Casa com paredes de concreto pode ser erguida em 24 horas

Casa 24 horas: projeto atende as faixas 1 e 1,5 do Minha Casa Minha Vida, voltadas para habitações de interesse social Crédito: Casa24h
Casa 24 horas: projeto atende as faixas 1 e 1,5 do Minha Casa Minha Vida, voltadas para habitações de interesse social
Crédito: Casa24h

Tecnologia que permite erguer uma casa de 45,6 m² em 24 horas, usando paredes pré-fabricadas de concreto, já é realidade no Brasil. Um consórcio de 14 empresas, todas com foco na construção sustentável, apresentou o protótipo na mais recente edição da FEICON Batimat, em abril de 2019. A montagem da casa se deu nos 3 dias de exposição da feira, em ciclos de 8 horas por dia, enquanto a execução das peças ocorreu em um galpão industrial.

Segundo o engenheiro civil Luiz Fernando Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia, todo o projeto da Casa 24 horas, desde a concepção até a montagem da casa, levou 8 meses. O objetivo desse sistema é oferecer ganho em escala. “Uma construção do mesmo porte demora, em média, dois meses para ser erguida em alvenaria convencional”, compara o engenheiro civil, convicto de que o custo pode baixar sensivelmente se houver volume na produção.

O valor da unidade exposta na FEICON atingiu 90 mil reais. A construtora avalia que o valor pode baixar para 76 mil reais. O projeto atende as faixas 1 e 1,5 do Minha Casa Minha Vida, voltadas para habitações de interesse social, e foi concebido dentro dos requisitos da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15.575). A construtora destaca que o projeto integra engenharia e arquitetura, o que resulta em sustentabilidade, qualidade, conforto e durabilidade.

Em prol da produtividade, o Casa24h interligou o sistema BIM (Building Information Model [Modelagem da Informação da Construção]) com a Lean Construction (construção enxuta). Segundo os envolvidos no projeto, o uso da tecnologia criou um modelo de gestão produtivo, dando previsibilidade ao orçamento, sem perder de vista o menor impacto ambiental e os custos.

Modelo de construção 100% industrializado é tendência mundial para habitações

A expectativa dos idealizadores do projeto Casa24h é de que ele ajude a melhorar os processos dentro dos canteiros de obras, a fim de que a construção civil se torne mais produtiva e competitiva. “Um modelo de construção 100% industrializado, e que pode ser replicado em larga escala, é uma tendência mundial”, ressalta o engenheiro civil Luiz Fernando Ferreira.

Como as paredes pré-fabricadas de concreto são moldadas em fôrmas, quanto maior a produção, menor o custo. O sistema também comprova que para a construção em larga escala é mais eficiente que a impressão 3D, como recentemente destacou o professor da Escola Politécnica da USP, Vanderlei John. Em seminário da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) e pela ABPE (Associação Brasileira de Pontes e Estruturas), ele frisou que impressão 3D não deve se tornar competitiva para a construção de casas e prédios, pois a tecnologia que utiliza fôrmas para viabilizar paredes de concreto é mais rápida e barata.

No entanto, Vanderlei John avalia que o segmento de pré-fabricados pode se beneficiar de impressoras 3D, principalmente para a produção de vigas e lajes. “Para erguer paredes verticais retas já existe uma tecnologia muito eficiente, que se chama fôrma. Acredito que a impressão 3D tende a prosperar em formatos mais específicos, como elementos para pontes e viadutos. Neste caso, as propriedades do concreto podem variar de ponto a ponto. Em áreas de maior esforço, ela imprime com fck maior. Em zonas com menor tensão, fck menor”, analisa.

Veja vídeos sobre a montagem e de como ficou a Casa24h

Vídeo 1

Vídeo 2

Entrevistado
Reportagem com base na apresentação da Casa24h, realizada na FEICON Batimat 2019
Contato: contato@inovatechengenharia.com.br
 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Custo do concreto precisa vir agregado à qualidade

Foto  Betoneira ultraleve já tem dois protótipos em operação, e deve chegar ao mercado em 2020 Crédito: ABESC
Betoneira ultraleve já tem dois protótipos em operação, e deve chegar ao mercado em 2020
Crédito: ABESC

Segundo dados da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Concretagem) mais da metade das concreteiras em operação no país (650) não possui engenheiro-responsável, não emite ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) e não tem laboratório que comprove as características do material, de acordo com as especificadas em projeto. Essas concreteiras sem critérios técnicos pressionam o preço para baixo. No 60º Congresso Brasileiro do Concreto, que aconteceu em setembro de 2018, o presidente da ABESC, Jairo Abud, relatou que o concreto nunca esteve tão barato, comparado com outros produtos. “Um litro de concreto custa 25 centavos atualmente”, revelou.

Os debates no evento do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) convergiram para o consenso de que existe a necessidade de uma união de esforços pela valorização do mercado de concretagem. Entre as medidas estão a exigência de certificação para que a concreteira possa operar, normas técnicas rigorosas quanto à comprovação da qualidade do concreto e mecanismos que possam responsabilizar judicialmente quem produz concreto sem controle técnico. “O maior desafio é criar uma fórmula para diferenciar as boas empresas das de fundo de quintal, onde algumas sequer possuem caminhões-betoneira com facas adequadas para bater o concreto durante o transporte”, alertou Abud.

