Excelência em pisos industriais: Concrebras eleva o padrão ao adotar normas internacionais
Pisos industriais desempenham um papel fundamental em ambientes onde alta performance, durabilidade e resistência são indispensáveis. Os pisos industriais são placas de concreto projetadas para resistir a cargas concentradas e ao desgaste, além de oferecer estabilidade química e térmica.
Esse tipo de material é utilizado em galpões logísticos, centros de distribuição e fábricas, por exemplo, podendo ser reforçado com telas soldadas, fibras de aço ou cordoalhas protendidas. Além disso, os pisos industriais são projetados para minimizar patologias, como fissuras e delaminações.
Segundo Jair Schwanck Esteves, coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras, o segredo está na execução precisa e no planejamento cuidadoso. “Além da composição do concreto, a logística de concretagem é essencial. O sincronismo entre os caminhões evita juntas frias e garante uniformidade”, explica.
Normas brasileiras e recomendações internacionais
No Brasil, as especificações da Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho (Anapre) oferecem diretrizes essenciais para garantir a qualidade. As diretrizes da entidade abrangem especificações como resistência à compressão (fck 30 MPa), resistência à tração na flexão (4,2 MPa) e limites para retração e exsudação.
A Concrebras, conhecida por sua atuação técnica de ponta, vai além do esperado e aplica recomendações do American Concrete Institute (ACI), uma das maiores referências internacionais no setor. “Adotar as recomendações do ACI nos permite oferecer soluções ainda mais eficientes e duráveis, garantindo um padrão de qualidade reconhecido mundialmente”, explica.
Um dos diferenciais do ACI é o uso de gráficos como o Coarseness Factor Chart e o 0.45 Power Chart, que permitem avaliar a distribuição granulométrica e aspereza da mistura, garantindo o desempenho ideal do concreto. “Essas ferramentas ampliam nossa capacidade de entregar pisos com melhor qualidade e maior vida útil”, destaca Esteves. O ACI apresenta uma abordagem ainda mais detalhada, contemplando todos os aspectos do processo, desde a mistura à execução e cura.
Vantagens de ir além das normas exigidas
Ao combinar normas nacionais com recomendações internacionais, a Concrebras assegura diversos benefícios:
Maior durabilidade: reduz o risco de patologias como fissuras e desplacamentos;
Melhor desempenho estrutural: as recomendações do ACI permitem otimizar o traço e os processos executivos;
Estética superior: pisos mais planos, lisos e nivelados, ideais para setores como logística e indústrias de alta precisão;
Redução de custos a longo prazo: um piso mais resistente demanda menos manutenções e oferece maior estabilidade operacional.
Processo de execução: da placa teste à entrega
Para garantir a qualidade final, a Concrebras, em conjunto com a empresa aplicadora, executa uma placa teste antes da obra principal. Esse procedimento avalia aspectos como o tempo de pega do concreto, a velocidade de descarga e o acabamento do concreto aplicado.
A cura é outro ponto essencial, podendo ser realizada com água ou produtos químicos, garantindo um endurecimento controlado e eficaz. “A placa teste nos permite simular condições reais e ajustar detalhes técnicos antes da execução definitiva, evitando erros e atrasos”, afirma Esteves.
Com isso, a Concrebras demonstra que cumprir normas é apenas o ponto de partida. Ao adotar padrões como os do ACI, a empresa entrega mais do que pisos industriais: oferece soluções que representam segurança, eficiência e inovação. Para Esteves, essa é a essência do trabalho. “Nosso objetivo é superar as expectativas, entregando não apenas o que é necessário, mas o que há de melhor no mercado mundial”, conclui.
Entrevistado
Jair Schwanck Esteves é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias em Engenharia (IPOG) e coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras.
Contato:
jair.esteves@concrebras.com.br
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Ana Carvalho
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Pets ganham espaço e empreendimentos se adaptam ao crescimento da família multiespécie
O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de população pet, com mais de 168 milhões de animais de estimação, segundo levantamento da Euromonitor. Esse número impressionante reflete uma mudança significativa na estrutura familiar brasileira, onde cães, gatos e outros bichinhos são vistos como membros da família.
Essa transformação está impactando diretamente o mercado imobiliário, que busca atender às novas demandas por espaços denominados pet friendly. “Percebemos um aumento significativo no número de famílias que convivem com pets nos últimos anos. Eles influenciam as decisões de compra e valorizam empreendimentos que incluem essa tendência”, afirma Henrique Campelo, gerente da Euro Incorporações.
Espaços projetados para conforto e segurança
No empreendimento Euro Park, localizado em Itajaí (SC), a inclusão de áreas específicas para pets foi estratégica. “O espaço foi cuidadosamente planejado para oferecer um ambiente seguro e funcional, tanto para os animais quanto para seus tutores. Contamos com áreas de passeio ao ar livre dentro do parque privativo e equipamentos para exercícios”, explica Campelo.
A localização dessas áreas foi pensada para facilitar o acesso dos moradores e preservar a tranquilidade das demais áreas comuns. Materiais resistentes, de fácil limpeza, e brinquedos seguros foram alguns dos cuidados incorporados ao projeto.
Pets como fator de decisão de compra
Com o aumento das famílias multiespécies, os pets passaram a ser um elemento fundamental na escolha de um imóvel. “A valorização dos pets impacta diretamente a decisão de compra. Empreendimentos que atendem a essa demanda se destacam no mercado e reforçam a percepção de cuidado e inovação da marca", assinala Campelo.
O Euro Park integra espaços pet friendly como parte de um conceito mais amplo de convivência e qualidade de vida. “As adaptações atendem diferentes perfis de famílias, garantindo que os pets tenham conforto e interação em segurança. Isso vai além de atender uma necessidade. Trata-se de um diferencial competitivo", avalia.
Benefícios para o setor imobiliário
Ao considerar os pets no planejamento de empreendimentos, as construtoras não apenas atendem um público crescente, mas também agregam valor ao imóvel. "Essas soluções fortalecem a conexão emocional com os clientes e consolidam a imagem da empresa como inovadora e atenta às novas dinâmicas familiares", afirma o gerente da Euro Incorporações.
Tendências futuras
Com a população pet crescendo e o vínculo com os tutores se estreitando, a tendência é de que mais empreendimentos incorporem espaços dedicados aos bichinhos. Para Campelo, o desafio está em equilibrar funcionalidade, conforto e inovação. “Projetar ambientes para pets exige atenção a materiais, circulação e segurança. É um detalhe que faz toda a diferença na experiência dos moradores e no sucesso do empreendimento”, conclui.
A nova realidade das famílias brasileiras reforça que cuidar dos pets é também cuidar de quem os ama. No mercado imobiliário, essa conexão abre portas para projetos cada vez mais inclusivos e alinhados às necessidades do público.
Entrevistado
Henrique Campelo é gerente da Euro Incorporações, atua há 18 anos no setor imobiliário, com ampla experiência em gestão e desenvolvimento de projetos. Lidera a área comercial, marketing e relacionamento com o cliente.
