Recuperação de rodovias é prioridade para reconstrução da infraestrutura afetada pelas chuvas no RS

Encostas desestabilizaram-se com os grandes volumes de deslizamento de terra, devendo receber cortinas de contenção.
Crédito: Divulgação DAER

Depois das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, um dos desafios é a reconstrução da infraestrutura do Estado, em especial as rodovias, viadutos e pontes que dão acesso ao Estado.

Para isso, o governo do Rio Grande do Sul apresentou um plano de recuperação para atender a 8.434 km de rodovias pavimentadas e não pavimentadas que foram afetadas de alguma forma pelas chuvas. O programa integra o Plano Rio Grande, que tem como objetivo planejar, coordenar e executar ações para enfrentar as consequências sociais, econômicas e ambientais da enchente histórica. 

De acordo com o governo, o custo mínimo de recuperação seria de R$ 3 bilhões, com obras de correção e liberação dos pontos atingidos, incluindo não apenas a reconstrução de pontes e estradas, mas também melhorias dos trechos das estradas afetadas. Já no cenário de investimento com adaptações para as mudanças climáticas, o valor pode chegar a R$ 9,9 bilhões. Por outro lado, cálculos feitos pela Confederação Nacional do Transporte dão conta de um valor bem maior, devendo demandar até R$ 27,2 bilhões em investimentos.

Márcia Elisa Jacondino Pretto, professora de Engenharia da UniRitter, afirma que um dos principais desafios é recuperar as rodovias a curto e médio prazos: "Muitas rodovias, pontes e viadutos foram danificados e até perdidos e, além do custo elevado, vai envolver prazos para elaboração desses projetos maiores, assim como prazos de contratação, porque, mesmo sendo uma situação emergencial, existe toda uma questão burocrática a ser vencida", alerta.

Contenção das encostas 

A professora destaca ainda como uma das situações emergenciais as estruturas de contenção de encostas, que acabaram se desestabilizando com os grandes volumes de deslizamento de terra. "Isso também vai envolver obras de infraestrutura de valores consideráveis com cortinas de contenção dos mais diversos tipos, além das pontes e viadutos que precisam ser recuperados", enumera Márcia.

Para as obras de infraestrutura, ela aponta a necessidade de priorizar materiais modernos e com menor emissão de CO2 (citando como exemplo o concreto drenante), sem deixar de prever o sistema como um todo. “Não adianta nada colocar um pavimento com concreto drenante se abaixo o solo está saturado. É preciso prever um sistema de drenagem junto”, avisa.

Recuperação do Aeroporto Salgado Filho

Além das rodovias, pontes e viadutos, o Aeroporto Salgado Filho foi atingido pelas chuvas e atualmente seguem em andamento ações para que o terminal retome suas atividades, provavelmente ainda em julho de 2024.

De acordo com a Fraport Brasil, concessionária que administra o Aeroporto Salgado Filho, no dia 3 de junho, exatamente um mês após a suspensão das operações, foi iniciado o processo de limpeza do Terminal de Passageiros, acessos viários, pista de pouso e decolagem e taxiways.

Já a pista de pouso e decolagem foi totalmente limpa, enquanto as vias de acesso em frente ao Terminal e as que ligam ao antigo Terminal 2 também já foram liberadas. O processo de limpeza está bem adiantado, mas segue em andamento, pois ainda há muitas áreas e equipamentos para serem processados.

Planos de manutenção preventiva

Márcia afirma que, além de prever as obras, é necessário também ter foco no pós-obras, com planos de manutenção preventiva. “O Brasil é um país que, culturalmente, é o da manutenção corretiva. É preciso mudar essa mentalidade  para atuar de forma mais preventiva na construção civil. Embora estejam aí todas as normas de desempenho, de garantias, que já têm essas recomendações, é preciso mudar isso de forma cultural", assinala.

Fonte
Fraport Brasil

Entrevistados
Márcia Elisa Jacondino Pretto é engenheira civil, graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em Construção Civil pelo Núcleo Orientado para a Inovação da Construção (NORIE-UFRGS) e doutora em Estruturas, Gestão de desempenho pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil (PPGEC/UFRGS). Atualmente é professora de Engenharia da UniRitter. 

Contato:
marcia.pretto@animaeducacao.com.br

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Concreto biorreceptivo tem a capacidade de preencher fissuras do concreto

Aplicação do concreto biorreceptivo é útil em pontes e viadutos, que são suscetíveis a fissuras e desgaste.
Crédito: Envato

Pesquisas avançadas vêm buscando cada vez mais a adoção de materiais inovadores, capazes de reduzir o impacto ambiental e que tragam benefícios para toda cadeia da construção civil. Exemplo disso é o chamado concreto biorreceptivo, também conhecido como concreto biológico, autocicatrizante ou bioconcreto.

O vice-presidente da área de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Dionysio Klavdianos, afirma que essa é uma das tendências que vai se tornar realidade, contribuindo para a inovação do setor. “O concreto biorreceptivo vai ajudar a reduzir o impacto no meio ambiente e na manutenção das estruturas, especialmente nas obras de difícil acesso, como as marítimas e em região de terremotos”, assinala. 

Bactérias adicionadas ao concreto

O engenheiro do UniCuritiba, Wiliam de Assis Silva, afirma que o concreto biorreceptivo ou bioconcreto é um tipo especial de concreto que incorpora bactérias que produzem calcário (carbonato de cálcio) quando em contato com água e nutrientes específicos.