Desde o 60º Congresso Brasileiro do Concreto, a ABESC trabalha para qualificar o concreto. Um passo importante foi relevado em recente web seminário promovido pela AECweb, quando foi apresentada a betoneira ultraleve. O equipamento, que já tem dois protótipos em operação, deve chegar ao mercado em 2020. Sua maior virtude é melhorar a produtividade no transporte e a qualidade do material entregue no canteiro de obras. “Concreto significa produtividade na obra. Afinal, cada caminhão-betoneira retira das ruas das cidades três outros caminhões: o de cimento, o de brita e de areia. Com essa betoneira ultraleve haverá aumento de carga de 1 m3 de concreto, ou seja, será possível transportar mais material sem infringir a legislação”, destaca Jairo Abud.

Mercado de concretagem ainda é heterogêneo nos quesitos qualidade e custo

Significa que as concreteiras que perseguem as melhores práticas poderão se tornar mais competitivas, transportando mais concreto, e de melhor qualidade. O motivo é que a betoneira ultraleve possui balão e facas de corte em aço inox, que, em comparação ao aço carbono, é mais eficiente para produtos com características abrasivas, como é o caso do concreto. “Na betoneira de aço carbono, a oxidação presente no interior do balão vai junto com o concreto, podendo desencadear patologias caso atinja a armadura. Na betoneira ultraleve, o concreto está protegido desse risco”, afirma o grupo de técnicos que trabalhou no projeto do novo equipamento.

A betoneira leve é inédita no mundo. A carga saiu de 4.750 quilos, da produzida com aço carbono, para 3.684, com aço inox. Batizada de Betoneira C-8000 Ultraleve, sua durabilidade é de 7,2 anos para os 4 anos, em média, do equipamento em aço carbono. Significa que poderá transportar cerca de 49 mil m3 de concreto ao longo da vida útil. Ela também vai gerar menor custo por metro cúbico transportado, que hoje é de 3,91 reais em média. A estimativa é que caia para 2,73 reais. “Ela é mais cara que a convencional, mas seu custo se dilui no tempo de vida útil”, avalia Abud, convicto de que os associados da ABESC darão um passo importante para competir em um mercado ainda heterogêneo nos quesitos qualidade e custo.

Assista ao web seminário
https://www.aecweb.com.br/webseminarios/tecnologia-e-construcao/betoneira-ultraleve/betoneira-ultraleve.html

Entrevistado
Reportagem com base no web seminário “Betoneira Ultraleve: como aumentar a eficiência e a produtividade no transporte de concreto”

Contato: abesc@abesc.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Alvenaria ainda domina, mas desperdício segue em alta

Foto  Com um amplo rol de funções, e custo baixo, alvenaria é o sistema mais popular no Brasil Crédito: Banco de Imagens
Com um amplo rol de funções, e custo baixo, alvenaria é o sistema mais popular no Brasil
Crédito: Banco de Imagens

Dados da mais recente edição da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD Contínua), coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a alvenaria está presente em 88,2% das construções brasileiras. As estruturas de concreto armado, paredes de tijolo cerâmico e revestimento com argamassa cimentícia predominam em 62,6 milhões das 71 milhões de unidades domiciliares que existem no país (casas e apartamentos). Apesar de ser o preferido dos brasileiros, o sistema construtivo é também o que mais gera desperdícios, dos quais alguns já parecem incorporados à alvenaria, como o retrabalho, o entulho e o uso em excesso de materiais.

Pesquisa desenvolvida pela Escola Politécnica da USP detectou que os desperdícios de materiais de construção no sistema de alvenaria chegam a 8%. Já a soma das perdas, incluindo retrabalho, pode alcançar 30% do custo final da obra. Aplica-se nesse levantamento da USP a definição técnica de desperdício, que é “consumir exageradamente qualquer tipo de recurso”, ou seja, a perda ocorre quando se utilizam quantidades maiores que a necessária de um determinado insumo. Um exemplo corriqueiro em construções de alvenaria: uso excessivo de argamassa para corrigir erros de execução, como paredes fora de prumo ou contrapiso desnivelado. No jargão dos pedreiros, trata-se de “acertar tudo na massa”.

Construir dentro dos padrões exigidos realça as virtudes da alvenaria

Com a aplicação correta das normas técnicas, e atendendo requisitos de projetistas e fabricantes, a alvenaria consegue ser um sistema não apenas confiável, mas eficaz sob o ponto de vista de produtividade e durabilidade. Para tal, é preciso treinar a mão de obra, supervisionar o canteiro de obras e aprender com erros em outras construções. Também é imprescindível ter o controle de qualidade e de entrada e saída dos materiais. Com isso, minimizam-se perdas em qualquer técnica construtiva, em especial na alvenaria, seja ela autoportante, de vedação ou estrutural com blocos de concreto. Independentemente do tipo de alvenaria, construir dentro dos padrões exigidos realça a finalidade principal do sistema, que é proteger o espaço interno das ações do meio externo, oferecendo resistência, durabilidade e impermeabilidade.