Contato/Assessoria de Imprensa:
valdevane@comunicacaosemfronteiras.com
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Sancionada lei que regula mercado de carbono no Brasil
Em dezembro de 2024, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a regulamentação do mercado de carbono (Lei 15042/2024). A lei estabelece o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). O mercado de carbono possibilita que empresas e nações neutralizem suas emissões adquirindo créditos associados a projetos de conservação ambiental. O objetivo do marco regulatório é estimular a diminuição de poluentes e contribuir para o combate às mudanças climáticas.
Setores regulado e voluntário
O sistema conta com dois setores: o regulado, destinado às instituições do poder público; e o voluntário, que adota regras mais flexíveis para a iniciativa privada.
O setor regulado contará com um órgão responsável por estabelecer normas e aplicar penalidades às infrações cometidas por entidades governamentais e organizações que emitam mais de 10 mil toneladas de CO₂ equivalente por ano — unidade que compara emissões de diferentes gases de efeito estufa considerando seu impacto no aquecimento global. As organizações abrangidas deverão apresentar planos de monitoramento e relatórios de atividades ao órgão gestor.
Implementação da lei 15042/2024
Apesar de ter sido sancionada, a implementação da Lei 15042/2024 é um processo que ainda deve demorar a entrar em vigor, segundo Edna Possan, professora associada Nível 4 na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e coordenadora do LADEMA (Laboratório de Desempenho, Estruturas e Materiais).
“O processo de implementação da regulamentação do mercado de carbono no Brasil envolve diversas etapas e um horizonte temporal extenso. Após a aprovação da lei, é necessário regulamentá-la para que ela possa efetivamente funcionar”, explica Edna.
De acordo com a professora, esse processo de regulamentação exige a elaboração de documentos complementares que detalhem como a lei será aplicada na prática. “Por exemplo, a legislação estabelece que empresas que emitam mais de 10 mil toneladas de CO₂ equivalente por ano devem adotar controles específicos, enquanto aquelas que emitem acima de 25 mil toneladas estarão obrigadas a participar do processo de remoção de carbono. Porém, a regulamentação precisa definir pontos essenciais, como os limites de emissões permitidos, os formatos dos leilões, os mecanismos de implementação e o valor de referência de uma tonelada de carbono nesse mercado”, justifica.
Edna ainda destaca que a lei prevê um cronograma com prazos importantes: são 12 meses, prorrogáveis por mais um ano, para regulamentação. “Após isso, haverá mais um ano para operacionalizar o mercado, estabelecendo como os operadores irão atuar. Esse processo inclui a elaboração e submissão de planos de monitoramento e relatórios de emissões e remoções ao órgão gestor do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões. No total, o período para início efetivo das submissões pode levar de quatro a cinco anos, projetando-se para 2030”, afirma.
Taxação
Uma das preocupações com relação ao projeto é a taxação. No entanto, Edna aponta que a lei que institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases do Efeito Estufa determina que ele deve ser implementado com cautela, de modo a não sobrecarregar empresas e consumidores com os custos do carbono.
“No entanto, é inegável que cuidar do meio ambiente exige esforço e gera custos. Essa legislação tem como objetivo principal reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que, desde a Revolução Industrial, vêm sendo lançados na atmosfera em volumes sem precedentes. Por isso, é inevitável que as empresas enfrentem implicações financeiras, as quais, em última instância, serão repassadas aos consumidores. Diante disso, o processo de regulamentação será crucial para estabelecer um valor adequado para a tonelada de carbono, considerando a realidade do mercado brasileiro. O Brasil é um país em desenvolvimento, marcado por profundas desigualdades sociais e altos índices de pobreza. Não podemos adotar preços de crédito de carbono semelhantes aos da União Europeia, onde os valores são significativamente elevados. Precisamos de uma abordagem que reflita nossas especificidades econômicas e sociais”, expõe a professora.
Um grande desafio está na definição do valor da tonelada de carbono, de modo a impactar na adesão das empresas. "Essa política precisa envolver diversos atores, especialmente aqueles ligados às esferas econômica e social, para garantir que os impactos sejam distribuídos de forma justa e sustentável”, pondera Edna.
Mercado de carbono e a indústria do cimento
De acordo com Edna, o setor cimenteiro também fará parte do mercado regulado de carbono, dando continuidade ao seu planejamento baseado em estratégias globais para mitigação de suas emissões de carbono. No contexto global, Edna comenta que a indústria brasileira se destaca pela adoção de práticas que incluem a substituição parcial do clínquer por adições minerais, mantendo a característica de desempenho do produto). “Essa abordagem resulta em um produto com menor intensidade de carbono, já que menos reações químicas emissoras são necessárias.”, destaca.
No contexto atual, o cimento brasileiro pode até gerar créditos, dado que suas emissões estão abaixo da média internacional. No entanto, para atingir a neutralidade de carbono até 2050 (net zero), a Professora destaca a necessidade de adoção de soluções complementares tecnológicas que tragam o impacto necessário para a redução das emissões. “Será necessário adotar outras soluções tecnológicas, como o CCUS (captura, utilização e armazenamento de carbono), para continuar reduzindo as emissões de maneira significativa. Isso reforça a importância de inovação e adaptação contínua no setor para atender às demandas ambientais e regulatórias”, conclui Edna.
Entrevistada
Edna Possan é doutora em Engenharia Civil (2010) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com mestrado (2004) pela mesma universidade. Graduada em Engenharia Civil (2003) pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Professora Associada Nível 4 na Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA) e coordenadora do LADEMA (Laboratório de Desempenho, Estruturas e Materiais). Diretora do Centro Interdisciplinar de Tecnologia e Infraestrutura (ILATIT-UNILA) de 2013 a 2015 e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPGECI) de 2020 a 2024. Presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC) ciclo 2024-2026, da qual já foi diretora de relação interinstitucionais (2018-2020) e vice-presidente (2020-2022). É membro fundador da Associação Latino-Americana de Patologia da Construção (ALCONPAT Brasil). Socia do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), da Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción (ALCONPAT Internacional). É membro do comitê técnico da ABNT – CE 18:300.06 – Comissão de Estudo de Durabilidade do Concreto, deste 2009. Conselheira do CREA-PR (2020 a 2025). Recebeu diversos prêmios, dentre eles Embaixador do Iguaçu Iguassu Convention, Joven Investigador Destacado o Productivo – ALCONPAT Internacional e Educador do ano – CREAPR. Atua na área de patologia das construções, materiais de construção e meio ambiente. Tem experiência na área de Engenharia, com ênfase em durabilidade, previsão de vida útil probabilística e determinística, emissões e captura de CO2, aproveitamento de resíduos sólidos, sustentabilidade da construção economia circular e ecoeficiência (ODS 11 e 12). Também atua na temática de women in science (ODS 5).
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Edifícios que promovem fruição pública em Curitiba podem receber incentivos
Em dezembro de 2024, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou a reestruturação da Lei de Prêmios e Incentivos Construtivos. A nova versão manteve a estrutura geral da Lei 15.824/2021, preservando seus capítulos e seções, bem como os incentivos previstos para o Eixo Estrutural, estruturação e melhoria de espaços de modo a incentivar o uso por pedestres e a valorizar atividades culturais, sociais e econômicas (fruição pública de lotes privados), passagens e praças de uso público em áreas privadas, fachadas ativas e galerias comerciais.