Essas bactérias são adicionadas ao concreto durante sua fabricação e permanecem em estado de dormência até que fissuras apareçam e a água entre em contato com elas, ativando-as para preencher as fissuras com carbonato de cálcio, reparando o concreto. “As bactérias mais usadas no concreto biológico são do gênero Bacillus, como Bacillus pseudofirmus e Bacillus sphaericus. Essas bactérias são escolhidas por sua capacidade de sobreviver em condições alcalinas, que é o meio predominante do concreto, e por sua eficiência na produção de calcário”, informa.

Leia também: Brasil começa a desenvolver concreto cicatrizante.

Vantagens para aumentar vida útil das estruturas

O concreto biorreceptivo apresenta algumas vantagens para as edificações. “Ele se auto-repara, melhorando a durabilidade e a vida útil das estruturas ao fechar fissuras e corrigir pequenas falhas por conta própria”, analisa Silva. 

Para o pesquisador, isso pode reduzir a necessidade de reparos manuais e manutenção frequente, além de economizar recursos. Nesse contexto, o uso reduzido de recursos promove uma abordagem mais sustentável. “As bactérias são ativadas pela infiltração de água em fissuras. Em presença de água e nutrientes (geralmente lactato de cálcio), as bactérias começam a produzir calcário, que preenche e sela as fissuras. Com as fissuras fechadas, não tenderá a ocorrer a entrada de água e outros agentes agressivos, que poderiam causar corrosão das armaduras e outras manifestações patológicas que afetam o concreto”, orienta.

Com essas características, o concreto biológico pode ser interessante em diversas obras, tais como: 

* Infraestruturas urbanas, como pontes e viadutos, que são suscetíveis a fissuras e desgaste;
* Construções subterrâneas, como túneis e fundações, expostas a infiltrações de água;
* Edifícios que exigem alta durabilidade e baixa manutenção;
* Estruturas marítimas, como portos e cais, onde o concreto enfrenta ambientes altamente corrosivos.

Uso da inovação em obras especiais no Brasil

No Brasil, essa tecnologia foi utilizada em obras especiais, como na laje de subpressão do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS-RJ), na cobertura fluída do Museu de Arte do Rio (MAR) e nas lajes de fundo das estações Praça Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alá e Antero de Quental, da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro.

As construções que mais se beneficiam desse material são reservatórios, estruturas de saneamento e subterrâneas, como túneis e metrô.

Leia mais: https://www.cimentoitambe.com.br/concreto-cicatrizante-mostra-eficacia-em-obras-especiais/

Elevado custo de produção

Antes e depois da ação do concreto biorreceptivo no preenchimento de fissuras.
Crédito: Researchgate.net

O uso em larga escala do concreto biológico ainda enfrenta desafios significativos, especialmente devido à falta de testes que comprovem sua eficácia a longo prazo em diversas condições ambientais. 

Segundo Silva, outro empecilho é o custo de produção mais elevado devido à necessidade de incorporar bactérias e nutrientes específicos, o que pode limitar sua adoção em larga escala, especialmente em projetos com orçamentos restritos. 

Estudos atuais estão focados na melhoria da eficiência bacteriana, na otimização das formulações de nutrientes, em testes de durabilidade de longo prazo e em aplicações práticas para validar sua performance em obras reais.

“À medida que a pesquisa avança e a produção se torna mais eficiente, espera-se uma redução nos custos, tornando o concreto biológico uma alternativa sustentável e viável para a construção civil no futuro”, acredita. 

Entrevistados
Dionyzio Klavdianos é engenheiro civil, graduado pela Universidade de Brasília (UnB), tem MBA em Especialização em Negócios para Executivos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Especialização em Finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec). É vice-presidente de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e ex-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF).

Wiliam de Assis Silva é graduado em Engenharia de Produção Civil pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), especialista em Gestão de Projetos em Engenharia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Com atuação profissional e docente nas seguintes áreas: Estruturas de Concreto Armado, Planejamento e Controle da Construção Civil, Gestão de Projetos, Gestão da Qualidade e Sustentabilidade, Logística e Supply Chain. Atua também como engenheiro civil no UniCuritiba.

Contatos:
comat@cbic.org.br
wiliamdeassis@gmail.com

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Concrete Show chega à 15ª edição com recorde de marcas estreantes

O maior evento da cadeia produtiva da construção civil da América Latina chega à sua 15ª edição. (Foto do evento de 2023).
Crédito: Concrete Show

Entre os dias 6 e 8 de agosto a capital paulista sediará o maior evento da cadeia produtiva da construção civil da América Latina. Em sua 15ª edição, o Concrete Show, em seus mais de 32 mil metros quadrados, contará com cerca de 60 novas marcas expositoras, em um total que ultrapassa as 400, um recorde. “Isso mostra a importância que o evento tem no universo da construção civil, sobretudo no que se refere ao concreto, insumo fundamental para essa indústria”, diz o gerente de Produto do Concrete Show, Fernando D’Ascola.

O Concrete Show é parte integrante do circuito World of Concrete no mundo - evento internacional anual dedicado às indústrias de construção comercial de concreto e alvenaria – que congrega, ainda, o World of Concrete Asia, ExpoChiac, World of Concrete India, World of Concrete Europe e World Concrete Toronto Pavilion, organizado pela promotora global Informa Markets.