A alvenaria também deve atender à divisão dos espaços internos, ao suporte de carga e ao desempenho termoacústico das paredes. Com um amplo rol de funções, e custo baixo, não é à toa que o sistema se popularizou no Brasil. Nas regiões sudeste e nordeste, 94,4% das moradias são construídas em alvenaria, considerando casas e apartamentos. No centro-oeste, são 90,1%. No sul e no norte, também predomina a alvenaria (76% e 64,3%, respectivamente), mas as construções em madeira ocupam um percentual significativo: 15,8% no sul e 22,3% no norte. Em todo o país, outros sistemas, como o industrializado de concreto, wood frame e misto com estruturas de aço, respondem por apenas 0,5% das construções domiciliares. A mais recente edição da PNAD Contínua, que usa dados de 2018, também observou crescimento de 13,1% no número de domicílios com paredes externas de alvenaria, mas sem revestimento cimentício. Agora são 15,5 milhões de unidades com essa característica.

Veja os dados completos da PNAD Contínua

Entrevistado
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Contato: comunica@ibge.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Monitoramento virtual: sinônimo de qualidade na obra

Foto  Renata Broering: realidade aumentada e a inteligência artificial são elementos-chaves para o aumento da produtividade e da qualidade na construção Crédito: Construsul
Renata Broering: realidade aumentada e a inteligência artificial são elementos-chaves para o aumento da produtividade e da qualidade na construção
Crédito: Construsul

No 7º Seminário de Tecnologia e Inovação da Construção Civil, que aconteceu dentro da Construsul, em Porto Alegre-RS, uma das palestras abordou o seguinte tema: “Tecnologia apoiando o gerenciamento e monitoramento de obras rápidas”. Concedida pela engenheira civil Renata Broering, a palestra mostrou as vantagens da aplicação da realidade virtual no canteiro de obras, com o uso de câmeras 360°, drones e robôs. Para a palestrante, não se trata de algo futurístico, mas de tecnologias já desenvolvidas no Brasil. Na entrevista a seguir, ela explica como essas mudanças vão impactar positivamente na construção civil. Confira:

A senhora palestrou recentemente no 7º seminário de inovação e tecnologia da construção. Como está a construção civil brasileira, comparada com outros setores, sob o ponto de vista de inovação e tecnologia?
A indústria da construção civil brasileira ainda tem uma cultura muito conservadora. Mudanças e novas tecnologias são vistas com desconfiança e resistência. Entretanto, a crise que acompanha o setor tem obrigado as empresas a repensarem seus processos e tecnologias, dando espaço para um novo ecossistema de empresas inovadoras no mercado.

Fora do Brasil, essas tecnologias estão bem difundidas?
Quando comparamos o Brasil com os Estados Unidos, China ou com a Europa, notamos bastante diferença. Um dos motivos é o baixo nível de escolaridade da mão de obra da construção no Brasil, apesar de termos profissionais extremamente criativos. Mas falta suporte para que as inovações sejam efetivas.

Quais os ganhos que uma construtora obtém ao implantar tecnologias em seu canteiro de obras?
Eu apresentei algumas tecnologias no seminário. Uma delas foi o tour virtual do BANIB, uma tecnologia que usa fotos em 360 graus, as quais auxiliam no monitoramento das obras e inspeções de engenharia. Isso facilita o acompanhamento e garante mais comunicação e qualidade para a construção. Outra tecnologia foi a desenvolvida pela empresa GSP+AR, uma plataforma de gerenciamento da construção que pode interagir com todos os elementos do projeto e faz a integração do HoloLens
(software de realidade virtual) com o Project Online (gerenciador de projetos). A parte mais interessante desse sistema é que ele tem a capacidade de vincular os hologramas aos pacotes de trabalho. Isso faz com que todos saibam exatamente como está o trabalho em andamento. Além disso, com o uso do HoloLens é possível acompanhar os projetos com realidade aumentada. Tecnologias de monitoramento virtual ajudam as empresas a terem mais controle no processo construtivo, aumentam a colaboração técnica sobre o projeto, reduzem o retrabalho e as interferências no projeto e diminuem despesas com viagens e transparência.

Nessas tecnologias citadas, a transmissão de imagens e dados do canteiro de obras é enviada em tempo real tanto para quem faz a gestão do projeto quanto para o cliente?
Exatamente, o cliente tem acesso total e isso leva transparência e imparcialidade ao processo de gerenciamento.

Quais equipamentos são usados como suporte nesta tecnologia: câmeras, drones, robôs...?
Depende da tecnologia e da complexidade da obra. Pode ser desde um celular com câmera 360° até o escaneamento 3D com laser, acoplado a drones ou robôs. O mais importante é ter uma plataforma de gestão que converse com todos os elementos.

“Inteligência artificial já consegue analisar elementos construídos fora do que está desenhado no projeto. Isso parece algo muito futurístico, mas já é real.”

