taxas de financiamento habitacional”, afirma.
Ele detalha que a iniciativa está baseada em quatro eixos principais:
1. Programa de microcrédito para inscritos no Cadastro Único (CadÚnico)
Os inscritos no Cadastro Único terão acesso ao microcrédito com juros mais baixos para que possam empreender;
2. Incentivo voltado às empresas, por meio do Desenrola Pequenos Negócios e Procred 360
Está previsto um programa de renegociação de dívidas para micro e pequenas empresas, além de um programa de crédito;
3. Criação do mercado secundário para crédito imobiliário
A medida consiste na autorização da EMGEA, empresa estatal gestora de ativos, a comprar créditos que estiverem no balanço de instituições financeiras;
4. Eco Invest Brasil
Proteção Cambial para Investimentos Verdes (PTE), que tem como objetivo incentivar investimentos estrangeiros em projetos sustentáveis no país.
De acordo com França, o crédito imobiliário será um dos mais importantes pilares do Acredita. “Nada mais propício: afinal o setor da construção emprega 7,3 milhões de trabalhadores segundo a PNAD”, assinala.
Além disso, ele ressalta que a atividade imobiliária tem um grande efeito alavancador sobre a economia, pois consegue impulsionar outras 97 atividades econômicas. “Por isso que em diversos países desenvolvidos, o crédito imobiliário farto e a juros baixos é o grande indutor do desenvolvimento econômico”.
Securitização no mercado imobiliário
O presidente da ABRAINC alerta sobre a necessidade de estimular a securitização no mercado imobiliário. Atualmente, existe uma baixa proporção de crédito imobiliário em relação ao PIB no Brasil, girando em torno de 9%. Em comparação com os índices de 40% na União Europeia e até 70% no Reino Unido, existe muito a ser desenvolvido.
“Esse problema fica mais grave para a classe média em função do declínio do volume total da poupança nos últimos anos (R$ 801 bilhões em 2020 contra R$ 735 bilhões em 2024), o que tem impactado diretamente nas concessões de crédito imobiliário (R$ 205 bilhões em 2021 ante R$ 153 bilhões em 2023)”, observa.
França informa que, em 2024, já se observou uma queda significativa de 10% em comparação com o ano anterior, reforçando a relevância das medidas propostas pelo programa, o que evidencia a urgência de revitalizar o financiamento habitacional no país.
Mais volume de crédito no mercado
Outra vantagem do programa é a entrada da Empresa Gestora de Ativos (Emgea), empresa pública federal não financeira, constituída sob a forma de sociedade anônima de capital fechado, vinculada ao Ministério da Fazenda, com capital social totalmente integralizado pela União.
Para o presidente da ABRAINC, a atuação da EMGEA como uma grande securitizadora para atuar no mercado imobiliário será um passo decisivo para incentivar a securitização de ativos oriundos do crédito imobiliário no Brasil. Esse movimento será indutor para ampliar as concessões de crédito habitacional à pessoa física e, assim, garantir de forma permanente acesso à habitação.
“Entendemos que essa medida permitirá aumentar o volume de crédito disponível no mercado, o que possibilitará a oferta de financiamentos com taxas acessíveis para a classe média, suprindo a queda da poupança”, acredita França.
Hoje, uma das principais questões enfrentadas pelos setores da construção civil e imobiliário é o crédito. Daí a importância da medida. Porém, outra preocupação do setor é a taxa Selic. “A continuidade da trajetória de queda na Selic é fundamental para a geração de emprego e renda da população, além de estimular a atividade industrial, incluindo o mercado imobiliário, em que taxas de juros elevadas impactam negativamente o custo dos financiamentos habitacionais”, conclui ele.
Entrevistado
Luiz França é engenheiro civil e atual presidente da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) e sócio presidente da França Participações (empresa de soluções para as áreas de gestão e finanças). França também preside o Conselho da Renac (Recuperadora Nacional de Crédito), é Conselheiro do Banco Inter, FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Cury Construtora e Incorporadora e URBA Desenvolvimento Urbano.
Contato/Assessoria de Imprensa: luciana.ferreira@loures.com.br
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Concreto ciclópico é um tipo de concreto com emprego de agregado de grandes dimensões
O concreto ciclópico é uma variedade específica de concreto que difere dos outros tipos, principalmente devido à incorporação de pedras grandes em sua composição (agregado graúdo de grande formato que não é usualmente empregado em concreto convencional). “Essas pedras, comumente com diâmetros superiores a 150 mm, são dispostas dentro da mistura, enquanto o concreto convencional utiliza agregados de menores dimensões e uniformes na sua composição”, explica Ramon Lima de Carvalho, sócio proprietário do Studio Ramon Lima Arquitetura e da Arkhos Arquitetura Hospitalar.