“O Concrete Show chega à sua 15ª edição batendo recordes de marcas participantes. Estamos muito felizes com o grande número de expositores, seja os que estão conosco pela primeira vez ou que já estiveram no passado, resolveram voltar e incluímos nessa seleta lista”, afirma D’Ascola.

Com ênfase na indústria do concreto e de seus assuntos correlatos, além de fomentar o mercado, promove ao redor do mundo conteúdo técnico qualificado, networking e oportunidades de negócio, alavancando a cadeia construtiva e reunindo as últimas tecnologias e tendências do setor.

O Concrete Show também se tornou uma plataforma de negócios completa para a cadeia produtiva da construção em concreto e tem como objetivos gerar relacionamentos e entregar conteúdos de qualidade, em sinergia, nos ambientes digital e físico.

Programe-se:

Concrete Show South America 2024 - 15ª edição

De 06 a 08 de agosto, das 13h às 20h

São Paulo Expo - Rodovia dos Imigrantes - km 1,5 – São Paulo

O credenciamento é obrigatório e gratuito, e deve ser feito pelo site: https://www.concreteshow.com.br/pt/credenciamento.html

ENTREVISTA:
Fernando D’Ascola é gerente de Produto do Concrete Show. Executivo com mais de 25 anos de experiência em posições estratégicas nas áreas de Vendas, Marketing e Estratégias de Desenvolvimento de Negócios. 

Contato:
DFreire Comunicação e Negócios

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Duplicação do Contorno Norte de Cuiabá (Rodoanel) avançam na BR-163 em Mato Grosso

Obras do Rodoanel deverão ser entregues até dezembro de 2024.
Crédito: Daniel B. Meneses / Secom-MT

As obras de duplicação do Contorno Norte de Cuiabá (Rodoanel), na BR-163/MT, seguem em ritmo acelerado. A intervenção trará agilidade no escoamento da produção aos portos e mercados consumidores. Atualmente estão sendo construídos um viaduto de 130 metros no entroncamento com a BR-163/364 em Várzea Grande, duas novas pontes (ida e volta) sobre o Rio Cuiabá, uma trincheira na Avenida Antártica/MT-400, um viaduto na MT-010 (Estrada da Guia) e outro na MT-251 (Estrada de Chapada).

O viaduto da Estrada da Guia está com a estrutura bem avançada, com os pilares e travessas executados. Já a ponte sobre o Rio Cuiabá, com 230 metros, está na fase de lançamento das vigas. As obras da trincheira da MT-400 e do viaduto da MT-251 também estão em andamento, com a execução da mesoestrutura.

As máquinas também estão trabalhando na terraplanagem em toda a extensão do Rodoanel, incluindo drenagem profunda e implantação de bueiros celulares e aduelas de concreto. As novas pistas serão construídas em concreto e a pista antiga será restaurada, para também ter o seu pavimento em concreto.

Os 52 quilômetros do Rodoanel serão totalmente duplicados utilizando o pavimento rígido em concreto, que tem durabilidade de 30 anos, uma média superior ao asfalto convencional, que é de apenas dez anos. Essa tecnologia é a solução mais adequada em trechos rodoviários que recebem uma grande quantidade de tráfego de caminhões que transportam cargas pesadas, como é o caso do Mato Grosso, o maior produtor de grãos do Brasil.

Com a conclusão das obras, veículos pesados deixarão de trafegar por dentro da capital, desafogando o trânsito.
Crédito: Daniel B. Meneses/Secom-MT

Com a conclusão do empreendimento, os veículos pesados deixarão de trafegar por dentro da capital, desafogando o trânsito local de veículos leves e melhorando a mobilidade urbana de Cuiabá e Várzea Grande. “Essa agilidade no escoamento da produção contribuirá com a melhora da logística dos produtores, permitindo que a produção chegue mais rápido ao destino, trazendo economia e mais segurança no transporte da produção”, afirma Marcelo de Oliveira, secretário de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra).

Entrevistado

Marcelo de Oliveira é arquiteto e secretário de Estado de Infraestrutura e Logística do Mato Grosso (Sinfra). Foi chamado pelo governador Mauro Mendes para assumir a Sinfra em 2019, e permanece na função pelo segundo mandato. Atuou como secretário de Obras de Cuiabá por cinco vezes, sendo na gestão de Mauro Mendes e nas gestões municipais de Dante de Oliveira e Roberto França. Também foi secretário adjunto de Infraestrutura na extinta Secopa.

Contato: gabinete@sinfra.mt.gov.br

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Controle de picos térmicos e lançamento do concreto foram desafios na concretagem do edifício One Tower

Edifício possui 290 metros de altura e 84 pavimentos, com quatro andares com áreas de lazer.
Crédito: Fernando Willadino

Com 290 metros de altura, quase rompendo a barreira dos supertalls, o edifício One Tower, localizado em Balneário Camboriú (SC), é um empreendimento que surpreende por todos os seus números. Entregue em dezembro de 2022, o prédio conta com 52.785,06 m² construídos, onde foram utilizados 30.909,50 m³ de concreto – o equivalente a mais de três mil e quinhentos caminhões betoneiras –, além de nove mil toneladas de aço, mais de cinco mil toneladas de contrapiso e reboco, contando ainda com a participação de mais de dois mil trabalhadores de forma direta e indireta.