Como as tecnologias contribuem para a execução da obra, a segurança dos trabalhadores e a eliminação de desperdícios?
Com o monitoramento virtual é possível que mais profissionais tenham acesso às reais condições da obra, fazendo com que mesmo uma obra com baixo custo e baixa complexidade possa ser analisada por profissionais especialistas. Um exemplo bem simples e cotidiano é a análise dos tours virtuais por um engenheiro de segurança e um estrutural nas fases específicas de cada obra. Isso faz com que a obra tenha mais qualidade e com que o profissional que está em campo gerenciando a obra fique cada vez mais atento e capacitado para o trabalho. A SGP+AR já trabalha em uma solução de inteligência artificial para analisar através de câmeras de monitoramento se algum elemento é construído fora do que está desenhado no projeto. Isso parece algo muito futurístico, mas já é real e já estamos desenvolvendo tecnologia para isso no Brasil.

Em sua palestra na Construsul, a senhora focou nesses pontos ou fez outra abordagem. Caso sim, qual foi o foco da palestra?
Na palestra feita em Porto Alegre-RS falei sobre inovações no gerenciamento de obras rápidas e inspeções de engenharia. Neste mercado trabalhamos com grandes redes de varejo, shopping centers, bancos, supermercados, laboratórios e empresas que precisam de controle sobre suas obras, processos e ativos. Trabalhamos normalmente como um apoio da engenharia do cliente, gerenciando a obra, o projeto de expansão ou até mesmo aferindo a qualidade da manutenção técnica ou do serviço prestado. É um atendimento de confiança, onde as ações são repetitivas e geralmente a padronização precisa ser a nível nacional. Este é um ambiente onde a implantação de inovações (tecnológicas ou processuais) traz resultados financeiros em muito menos tempo que outras áreas da construção, pela natureza repetitiva do processo. Acredito que o principal é termos a responsabilidade de levar para o cliente tudo o que há de mais novo na indústria da construção, uma vez que geralmente a engenharia não é o seu “core business”. Temos que pensar na gestão dos ativos/serviços do cliente hoje e em como ele vai estar amanhã, para que a transformação digital e o uso de dados para a tomada de decisões deixem o cliente seguro e embasado. Na palestra, o foco foi inovação na gestão de obras rápidas. Falamos e demos exemplos de tecnologia de ponta, mas também falamos que inovação pode estar em facilitar e ter processos e elementos adequados para cada realidade. É importante ter retorno financeiro sobre cada tecnologia implantada, mas é ainda mais importante estar atualizado sobre o futuro da construção para fazer a escolha certa para a sua empresa e para o seu cliente.

O futuro do canteiro de obras caminha para essa direção, com amplo monitoramento tecnológico?
Com certeza. A realidade aumentada e a inteligência artificial são elementos-chaves para o aumento da produtividade e da qualidade da construção. Eu vejo que o futuro caminha para uma construção com melhor logística, menor desperdício e com os elementos construtivos adequados, a fim de que o monitoramento, a manutenção preditiva e a operação do ativo durante a vida útil da obra sejam melhorados e impactem positivamente no custo operacional e ambiental das edificações.

Isso vai exigir também mais qualificação de quem trabalha na construção civil, sobretudo dos operários, correto?
Com certeza, como em todos os setores que trabalham com tecnologia. A mão de obra deverá ter um treinamento mais específico para cada seguimento, a fim de que o setor possa ter ainda mais inovações.

Entrevistada
Engenheira civil Renata Broering, especialista em gerenciamento de projetos pela FGV, negociação e liderança pela Harvard Law School e MBA pela Fundação Dom Cabral
Contato: renatabroering@gmail.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Cotação de material de construção não é só preço

Foto  Pesquisa mostra que uma das maiores dificuldades apontadas por quem constrói ou reforma é orçar e comprar materiais de construção Crédito: Sienge
Pesquisa mostra que uma das maiores dificuldades apontadas por quem constrói ou reforma é orçar e comprar materiais de construção.
Crédito: Sienge

Existe um modo simplista de entender o que é cotação de material de construção para uma obra: considerar apenas o melhor preço. Mas e a qualidade, o prazo de entrega e a logística? São itens importantes e que, para quem só considera o preço, podem resultar naquele jargão popular, o qual diz que “o barato sai caro”. Portanto, cotar material de construção inclui preço, mas não é só isso.

É preciso levar em consideração se o produto adquirido está adequado ao sistema construtivo escolhido para a obra, se a mão de obra domina o preparo e a aplicação, se o fornecedor cumpre prazos e se o custo do transporte não encarece a compra. Especialistas em cotação recomendam também que a compra seja adequada à etapa da obra. Adquirir revestimento antes de erguer a estrutura, só porque ele está em promoção, pode não ser o mais correto.

A recomendação é que a compra dos materiais de construção obedeça ao cronograma da obra. Porém, é imprescindível que os suprimentos necessários para cada etapa da construção estejam disponíveis no canteiro. O que não faz sentido é antecipar compras de fases futuras da obra. Não é essa prática que leva à economia no orçamento, e sim a disposição para pesquisar e comparar preços. Essa é a chave para uma boa cotação de materiais de construção.

