Saque do FGTS: entidades alertam para o desvio de funcionalidade do Fundo e a ameaça ao financiamento habitacional

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), criado para proteger o trabalhador em situações de desemprego e financiar a habitação popular, infraestrutura e saneamento, tem sido objeto de polêmica. Desde a implementação da modalidade saque aniversário, em 2019, que permite ao trabalhador retirar parte do saldo anualmente, mais de R$ 121 bilhões foram retirados do Fundo.

Entidades como a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o Sinduscon-PR e o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) alertam para os riscos dessa prática, que compromete a sustentabilidade do FGTS e desvirtua sua função original.

Sem a preservação do FGTS como fonte de financiamento, déficit habitacional continuará crescendo.
Crédito: Envato

Instituído para estimular o consumo, o saque aniversário tem gerado preocupação entre especialistas e entidades do setor. Ao permitir que trabalhadores antecipem os valores de seus saldos por meio de empréstimos, essa modalidade reduz os recursos disponíveis para financiamentos habitacionais, afetando diretamente as famílias de baixa renda que dependem do FGTS para realizar o sonho da casa própria.

De acordo com dados da CBIC, a redução na utilização do FGTS para o programa Minha Casa, Minha Vida é expressiva: em 2020, 73% dos compradores usaram o fundo para a entrada do imóvel; em 2024, esse índice caiu para 30%. Essa queda evidencia como a modalidade saque-aniversário prejudica os objetivos fundamentais do FGTS.

A CBIC tem liderado essa discussão e aponta para o desvio de uso do fundo. “O conceito da antecipação do saque-aniversário é prejudicial, porque tira da liquidez R$ 35 bilhões a R$ 38 bilhões por ano. Isso representa cerca de 30% dos recursos hoje destinados a menos e, com a falta da cadeia de poupança, nós entendemos que esses recursos seriam ainda mais importantes para que pudesse abastecer aquela faixa de imóveis ao redor de R$ 350 mil”, observa o presidente da CBIC, Renato Correia.

O FGTS é um instrumento fundamental para financiar a construção de moradias populares e estimular a economia. Sem esses recursos, o setor perde capacidade de gerar impacto positivo na sociedade.

Impacto na habitação popular e no emprego

O impacto negativo do desvio de recursos do FGTS não se limita ao setor habitacional. Segundo a CBIC, desde 2019, a perda de recursos inviabilizou a construção de 580 mil moradias populares e a geração de 1,5 milhão de postos de trabalho. A construção civil, historicamente um dos principais motores da economia brasileira, enfrenta desafios crescentes para manter o nível de atividades e empregos.

Cenários desafiadores

As previsões para o próximo ano apontam para estabilidade no setor da construção, mas o cenário é desafiador. Marcos Kahtalian, vice-presidente de Banco de Dados do Sinduscon-PR, alerta que a alta na taxa de juros, a inflação e os custos crescentes da construção dificultam o crescimento do mercado imobiliário. “O FGTS está garantido, mas a demanda por crédito é muito maior do que a oferta. Em 2025, a construção deve ficar no mesmo patamar deste ano”, pondera Kahtalian.

Além disso, a elevação da Selic intensifica a competição entre ativos financeiros e imobiliários, tornando o crédito habitacional mais caro para o consumidor final. Essa conjuntura reforça a urgência de ampliar as fontes de financiamento para atender à crescente demanda habitacional.

Necessidade de ampliar o acesso ao crédito habitacional

Com o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) enfrentando restrições de recursos, é fundamental buscar alternativas para o financiamento imobiliário. Para entidades do setor, garantir a sustentabilidade do FGTS e ampliar o acesso a linhas de crédito habitacional são passos essenciais para atender às necessidades do mercado e fomentar a economia.

Sem a preservação do FGTS como fonte de financiamento, o déficit habitacional continuará crescendo, agravando desigualdades e comprometendo o desenvolvimento do país. Essa é uma das conclusões do manifesto divulgado pela CBIC e entidades parceiras. Assim, resgatar a finalidade original do fundo é um compromisso não apenas com o trabalhador, mas com o desenvolvimento sustentável do país.

Fontes:
Sinduscon-PR
Sindicato Nacional da Indústria da Construção Civil (SNIC)
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) 

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Setor da construção civil deve desacelerar em 2025, segundo CBIC

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) estima que o setor deve se consolidar com um crescimento de 4,1% em 2024. No entanto, para 2025, a expectativa é de desaceleração, com uma projeção inicial de expansão de 2,3%. Já o Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) preveem um crescimento de 3% no PIB (Produto Interno Bruto) da construção em 2025, ante os 4,4% estimados para 2024.

No Paraná, a previsão para o próximo ano é de estabilidade. “Há uma preocupação muito forte com a taxa de juros da economia brasileira, a tendência de alta também na inflação, o consequente aumento do custo de construção e, sobretudo, a dificuldade em obter mão de obra qualificada. Soma-se a esse cenário as incertezas quanto ao crédito habitacional, que não deve crescer em 2025 devido à escassez de funding, especialmente da Caderneta de Poupança”, pondera o vice-presidente do Banco de Dados do SindusCon-PR, Marcos Kahtalian.

Confira os fatores que devem influenciar o desempenho da construção civil em 2025:

Impactos do cenário internacional

No cenário externo, Ieda Vasconcelos, economista da CBIC, destacou algumas preocupações e incertezas, como o novo governo nos Estados Unidos, as políticas da China, a guerra entre Ucrânia e Rússia, os conflitos no Oriente Médio e a oscilação nos preços das commodities, especialmente em função da nova política econômica americana.

Para Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre, do ponto de vista dos custos e preços das commodities, o mundo enfrenta desafios cada vez maiores no campo da geopolítica. “A recente eleição de Trump, com promessas de uma política altamente protecionista, levanta questionamentos sobre como isso poderá impactar o crescimento econômico global e, consequentemente, os preços das commodities”, explica.

Tendências da economia nacional que impactam o setor de construção

Ieda destacou que, para 2025, pode-se esperar um menor dinamismo da economia. “A Pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central e divulgada em 06/12/2024, projetou alta de 2,0% do PIB Brasil para 2025, enquanto o incremento aguardado para 2024 é de 3,39%”, explica a economista.

Outro fator que deve ser levado em consideração é a inflação. “A expectativa para a inflação é superior ao teto da meta inflacionária. O teto da meta para 2025 é o mesmo de 2024: 4,5%. 3% é o centro da meta, podendo variar 1,5% para cima, então temos o teto de 4,5%. Até agora as estimativas apontam que o IPCA aumentará 4,59% no próximo ano”, pontua Ieda.