A gerente de Engenharia Aplicada da FG Empreendimentos, Stephane Domeneghini, afirma que a obra começa muito antes da primeira intervenção no terreno, adquirido em 2007. “Um projeto sendo desenhado, cada nova curva, cada novo cálculo que se materializa, isso é fantástico. O que realmente pulsa é muito mais do que a gente vê”.

O One Tower é formado por 84 pavimentos, sendo 70 habitáveis. O edifício conta com dois apartamentos por andar, apresentando quatro andares com áreas de lazer com mais de 20 ambientes – sendo duas nos andares 56 e 57, figurando também com o lazer mais alto das Américas. 

Logística é o maior desafio construtivo de um prédio alto

Para a construção de imponentes estruturas de concreto, aço e vidro ao redor do mundo, é grande a demanda de sistemas construtivos arrojados e com a melhor tecnologia existente. Na fase de projeto, o cálculo estrutural e arquitetônico devem levar em consideração a área edificável do terreno bem como características do solo, para que possam garantir a resistência às milhares de toneladas de peso da própria estrutura do edifício.

O maior desafio construtivo de um prédio alto é a logística da obra, atrelada ao deslocamento vertical de colaboradores e materiais ao longo da torre. “Isso inclui elevadores de alta performance, sistema de inteligência do edifício, com bombas, válvulas, controle de acesso, para que todos os sistemas possam operar e dar segurança aos processos”, assinala.

Desafios da concretagem

Um dos desafios da construção foi, sem dúvida, a aplicação do concreto em um prédio desse porte. A Concrebras, empresa do Grupo Itambé, forneceu o concreto usinado na obra e, em relação à quantidade de caminhões, foram aplicados cerca de 4.000 caminhões de concreto.

O coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras, Jair Schwanck Esteves, afirma que, em relação aos traços, foram usados cerca de 30 tipos de traços do fck 20,0 ao 50,0, argamassa para estacas raiz, concretos especiais fluidos e autoadensáveis, sendo aplicados aditivos de última geração, sílica ativa e gelo em escamas. “Em relação ao bloco de fundação, tivemos aplicação de 2.104 m³ de concreto e foram aplicadas aproximadamente 210 toneladas de gelo, divididos em três dias de aplicação”, relata.

Para a aplicação deste concreto, estudos prévios foram realizados de forma a garantir o controle dos picos térmicos. Isso porque já se sabe que peças de grande volume de concreto estão sujeitas à geração de calor, resultante das reações de hidratação do cimento na sua fase inicial de endurecimento. “O calor gerado dentro do concreto pode ser calculado através do método de elementos finitos, utilizando as propriedades térmicas dos materiais constitutivos do concreto e as dimensões da peça”, esclarece.

Outro cuidado em relação ao projeto foi com um subproduto da geração do calor, que é a formação da “etringita tardia”, um composto secundário da hidratação do cimento e que possui capacidade potencial de expansibilidade volumétrica. “Em condições específicas, essa expansão pode causar danos na integridade da estrutura interna do concreto e, como consequência, a redução da capacidade de suporte e vida útil da estrutura”, assinala Esteves.

Crédito: Fernando Willadino

Vários estudos para atender às solicitações do projeto

Além disso, em função do período de aplicação do concreto, sendo restritivo em relação aos horários de lançamento, o concreto foi estabilizado nas três camadas, sendo feitas as camadas de ligação em concreto autoadensável, o que permite a execução de grandes volumes, obtendo uma peça final monolítica sem juntas de concretagem.

Esteves afirma que outro desafio para a estrutura de grande porte foram as solicitações de concreto de elevada resistência característica à compressão e módulo de elasticidade. Conforme a NBR 6118, o trecho inicial do diagrama de tensão-deformação do concreto pode ser considerado linear e dentro do regime elástico, onde a deformação desaparece quando cessada a carga. “Em função destas solicitações, foram realizados vários estudos com agregados da região e fora dela, para garantir as solicitações de projeto”.

Esteves afirma que outro desafio para a estrutura de grande porte foram as solicitações de concreto de elevada resistência característica à compressão e módulo de elasticidade. Conforme conceito matemático, que descreve o crescimento linear das deformações sob carregamento, a deformação desaparece quando cessada a carga. Não havendo deformações permanentes, quando a carga é retirada, o material é considerado elástico. “Em função destas solicitações, foram realizados vários estudos com agregados da região e fora dela, para garantir as solicitações de projeto”.

Leia também: Concretagem do Yachthouse é finalizada pela Concrebras

Outro know-how já adquirido pela Concrebras foi o lançamento do concreto a 290 metros de altura. Neste caso, o concreto foi previamente estudado em laboratório em relação à reologia do concreto para reduzir a tensão de cisalhamento e viscosidade, garantindo aplicação em elevadas alturas. “Ainda em relação a este concreto, foram empregados aditivos inibidores de hidratação para garantir a manutenção de trabalhabilidade do concreto durante a sua aplicação”, complementa.

Entrevistados
Stéphane Domeneghini é engenheira civil formada pela Universidade Vale do Itajaí, com MBA em Gestão de Projetos pela mesma Universidade, gerente de Engenharia Aplicada e Supertalls na FG Empreendimentos. Também integra o Instituto +BC, na área de projetos contratados pela entidade, sendo responsável pelo equilíbrio dos interesses públicos e privados para ideias de interesse urbano, com a finalidade de prover projetos de alta qualidade aos órgãos públicos.

Jair Schwanck Esteves é engenheiro civil formado pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias em Engenharia (IPOG) e coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras.