Há seis passos básicos recomendados para uma cotação correta de materiais de construção: 1. Definir a demanda; 2. Selecionar fornecedores; 3. Realizar o pedido; 4. Equalizar as respostas; 5. Fechar a compra; 6. Analisar os resultados. Hoje também existe um bom número de plataformas online para a cotação de materiais. Elas são mais eficazes para quem está à frente de uma reforma ou construção de uma casa, por exemplo.

Compra técnica em construtoras é área cada vez mais dominada por engenheiros civis

Pesquisa realizada pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto-SP mostra que uma das maiores dificuldades apontadas por quem constrói ou reforma é orçar e comprar materiais de construção. O estudo vale para pequenas obras, já que no caso de grandes empreendimentos as construtoras e empreiteiras costumam ter compradores técnicos.

Essa é uma função cada vez mais dominada por engenheiros civis (https://www.cimentoitambe.com.br/comprador-tecnico-engenheiro/). Isso se deve às exigências crescentes dentro das áreas de suprimentos das empresas, e que passaram a requerer novas habilidades para quem exerce o cargo de comprador técnico. Entre elas: gestão estratégica, contemporaneidade, conhecimento técnico, escolha e qualificação dos fornecedores e desenvolvimento de processos de aquisição com base em indicadores.

Por todas as complexidades que passaram a abranger a compra técnica é que o engenheiro civil sai em vantagem para ocupar a função. “A compra técnica, antigamente, era um cargo burocrático. O comprador cotava, negociava, fechava o pedido e ia embora. Hoje, o cargo é estratégico, mas ainda há empresas que preferem compradores com formação administrativa e ligados à área financeira. Porém, a maioria já opta por profissionais técnicos. Além de engenheiros civis, também existem engenheiros de produção e engenheiros de logística desempenhando muito bem a função”, finaliza Joyce Benedetti, coordenadora da área de suprimentos da MBigucci Construtora.

Entrevistado
Reportagem com base no ebook “7 Dicas de ouro de como fazer orçamento da obra
 e no web seminário “O papel do comprador técnico na construção civil”

Contatos
secretariasienge@softplan.com.br
contato@aecweb.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

FGTS muda regras, mas preserva construção civil

Medidas anunciadas pelo governo federal, e que mexem com o FGTS, geram expectativa no setor da construção civil Crédito: Agência Brasil
Medidas anunciadas pelo governo federal, e que mexem com o FGTS, geram expectativa no setor da construção civil
Crédito: Agência Brasil

O governo federal anunciou dia 24 de julho de 2019 mudanças nas regras do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Para aquecer a economia, autorizou saque imediato de até R$ 500 e, a partir de 2020, será adotado o saque-aniversário (modalidade que permitirá ao trabalhador fazer retiradas escalonadas anualmente). Havia uma proposta mais ousada, que autorizava o saque de 35% do valor depositado, mas por causa do impacto que causaria na construção civil houve recuo do governo. Assim, o setor foi momentaneamente preservado das mudanças nas regras do FGTS. Para que as novas regras passem a valer precisam que a medida provisória seja aprovada pelo Congresso Nacional. 

Os recursos do fundo subsidiam a construção civil. Financiam o Minha Casa Minha Vida, além de obras de saneamento e de infraestrutura, com juros menores do que os praticados pelo mercado. Por isso, as medidas anunciadas pelo governo federal geram expectativa no setor. “A gente precisa ver como isso vai acontecer para que, ao longo do tempo, não tenha falta de recursos ou algo desse tipo”, diz o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins. A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) foi mais veemente. Mostrou que para cada 100 mil reais sacados do FGTS, uma moradia popular deixa de ser construída.

Com as medidas anunciadas, o governo federal espera que 40 bilhões de reais sejam sacados do fundo até o fim de 2020 – seriam 28 bilhões em 2019 e 12 bilhões no ano que vem. A expectativa é de que esse volume de recursos gere crescimento adicional de 0,35 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB). Pelos números mostrados pela ABRAINC, pelo menos 400 mil novas unidades deixariam de ser construídas com recursos do FGTS. Mas o secretário de Fazenda do ministério da Economia, Waldery Rodrigues, procura tranquilizar o setor. “Preservaremos na íntegra a capacidade de financiamento para a construção civil. A diretriz é uma melhoria de acesso aos recursos do trabalhador, sem afetar o setor”, assegura.

O presidente da CBIC acredita que o governo manterá a palavra. “A veemência com que o presidente (Jair Bolsonaro), ministros, secretários e presidentes de bancos estatais garantem que não haverá efeitos na construção nos tranquiliza em relação aos contratos que temos assinados e que têm desembolsos futuros”, afirma. Às vésperas do anúncio das novas regras, as empresas do setor imobiliário que têm oferta pública na Bolsa viram suas ações despencar. Porém, relatório do Credit Suisse divulgado na mesma ocasião mostra que empresas envolvidas com a construção e a gestão de shopping centers e galpões logísticos comemoram o anúncio, na expectativa de que a injeção gerada pelo FGTS reaqueça a economia e permita que os dois setores desengavetem novos projetos.