Entretanto, foram realizados ajustes nas definições dos prêmios e incentivos, além de uma harmonização dessas regras com a Lei de Zoneamento. A pedido do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), os vereadores implementaram mudanças relacionadas à fruição pública, incluindo a obrigatoriedade em usos não comerciais e a definição de critérios específicos para aplicação nos Eixos Estruturantes e de Adensamento (constituído por corredores de uso misto, de serviços e transporte), além de exceções para prédios tombados como patrimônio ambiental, natural ou cultural. Também foram alteradas as regras da Fachada Ativa (integração do térreo das edificações ao espaço público de uso não residencial), que agora possuem diretrizes claras sobre onde podem ser aplicadas.
Incentivo para fruição pública: como funciona?
Em Curitiba (PR), a administração municipal impulsionou o setor com a Lei 15.824, que complementa a nova Lei de Zoneamento da cidade. A norma oferece benefícios a novos empreendimentos que promovam a "fruição pública", conceito relacionado à criação de espaços qualificados de uso público. Essas áreas têm como objetivo priorizar os pedestres e incentivar atividades com impacto social, cultural e econômico, contribuindo para o desenvolvimento urbano.
“O incentivo que a Prefeitura de Curitiba oferece dentro da Lei 15.824 é, basicamente, a concessão de potencial construtivo. Se o lote ou edificação que está sendo projetado e apresentado para o licenciamento de alvará de construção apresenta uma área de fruição pública, o construtor pode colocar até o dobro da mesma área na torre da edificação. A lei permite que 200% da área que está sendo dedicada à fruição pública se torne parte da torre, como área de apartamentos. Isso permite construir mais, fazendo um aproveitamento maior do lote”, explica Vinícius Hanser, engenheiro de planejamento da AGL Incorporadora.
Critérios da lei de fruição pública
Hanser destaca que a área de fruição pública deve ser aberta e descoberta; permitir o acesso livre aos pedestres; oferecer à população mobiliários urbanos ou equipamentos urbanos e algum comércio ou serviço.
“Além disso, a conservação e manutenção desta área de fruição pública ainda permanece com o proprietário, ou seja, não passa a ser da Prefeitura. Para o enquadramento, a questão é o zoneamento, localização do lote e a testada, que deve ser duas vezes maior do que a largura mínima estabelecida para o lote padrão do zoneamento. A legislação prevê o benefício de fruição pública, em Curitiba, nos eixos estruturais de adensamento, eixos conectores, vias coletoras e setoriais, zonas de uso misto e algumas zonas comerciais de bairros específicos. Os edifícios devem estar junto ao alinhamento da rua, no nível do passeio público e sem obstruções, como construções e áreas de estacionamento de veículos”, informa Hanser.
Qualidade de vida e mobilidade urbana
Para Hanser, a área de fruição pública é um convite à vida ao ar livre, algo que tem se perdido nos últimos anos, com prejuízo à saúde mental das pessoas. “A ideia de oferecer espaços de circulação e convivência nas cidades é motivar as pessoas a circularem a pé. É um incentivo à socialização e à atividade física que uma caminhada representa, em um contexto preocupante de sedentarismo e uso excessivo de telas. Além disso, o espaço de uso compartilhado propõe o resgate do convívio com a vizinhança, não apenas do prédio, mas do bairro. É uma forma de promover o senso de comunidade”, opina.
Hanser também acredita que o público vê com bons olhos, porque essa inversão de lógica permite mostrar que os espaços privados fazem parte da cidade e podem ser compartilhados para o benefício de todos. “Em geral, o consumidor imobiliário tem sido cada vez mais atento a questões como a responsabilidade socioambiental das empresas e seus produtos. Na área da construção civil, observar e considerar o entorno é algo cada vez mais valorizado. Qualquer obra de engenharia tem impacto e se relaciona com o que já existe e irá existir ao redor”, comenta.
Modelo de fruição pública x segurança
Um dos desafios da expansão da aplicação do conceito de “fruição pública” no Brasil está relacionado à segurança. “Nas cidades brasileiras, por várias décadas, a segurança esteve associada à restrição de acesso, como se todas as edificações precisassem ter muros altos e gradis. Mas essa arquitetura de ‘clausura’, que produz o chamado ‘efeito fortaleza’, tem sido repensada nos últimos anos”, afirma Hanser.
Para o engenheiro, essa arquitetura de clausura não necessariamente representa proteção, considerando as diversas formas de abordagem que tornam uma propriedade e seus moradores vulneráveis, como as refinadas técnicas de engenharia social que têm sido usadas pelos assaltantes e golpistas.
Além disso, Hanser acredita que a segurança patrimonial evoluiu significativamente nos últimos anos e está cada vez mais associada ao uso estratégico de recursos tecnológicos e de inteligência no monitoramento dos condomínios.
“O pavimento térreo aberto, na verdade, traz alguns componentes que favorecem a segurança. O principal é o movimento. Onde há pessoas circulando, há mais segurança. No caso do Moní, um edifício residencial que terá o pavimento térreo aberto destinado aos usos privado e público, um estudo prévio foi feito por consultoria especializada para estabelecer os melhores sistemas de segurança, levando em conta a proposta da fruição pública. E, em geral, isso precisa ser uma premissa que nasce junto com a concepção do empreendimento, porque demanda adaptações de projetistas como arquitetos, engenheiros e paisagistas. O acesso à área de fruição pública e ao comércio, possivelmente uma panificadora no pavimento térreo, será livre. Mas estará clara a separação da área exclusiva dos moradores e visitantes, com sistemas de acesso com reconhecimento facial e controle de fluxo, cadastro prévio e videomonitoramento no perímetro e nas áreas internas do edifício”, informa Hanser.
De acordo com Hanser, a abertura dos pavimentos térreos inverte uma lógica, por isso é importante mostrar os mecanismos disponíveis atualmente para garantir a segurança em empreendimentos assim.
Entrevistado
Vinícius Hanser é engenheiro de planejamento da AGL Incorporadora. Ele é engenheiro civil graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mestre em Engenharia de Construção Civil, Estruturas Metálicas e Ligações Semirrígidas (UFPR). Atua na área de incorporação, planejamento e orçamentação de obras e é professor universitário das disciplinas de Estruturas e Sistemas Construtivos, para os cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo (UniOpet).
Contato
vinicius@agl.eng.br
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Paraná regulamenta fundo para fomentar investimentos em infraestrutura
O governador Carlos Massa Ratinho Junior formalizou em novembro de 2024 a assinatura do Decreto 8.049/2024, que regulamenta o Fundo Estadual de Infraestrutura Inteligente (FEIIN). O objetivo do fundo é incentivar o desenvolvimento de projetos voltados para infraestrutura rural e logística, com foco no crescimento sustentável do Estado.