Contatos:
stephane.domeneghini@fgempreendimentos.com.br
jair.esteves@concrebras.com.br

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Moradores de SC têm ponto de entrega para descarte de resíduos de obras e reformas

Município de São José já possui demanda para a implantação da segunda unidade do PEV.
Crédito: Divulgação/Ambiental

De acordo com a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), o Brasil gera anualmente cerca de 45 mil toneladas de resíduos de construção civil e demolição, sendo que o descarte irregular de entulho representa cerca de 70% do lixo urbano, causando impactos ambientais e sociais. Entre as consequências do descarte irregular, destacam-se a proliferação de aterros clandestinos, os elevados custos para os gestores públicos e a falta de responsabilização.

Nesse sentido, uma iniciativa implementada pela Prefeitura de São José (SC) está mudando esse cenário. O Ponto de Entrega Voluntária (PEV) busca combater o descarte irregular de resíduos sólidos em calçadas, terrenos baldios e leitos de rios. O projeto, inaugurado em 2022, é administrado pela empresa Ambiental Limpeza Urbana e Saneamento, que recebe dos munícipes diversos resíduos de construção civil.

São entulhos provenientes de obras de reformas, reparos e demolições, como tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, rochas, metais, madeiras, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, papéis, papelões, vidros, plásticos, tubulações plásticas, fiação elétrica, entre outros.

A gerente da Ambiental, Bruna Mariot, explica que o morador vai até o PEV e é direcionado ao local adequado conforme o tipo de resíduo. O programa não prevê coletas, mas realiza o recolhimento de alguns materiais devidamente ensacados pelo morador com prévio agendamento. “O serviço é destinado à população de São José e a quantidade recebida é limitada a 1 m³/dia por domicílio”.

De janeiro a abril de 2024, o PEV já atendeu 3.362 munícipes, que destinaram ao PEV 6.375 m³ de resíduos, o que equivale à quantidade de 1.275 caçambas com capacidade de 5

Descarte de materiais volumosos

O PEV, que funciona de segunda a sábado, das 8h às 16h20, também recebe outros materiais de descarte, como móveis de MDF inservíveis, colchões e sofás usados, material decorrente de poda e jardinagem, como folhas, galhos e pequenos troncos.

O Ponto de Entrega Voluntária também recebe eletroeletrônicos e eletrodomésticos em uma vasta lista, que vai de equipamentos de ar-condicionado a lavadoras de roupa, de computadores a telefones celulares, entre outros. “Recebemos esses materiais e damos o destino para um descarte correto e máximo aproveitamento”, assinala. 

Porém, o PEV não aceita resíduos perigosos, como tintas, solventes, óleos, agrotóxicos, telhas de amianto, medicamentos vencidos, lâmpadas fluorescentes, pneus, entre outros.

Cada resíduo tem uma destinação específica, conforme suas características, sempre visando o reaproveitamento quando possível ou o correto descarte. Existem usinas de reciclagem de material de construção civil e empresas de reaproveitamento de eletroeletrônicos que são os destinatários desses resíduos”, afirma Bruna. 

Total acumulado de resíduos recebidos desde o início do projeto foi de 6.375 m³.
Crédito: Divulgação/Ambiental

População mais consciente da destinação correta dos resíduos

Os números refletem um crescimento constante no atendimento aos moradores e na quantidade de resíduos recebidos. Em janeiro deste ano, foram atendidos 816 pessoas e 270 caçambas (de 5 m³) foram utilizadas para receber 1.350 m³ de resíduos. Já em abril, o atendimento subiu para 889 pessoas, com a utilização de 360 caçambas e a recepção de 1.800 m³ de resíduos.

“Os dados mostram um crescimento mês a mês nas descargas de resíduos, indicando que a população está cada vez mais consciente e engajada na correta destinação de seus resíduos. O total acumulado de resíduos recebidos desde o início do projeto foi de 6.375 m³, um reflexo direto da importância do PEV para a cidade”, informa a gerente.

O balanço positivo reflete o compromisso da Ambiental e da gestão pública municipal em promover a sustentabilidade e facilitar o acesso da população a serviços de gestão de resíduos. Ela acredita que o projeto tende a crescer e o município de São José já possui demanda para a implantação de uma segunda unidade do PEV. “Com a possibilidade de descarte em local correto, muitos moradores deixaram de descartar os resíduos de construção em locais irregulares, como calçadas, terrenos baldios e leitos de rios”, conclui. 

Entrevistada
Bruna Mariot é engenheira sanitarista e ambiental, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduada em Direito Ambiental pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), atua há 16 anos no setor de coleta e tratamento de resíduos e atualmente é gerente da Ambiental. 

Contato:
bruna@ambiental.sc

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CBIC revisa para 2,3% a projeção de crescimento da construção em 2024

As previsões para o setor da construção civil são positivas para esse ano, com expectativa de crescimento acima da economia brasileira.
Crédito: Envato

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou de 1,5% para 2,3% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do setor da construção civil para 2024, índice acima das previsões para o PIB Brasil deste ano. Se confirmado, o setor voltará a crescer acima da economia brasileira. 

Entre as razões estão a alta contínua das contratações, a expectativa das empresas para compras e lançamentos, e a projeção positiva para o crescimento da economia brasileira no ano. Outra razão diz respeito aos efeitos das adequações previstas para o Minha Casa Minha Vida (MCMV). “As novas medidas aprovadas para o programa geram reflexos positivos no mercado de padrão econômico, o que significa melhor desempenho para esse ano. E isso influencia positivamente no setor”, explica Ieda Vasconcelos, economista da CBIC. 