Entenda as novas regras para o FGTS

Saque de R$ 500 por conta (contas ativas e inativas)
- Saques serão liberados de setembro deste ano a março de 2020. A Caixa Econômica Federal divulgará um calendário de saque
Saque-aniversário (uma vez por ano a partir de 2020)
- De livre adesão do trabalhador
- Quem migrar para saques anuais não terá direito a retirar o total da conta em caso de demissão sem justa causa
- Trabalhador pode voltar para modalidade anterior, sem saque anual e com direito a rescisão integral em demissão sem justa causa, mas terá de esperar dois anos depois da primeira mudança, contados a partir da data do pedido à instituição financeira
- Retiradas em 2020 ocorrerão em abril (para quem nasceu em janeiro e fevereiro), maio (para quem nasceu em março e abril) e junho (para quem nasceu em maio e junho). Para nascidos de julho a dezembro, o saque em 2020 ocorrerá a partir do mês de aniversário até o último dia útil dos dois meses seguintes.
- A partir de 2021, todos os saques ocorrerão no mês de aniversário ou nos dois meses seguintes.
- O valor do saque anual será equivalente a um percentual do saldo da conta, para todas as faixas, mais um valor fixo para contas a partir de R$ 500,01.

Entrevistado
Caixa Econômica Federal, Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC)
(via assessoria de imprensa)
Contatos
impre​nsa@ca​ixa.gov.br
abrainc@abrainc.org.br
ascom@cbic.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Acordo Mercosul-União Europeia engloba construção civil

Empreiteiras e construtoras brasileiras terão acesso ao mercado de licitações da União Europeia, estimado em 1,6 trilhão de dólares Crédito: Banco de Imagens
Empreiteiras e construtoras brasileiras terão acesso ao mercado de licitações da União Europeia, estimado em 1,6 trilhão de dólares
Crédito: Banco de Imagens

Qual o impacto do acordo comercial assinado dia 28 de junho de 2019 entre o Mercosul e a União Europeia (UE) para a construção civil brasileira? Em um dos trechos do documento, relacionado a serviços, fica claro que empresas sul-americanas do setor de material da construção, da engenharia civil e da arquitetura poderão tanto vender seus produtos e serviços para os países europeus quanto os europeus também poderão vir concorrer com seus produtos e serviços, desde que seja respeitada a legislação vigente em cada país.

O secretário-especial de comércio exterior e assuntos internacionais do ministério da Economia, Marcos Troyjo, explica como isso vai se dar. “Um dos principais capitais humanos que o Brasil tem são seus engenheiros. Natural que a construção e as consultorias vislumbrem uma grande oportunidade com o acordo. Tenho certeza de que todo o setor de serviços, de obras públicas, de construção e de consultoria vai passar por uma expansão de oportunidades com essa nova moldura negocial, seja nos países do Mercosul seja na União Europeia. Inclusive, com a possibilidade de empresas europeias virem a participar de licitações públicas”, diz.

Ao firmarem o acordo, os sócios do Mercosul e da União Europeia apresentaram listas nacionais de compromissos de acesso a cada um dos mercados. Na relação, cada parte estabelece em quais atividades econômicas e em quais condições podem atuar as empresas, investidores e prestadores de serviços da outra parte. O Brasil excluiu desses compromissos setores mais sensíveis e estratégicos para o país, como defesa, saúde, educação, mineração e extração de petróleo. Por outro lado, autoriza a abertura para segmentos que abrangem telecomunicações, serviços financeiros, construção civil, engenharia, arquitetura, publicidade, serviços de distribuição, comércio varejista, consultoria e serviços de informática.

Aproximação de blocos econômicos vai qualificar as licitações e as obras públicas no Brasil

Outra aposta é que o acordo Mercosul-União Europeia qualifique as licitações e as obras públicas no país, haja vista que as empresas europeias ligadas à construção civil são muito consolidadas no mercado externo e possuem regras de compliance rigorosas. Por outro lado, empreiteiras e construtoras brasileiras terão acesso ao mercado de licitações da UE, que é estimado em 1,6 trilhão de dólares (quase 6,5 trilhões de reais).

O acordo deve levar até 15 anos para a sua implantação total. No entanto, o secretário de comércio exterior do ministério da Economia, Lucas Ferraz, estima que as primeiras negociações comecem a acontecer até o fim de 2020. O Mercosul engloba Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, enquanto a União Europeia inclui Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Holanda, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia e Suécia. O Reino Unido está se desvinculando, através do Brexit (abreviação de Britain Exit), mas o bloco negocia a inclusão de Macedônia do Norte, Croácia e Turquia.

Entrevistado
Ministério das Relações Exteriores
(via assessoria de imprensa)

Contato: imprensa@itamaraty.gov.br 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Norma de Desempenho: veja o que muda com a revisão

Processo de revisão está atualizando todas as 6 partes da norma técnica, com destaque para os desempenhos acústico, térmico, lumínico e de durabilidade Crédito: Banco de Imagens
Processo de revisão está atualizando todas as 6 partes da norma técnica, com destaque para os desempenhos acústico, térmico, lumínico e de durabilidade
Crédito: Banco de Imagens

A nova edição da ABNT NBR 15575 (Norma de Desempenho de Edificações) ainda não tem data para ser publicada, mas recentemente o coordenador da comissão especial de revisão, o engenheiro civil Fábio Villas Bôas, expôs os principais pontos que serão ajustados. Não haverá alterações drásticas nas 6 partes que compõem a norma, e sim uma adequação de pontos que geram dificuldades de interpretação ou que precisam ser atualizados para ficar compatíveis com outras normas técnicas que já foram revisadas. “Apesar do mercado estar mais maduro que na época do lançamento da Norma de Desempenho, em 2013, não é o momento de alterar critérios quantitativos da norma”, afirma Fábio Villas Bôas.