O concreto ciclópico é mais comumente utilizado no Brasil do que na Europa, devido a fatores de ordem cultural, econômica e técnica.
Atualmente o concreto ciclópico ainda é utilizado em uma variedade de aplicações estruturais específicas. Carvalho menciona algumas aplicações:
- Fundações de ponte e viadutos: O concreto ciclópico é frequentemente utilizado em fundações de pontes e viadutos, onde a capacidade de suportar cargas pesadas e resistir a impactos é fundamental para a segurança e estabilidade da estrutura;
- Fundações de edifícios: Em certos casos, o concreto ciclópico é empregado em fundações de edifícios, especialmente em regiões onde o solo é instável ou onde a estrutura precisa suportar cargas significativas;
- Muros de contenção: Devido à sua resistência e durabilidade, o concreto ciclópico é uma escolha comum para a construção de muros de contenção em áreas sujeitas a deslizamentos de terra, erosão ou outras condições adversas;
- Estruturas de contenção de água: Como o concreto ciclópico é altamente resistente à abrasão e à ação corrosiva da água, ele é frequentemente utilizado na construção de estruturas de contenção de água, como tanques de armazenamento, canais e reservatórios;
- Barragens e represas: o concreto ciclópico pode ser uma alternativa interessante para partes da estrutura que estão sujeitas a altas pressões hidrostáticas.
Diferenças para o concreto convencional
A principal diferença entre o concreto ciclópico e o tradicional está relacionada ao uso de agregados de grandes dimensões, podendo conferir à determinada aplicação uma adequada resistência à compressão somada à maior durabilidade, segundo Carvalho.
Além de seu uso estrutural, o concreto ciclópico também pode ganhar função estética, harmonizando com composições da arquitetura contemporânea ou rústica.
O arquiteto também aponta que a estética rústica e texturizada deste tipo de concreto se torna uma alternativa valorizada pelo apelo estético mais natural e brutalista. “A presença das pedras naturais na mistura pode criar uma sensação de conexão com o ambiente local, tornando o edifício parte integrante de seu contexto”. Ainda, quando combinado com outros materiais (como a madeira, o vidro e o aço), o concreto cria contrastes visuais interessantes: “A textura áspera e sólida do concreto ciclópico pode complementar a suavidade ou a transparência de outros materiais, adicionando profundidade e interesse visual à composição arquitetônica”, afirma.
O concreto ciclópico também pode oferecer vantagens econômicas em algumas situações, pela utilização de materiais locais disponíveis, reduzindo os custos de produção e transporte, por exemplo. Para isso, uma avaliação mais minuciosa será necessária para cada caso, levando em consideração a região na qual a obra está inserida. “Em algumas regiões, as pedras grandes podem ser mais difíceis de obter, o que pode afetar a viabilidade e o custo do material”, afirma o Arquiteto.
Desvantagens no uso do concreto ciclópico
As desvantagens do concreto ficam por conta da heterogeneidade do material e da sua difícil execução. “A heterogeneidade do material pode resultar em dificuldades na compactação, o que compromete a qualidade e a resistência do concreto. A presença deste tipo de agregado dificulta a vibração e compactação adequada, podendo deixar vazios e falhas que levam ao enfraquecimento da estrutura”, relata Carvalho.
A durabilidade do concreto ciclópico também pode ser comprometida, especialmente em ambientes agressivos ou com grande variação de temperatura, devido à diferença de coeficiente de dilatação térmica entre o concreto e os grandes agregados. Essa diferença pode gerar fissuras e trincas ao longo do tempo, facilitando a penetração de agentes agressivos e acelerando processos de deterioração, lembra o arquiteto.
Por fim, a técnica de execução do concreto ciclópico pode ser mais lenta e custosa, devido à necessidade de manuseio e posicionamento manual das grandes pedras, o que pode elevar o custo total da obra.
Entrevistado
Ramon Lima de Carvalho é sócio proprietário do Studio Ramon Lima Arquitetura e da Arkhos Arquitetura Hospitalar. Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Pós-graduado pela Universidade Regional de Blumenau – FURB, em arquitetura sustentável com ênfase em eficiência energética. Pós-graduado pela Faculdade de tecnologia em saúde – FASAÚDE, em arquitetura hospitalar.
Contato: contato@ramonlima.arq.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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