A geração de empregos no setor também merece destaque positivo. O mercado de trabalho da construção civil gerou 109 mil vagas na construção civil de janeiro a março deste ano. Somente no primeiro trimestre já gerou mais de 100 mil postos de trabalho com carteira assinada. Hoje o setor tem 2.857 milhões de trabalhadores com carteira assinada, gerando um impacto bastante positivo na economia.

“O mercado de trabalho da construção tem três segmentos que compõem o setor: mercado imobiliário, obras de infraestrutura e serviços especializados para a construção. Quando abre o volume de emprego dentro da construção, os três segmentos estão gerando novos empregos”, explica. Um mercado de trabalho mais aquecido gera um novo ritmo para aquisição da casa própria, o que reflete nas atividades do setor. 

Ieda frisa ainda que o ciclo de produção do setor é longo. “Obras que iniciamos em 2022 e 2023 continuam gerando emprego e atividade ainda esse ano. Além disso, estamos com expectativa de retomada das obras de padrão econômico. E, no médio prazo, teremos também obras de reconstrução do Rio Grande do Sul. Isso tudo certamente contribuirá para impulsionar as atividades da construção”, finaliza. 

ENTREVISTADA

Ieda Maria Vasconcelos é assessora econômica do Sinduscon-MG há mais de 25 anos, e economista-chefe da CBIC. Doutoranda e Mestre em administração pela Universidade FUMEC. É pós-graduada em Gestão de Negócios pela UFMG e pós-graduada em Finanças pela PUC-MG. É responsável pelo cálculo do Custo Unitário Básico (CUB) no estado de Minas Gerais (indicador que mede o custo da construção no estado).

Contatos: 
imprensa@cbic.org.br

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Sampaio Moreira, primeiro arranha-céu de São Paulo, completa 100 anos

Edifício Sampaio Moreira, primeiro arranha-céu de São Paulo, completa 100 anos totalmente restaurado.
Crédito: Kruchin Arquitetura

Difícil imaginar hoje em dia que um edifício com 54 metros de altura e 13 andares tenha sido considerado um arranha-céu da cidade de São Paulo. Mas essa é a história do Sampaio Moreira, que completa 100 anos em 2024. Ele manteve o título por cinco anos (entre 1924 e 1929), até a construção do Edifício Martinelli, também no centro da cidade. 

Projetado pelo arquiteto Christiano Stockler, o edifício despontou em meio a paisagem urbana da cidade, já que na época São Paulo era preenchida principalmente por prédios de até quatro andares. 

Na época de sua construção, o prédio chamou muita atenção por sua construção primorosa e detalhada. Ele representou uma grande revolução arquitetônica para a cidade de São Paulo por ter sido o primeiro edifício alto a ser construído com concreto armado.

Tombado em 1992 (por estar dentro da área do Vale do Anhangabaú, e desapropriado pela Prefeitura em 2010), passou por obras de restauro a partir de 2012, que recuperaram suas características originais, adaptando-o às novas necessidades de acessibilidade e segurança (incluindo a construção de um bloco anexo nos fundos, com escada de emergência). Ele foi reformado e entregue em setembro de 2018, quando passou a ser oficialmente a sede da Secretaria Municipal de Cultura.

A obra de restauro, assinada pelo escritório Kruchin Arquitetura, contemplou a reestruturação da lógica interna da edificação, assim como a recuperação da estrutura em concreto armado. “Criamos novos eixos de circulação através de um volume de passarelas metálicas inseridas no vazio entre blocos e também da liberação de amplos espaços de trabalho sem, no entanto, sem perder de vista o desenho primitivo, sempre presente em todos os ambientes”, explica o arquiteto Samuel Kruchin. 

Crédito: Kruchin Arquitetura

Os antigos elevadores também foram restaurados. Com o objetivo de funcionalidade e aproveitamento, foi criada uma praça auditório, de 400 m2, que conta com área coberta para uso cultural, como pocket shows, seminários e lançamentos de livros. 

No térreo do edifício centenário ainda funciona a Casa Godinho, mercearia mais antiga que a própria construção (fundada em 1890), sendo considerada patrimônio imaterial da cidade desde 2013. Graças a ela, o Sampaio Moreira ficou ainda mais famoso, e recebeu grandes nomes da história brasileira, como Assis Chateaubriand, Adhemar de Barros e Jânio Quadros. 

ENTREVISTADO 

Samuel Kruchin é titular da Kruchin Arquitetura, um dos primeiros escritórios a trabalhar, no âmbito privado, com a área de preservação e restauro.

A linguagem, portanto, está entre seus principais diferenciais, assim como a amplitude do conhecimento técnico acumulado ao longo dos 37 anos de atividade, trabalhando neste período em projetos de Restauro, arquitetura Institucional, Comercial, Residencial, de Retrofit e de Reabilitação Urbana.   

Crédito: Kruchin Arquitetura

Nas quase quatro décadas de atuação, angariou prêmios no setor com os projetos “EEPG Barão de Monte Santo”, pelo IAB-SP; “João Cabral: Um Memorial à Poesia Brasileira”, pela 5ª Bienal Internacional de São Paulo (2003); e a “Fábrica Santa Helena”, pela Revista Arquitetura & Construção (O Melhor da Arquitetura 2011), além de conquistar o Prêmio Categoria Patrimônio Arquitetônico na 3ª Bienal Internacional de São Paulo (1997).   