O coordenador participou de uma live via Facebook, no dia 25 de julho, e destacou que a revisão da ABNT NBR 15575 não busca gerar conflitos. “O Brasil é um país com dimensões continentais, com vários microclimas e características urbanas. São mais de 5 mil municípios, dos quais muitos possuem seus próprios planos diretores e códigos de edificações, e que precisam ser respeitados. Então, a ideia é adaptar ao máximo a norma a essas realidades”, diz. Apesar de todas as 6 partes da norma técnica estarem sob revisão, o foco da comissão (ABNT/ CE-002:136.001 [https://www.cimentoitambe.com.br/revisao-da-norma-de-desempenho-vai-criar-novas-normas/]) está concentrado em 4 pontos: acústica, lumínica, térmica e durabilidade. A Norma de Desempenho está em revisão desde 14 de setembro de 2018.

Revisão da Norma de Desempenho dará um passo adiante e vai abordar a segurança contra incêndio

Na parte que trata do desempenho térmico, as principais alterações propostas envolvem a harmonização com a ABNT NBR 15220 - parte 3 (Transmitância Térmica e Capacidade Térmica) e alinhamento com o Programa Brasileiro de Eficiência Energética (PROCEL). Quanto ao desempenho lumínico, os pontos que envolvem adequações abrangem a revisão geral sobre a conceituação, requisitos e critérios de iluminação natural e a definição clara dos pontos de medição em ambientes compostos. Com relação à acústica, a comissão busca melhor definição do enquadramento nas zonas de ruído e proporá a eliminação das medições de campo, exceto quando existirem evidentes problemas de execução.

Quando foi criada, a Norma de Desempenho tinha como prioridade melhorar o desempenho termoacústico das edificações. Nesta revisão, ela dará um passo adiante e também vai abordar a segurança contra incêndio. O objetivo é adequá-la às normas técnicas ABNT NBR 16626 (Classificação da reação ao fogo de produtos de construção), ABNT NBR 9077 (Saídas de Emergência) e ABNT NBR 5628 (Método de ensaio de resistência ao fogo) e também às instruções técnicas do Corpo de Bombeiros. O coordenador Fábio Villas Bôas revela que um dos alvos será as varandas de apartamentos, geralmente transformadas em salas fechadas por seus proprietários, contrariando recomendações e o projeto original.

Veja o escopo da revisão da Norma de Desempenho, clique aqui.

Acesse o link e assista à palestra do coordenador da revisão da Norma de Desempenho
https://www.facebook.com/cbicbrasil/videos/722417101525485/

Entrevistado
Reportagem com base em palestra do engenheiro civil Fábio Villas Bôas, coordenador da comissão especial de revisão da ABNT NBR 15575 (Norma de Desempenho de Edificações)

Contato: villasboas@Tecnisa.com.br


Semestre mantém viés de alta para material de construção

Foto: Expansão de 1,5% na venda de cimento, ao longo do primeiro semestre de 2019, era esperada pelo SNIC Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Expansão de 1,5% na venda de cimento, ao longo do primeiro semestre de 2019, era esperada pelo SNIC
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Números do primeiro semestre apontam que a venda de material de construção manterá o viés de alta para o segundo semestre de 2019. A iminente aprovação da reforma previdenciária, somada a uma agenda econômica favorável ao mercado, mostra potencial para injetar otimismo no setor. As vendas de cimento, por exemplo, registraram de janeiro a junho um total de 25,8 milhões de toneladas, com crescimento de 1,5% em relação ao mesmo período de 2018.

Segundo Paulo Camillo, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), os primeiros seis meses de 2019 estiveram alinhados com as projeções do começo do ano. “Essa expansão de 1,5% no primeiro semestre era esperada pela nossa previsão. A expectativa para o segundo semestre é de um crescimento bem mais robusto”, revela. Se esse ritmo se mantiver, o SNIC estima que o ano fechará com crescimento de 3%. Caso se confirme, será a primeira alta anual após 4 anos consecutivos de retração.

O presidente do SNIC confirma que o aumento no consumo de cimento se deve ao mercado imobiliário. “O número de lançamentos imobiliários permanece numa trajetória de alta. O que também se percebe é uma maior participação dos consumidores industriais, ou seja, da construção formal nas vendas de cimento. Nesse sentido, setores como o de concreto e de artefatos a base de cimento voltaram a ganhar participação nas vendas”, afirma. O dirigente, porém, faz uma ressalva: “As empresas de cimento continuam sofrendo com as constantes pressões nos seus custos, como aumentos nos preços dos insumos, combustíveis e energia elétrica.”