Programa “Minha Casa, Minha Vida” deve ser um dos impulsionadores da construção civil em 2025.
Crédito: Envato

Ainda, outra questão é a taxa de juros em patamar muito elevado. “Em dezembro, tivemos o aumento de 1%, que já era esperado por uma menor parte do mercado financeiro, já que uma maioria aguardava uma alta de 0,75%. Mas o que chega a surpreender com muita força é a sinalização de mais duas altas de 1% na taxa Selic pelo Copom. Ou seja, ela poderá encerrar o primeiro trimestre de 2025 em 14,25%. Com isso, parte do mercado já começa a projetar juros entre 14,5% e 15% no fim do atual ciclo de alta. Isso aí certamente inibe planejamentos e iniciativas de novos lançamentos”, alerta Ieda. 

 “A inflação e os juros, com a elevação da taxa Selic, já começam a impactar diretamente o financiamento habitacional. Esse cenário tem reflexos significativos no mercado, especialmente em relação ao crédito imobiliário. Paralelamente, o mercado de trabalho segue aquecido, mas resta observar como esses fatores econômicos influenciarão o ritmo dos investimentos no setor.”, complementa Ana Maria.

Para o presidente da CBIC, Renato Correa, a taxa de juros é uma preocupação central para o setor. “Os recursos são divididos entre o financiamento à pessoa física e às construtoras. Quando há escassez, a tendência é priorizar a pessoa física, o que é fundamental para garantir que o cliente final tenha acesso ao crédito. No entanto, isso representa um aumento adicional nos custos. Quando precisamos recorrer a recursos de mercado para financiar a construção, essa despesa extra acaba sendo incorporada à conta”, alerta.

Correa destaca ainda que, no momento, o setor lida com uma soma de desafios: aumento nos custos de mão de obra, materiais, juros e na taxa Selic. “Além disso, pode ser necessário buscar alternativas de financiamento fora da caderneta de poupança e do FGTS, o que reduz ainda mais as margens das empresas. Com margens apertadas, as construtoras acabam recuando nos lançamentos. O empresário, ao fazer as contas, percebe que não é o momento de investir e prefere esperar até que o cenário se estabilize”, pondera.

Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, destacou que, no curto prazo, as taxas de juros elevadas não afetam diretamente as obras já contratadas. “No entanto, se houver um aumento significativo dos juros, os investimentos privados e as concessões tendem a ser adiados, o que pode resultar em uma desaceleração mais acentuada da atividade da construção a partir do terceiro trimestre. Além disso, juros altos acabam concorrendo com a rentabilidade de novos investimentos”, ressaltou.

Mercado de trabalho 

Ana Castelo previu que, em 2025, a atividade do setor formal da construção deverá crescer, ainda como reflexo do recente ciclo de expansão, mantendo o mercado de trabalho do setor aquecido. “Em 2024, o mercado imobiliário permaneceu muito aquecido, com um volume significativo de vendas, o que, consequentemente, irá repercutir em novas obras, mantendo o mercado de trabalho aquecido em 2025”, afirma.

Um exemplo disso pode ser observado em Curitiba (PR). De acordo com o Sindicato da Construção Civil do Estado do Paraná (SindusCon-PR), o setor deve gerar 4.500 novas vagas de emprego na cidade em 2025. O órgão encomendou uma pesquisa sobre a intenção de contratação de mão de obra no setor da construção para o próximo ano. O levantamento, realizado pela Brain Inteligência Estratégica, envolveu 200 empresas paranaenses que atuam nas áreas de incorporação, obras públicas e prestação de serviços de engenharia.

Enquanto 31% das empresas manifestaram a intenção de aumentar o número de funcionários, 65% planejam manter o quadro funcional

Despesas das famílias

As despesas das famílias com obras e reformas apontam para uma desaceleração. “Em relação a essas despesas, que foram, digamos, uma surpresa positiva, ainda observamos sinais favoráveis. No entanto, dentro de um contexto mais desafiador, com desaceleração da atividade econômica, redução do consumo e aumento do custo do crédito, é provável que esse componente apresente uma desaceleração”, afirma Ana Maria.

Ritmo de lançamentos

De acordo com Ana Maria, uma mudança provável decorre justamente do cenário mais desafiador em relação ao financiamento para as classes média e alta. “O crédito para média e alta renda enfrentará mais dificuldades, tanto pela menor disponibilidade quanto pelo aumento do custo”, avalia.

Ieda lembra que o adiamento de lançamentos não impacta apenas o ritmo de 2025, mas também o de 2026 e 2027. “O desempenho da construção em 2025 já está condicionado pelos lançamentos realizados em 2023 e 2024. Quando os lançamentos de 2025 são prejudicados, isso afeta diretamente o ritmo da construção em 2026”, alerta.

Minha Casa, Minha Vida

Enquanto o crédito habitacional para os setores de média e alta renda da população deverá se contrair, o programa “Minha Casa, Minha Vida” deverá impulsionar o setor imobiliário no país, segundo Ieda e Ana Maria. “O MCMV deve se fortalecer como protagonista nesse cenário de negócios”, informa Ana Maria. 

No entanto, Renato destacou a importância de acompanhar o teto de preços do programa MCMV em relação aos custos crescentes. “Chega um momento em que o risco já não compensa o investimento. É preciso estar atento para, no momento certo, realizar os ajustes necessários e garantir a continuidade da produção”, aponta 

O presidente da CBIC também ressaltou a vigilância constante sobre essa correlação para evitar interrupções no programa. “Sempre que possível, contribuímos e sinalizamos quando é hora de ajustar os preços. Mas os números de lançamentos são o principal indicativo. É essencial monitorar tanto a faixa 1 quanto os financiamentos vinculados ao FGTS. Ambos precisam de atenção”, observa

Correa ainda destacou que os recorrentes aumentos nos custos de materiais, mão de obra e taxa de juros aceleram a necessidade de revisões no programa. “Um alerta que fazemos já para o início do ano é a necessidade de começar a avaliar essas questões, garantindo que o programa continue entregando resultados expressivos, como tem feito até agora”, conclui.

Investimento em infraestrutura

Os investimentos em infraestrutura realizados pelo setor privado devem continuar em alta. Contudo, há incertezas em relação aos investimentos públicos: enquanto os governos estaduais tendem a aumentar seus aportes, os do governo federal podem apresentar queda.

“Há muitas variáveis em jogo. Um novo ciclo eleitoral já está se desenhando, o que levanta dúvidas sobre o comportamento dos investimentos regionais. Muitos Estados, como São Paulo, por exemplo, já anunciaram orçamentos mais robustos de investimentos, mirando o ano eleitoral. Esse é um componente mais difícil de projetar, mas, sem dúvida, está no radar”, ressalta Ana Maria.