Contatos: 
http://kruchin.arq.br
contato@rpnacobogo.com.br

Jornalista responsável
Fabiane Prohmann - DRT 3591/PR
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


CECarbon deve formar banco de dados nacional de sustentabilidade no setor de construção civil

Curso de atualização da versão 3 da CECarbon está previsto para o segundo semestre de 2024.
Crédito: Envato

A sustentabilidade é uma questão estratégica para o setor da construção civil, pois traz impactos diretos sobre a competitividade de construtoras e incorporadoras, além de ampliar a oportunidade das empresas em projetos de habitação social. Essa foi a temática das discussões do workshop de “Descarbonização no setor da construção civil” realizado pelo Sinduscon-SP em maio de 2024.

Um dos objetivos do evento foi a apresentação da nova versão da CECarbon (Calculadora de Consumo Energético e Emissões de Carbono na Construção Civil).

A ferramenta, lançada em dezembro de 2020, foi desenvolvida pelo Sinduscon-SP em parceria com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) e a Secretaria Nacional de Habitação (SNH).

O presidente do Sinduscon-SP, Yorki Estefan, faz um apelo para que mais empresas utilizem a ferramenta, que é gratuita e está disponível online.  “Com isso, conseguiremos montar um banco de dados mais robusto para divulgação dos indicadores setoriais de emissões e, assim, promover uma contribuição relevante para a tão necessária transição para uma economia de baixo carbono”, ressalta. 

O tema sustentabilidade não é novo para o Comitê de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Comasp), que há 24 anos vem atuando para promover construções cada vez mais sustentáveis e de baixo impacto para o meio ambiente. Segundo Estefan, desde 2014 a medição das emissões de carbono é prioridade para a entidade, culminando com o lançamento da CECarbon para toda cadeia produtiva

Leia também: CECarbon ganha prêmio CBIC

Até maio de 2024, a CECarbon já contabilizou 8,7 mil acessos à plataforma, possui 598 usuários cadastrados e mais de 100 inventários concluídos. A CECarbon vai contribuir para a formação de um banco de dados nacional, possibilitando a criação e o acompanhamento de indicadores do setor de edificações.

Competitividade

De acordo com o coordenador de Projetos da GIZ Brasil, Daniel Wagner, cada vez mais iniciativas de sustentabilidade (como a CECarbon) vão ser urgentes no mercado em qualquer atividade econômica brasileira. “Com a crescente competitividade, as empresas que não se adaptarem a essa nova realidade e que não estiverem atentas a essas inovações, vão acabar ficando para trás”, alerta.

Nesse sentido, especialistas acreditam que a CECarbon deve ser um item obrigatório adotado pelas empresas nos próximos cinco anos. A ferramenta já é recomendada como item diferencial em diversas políticas públicas, como nas especificações de obras do programa Minha Casa, Minha Vida, bem como na obtenção do Selo Casa Azul + Caixa.

A urgência em adotar a CECarbon é ainda maior quando se verifica o Projeto de Lei (PL) 2.148/2015, aprovado pela Câmara dos Deputados em dezembro de 2023 e atualmente em discussão no Senado. Esse PL regulamenta o mercado de carbono no país, devendo estabelecer o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), criando um mercado regulado para a negociação de créditos de carbono. O SBCE estabelece tetos para as emissões e permite que empresas que excedam esses limites compensem suas emissões comprando créditos de carbono.

Indicadores medidos pela CECarbon

A coordenadora técnica do Comasp do Sinduscon-SP, Lilian Sarrouf, explica que a CECarbon ajuda a medir dois indicadores importantes das obras: emissões de gases de efeito estufa e o consumo energético (ou energia embutida). Além da fase de projeto, a CECarbon também auxilia as empresas na execução da obra para que busquem as melhores soluções construtivas, materiais e equipamentos. 

Diferenciais da CECarbon:

* É uma ferramenta gratuita;
* Fácil de acessar com usabilidade aprimorada;
* Aplicável a diferentes tipologias de construções;
* Pode ser usada por empresas de todo porte;
* Acessível a engenheiros, arquitetos e estudantes;
* Órgãos do governo têm demonstrado interesse;
* Ferramenta construída com empresas do setor imobiliário, o que a aproxima da realidade das obras.

Novas funcionalidades

Alinhada com a metodologia do GHG Protocol e com os diferentes relatórios de sustentabilidade, a versão 3 da CECarbon vai além da gestão das obras e passa a contemplar também os resultados da área corporativa.

A supervisora de Meio Ambiente do Sinduscon-SP, Vanessa Dias, detalhou as novas funcionalidades da nova versão:

* Inventário corporativo: Permite o cálculo das emissões dos escritórios (matriz, filial e estandes de venda), através do qual é possível fazer o gerenciamento da empresa como um todo, não só das obras em andamento;

* Exportação de relatórios em excel: Demanda solicitada pelos usuários e que ajuda na gestão dentro dos canteiros de obras, podendo comparar resultados em obras e inserção de indicadores da própria empresa;

* Consumo médio de combustível padronizado: O sistema traz lista de maquinários com o cálculo padronizado do consumo médio de combustível;

* Área para upload de documentos: É possível anexar na ferramenta diversos documentos, facilitando processos de auditoria das empresas;

* Visualização em tempo real: A qualquer momento, a empresa pode lançar atualizações das obras e da área corporativa, bem como visualizar os relatórios das emissões de carbono em tempo real, com resultados anuais e por obra;

* Relatório integrado: Agora o sistema possui três relatórios: Relatório de obra, Relatório corporativo e Relatório integrado corporativo e obra.