Embora o Feiin tenha sido sancionado em julho de 2024, sua regulamentação era necessária para que pudesse ser efetivamente operacionalizado. Agora, o fundo estará vinculado à Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), permitindo a captação de recursos e o fomento de investimentos sustentáveis em todo o Paraná.
De acordo com o decreto, o fundo será alimentado por receitas provenientes de compensações financeiras relacionadas à exploração de recursos hídricos para geração de energia na Usina de Itaipu, à extração de petróleo e gás natural no Paraná, à exploração de recursos minerais no estado e aos royalties da exploração de xisto na Unidade de Industrialização do Xisto, localizada em São Mateus do Sul.
A gestão desses recursos ficará a cargo de um Conselho Deliberativo, coordenado pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) e formado por representantes da Casa Civil, da Procuradoria-Geral do Estado e de secretarias como Agricultura e Abastecimento, Infraestrutura e Logística, Desenvolvimento Sustentável, além do Instituto Água e Terra.
“É um investimento fundamental para o desenvolvimento econômico e social de todo o Estado. Vamos usar os recursos para investimento nas rodovias, vias rurais, e potencializar a sustentabilidade e meio ambiente. Ele nos permitirá alavancar projetos que trazem benefícios duradouros para a população do Paraná, garantindo um crescimento equilibrado e resiliente para as futuras gerações”, destacou Norberto Ortigara, secretário da Fazenda.
Concessões e investimentos em rodovias
A formalização do Feiin ocorre simultaneamente ao pacote de concessões rodoviárias do Paraná. Em entrevista à CNN, o governador do Estado ressaltou que os seis lotes somam 3.300 quilômetros de rodovias a serem concedidas, com investimentos previstos de R$ 55 bilhões em obras. Esse valor permitirá a construção de aproximadamente 1.800 quilômetros de duplicações, além de mais de mil novas pontes e viadutos em todo o estado.
Em dezembro de 2024, foi realizado o leilão do Lote 6 das rodovias do Paraná, que apresenta um novo modelo de pedágio e abrange 662 quilômetros de rodovias federais e estaduais, passando por 25 cidades do Estado. As vias incluídas são: BR-163, BR-277, PR-158, PR-180, PR-182, PR-280 e PR-483.
O grupo EPR, já responsável pela administração do Lote 2, foi o vencedor do leilão. A futura concessionária ofereceu um desconto de 0,08% sobre a Tarifa Básica de Pedágio e assumirá a concessão, que prevê investimentos de R$ 20,1 bilhões no conjunto de rodovias que compõem o lote.
Entre os trechos contemplados, destaca-se a BR-277/PR, principal rodovia do Paraná, no segmento que conecta Foz do Iguaçu a Guarapuava.
Investimentos em infraestrutura 2024
Em 2024, de um total de cerca de R$4 bilhões em contratos próprios, parcerias e acordos, R$1.062.320.419,40 foram executados em obras pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), autarquia da Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL).
De acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Logística do Paraná, foram concluídas no primeiro semestre de 2024 a pavimentação da PR-239 entre Toledo e Bragantina, o Contorno Oeste de Marechal Cândido Rondon e a duplicação de um trecho da BR-277 em Cascavel. Já no segundo semestre, foram finalizadas a nova iluminação viária da BR-277 em Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu e São Miguel do Iguaçu, um novo viaduto na BR-376 em São José dos Pinhais, um trecho de duplicação e restauração da PR-412 em Matinhos e o primeiro lote de duplicação em concreto da Rodovia dos Minérios, entre Curitiba e Almirante Tamandaré.
Dentre as obras que foram iniciadas em 2024 estão os serviços da Ponte de Guaratuba, a duplicação em concreto entre Guarapuava e Pitanga, a duplicação da PR-151 em Ponta Grossa, whitetopping da PRC-280 entre Palmas e Clevelândia, assim como o trecho da PR-180 entre Goioerê e Quarto Centenário.
Fontes
Agência Estadual de Notícias
Secretaria de Infraestrutura e Logística do Paraná
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Rio Bonito obtém Acreditação do Inmetro e diferencia-se em soluções ambientais, sustentabilidade e coprocessamento de resíduos
A empresa Rio Bonito, especializada em soluções ambientais e coprocessamento, pertencente ao Grupo Itambé, conquistou a Acreditação do Inmetro para seu laboratório em novembro de 2023, consolidando-se como um exemplo de excelência e responsabilidade ambiental. Esse resultado traduz a atuação pioneira da empresa, fundada em 2013, contribuindo significativamente com a evolução do setor de coprocessamento no Brasil.
A trajetória rumo à acreditação do Inmetro foi uma evolução e começou com o investimento em tecnologia e concepção do laboratório. Israel Wisniewski Vaz, gerente técnico e de coprocessamento da Rio Bonito, conta que o ano de 2022 foi dedicado à estruturação do sistema de gestão. “Em junho de 2023 passamos pela auditoria e, finalmente, em novembro, obtivemos a acreditação”, explica.
Serviços que promovem sustentabilidade
A Rio Bonito oferece soluções ambientais abrangentes que englobam a trituração e a blendagem de resíduos para coprocessamento, processo que consiste no ajuste de granulometria e mistura de resíduos industriais e urbanos para obtenção de um insumo alternativo. O resultado disso é o blend, utilizado em fornos de cimento.
Além disso, a empresa também presta assessoria e consultoria para destinação ambientalmente correta de resíduos industriais e urbanos. Outro destaque é a assessoria para utilização de resíduos sólidos urbanos (RSU) junto a prefeituras, promovendo um ciclo de aproveitamento e economia circular, o qual reduz os impactos ambientais.
Em 2024, a empresa processou 155.786 toneladas de resíduos, um volume significativo que reflete seu papel essencial no setor. Além disso, a Rio Bonito atende diversas cimenteiras, fornecendo laudos laboratoriais e resíduos processados para coprocessamento, com planos de expansão para novos clientes e mercados.
Diferencial técnico e impacto no mercado
A Rio Bonito tem uma longa história de inovação no coprocessamento, desde quando o coprocessamento era novidade no Brasil nos anos 90. “Hoje, é uma técnica consolidada, reconhecida por sua eficiência no tratamento de resíduos. A diversidade de vias de introdução de resíduos nos fornos é um diferencial técnico que posiciona a Rio Bonito como líder no mercado”, assinala Vaz.
O coprocessamento também traz benefícios significativos para a sustentabilidade corporativa. “Empresas que destinam resíduos para coprocessamento ganham credibilidade como ambientalmente corretas e têm a certeza de que esses resíduos foram destruídos sem impacto ao ar, solo ou água”, destaca o gerente.
Acreditação como marco estratégico
Vaz acrescenta que a acreditação do laboratório era a última etapa para a Rio Bonito oferecer soluções completas na destinação de resíduos. “Agora, somos capazes de prestar um serviço completo de soluções ambientais, desde a análise até a destinação final, com controle rigoroso, confiável e rastreável”, informa.
Com essa realização, a empresa reforça seu compromisso com a sustentabilidade e se consolida como referência em destinação ambientalmente correta de resíduos. Em um momento em que o mercado busca soluções definitivas e técnicas, a Rio Bonito demonstra como a gestão eficiente pode gerar impacto positivo para o meio ambiente, para seus clientes e para a sociedade.