Em São Paulo, Estefan aponta que o plano de investimentos da Sabesp poderá gerar um aumento nas obras de infraestrutura.

Ieda, por sua vez, destacou que a infraestrutura está sendo impulsionada principalmente pelos investimentos privados já contratados.

Fontes
Marcos Kahtalian é vice-presidente do Banco de Dados do SindusCon-PR.
Ieda Vasconcelos é economista da CBIC.
Renato Correa é presidente da CBIC.
Ana Maria Castelo é coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre.
Eduardo Zaidan é vice-presidente de Economia do SindusCon-SP.
Yorki Estefan é presidente do SindusCon-SP.


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CBIC: ascom@cbic.org.br

Sinduscon-SP: dbarbara@sindusconsp.com.br

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Pesquisa mostra que 55% das rodovias apresentam condições insatisfatórias de pavimentação, sinalização e geometria

A Pesquisa CNT de Rodovias 2024, realizada pela Confederação Nacional do Transporte, avaliou mais de 110 mil quilômetros de estradas e 55% das vias apresentam condições insatisfatórias de pavimentação, sinalização e geometria. Este cenário reflete diretamente no número de acidentes, no custo operacional do transporte e na segurança dos usuários. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), parceira estratégica no monitoramento das rodovias, corrobora com o diagnóstico e aponta os desafios para reverter esse quadro.

Conforme o coordenador-geral de segurança viária da PRF, Jeferson Almeida, a infraestrutura rodoviária enfrenta limitações graves em trechos estratégicos, onde há grande concentração de veículos de carga.

"Esses pontos críticos comprometem a segurança viária e a eficiência logística, ressaltando a importância de intervenções urgentes", afirma Almeida. O mapeamento realizado pela PRF é essencial para guiar investimentos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e das concessionárias.

A pesquisa da CNT destaca também a desigualdade na qualidade das rodovias: enquanto trechos concedidos mostram avanços significativos, as estradas sob gestão pública continuam a sofrer com a precariedade. "Trechos reformados, especialmente os concedidos, apresentam pavimento em melhores condições, sinalização clara e dispositivos de proteção modernos", pontua Almeida. Ainda assim, a disparidade entre regiões desafia a integração nacional.

Whitetopping: a solução que ganha força no Brasil

Whitetopping apresenta benefícios como maior segurança de rolamento e menor necessidade de manutenção frequente.
Crédito: Envato

Uma das saídas para mitigar os problemas é a adoção de novas tecnologias de reforma, já implementadas em algumas vias. Segundo Almeida, o foco deve estar na aplicação de materiais que priorizem a segurança passiva. "Pavimentos de maior aderência, barreiras de contenção modernas e sinalizações retrorrefletivas são medidas eficazes que reduzem o impacto de falhas humanas no trânsito", explica.

Nesse aspecto, o whitetopping tem se destacado como uma tecnologia sustentável e econômica para a restauração de rodovias. A técnica consiste em sobrepor uma camada de concreto ao pavimento asfáltico deteriorado, aproveitando a base existente e reduzindo custos de reconstrução.

Em projetos como o da PR-280 no Paraná, o uso desse material proporciona maior durabilidade, com vida útil superior a 30 anos, e redução de emissões, já que elimina a necessidade de remoção de resíduos e transporte de novos materiais​

O sucesso do whitetopping em rodovias como a SC-114, primeira no Brasil a adotar a técnica, motivou sua aplicação em outros Estados, incluindo Paraná e Ceará. Além disso, a tecnologia apresenta benefícios extras, como maior segurança de rolamento, economia de energia com melhor visibilidade noturna e menor necessidade de manutenção frequente​.

A PRF participa ativamente na identificação de áreas críticas e no acompanhamento do impacto das reformas. Sob o conceito de Sistemas Seguros e alinhada à Visão Zero, a corporação reforça que as melhorias de infraestrutura devem caminhar em conjunto com ações educativas e fiscalização eficaz.

Desafios persistentes no modal rodoviário

Apesar dos avanços pontuais, o Brasil ainda enfrenta entraves estruturais no modal rodoviário. A Pesquisa CNT 2024 revelou que problemas de geometria, como curvas acentuadas e falta de acostamento, estão presentes em 61,8% das rodovias analisadas. Esses fatores ampliam o risco de acidentes e prejudicam o transporte de cargas e passageiros.

Almeida enfatiza a importância de rodovias bem projetadas e com manutenções periódicas. "Elas são determinantes para salvar vidas e reduzir custos operacionais", reforça. Contudo, a PRF aponta que o ritmo das melhorias é desigual, especialmente em regiões com menor densidade de tráfego, mas alta relevância econômica.

Caminhos para a transformação

Para a PRF, a solução dos problemas rodoviários brasileiros passa pela integração entre infraestrutura, fiscalização, veículos seguros e conscientização dos usuários. "O conceito de Sistemas Seguros propõe uma abordagem abrangente, onde todos os elementos do trânsito colaboram para minimizar o risco de sinistros graves", explica Almeida.

Além disso, a entidade defende um alinhamento mais estreito entre DNIT, concessionárias e órgãos de fiscalização. "Com ações baseadas na Visão Zero, podemos transformar nossas rodovias em ambientes mais humanos e resilientes, onde a vida é a prioridade máxima", conclui.

A Pesquisa CNT de Rodovias 2024 e as análises da Polícia Rodoviária Federal apontam a urgência de um reforço contínuo na infraestrutura viária brasileira. Combinando investimentos em tecnologia, planejamento estratégico e integração entre os atores do setor, o Brasil pode avançar rumo a um sistema rodoviário mais seguro e eficiente, essencial para o desenvolvimento econômico e social do país.

Fonte
Confederação Nacional do Transporte (CNT)

Entrevistado
Jeferson Almeida é coordenador-geral de segurança viária da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Contato:
imprensa@prf.gov.br

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Construções apostam em painéis que combinam concreto e isopor

Construir de forma mais rápida é o desejo de muitas construtoras – melhor ainda se puder combinar com conforto térmico e acústico, além de resistência. Algumas empresas no Brasil têm investido em uma tecnologia que traz painéis ou blocos que combinam concreto e isopor para construir, como forma de obter esses benefícios. 