Apesar de ter sido desenvolvida pelo Sinduscon-SP, a ferramenta não está limitada à entidade. Por isso, qualquer pessoa interessada no assunto pode acessar o sistema e realizar o curso gratuito CECarbon.

O curso prático para uso da ferramenta permite ao aluno desenvolver um exercício prático para uma edificação e também realizar uma avaliação de aprendizado, com emissão de certificado de participação. 

Já o curso atualizado com todas as melhorias da versão 3 deve estar disponível no segundo semestre de 2024.

Fonte
Sinduscon-SP

Contato/assessoria de imprensa:
dbarbara@sindusconsp.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Normas de segurança e uso de EPIs são fundamentais para minimizar riscos na indústria de pré-moldados

Empresas devem adotar EPIs previstos no planejamento conforme cada Norma Regulamentadora.
Crédito: Envato

A pré-fabricação de concreto é o ramo que mais se aproxima da linha de produção no setor da construção civil. São estruturas fabricadas previamente e fora do canteiro de obras, sendo produzidas por meio da colocação de concreto em fôrmas, prometendo mais agilidade na execução dos empreendimentos.

Porém, existem características que diferem a indústria de pré-moldados da construção convencional, sendo fundamental a mitigação de riscos para garantir a segurança durante a montagem, bem como o uso adequado de EPIs.

Cuidados com manuseio e montagem

A presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic), Íria Doniak, informa que as questões ligadas à logística das estruturas, fachadas ou fundações pré-fabricadas exigem treinamentos específicos e qualificação dos profissionais envolvidos. Isso demanda planejamento e mitigação de possíveis gargalos, como as situações transitórias, de transporte, armazenamento e organização dos elementos, que requerem cuidados especiais da fábrica até o manuseio e montagem nos canteiros de obras. 

Conforme o planejamento, é preciso atender não apenas as exigências solicitadas durante o uso da estrutura, mas também aquelas projetadas a fim de garantir a segurança durante a montagem. “Aspectos relacionados às ligações e à estabilidade global conforme previstos na norma ABNT NBR 9062 (Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré-moldado) são de fundamental importância, incluindo o requisito específico de procedimentos de montagem, que torna obrigatório o Plano de Rigging (plano de içamento de cargas)”, orienta.

Manual de orientação sobre boas práticas

Nesse contexto, a Abcic elaborou o Manual de Montagem das Estruturas Pré-Moldadas de Concreto, em versão digital e impressa, no qual todas as boas práticas de montagem estão descritas, inclusive temas dedicados exclusivamente sobre segurança.

De acordo com Íria, o manual é uma ferramenta importante para as operações envolvendo a montagem das estruturas pré-fabricadas de concreto, oferecendo uma visão integrada de todo o processo, desde o planejamento, nas interfaces com a comercialização, projeto e produção das estruturas, até os princípios elementares das atividades inseridas neste processo de forma detalhada e em linguagem acessível. “O objetivo é transmitir o conhecimento não somente em atividades de capacitação das equipes, mas também ser utilizado efetivamente no dia a dia nos canteiros de obras que adotam o sistema por todos os responsáveis na montagem”, ressalta. 

Em sete capítulos, o manual destaca também a montagem dos itens mais comuns das estruturas, como pilares, vigas, lajes alveolares e duplo T, telhas de concreto protendido tipo W e painéis de fachada. “Em cada caso há a descrição da rotina de montagem e de cuidados a serem tomados, bem como tabelas para avaliação de esforços gerados nas alças”, aponta Íria. 

Uso de EPIs

O manual trata sobre o uso de equipamentos adequados e exigências normativas, como a NR-12 (Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos) e NR-18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção). “O guia apresenta informações sobre o documento emitido pelo Comitê de Segurança da Abcic, com sugestões para serem incorporadas na revisão dessas normas regulamentadoras e salienta a importância de uma política de segurança que deve partir da direção das empresas e permear todos os participantes do processo de montagem”, observa ela.  

Em relação aos EPIs, além dos equipamentos básicos aplicáveis à construção convencional, devem ser adotados os equipamentos que estejam previstos no planejamento, conforme a necessidade da obra.

Isso dependerá dos tipos de equipamentos, peças e ligações que serão utilizados e outras eventuais características de cada empreendimento. Isso sem mencionar os correlatos a outras NRs específicas, como a de trabalho em altura e atividades adicionais, como soldagem, por exemplo, que exige certificação dos profissionais. “Devemos lembrar que o ambiente fabril sempre é mais controlado do que as atividades de canteiro, mas é necessário ter cuidados específicos com as situações transitórias e a montagem”, aponta.

Entrevistada
Iria Lícia Oliva Doniak é engenheira civil graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), possui MBA em Economia com ênfase em Relações Institucionais e Governamentais pela FGV, Doutoranda em Business Administration pela Universidade de Bordeaux. Presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e representante da Abcic junto à Federação Internacional do Concreto (CEB-FIP), com sede em Lausanne, na Suíça. É vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento (Sinaprocim) na gestão 2023-2024.

Contato/Assessoria de Imprensa: sylvia@meccanica.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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