Entrevistado
Israel Wisniewski Vaz é graduado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-graduado em Gestão da Produção e Recursos Humanos pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI), MBA em Lean Manufacturing pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Atualmente, é gerente técnico e coprocessamento da Cimento Itambé e Rio Bonito Soluções Ambientais.
Contato:
israel.vaz@cimentoitambe.com.br
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Colapso da ponte JK revela importância de análise de riscos e gestão dos serviços de manutenção
O desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, conhecida como Ponte JK, ocorrida no dia 22 de dezembro de 2024, expôs a fragilidade da gestão de infraestruturas no Brasil. Localizada na divisa entre Maranhão e Tocantins, a estrutura foi inaugurada em 1960 como parte do corredor Belém-Brasília, sendo essencial para a mobilidade e economia regional, mas sucumbiu às pressões do tempo e da negligência.
Concebida com o método dos balanços sucessivos, uma técnica inovadora na época, a ponte tinha um vão central de 140 metros sobre o Rio Tocantins, dispensando cimbramentos convencionais. Apesar de suas inovações, a concepção de obras da época priorizava a segurança estrutural, negligenciando aspectos de durabilidade.
A obra refletia os padrões da década de 1960, quando o peso máximo dos veículos era de 24 toneladas. Atualmente, caminhões podem ultrapassar 60 toneladas, uma sobrecarga não prevista no projeto original. “A ponte sempre foi considerada uma obra de arte pela comunidade técnica nacional, mas o descompasso entre o projeto original e as demandas atuais é preocupante. É essencial reforçar as estruturas mais antigas para evitar tragédias semelhantes”, destaca Júlio Timerman, presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon).
No entanto, o tempo e a falta de manutenção adequada expuseram armaduras de protensão ao ambiente, acelerando os processos de corrosão. Esse fator, apontado como uma possível causa do colapso, ilustra a vulnerabilidade de estruturas de grande porte sem cuidados periódicos.
Importância da manutenção preventiva e das normas técnicas
O Brasil conta com normas avançadas para inspeção e manutenção de pontes, como a ABNT NBR 9452, que prevê inspeções em diferentes níveis e a priorização de intervenções com base na segurança estrutural, durabilidade e funcionalidade. “Basta seguir o que determina a norma, classificando as pontes e implementando as manutenções necessárias”, afirma Timerman, que também é coordenador do Comitê Técnico da ABNT para revisão de Normas de Inspeção de Pontes.
Contudo, a aplicação dessas diretrizes nem sempre é consistente. Segundo Fernando Vernalha, consultor da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a responsabilidade pela manutenção recai sobre o poder público após a entrega da obra. Nos contratos de empreitada, a manutenção não é prevista, diferentemente dos modelos de concessão, onde o concessionário é responsável pelo cuidado a longo prazo. “Esse modelo de contratação tende a gerar uma manutenção mais eficaz e eficiente, porque integra os riscos referentes à execução da obra e à sua manutenção no longo prazo”, observa Vernalha.
Lições do colapso da ponte JK
O caso da ponte JK evidencia o alto custo da negligência. O Brasil possui cerca de 120 mil pontes, viadutos, passarelas, dos mais diversos tipos estruturais. Se fosse necessário construir todo este patrimônio novamente, seria necessário um investimento de cerca de R$ 400 bilhões. Normalmente, é necessário investir anualmente cerca de 3% a 4% deste valor na manutenção das pontes, o que daria em torno de R$ 15 bilhões só em manutenção.
Além disso, muitas pontes construídas entre as décadas de 1970 e 1980 estão no final de sua vida útil, demandando reavaliações e reforços estruturais. A Comunidade Técnica Brasileira, por sua vez, detém todo o conhecimento técnico e Normas para estas avaliações e implementações destas adequações estruturais. “Além do aspecto de durabilidade das estruturas, devemos ressaltar o aumento significativo do tráfego de veículos e do peso, fazendo com que seja necessário frequentemente reforçar as estruturas para resistir a este aumento nas cargas móveis”, alerta Timerman.
Investir no futuro das estruturas
Especialistas apontam a necessidade de integrar manutenção preventiva como política pública e conscientizar a sociedade sobre sua importância. Projetos bem elaborados, que considerem matrizes de risco eficazes, são fundamentais para reduzir problemas futuros. “O maior desafio está na capacidade do poder público em realizar a manutenção de obras ao longo do tempo”, ressalta Vernalha.
O episódio da ponte JK deve servir como alerta: é urgente que governos e gestores priorizem recursos para preservar o legado das infraestruturas e evitar tragédias que poderiam ser prevenidas com planejamento e investimento adequado. “A sociedade deve entender que, tão importante como construir novas pontes, é manter as existentes e não permitir que cheguemos a uma tragédia como esta que aconteceu. A Comunidade Técnica Nacional deve conscientizar os políticos a direcionarem parte das chamadas verbas parlamentares para esta atividade”, conclui o presidente do Ibracon.
Entrevistado
Júlio Timerman é graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), pós-graduado em Estruturas pela Unilins, ex-presidente da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), ex-vice-presidente da IABSE (International Association of Bridges and Structural Engineering) e atual presidente do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e coordenador de Comitê Técnico da ABNT para revisão de Normas de Inspeção de Pontes.
Fernando Vernalha é Mestre e Doutor em Direito do Estado (UFPR), Professor de Direito Administrativo de instituições diversas. Autor de livros diversos sobre a contratação pública. Foi pesquisador visitante na Columbia Law School, em Nova Iorque (EUA). É advogado e sócio fundador do Vernalha Pereira Advogados. É consultor da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
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Ana Carvalho
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Incêndio na Califórnia: por que a casa de concreto resistiu?
Durante os recentes incêndios na Califórnia, uma cena chamou atenção e viralizou na internet: uma casa de concreto em Los Angeles permaneceu intacta em meio às chamas, enquanto as demais, construídas em madeira e outros métodos, foram consumidas pelo fogo. Quer saber por que isso acontece? O Massa Cinzenta consultou alguns especialistas no assunto.
De acordo com Fabrício Bolina, engenheiro civil e doutor em Engenharia de Segurança contra Incêndio pela Universidade de Coimbra, o concreto é sabidamente um material de ótima performance em situação de incêndio devido as suas propriedades térmicas. “O concreto possui baixa difusividade térmica (isto é, “conduz menos calor”) se comparado a outros materiais, como por exemplo o aço, e também é incombustível (ou seja, “não pega fogo”), diferentemente de algumas madeiras. Logo, tais características o capacitam como uma solução construtiva eficiente em um cenário de incêndio, além de exigir baixa manutenção para preservar essa característica ao longo de sua vida útil. No caso do incêndio nos EUA, a emblemática casa de Malibu que ficou em pé era de concreto, tanto as paredes quanto o teto”, explica.