Tecnologia com pré-moldados formado por duas placas cimentícias
Crédito: Dilvugação/Lightwall

Uma das empresas que faz isso no Brasil é a Lightwall, que trabalha com pré-moldados formado por duas placas cimentícias e EPS (isopor). Cada peça tem até 3 metros e sistema de encaixe macho-fêmea. “A composição do nosso painel é formada por um núcleo de concreto leve com o EPS. Temos o encaixe macho-fêmea que estará em todo o perímetro do painel e temos a possibilidade de ter a placa cimentícia nas extremidades ou não. Temos dois tipos de painéis: o primeiro é o SP, sem a placa cimentícia, e o segundo é o 2P, que tem placas cimentícias nas duas extremidades. A 2P é utilizada para obter um melhor desempenho térmico e acústico ou quando for fazer uma laje, porque ele tem maior resistência”, informa Diogo Araújo, engenheiro e CCO da Lightwall.  

Já o Grupo ICF trabalha com a tecnologia ICF (Insulated Concrete Forms), que utiliza blocos de isopor e concreto. 

Benefícios

De acordo com a Lightwall, esta tecnologia permite maior velocidade na obra, podendo ser utilizada em alvenaria e lajes.  Ainda, estes painéis estão de acordo com a NBR 15.575 - Norma de desempenho, garantindo um bom desempenho contra impactos. 

Outro benefício é a eficiência térmica e acústica, o que se dá pelo núcleo preenchido por concreto leve e EPS, que por ser isolante minimiza a troca de ruídos e calor com o ambiente externo. O mesmo acontece no caso do ICF.

“O ICF oferece isolamento térmico e acústico superior, além de ser uma alternativa mais rápida e econômica”, afirma João Felipe da Rocha, fundador e CEO do Grupo ICF. 

Araújo ainda destaca que o painel Lightwall é corta-fogo, aprovado pelo Corpo de Bombeiros e laudado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) São Paulo. “Com duas horas com um maçarico incandescente, chegando a 1.036 °C, houve uma transferência de calor de 90 °C do outro lado e o painel saiu intacto”, pontua Araújo.  

Flexibilidade e resistência

Rocha destaca que o ICF pode ser aliado ao ICFLEX, uma argamassa elastomérica bi-componente, enriquecida com fibras que traz flexibilidade e resistência ao revestimento. Este material foi criado para ser utilizado em paredes e tetos em ambientes internos e externos. Por ser altamente resistente, elimina a necessidade de chapisco e permite uma aplicação ágil e eficiente.

“Ao aliarmos estas duas tecnologias, conseguimos transformar ainda mais a qualidade e a durabilidade das nossas construções", destaca Rocha.

Instalações elétricas e hidráulicas

No caso do Lightwall, é necessário que o projeto seja compatibilizado com os painéis da marca. Elas podem ser embutidas na fabricação ou realizadas na própria obra, sendo fixadas até na parte externa dos painéis. 

“No caso em que a pessoa esqueceu de fazer a tubulação hidráulica, por exemplo, é possível fazer um rasgo no painel utilizando um disco de corte para madeira, colocar a tubulação e depois fazer um fechamento com argamassa ACIII, colocar um basecoat (preparador de bases para regularização de placas cimentícias) e uma tela”, explica Araújo.

Se for um projeto em grande escala, a recomendação é embutir a tubulação dentro do painel, segundo Araújo.

Custos

O ICF oferece isolamento térmico e acústico superior, além de ser uma alternativa mais rápida e econômica.
Crédito: Dilvugação/Grupo ICF

Segundo o Grupo ICF, o custo médio de construção com o ICF varia entre R$ 250,00 a R$ 400,00 por . “Levando em consideração os blocos de isopor e concreto, que embora sejam ligeiramente mais caros, oferecem benefícios como redução do tempo de construção, menor necessidade de manutenção e uma significativa economia de energia ao longo da vida útil do imóvel”, pondera Rocha.

Exemplos do uso das placas cimentícias com isopor

A Lightwall participou de um projeto chamado de Casa Piloto, de 46 m2, para habitação popular. “Ela foi desenvolvida há oito anos em nossa casa de fábrica. Nós a montamos em apenas três dias, com uma equipe de três pessoas, e a produtividade média deste pessoal foi de 65,27 m2/dia. Acreditamos que foi muito rápido para uma equipe que nunca teve contato com a tecnologia. Com isso, vimos que a tecnologia se encaixaria muito bem para a realidade do Brasil”, afirma Araújo. Depois disso, fizemos 4.000 casas em Rio Claro, no interior de São Paulo.

Outro projeto de Casa Piloto da Lightwall entrou na Faixa 2 do programa “Minha Casa, Minha Vida”. Araújo explica que a tecnologia foi aplicada em todos os elementos, com exceção no telhado e churrasqueira.

Os painéis também podem ser usados para a construção de muros, eliminando custos com andaimes e equipamentos auxiliares, reduzindo também a mão de obra.

Ainda, Araújo também mencionou o emprego da tecnologia para construção de casas de alto padrão em Fernando de Noronha, tornando a solução interessante pela facilidade de transporte das placas (com peso variando entre 40 e 60kg/m²), reduzindo também os custos com o frete marítimo para a região.

Fontes

Diogo Araújo é engenheiro e CCO da Lightwall.  

João Felipe da Rocha é fundador e CEO do Grupo ICF, pioneiro na construção com iForms ICF no Brasil.

Contato

Assessoria de imprensa do Grupo ICF - airamassessoria@gmail.com
Lightwall - marketing@lightwallbrasil.com 

Jornalista responsável:
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Obras da Linha 2 do Metrô de Belo Horizonte foram iniciadas

Em setembro de 2024, tiveram início as obras da Linha 2 do Metrô de Belo Horizonte. Com uma extensão de 10,5 km e sete novas estações, a linha conectará a Estação Nova Suíça ao Barreiro, atendendo a regiões estratégicas como Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre e Ferrugem. A previsão é de que as operações se iniciem em 2029.

https://www.youtube.com/watch?v=Ksjxq-BdIOk

A Estação Amazonas será a primeira a ser construída, simbolizando um avanço significativo na melhoria da infraestrutura de transporte local. Além dessa obra da linha 2, até 2025, 10 das 19 estações da linha 1 serão modernizadas, e as outras nove, até 2026. No entanto, o Metrô BH e o Governo de Minas estudam antecipar diversos marcos do projeto. “O objetivo é levar melhorias e conforto ao usuário do sistema no menor tempo possível”, informa o Metrô BH.

A implantação da estação Novo Eldorado, a 20ª estação da Linha Laranja, com mais 1,6 km de via permanente, está prevista para 2026. O Metrô BH, empresa do Grupo Comporte, é a concessionária responsável pela modernização e expansão da Linha 1, bem como pela implantação da Linha 2 do serviço de transporte sobre trilhos da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Com uma extensão de 10,5 km, a linha atenderá regiões estratégicas como Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre e Ferrugem.
Crédito: Metrô BH

De acordo com o Metrô BH, para realizar as inovações e implantações tanto da Linha 1 quanto da Linha 2, o investimento previsto da concessionária é de R$ 3,9 bilhões. Atualmente, o metrô de Belo Horizonte transporta 100 mil passageiros por dia.

Desafios da obra

O Metrô BH informou ao Massa Cinzenta que os principais desafios de uma obra desse porte envolvem a realização de intervenções no espaço urbano pré-existente.

Tecnologias

Atualmente, a previsão é de que 16 mil metros cúbicos de concreto sejam utilizados para a construção da Linha 2, segundo o Metrô BH.

O Metrô BH destaca também que, entre as inovações, está um novo sistema de Operação Automática do Trem (ATO) na fase final de implementação do sistema de sinalização, permitindo intervalos menores e maior regularidade entre as composições. Também será instalado um sistema de transmissão de dados de alta capacidade para maior controle operacional, além de câmeras de videomonitoramento com possibilidade de uso da tecnologia de reconhecimento facial e sistemas de contagem de passageiros e frequência dos trens.

“Além disso, os trens terão monitores com mapas digitais e informações úteis, proporcionando uma experiência moderna e eficiente aos passageiros”, ressalta o Metrô BH.

Fonte
Metrô BH, Empresa do Grupo Comporte, é a concessionária responsável pela modernização e expansão da Linha 1, bem como a implantação da Linha 2 do serviço de transporte sobre trilhos da Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

Contato: imprensa@metrobh.com.br 

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Construção civil deve encerrar com crescimento de 4,1% em 2024 e superar a média nacional do PIB

O ano de 2024 marcou um período de crescimento expressivo para a construção civil no Brasil. Segundo o IBGE, o setor cresceu 4,1% no acumulado dos três primeiros trimestres, superando a média nacional. Essa expansão foi impulsionada por programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida, e pela retomada econômica pós-pandemia, que aqueceu o mercado imobiliário e de infraestrutura, conforme análise da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) e do Sinduscon-SP. “Do início da pandemia até agora, final do terceiro trimestre de 2024, o setor cresceu 21,2%. Mas nós ainda estamos distantes cerca de 16% em relação ao pico das nossas atividades, que foi alcançado lá no início de 2014”, afirma Ieda Vasconcelos, economista-chefe da CBIC.

Ano de 2024 foi marcado pela retomada e consolidação da construção civil brasileira.
Crédito: Envato

Durante coletiva do Sinduscon-SP, Ana Castelo, economista da FGV Ibre, afirmou que o crescimento da construção é robusto. “O setor voltou a ser um dos protagonistas da economia brasileira, com impactos diretos no emprego e na geração de renda”.

De acordo com o presidente do Sinduscon-SP, Yorki Estefan, o ano foi muito favorável para o setor da construção civil, mas também trouxe muitos desafios. “A gente encarou o desafio também da remuneração da folha gradual, da folha de pagamento, e temos o desafio ainda da votação da reforma tributária”, aponta.

Mercado de trabalho: novos empregos e remuneração competitiva

O setor também recuperou sua relevância no mercado de trabalho, alcançando 3 milhões de empregados formais, um crescimento de 4,7% em relação a 2023, segundo a CBIC. No Paraná, conforme dados do Sinduscon-PR, o número de trabalhadores formais chegou a 180 mil, com Curitiba concentrando 53 mil desses postos.

Entre janeiro e outubro de 2024, mais de 230 mil novas vagas formais foram criadas, com destaque para jovens entre 18 e 29 anos, que representaram cerca de 52% das novas contratações. O número total de trabalhadores com carteira assinada atingiu 2,978 milhões, equivalente ao nível de 2014. O salário médio de admissão em outubro foi de R$ 2.335,69, o segundo maior entre os setores econômicos, superando a média nacional de R$ 2.153,18.

Além do aumento na empregabilidade, os salários médios de admissão na construção civil ficaram acima da média nacional, alcançando R$ 2.335,00, refletindo a valorização do setor. “Esse dado surpreende quem não conhece a dinâmica da construção, que paga bem e oferece oportunidades”, destaca Ieda.

Mercado imobiliário e insumos: expansão acelerada

O mercado imobiliário registrou uma expansão expressiva em 2024. No Brasil, foram vendidas 292 mil unidades novas de janeiro a setembro de 2024, um crescimento de 20% em relação ao mesmo período de 2023, enquanto os lançamentos superaram 260 mil unidades, alta de 17%. De acordo com o Sinduscon-PR, em Curitiba, os lançamentos aumentaram 70%, totalizando mais de 11 mil unidades, enquanto as entregas subiram 40%, consolidando o avanço do setor.

O financiamento imobiliário também avançou: o FGTS financiou 516.207 unidades (alta de 28,1%) nos primeiros dez meses de 2024 em relação a igual período de 2023. Isso movimentou R$ 107,3 bilhões, um crescimento de 37,8%. Já o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) financiou 469.531 unidades (alta de 12,7%), somando R$ 154,1 bilhões (aumento de 22,6%).

Crescimento no consumo de cimento destaca aquecimento do setor

Um dos indicadores mais evidentes do crescimento do setor em 2024 foi o aumento expressivo no consumo de cimento. De dezembro de 2023 a novembro de 2024, foram vendidas 64,5 milhões de toneladas no mercado interno, um crescimento de 4% em relação ao período anterior.

Entre janeiro e outubro de 2024, o crescimento foi de 5,3% na produção de insumos típicos da construção. “Os números mostram o fortalecimento da cadeia produtiva. O aumento no consumo de cimento reflete o avanço de obras habitacionais e de infraestrutura em todo o país”, ressaltou Ieda.​

Desafios que se mantém para o setor

Apesar dos resultados positivos, o setor continua enfrentando desafios significativos, como a elevação da taxa Selic e a escassez de funding da caderneta de poupança, que devem dificultar o acesso ao crédito imobiliário, especialmente para classes média e alta. “Embora o FGTS continue a financiar habitações populares, a demanda por crédito supera a oferta, limitando a expansão do mercado”, alerta Marcos Kahtalian, vice-presidente de banco de dados do Sinduscon-PR.

Outro ponto crítico é o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que mede os custos da construção, que registrou alta de 6,34% nos últimos 12 meses, superando a inflação oficial de 4,87%. “A falta de mão de obra qualificada, o aumento dos custos e a elevação nas taxas de juros são fatores que merecem atenção e podem arrefecer o otimismo do setor”, analisa o presidente da CBIC, Renato Correia.