Além de ser feita de concreto, a casa também possui telhado à prova de fogo. No entanto, Bolina destaca que não é possível atribuir somente ao teto tal justificativa. “Mesmo porque se as paredes que o sustentam fossem sensíveis a alta temperatura, o teto ruiria. Claro que, no caso do incêndio florestal, existe alta radiação incidente sobre os telhados, e uma boa concepção desse sistema é crucial, mas não pode ser tratado como o único fator”, pondera.
Bolina ainda lembra que um conjunto de condicionantes acabaram por contribuir para a baixa consequência do incêndio em algumas casas, tais como direção do vento, afastamento lateral entre edificações vizinhas, a existência de proteção passiva, aberturas resistentes ao fogo das casas, entre outros. “Algumas casas eram realmente preparadas para o cenário. No caso da casa de Malibu, por exemplo, ela tinha paredes e teto resistentes ao fogo construídas em concreto, o que foi, portanto, fundamental”, informa.
Clemenceau Chiabi Saliba Jr, engenheiro civil e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia Nacional (IBAPE), destaca também que durante um incêndio, a resistência de uma estrutura depende de diversos fatores. “No caso de uma construção de concreto armado, o grande problema não é o concreto em si, mas o aço que compõe sua armação. O concreto sofre uma degradação mais lenta ao ser exposto ao fogo, mas sua principal função é proteger o aço da alta temperatura. Quando o calor atinge o aço, ele começa a perder sua resistência (escoamento) e, eventualmente, pode levar ao colapso da estrutura. Por isso, é fundamental que o concreto seja projetado de forma adequada para garantir a segurança”, assegura.
Entre os cuidados necessários, estão a composição do concreto (quantidade de areia, brita, água e aditivos) e a espessura do cobrimento, ou seja, a camada de concreto que envolve os vergalhões de aço. “A exposição ao fogo também varia dependendo da fonte do incêndio: incêndios de hidrocarbonetos, como os derivados de petróleo, atingem temperaturas extremamente altas em pouco tempo, enquanto incêndios de materiais orgânicos, como madeira, tendem a gerar temperaturas mais baixas e o concreto pode suportar um pouco mais. Na sua essência, o concreto pode aguentar de três a quatro horas de exposição ao fogo sem colapsar, dependendo das condições e do projeto”, aponta Saliba Jr.
Para o ex-presidente do IBAPE, no caso da residência mencionada, sua estrutura de concreto foi fundamental para que ela não colapsasse. “Se fosse feita de madeira, drywall ou mesmo de um sistema steel frame com aço, teria colapsado rapidamente”, justifica.
Proteção passiva contra incêndios
De acordo com Saliba Jr., existe o conceito de proteção passiva contra incêndios, que é obrigatória em muitos casos, como em prédios comerciais em São Paulo. “Essa proteção pode ser aplicada em formas de projeções, placas ou pinturas e serve para retardar a propagação do fogo e garantir que a estrutura mantenha sua integridade por tempo suficiente para que os bombeiros realizem resgates e o controle do incêndio”, informa.
Casa após incêndio
Esta casa poderá ser habitada novamente após o incêndio? A resposta é: depende. “É preciso que se faça uma análise por um especialista técnico para averiguar a magnitude do dano sofrido. O fato dela ter ficado em pé não significa que a edificação esteja íntegra e segura para ser habitada novamente. Existe a possibilidade de a estrutura ter sido parcialmente danificada. Como exemplo, ela pode ter sofrido deformações excessivas, desplacamento do concreto, exposição das armaduras que estão dentro dele, entre outros. A casa foi ‘agredida’ pela ação do fogo e calor, e sabemos que as temperaturas elevadas provocam danos importantes ao concreto. É preciso que uma inspeção prévia seja feita antes de liberar a construção para o uso. Ela pode estar em pé, mas isso não significa que ela está segura”, alerta Bolina.
Saliba Jr. concorda com a informação: “É necessário realizar um estudo para avaliar o impacto do incêndio no concreto. Em uma estrutura de concreto, é imprescindível verificar o grau de comprometimento da estrutura: quantos centímetros foram afetados, se houve perda significativa de resistência e se ela ainda atende aos requisitos de segurança. Normalmente, pequenos reparos são suficientes, dependendo do tempo de exposição ao fogo e da temperatura atingida. Em alguns casos, pode haver colapso da estrutura, mesmo assim é possível realizar um estudo pericial para avaliar também as fundações. Em praticamente todos os trabalhos que realizei relacionados a incêndios, foi possível aproveitar boa parte das fundações, mesmo quando a estrutura acima delas entrou em colapso. Se o tempo de exposição ao fogo for inferior a quatro horas, geralmente os danos à estrutura são mínimos e podem ser corrigidos sem grandes dificuldades”.
Resistência do concreto ao fogo
Segundo Bolina, o dano que o concreto sofre quando submetido às altas temperaturas repercute na performance da estrutura como um todo. “Aliás, todos os materiais construtivos sofrem, não sendo um problema unicamente do concreto. O concreto sob ação do calor sofre transformações químicas, físicas e mecânicas. Pela perspectiva física, uma temperatura da faixa dos 100 °C possivelmente já produza danos ao concreto, porém restringindo-se apenas a superfície. A umidade interna do concreto tende a evaporar, gerando uma pressão interna que pode literalmente desplacar o material. É um fenômeno conhecido como spalling ou desplacamento, estando atrelado a diversas outras variáveis e não apenas a relação umidade versus temperatura. Já na temperatura na faixa dos 400°-500°C começa a provocar danos mecânicos mais significativos ao concreto, fazendo com que ele perca resistência. Mas cabe ressaltar que a estrutura de concreto é muito robusta e como a condutividade térmica do concreto é baixa, pode ser que a temperatura do incêndio esteja em 1000°C e internamente a estrutura esteja a, por exemplo, 50°C. O concreto é um mau condutor de calor e, ademais, diversas variáveis devem ser levadas em consideração. Logo, é fundamental que haja um projeto”, afirma.
Normas referentes a concreto e incêndio no Brasil
Bolina lembra que no Brasil há a NBR 15200 – Projeto de Estruturas de Concreto Armado em Situação de Incêndio, que, inclusive, foi revisada em 2024. “Prever a ação do incêndio nas estruturas de concreto no Brasil é uma obrigatoriedade, inclusive sob força de lei, haja visto que o próprio Corpo de Bombeiros estabelece como requisito obrigatório o atendimento da segurança estrutural em situação de incêndio. Além de constar em norma técnica, o requisito está nas leis de cada estado, e o projetista tem que se atentar quanto a essa obrigatoriedade sob o risco de ser responsabilizado criminalmente pela negligência”, destaca.
Saliba Jr. menciona que edifícios comerciais devem atender a requisitos de proteção contra incêndios que garantam, dependendo do uso e da localização, um tempo de resistência mínima de três horas. “Esse tempo é essencial para assegurar a evacuação segura das pessoas e permitir que os bombeiros realizem o atendimento adequado. Essa proteção pode ser garantida pelo próprio concreto, ajustando-se à espessura do cobrimento da armadura, ou, no caso de estruturas metálicas, por meio de proteções passivas. Normalmente, utiliza-se uma combinação dessas estratégias para alcançar maior eficiência. Além disso, adota-se a compartimentação dos pavimentos como medida adicional, evitando que o incêndio se propague de um andar para outro”, afirma.
Outras normas técnicas brasileiras relevantes para o tema incluem:
- NBR 14432:2001 – Estabelece os critérios de resistência ao fogo para estruturas de concreto, definindo o Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF), que é o período mínimo em que um elemento construtivo deve manter sua integridade estrutural durante um incêndio.
- NBR 9077:2001 – Determina que as estruturas de edifícios com áreas de refúgio devem garantir uma resistência ao fogo mínima de quatro horas, contribuindo para a segurança em emergências.
- NBR 15.575 – Norma de desempenho que fornece diretrizes para facilitar a evacuação segura em caso de incêndio, protegendo os ocupantes e promovendo maior resiliência das edificações.
É fundamental que arquitetos, engenheiros e projetistas considerem essas normas técnicas em conjunto com as exigências do Código Estadual de Proteção Contra Incêndio, garantindo conformidade com os regulamentos e maior segurança para os usuários das edificações.
Entrevistados
Fabrício Bolina é engenheiro civil e doutor em Engenharia de Segurança contra Incêndio pela Universidade de Coimbra, Portugal. Atua há mais de uma década na área de estruturas versus segurança contra incêndio, já tendo publicado mais de 100 artigos técnicos em revistas renomadas e congressos nacionais e internacionais, atuando em pesquisas nos Estados Unidos, Portugal, Itália e França. Autor do livro “Patologia de Estruturas”, publicado pela Oficina de Textos em 2019. Atual coordenador da revisão da NBR 15200, norma que versa sobre projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio. Atualmente é professor na UFSM, percorrendo o Brasil para ministrar aulas e palestras sobre o tema.
Clemenceau Chiabi Saliba Jr é engenheiro civil e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia Nacional (IBAPE). Hoje é membro do conselho do IBAPE
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Barra Velha é o novo destino catarinense de investimentos imobiliários graças à localização estratégica e infraestrutura
Barra Velha, localizada no litoral norte de Santa Catarina, vive um momento de destaque no cenário imobiliário brasileiro. Com crescimento exponencial, infraestrutura em evolução e atrativos naturais, a cidade se consolida como um destino estratégico para investidores e moradores que buscam qualidade de vida e sofisticação.
Localizada próxima de locais saturados de lançamentos imobiliários, como Balneário Camboriú e Itapema, Barra Velha está estrategicamente posicionada ao longo da BR-101, garantindo acessos rápidos a polos econômicos, como Joinville, Jaraguá do Sul e Curitiba.
“Barra Velha possui uma localização privilegiada, o que permite chegar rapidamente a grandes centros sem enfrentar os gargalos de trânsito de outras regiões”, explica Thiago Maiochi, diretor executivo da Mabrem Empreendimentos.
Além disso, a gestão pública eficiente tem favorecido melhorias urbanas, como pavimentação e espaços para lazer. “A organização da cidade e a aplicação assertiva dos recursos têm fortalecido sua estrutura e atraído novos investimentos”, complementa.
De acordo com pesquisa da Brain Inteligência Estratégica, divulgada no segundo semestre de 2024, foram registrados 28 lançamentos em 2022, e outros 36 no ano seguinte. A expansão também fica evidente ao se observar a quantidade de unidades lançadas, com 858 em 2022, e mais de 1,3 mil em 2023, sendo que os lançamentos, em sua maioria, são de edifícios (1.193).
O relatório aponta também uma ampliação no Valor Geral de Venda (VGV) de R$ 477,2 milhões em 2022, para R$ 1,14 bilhão em 2023, um aumento de 139,18%. Esse valor atingiu o ápice no quarto trimestre de 2023, quando registraram no período um total de R$ 552 milhões, dados até então inimagináveis para a região. Em 2024, o Valor Geral de Vendas de Itapema saltou para R$ 4,5 bilhões, com 3.877 unidades vendidas, de acordo com a DWV, plataforma de negócios para o setor imobiliário brasileiro.
Atrativos naturais e qualidade de vida em alta
Barra Velha oferece praias de beleza ímpar e uma faixa litorânea que convida à tranquilidade e ao lazer. Marcos Melchioretto, sócio da MS Empreendimentos e vice-presidente do Sinduscon Rio do Sul (SC), ressalta que a cidade combina segurança, belezas naturais e terrenos com valores atrativos. “Isso tudo torna Barra Velha um grande canteiro de obras e uma excelente oportunidade para novos negócios”, observa.
A proximidade com outras cidades, somada à menor densidade populacional, cria um ambiente propício para quem busca qualidade de vida. “É possível caminhar pela orla, aproveitar os restaurantes locais e ainda desfrutar de uma cidade independente, mas conectada aos grandes centros”, pontua Maiochi.
Empreendimentos que se destacam no mercado
Barra Velha tem sido palco de projetos residenciais que aliam luxo, funcionalidade e inovação. Um dos empreendimentos que simboliza essa nova fase é o MS Itajuba, localizado na Praia do Sol, que conta com um complexo moderno, incluindo infraestrutura completa de lazer. “Com piscina, espaço zen, coworking e uma ampla área verde, o empreendimento proporciona uma experiência de bem-estar sem sair do condomínio”, destaca Melchioretto. A entrega do empreendimento está prevista para dezembro de 2026.
Outro investimento em Barra Velha é o Grant Vista, empreendimento premiado no International Property Awards, diferenciando-se pelo design contemporâneo e pela sustentabilidade. Localizado em uma área nobre, oferece desde mansões suspensas até áreas de lazer integradas, como piscina com vista para o mar e espaço gourmet. Todos os apartamentos possuem 3 suítes e 2 vagas de garagem, apartamentos amplos a partir de 95 m².
O Grant Vista adota práticas que buscam equilibrar inovação, funcionalidade e sustentabilidade. O projeto inclui elementos como uso de materiais locais e de baixo impacto ambiental, eficiência energética, incorporando soluções como fachadas que maximizam a ventilação natural e a luz solar indireta, criação de espaços que promovam interação social e qualidade de vida, bem como a utilização de materiais como concreto estampado, que possuem boas propriedades de isolamento térmico.
O Grant Vista também possui quatro mansões suspensas, os apartamentos jardim, tendência que traz a liberdade de uma casa e a segurança de um condomínio. “Nosso foco é proporcionar sofisticação e praticidade com o menor impacto ambiental possível”, afirma Maiochi. O empreendimento deve ser concluído em 2028.
Potencial para investidores e moradores
O potencial de valorização dos imóveis em Barra Velha está em alta, com terrenos ainda acessíveis e empreendimentos que atendem tanto investidores quanto moradores. “Barra Velha é jovem e vibrante, com oportunidades para quem deseja viver perto do mar ou investir em um mercado em expansão”, assinala Melchioretto.
Com visão de futuro, Barra Velha atrai cada vez mais olhares de quem busca aliar investimento à qualidade de vida. A cidade é um exemplo de como planejamento e valorização ambiental podem caminhar juntos, transformando-a em um destino imobiliário de referência no Brasil.