Há um clima de otimismo moderado. Segundo pesquisa do Sinduscon-PR, 60% das empresas pretendem lançar novos empreendimentos em 2025. A manutenção do dinamismo do Minha Casa Minha Vida e os investimentos em infraestrutura, especialmente em ano pré-eleitoral, podem sustentar o desempenho do setor.

Todas as entidades do setor concordam que 2024 foi um ano de retomada e consolidação para a construção civil brasileira, marcada por crescimento significativo e resultados expressivos. Contudo, a elevação dos custos e as incertezas econômicas apontam para um 2025 desafiador. Com o fortalecimento de programas habitacionais e a busca por maior qualificação da mão de obra, o setor se prepara para enfrentar os obstáculos e aproveitar as oportunidades do novo ano.

Fontes
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) 
Sinduscon-PR
Sinduscon-SP

Contatos:

ascom@cbic.org.br
presidencia@sindusconpr.com.br
dbarbara@sindusconsp.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade bate recorde de inscrições com projetos que transformam o setor da construção

A 25ª edição do Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade alcançou um marco inédito, com 101 inscrições de projetos que propõem soluções inovadoras e sustentáveis para a construção civil. Desse total, 69 foram na categoria Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, e 32 na categoria Pesquisa Acadêmica.

O número reflete o crescente interesse pelo avanço tecnológico e ambiental no setor. “Esse recorde comprova a relevância do prêmio e do alinhamento dos projetos aos pilares da industrialização e modernização da construção civil”, celebra Dionyzio Klavdianos, vice-presidente de Inovação da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Com o tema “O futuro chegou: vamos construir juntos a mudança”, o prêmio é promovido pela Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da CBIC. Ele busca reconhecer e difundir soluções que impactam positivamente a construção civil. “Nosso objetivo é incentivar a adoção de novas tecnologias e práticas sustentáveis, fomentando a competitividade e evolução do setor no Brasil”, explica Klavdianos.

Categorias reformuladas e subcategorias

Principal novidade foi a inclusão de subcategorias Prova de Conceito, Protótipo e Mercado na área de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.
Crédito: ASCOM/CBIC

Nesta edição, a organização do prêmio revisou as categorias para melhor representar o estágio de desenvolvimento dos projetos. A principal novidade foi a inclusão das subcategorias Prova de Conceito, Protótipo e Mercado na área de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. “Essa estrutura permite uma avaliação mais justa e detalhada, considerando o nível de maturidade das propostas”, afirma. Apesar do sucesso, ele destaca a necessidade de ajustes em subcategorias como Mercado, para fortalecer a avaliação em edições futuras.

Destaque para projetos acadêmicos

A categoria Pesquisa Acadêmica também chamou atenção pelos avanços apresentados. Com 32 projetos inscritos, entre Trabalhos de Conclusão de Curso, Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado, os resultados surpreenderam a comissão avaliadora. "Os projetos acadêmicos demonstraram grande evolução e uma conexão clara com as necessidades do setor produtivo", avalia Klavdianos.

Uma das novidades mais marcantes foi a criação da categoria especial “Inovação, Sustentabilidade e Solidariedade”, que premiou o projeto Argamassa Blindada, material à prova de balas ou tiro de armas, criado por um jovem engenheiro estudante da COPPE UFRJ, sensibilizado pelo drama que assola notadamente as famílias mais pobres do RJ, vítimas a todo instante de balas perdidas. Desenvolvida por Gustavo Corbelli Camilôto, que também é membro da CBIC Jovem, a proposta surgiu para minimizar os impactos da violência urbana, especialmente em comunidades do Rio de Janeiro. “É uma tragédia que não deveríamos aceitar, mas, como ocorre, a engenharia pode oferecer soluções para reduzir os danos”, comenta.

Vencedores e reconhecimento

Entre os projetos premiados, destacam-se iniciativas como o Poliframe, na subcategoria Prova de Conceito, que busca soluções para resíduos, e o HTB Ewood, na categoria Protótipo, que apresenta novas tecnologias para engenharia e construção. Na votação popular, o Sistema PavPlus 2.0, que une sustentabilidade e eficiência na pavimentação, recebeu o maior número de votos.

Projeto Construção 2030

O Prêmio CBIC também contribui diretamente para o Projeto Construção 2030, que tem como pilares a inovação aberta e a industrialização do setor. "Os projetos inscritos este ano demonstraram uma convergência natural com os objetivos do Construção 2030, evidenciando o compromisso da comunidade com o futuro sustentável da construção civil", reforça Klavdianos.

O recorde de inscrições e a qualidade dos projetos apresentados na 25ª edição do Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade confirmam o potencial transformador da construção civil brasileira. Para Klavdianos, o evento não é apenas uma celebração, mas um passo essencial para o futuro do setor. “Estamos construindo um legado de inovação e sustentabilidade que beneficiará toda a sociedade”, conclui.

Entrevistado
Dionyzio Klavdianos é vice-presidente de Inovação da CBIC e presidente da pela Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT), responsável pela realização do Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade.

Contato: ascom@cbic.org.br

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Ana Carvalho
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Primeiro prédio residencial carbono neutro do Brasil é inaugurado em Curitiba

Em 2024, foi inaugurado em Curitiba (PR) o Árten, o primeiro edifício multirresidencial carbono zero do Brasil. O prédio adotou diversas medidas para minimizar a emissão de gases de efeito estufa, tanto na construção quanto em sua operação futura. 

Localizado na região do Juvevê, o Árten é um empreendimento residencial de alto padrão. Ele conta com oito andares e 34 apartamentos, distribuídos em 5.845 m² de área construída. Com quatro opções de plantas, os apartamentos variam de 86 m² a 175 m². O empreendimento é das incorporadoras HIEX e ALTMA. 

Com VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 40 milhões, o empreendimento foi inaugurado com 80% das unidades vendidas.

Desafios no planejamento e na construção do Árten

Edifício utiliza o conceito TETRIS, permitindo compor as unidades tipo duplex com sobreposições.
Crédito: Divulgação

Um dos principais desafios do Árten está relacionado ao terreno, em função da geometria dele, que tem uma testada desproporcional ao comprimento da área. “Isso nos instigou a buscar soluções que garantissem a boa disposição das unidades em um projeto sustentável”, explica Gabriel Falavina Dias, sócio-fundador e diretor executivo da incorporadora ALTMA.

As inspirações para a arquitetura arrojada do Árten vieram de projetos: um do arquiteto dinamarquês Bjarke Ingels e o outro do franco-suíço Le Corbusier.