Entrevistados
Thiago Maiochi é graduado em Engenharia Civil pela Univali, possui MBAs focados em Gestão de Negócios no setor de Incorporação, Desenvolvimento e Investimento Imobiliário. Em 2012, fundou a Mabrem Empreendimentos, onde ocupa o cargo de diretor executivo.
Marcos Melchioretto é graduado em Engenharia Civil pela Universidade do Estado de Santa Catarina (FURB), é vice-presidente do Sinduscon Rio do Sul (SC) e sócio executivo da MS Empreendimentos.
Contatos:
thiago@mabrem.com
marcos.melchioretto@empreendimentosms.com.br
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Perspectivas para o mercado imobiliário em 2025
Um estudo da Mordor Intelligence apontou que o mercado imobiliário residencial no Brasil, em termos de valor de transação, deverá crescer de US$ 59,61 bilhões em 2024 para US$ 77,54 bilhões até 2029, com um CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta) de 5,40% durante o período de previsão (2024-2029). Diante deste cenário, como deve ser o desempenho do setor em 2025?
De acordo com Fábio Tadeu, CEO da Brain Inteligência Estratégica, 46% das famílias brasileiras têm interesse em comprar um imóvel, e 6% já estão ativamente visitando propriedades. “O Brasil possui aproximadamente 70 milhões de lares, o que significa que cerca de 3,5 milhões de famílias estão atualmente buscando imóveis, sejam novos ou usados. É um número expressivo. A demanda não é o problema", destaca.
Além disso, 28% dessas pessoas planejam realizar a compra em até um ano, enquanto 6% desejam adquirir um imóvel nos próximos seis meses, representando cerca de 1,8 milhão de famílias com alta probabilidade de compra, desde que o imóvel atenda às suas condições financeiras e preferências. “O desafio não está na falta de demanda, mas em oferecer produtos que se encaixem no orçamento e nos desejos desses consumidores”, conclui.
Ricardo Gontijo, CEO da Direcional Engenharia, salienta que os desafios no cenário macroeconômico à frente não são pequenos. Por outro lado, ele aponta que é fundamental que o setor esteja preparado para oferecer produtos que atendam às necessidades e expectativas das famílias.
“Se esse cenário se concretizar, com produtos alinhados ao que essas famílias buscam e com acesso facilitado ao crédito, posso afirmar que estamos otimistas. Nosso foco é manter o crescimento nos volumes de lançamentos e vendas. Em termos de terrenos e projetos em aprovação, contamos com uma posição confortável. Se houver demanda e conseguirmos adequar o perfil desses clientes às condições de crédito oferecidas pelos bancos, temos uma perspectiva positiva para o próximo ano. Estamos preparados e ajustaremos nossa operação constantemente para atender essa demanda. Apesar dos desafios, as perspectivas para o próximo ano são promissoras”, assegura Gontijo.
Desafio do saque-aniversário do FGTS
Para Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o fim do saque-aniversário do FGTS é crucial para o setor, pois libera entre R$ 30 a 35 bilhões anuais que poderiam ser aplicados em novos empreendimentos, gerando emprego e recomposição econômica. “Atualmente, o setor enfrenta desafios como a tendência de alta da Selic, que reduz recursos da poupança e ameaça dificultar o financiamento habitacional. Apesar do orçamento do FGTS para 2025 estar mantido, o impacto inflacionário limita o número de unidades possíveis de serem financiadas”, destaca Correia.
Para superar essas barreiras, o presidente da CBIC acredita que é essencial priorizar recursos do FGTS em novos projetos e buscar alternativas inovadoras para fazer mais com menos. “O setor já demonstrou resiliência e capacidade de adaptação em cenários adversos. Mesmo com boas perspectivas de demanda e emprego, a limitação de funding (captação de recursos para investimento) exige criatividade e eficiência para viabilizar empreendimentos, especialmente em um ambiente de juros elevados. Com esforço conjunto e inovação, é possível melhorar o cenário e garantir a sustentabilidade do mercado”, sugere.
Rodrigo Osmo, CEO da Construtora Tenda, compara a situação do saque-aniversário à das bets. “Os bancos têm destacado o impacto negativo das apostas esportivas ("bets") no mercado de crédito, e uma situação semelhante ocorre com o FGTS, por meio do saque-aniversário. Esse mecanismo permite ao trabalhador retirar recursos imediatamente, muitas vezes para consumo imediato, comprometendo sua segurança financeira futura. O problema é agravado pela crescente utilização do saque-aniversário para contrair dívidas”, alerta.
Osmo lembra que, desde sua criação em 2020, os números impressionam: em 2023, R$ 38 bilhões foram retirados via saque-aniversário, valor 50% superior ao destinado à moradia (R$ 23 bilhões). Além disso, atualmente, R$ 100 bilhões das contas do fundo, que somam cerca de R$ 500 bilhões, estão comprometidos com dívidas.
Imóveis de alto padrão
De acordo com Diego Villar, CEO da Moura Dubeux, nos últimos 24 meses, mais de 60% dos projetos da empresa foram voltados ao mercado de alto padrão e luxo, com clientes que, majoritariamente, financiam seus imóveis com recursos próprios. “Para este público, a confiança na economia – medida por crescimento do PIB, geração de empregos e renda – é um fator determinante, independentemente de variações moderadas da Selic. Em períodos de juros mais altos, essa classe econômica consegue multiplicar sua renda por meio de aplicações sofisticadas, investindo parte dela em imóveis como forma de diversificar patrimônio e melhorar a qualidade de vida”, comenta.
A localização é o principal critério de decisão para o cliente de alta renda, superando outros atributos do imóvel. “Além disso, o design dos empreendimentos tem evoluído: cozinhas integradas às salas, áreas de lazer mais enxutas, porém de alta qualidade, academias profissionalizadas, espaços gourmet, quadras de tênis e diferenciais como elevadores exclusivos e garagens personalizadas são tendências marcantes”, afirma Villar.
Bruno Cassola, empresário, administrador de empresas e corretor de imóveis especializado em ativos de alta rentabilidade, vê para 2025 uma clara tendência de empreendimentos que integram tecnologia de ponta e práticas sustentáveis, a possibilidade de personalização, como a otimização de plantas e a escolha de materiais e acabamentos, além de apartamentos mais espaçosos - diferentemente do que era percebido nos últimos anos no país.
Para 2025, Villar acredita que o cenário é promissor, desde que o Brasil apresente crescimento econômico. “Apesar dos desafios enfrentados, como as reformas tributárias que impactam o setor, os incorporadores têm demonstrado resiliência. O mercado já superou obstáculos como distratos e a falta de sofisticação financeira, o que reforça a capacidade do setor de se adaptar e prosperar”, conclui.
Fontes
Fábio Tadeu, CEO da Brain Inteligência Estratégica.
Ricardo Gontijo, CEO da Direcional Engenharia.
Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Bruno Cassola, empresário, administrador de empresas e corretor de imóveis especializado em ativos de alta rentabilidade.
Diego Villar, CEO da Moura Dubeux.
Rodrigo Osmo, CEO da Construtora Tenda
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