“O resultado foi uma arquitetura com inteligência construtiva, que utiliza o conceito TETRIS, permitindo compor as unidades tipo duplex com sobreposições, como acontece no jogo, em que os blocos de diferentes formatos são ‘girados’ e encaixados. É um formato que traz sustentabilidade para o projeto, porque amplia o coeficiente de aproveitamento dos espaços, reduzindo o número de corredores e alcançando a máxima área construída útil”, afirma Dias.

Sustentabilidade na obra

Na etapa de planejamento do Árten, foi traçado um plano de gestão de resíduos que priorizou a segregação e o reaproveitamento no próprio canteiro. “Metais e madeiras foram enviados para reciclagem, e os fragmentos de tijolos e cerâmicas foram triturados e utilizados como agregados para base de pisos ou enchimento de fundações”, relata o sócio-fundador e diretor executivo da incorporadora ALTMA.

A gestão eficiente da obra desviou dos aterros sanitários mais de 107 toneladas de resíduos, o que corresponde a 156 caçambas.

O cálculo das emissões do Árten incluiu o combustível consumido no transporte de matérias-primas e estruturas até o canteiro de obras. Para minimizar o impacto ambiental dos deslocamentos e estimular a economia regional, foi dada preferência a fornecedores locais. Como resultado, 40% das empresas e indústrias selecionadas estão localizadas em um raio de até 200 km do empreendimento.

O saldo de emissões da obra, calculado em 2.640 toneladas de CO2, já está sendo compensado por meio da manutenção dos estoques de carbono de uma área de Mata Atlântica, em reserva ecológica situada no Litoral do Paraná.

Benefícios para os moradores: eficiência energética e hídrica

Desde o início do projeto, em 2019, o planejamento foi aprimorado para garantir máxima eficiência, culminando na conquista do selo PROCEL Edifica. Adicionalmente, seguiu-se um rigoroso checklist de boas práticas que contribuiu para a significativa redução do impacto ambiental da construção.

O projeto do Árten incluiu diversas soluções sustentáveis com impacto nas emissões durante o uso do empreendimento após a entrega. Entre as iniciativas de eficiência energética e hídrica, foi implantado no edifício um sistema fotovoltaico para abastecimento das áreas comuns, equipado com sensores de presença e lâmpadas de LED.

A redução do consumo de água e energia nas áreas comuns deve ser significativa devido aos sistemas de captação e reaproveitamento de água da chuva, utilizados para irrigação automatizada dos jardins suspensos, conforme Dias.

Nos apartamentos, foram instalados os sistemas Ecoclick – que permite o desligamento remoto de interruptores e lâmpadas – e o sistema de banho inteligente com recirculação de água, que possibilita o acionamento do aquecimento dos chuveiros por smartphones. Os metais hidrossanitários também possuem controle de vazão, reduzindo o desperdício. “A iluminação LED de baixo consumo, o isolamento térmico eficiente e a integração de fontes de energia renovável, com painéis solares, representam economia mensal nas contas de luz do condomínio e de cada unidade”, destaca Dias.

Além das contas reduzidas, o sócio-fundador e diretor executivo da incorporadora ALTMA ressalta que os itens de sustentabilidade agregam valor ao imóvel, oferecendo ao consumidor benefícios econômicos adicionais por meio da valorização imobiliária.

Lições do primeiro edifício carbono zero

De acordo com Dias, a principal lição do primeiro edifício carbono zero foi a importância do planejamento integrado desde a concepção do empreendimento. “Vimos que todos os projetistas devem ser envolvidos no processo para alcançarmos os melhores níveis de eficiência e acertarmos na seleção dos materiais”, comenta.

Outro aprendizado foi sobre a importância de incentivar que os próprios moradores adotem práticas sustentáveis que reduzam as emissões com o uso do edifício. “No Árten, as soluções de conforto térmico, como ventilação cruzada e esquadrias termoacústicas, devem diminuir o uso de climatizadores. E, no manual do proprietário, os moradores receberam a orientação de optar por modelos de ar-condicionado com fluído de baixo GWP (Potencial de Aquecimento Global). Outro exemplo é o sistema de ‘banho inteligente’, que reduz o desperdício da água dispensada no chuveiro até que a temperatura ideal seja alcançada. No Árten, a recirculação da água pode ser acionada por aplicativo, ou seja, o morador liga o chuveiro e já pode entrar, sem necessidade de esperar aquecer”, conta o sócio-fundador e diretor executivo da incorporadora ALTMA.

Entrevistado
Gabriel Falavina Dias é engenheiro civil formado pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), sócio-fundador e diretor-executivo da incorporadora ALTMA. 

Contato
Assessoria de imprensa: roberta.canetti@bombai.com.br  

Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP

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Egito cria cidade futurista no deserto

Nas próximas três fases, o foco está em desenvolver um plano detalhado para a expansão da nova capital, orientando o crescimento da cidade e de sua zona industrial.
Crédito: Dar al-Handasah Shair & Partners

Há cerca de 45 quilômetros a leste do Cairo, no Egito, uma nova cidade está surgindo. Trata-se da Nova Capital Administrativa (NAC), conhecida como "The Capital Egypt", um projeto de desenvolvimento urbano transformador em andamento no país.

O plano diretor conceitual da Nova Capital Administrativa (NAC) foi apresentado em 2015 pela Skidmore, Owings & Merrill LLP (SOM). Em construção desde 2016, a cidade é parte de uma série de megaprojetos grandiosos do presidente Abdel Fattah el-Sisi, destinados a impulsionar a economia do país. Segundo Khaled Abbas, presidente da Administrative Capital for Urban Development (ACUD), empresa responsável pelo projeto, a primeira fase está quase concluída. Em fevereiro de 2024, a ACUD concedeu ao escritório Dar al-Handasah Shair & Partners um contrato para o planejamento mestre das Fases 2, 3 e 4 da Nova Capital Administrativa.

Como será a Nova Capital Administrativa (NAC)?

Situada em uma das regiões mais estratégicas do país, entre o Cairo e Suez, a Nova Capital Administrativa tem como objetivo criar uma "Cidade Inteligente do Amanhã". Isto significa apostar na sustentabilidade e em tecnologias avançadas, como forma de impulsionar o potencial econômico do país e aliviar a congestionada cidade do Cairo.

De acordo com a ACUD, a nova capital está projetada para abrigar cerca de 6,5 milhões de pessoas, uma vez que o distrito administrativo contará com mais de 30 novos ministérios e empregará uma força de trabalho de 55.000 funcionários.

O plano diretor da cidade apresenta uma combinação diversificada de usos residenciais, administrativos e recreativos, além de uma ampla gama de comodidades. A NAC contará com um novo distrito administrativo governamental, um bairro diplomático, um distrito cultural, 21 bairros residenciais e um novo aeroporto.

Parque da Nova Capital Administrativa abrange uma área duas vezes maior que o Central Park de Nova York.
Crédito: Dar al-Handasah Shair & Partners

No centro do plano está o Green River Park, também conhecido como Central Park. De acordo com o escritório Dar al-Handasah Shair & Partners, o parque foi projetado como um “oásis urbano de 10 quilômetros”, combinando elementos naturais e artificiais, com uma variedade de jardins históricos, atividades de lazer e paisagismo ecológico. Este parque contempla jardins representando três eras da história egípcia (Faraônica, Clássica e Islâmica).

Em termos de transporte e infraestrutura, a NAC será conectada ao Cairo por meio de um recém-criado monotrilho e contará com infraestrutura inteligente e sistemas de gestão de energia.

Progresso da construção

Desde o seu início, o projeto tem avançado em etapas, com a primeira fase focada na expansão das áreas periféricas da capital atual, abrangendo 168 km² de desenvolvimento. Essa etapa inclui a construção de estruturas governamentais, diplomáticas e administrativas essenciais, preparando o terreno para o influxo populacional subsequente. De acordo com a ACUD, nas fases seguintes, a nova capital será expandida para 700 km², conectando-se à zona do Canal de Suez.

Até 2023, 14 ministérios e entidades governamentais já haviam se mudado para a Nova Capital Administrativa. Em março de 2024, mais de 1.500 famílias já haviam se mudado para a cidade, e esse número deve chegar a 10.000 até o final do ano, segundo Khaled Abbas. 

Construções diferenciadas

Um dos projetos mais impressionantes da Nova Capital Administrativa é a Oblisco Capital Tower, planejada para atingir a altura de 1 quilômetro. Quando concluída, será uma das estruturas mais altas do mundo. Inspirada nos antigos obeliscos egípcios, essa torre combinará espaços residenciais, comerciais e hoteleiros, simbolizando a ambição do Egito de liderar em inovação arquitetônica e desenvolvimento global.

O Iconic Tower, um arranha-céu de 385 metros de altura que será a torre mais alta da África, faz parte da Nova Capital Administrativa.
Crédito: Dar al-Handasah Shair & Partners

O Distrito Central de Negócios será o coração comercial da nova capital, adotando "princípios de cidade inteligente e sustentável". Entre os destaques do projeto está a Iconic Tower, um arranha-céu de 385 metros de altura que foi finalizado em 2024 e se tornou a torre mais alta da África.

Outro projeto significativo é a nova sede do Ministério da Defesa, conhecida como "The Octagon". Este edifício está destinado a se tornar um dos maiores complexos ministeriais de defesa do mundo, projetado em forma octogonal e equipado com instalações militares e de segurança de última geração. 

O governo aprovou, em dezembro de 2024, uma proposta para criar o Museu 30 de Junho na Nova Capital Administrativa. O museu apresentará imagens, documentos e filmes que destacam a revolução de 30 de Junho, a rejeição ao governo do Gabinete de Orientação e o apoio das forças armadas ao povo. Além disso, homenageará os mártires do exército e da polícia com biografias e artefatos.

Fontes

Administrative Capital for Urban Development (ACUD)
Escritório Dar al-Handasah Shair & Partners

Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
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Itambé é a primeira cimenteira do Brasil certificada na ISO 50001 

Reunião, junto a Global Certification System, na qual a Cia. de Cimento Itambé recebeu a certificação.
Crédito: Divulgação

Em dezembro de 2024, o Parque Industrial da Cia. de Cimento Itambé, juntamente com a Rio Bonito Soluções Ambientais e a Mineração Rio Bonito, receberam a certificação ISO 50001, junto à Global Certification System. Após oito meses dedicados à implementação do Sistema de Gestão de Energia (SGE), a Itambé conquistou o marco de se tornar a primeira cimenteira brasileira a receber esse reconhecimento.

“A ISO 50001 é uma norma internacional de gestão de energia, publicada pela Organização Internacional de Normalização (ISO). Ela fornece uma estrutura para que as organizações otimizem seu desempenho energético, reduzam custos e minimizem seu impacto ambiental. Muito mais do que a implementação de um sistema de gestão, a certificação da ISO 50001 representa uma mudança cultural na utilização de energia que impacta todos os colaboradores da Cia.”, explica Israel Wisniewski Vaz, gerente técnico e de coprocessamento da Cia. de Cimento Itambé.

O gerente destaca dois pilares importantes desta certificação para o Grupo Itambé:

  1. Redução de custos, considerando que cerca de 70% dos custos totais da Cia. estão relacionados às energias térmica e elétrica; e
  2. Reforçar o compromisso da Cia. com políticas sustentáveis nas esferas econômica, social e ambiental.

Processos para obter a certificação

Um sistema de gestão completo teve que ser criado e implementado para atender aos requisitos que a norma ISO exige, de acordo com Vaz. “Procedimentos corporativos, de gestão, de operação, técnicos, de qualidade e de legislação foram criados e implementados, e os colaboradores foram treinados. Por representar uma mudança cultural na utilização de energia, que impacta todos os colaboradores da Cia., também foram realizadas palestras, eventos e campanhas de conscientização para que essa mudança cultural fosse alcançada”, relata.

O maior desafio foi o prazo para a implementação. “Em média, uma organização leva cerca de 18 meses desde a implementação do sistema de gestão até a certificação. Nós levamos apenas 8 meses. Esse prazo recorde só foi possível devido aos recursos e apoios fornecidos pela Diretoria e à capacidade técnica das pessoas que faziam parte do comitê de implementação. Outro grande desafio foi a mensuração das produtividades e dos consumos específicos de nosso processo produtivo, considerando a robustez e os elevados volumes de produção diários”, informa o gerente técnico e de coprocessamento.

Benefícios da certificação da ISO 50001

Para Vaz, a principal motivação para buscar esta certificação foi a sustentabilidade da Cia. perante o mercado e a sociedade, considerando o elevado custo com energias térmica e elétrica, somado à crescente demanda por práticas sustentáveis que beneficiem o meio ambiente e a sociedade. “Na prática, com o sistema de gestão implementado, reduz-se o consumo específico de energia, beneficiando economicamente a Cia., assim como diminui a emissão de gases de efeito estufa, beneficiando o meio ambiente e a sociedade”, pontua.

Entrevistado
Israel Wisniewski Vaz é gerente técnico e de coprocessamento da Cia. de Cimento Itambé.

Contato: Israel.vaz@cimentoitambe.com.br 

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