ABRAMAT revisa crescimento, mas confia na melhoria do ambiente econômico

A ABRAMAT também prevê crescimento, mas revisou de 2% para 1,5% a estimativa para 2019. “Esse ajuste de meio ponto percentual para baixo se justifica frente ao resultado do PIB no primeiro trimestre e pelo ritmo de retomada da economia mais lento que o esperado”, justifica o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção, Rodrigo Navarro, que segue confiando na melhoria do ambiente econômico no segundo semestre. “Percebe-se uma progressiva elevação no nível de emprego, acompanhada de medidas de estímulo à demanda, o que reforça a confiança”, diz.

Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o PIB da Construção deverá crescer 0,5% em 2019. Segundo Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre-FGV), a previsão é atribuída, entre outros aspectos, à queda de atividade das obras de infraestrutura. Quanto aos empreendimentos imobiliários, a especialista alerta para a necessidade de acompanhar com atenção as mudanças que o governo federal pretende introduzir no programa Minha Casa Minha Vida, que responde por 67,5% das vendas do mercado, conforme os Indicadores ABRAINC-Fipe.

Já a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) vê um cenário de estabilidade. No acumulado dos últimos 12 meses, as vendas avançaram 0,4%, com destaque para os primeiros quatro meses de 2019, quando houve alta de 11,4% (descontados os distratos). Os lançamentos também apresentaram crescimento, com 20.652 novas unidades em todo o país. Já o estoque nacional fechou o semestre com cerca de 120 mil imóveis.

Entrevistados
Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT), Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) e Fundação Getúlio Vargas (FGV) (via assessoria de imprensa)
Contatos
secretaria@snic.org.br

abramat@abramat.org.br
abrainc@abrainc.org.br
assessoria.fgv@insightnet.com.br


Mercado imobiliário: 10 mudanças inevitáveis até 2025

Marcus Araújo: forma de construir também sofrerá adequações com as mudanças que o mercado impõe Crédito: ADEMI-PR
Marcus Araújo: forma de construir também sofrerá adequações com as mudanças que o mercado impõe
Crédito: ADEMI-PR

Em palestra durante roadshow realizado recentemente pela ADEMI-PR, o estatístico Marcus Araújo, da Datastore, elenca 10 mudanças inevitáveis pelas quais o mercado imobiliário brasileiro irá passar até 2025. As mais significativas, e que segundo o especialista estão em processo de extinção, são as seguintes: fim dos condomínios-clube, fim dos apartamentos com 4 quartos e fim das altas taxas de condomínio. “O consumidor não quer mais pagar por encargos, mas por bons serviços. Quanto mais o condomínio estiver dentro do aplicativo, melhor”, afirma.

Se há modelos em extinção, outros estão chegando para ficar. Entre eles, a varanda gourmet, as plantas projetadas para solteiros convictos e os condomínios pet friendly, ou seja, prédios que não só aceitam animais de estimação como têm uma área exclusiva para eles. A razão é estatística: segundo o IBGE, 75% dos lares brasileiros possuem animais de estimação. “Quem constrói na medida certa para o consumidor a ser conquistado consegue preços mais competitivos”, avalia Marcus Araújo, que acrescenta: “Os empreendimentos, cada vez mais, vão buscar nichos. Isso irá dos prédios habitacionais aos hotéis.”

Condomínios pet friendly estão entre as tendências que vão conquistar os consumidores Crédito: Banco de Imagens
Condomínios pet friendly estão entre as tendências que vão conquistar os consumidores
Crédito: Banco de Imagens

Para o presidente da Datastore, a forma de construir também sofrerá adequações com as mudanças que o mercado impõe. “São cada vez mais raros os terrenos com grandes dimensões. A tendência é que, a partir de 2025, os espaços para construir fiquem até 50% menores do que conhecemos atualmente. Isso vai exigir projetos inovadores e compactos da engenharia e da arquitetura”, ressalta. O estatístico destaca ainda que a Internet das Coisas, os novos modelos de mobilidade urbana e a sustentabilidade também terão destaque nos projetos. “Portarias que usam QR Code, prédios com sistemas de energia fotovoltaica e alças de embarque para carros de aplicativo são realidade em alguns edifícios e vão se popularizar”, completa.

Frequentemente requisitado para realizar pesquisas de tendência para o setor imobiliário, Marcus Araújo avalia que a adaptação às mudanças em curso vai criar uma “seleção natural” e apontar quem sobreviverá na cadeia de desenvolvimento de produtos imobiliários, incluindo incorporadoras, construtoras e imobiliárias. “O mercado, tradicionalmente, costuma redefinir marcas em períodos de 6 anos a 8 anos. Até 2025, vai sobreviver quem se adaptar às novas tendências”, diz. Para o estatístico, os desafios serão cada vez maiores para o setor. “Entre o período em que é formado até a entrega das chaves, um produto imobiliário leva, no mínimo, 5 anos. É tempo demais para a velocidade das mudanças comportamentais”, reforça.

Marcus Araújo salienta que as incorporadoras e as construtoras não podem mais pensar em um produto sem antes ter pesquisas bem consolidadas em mãos. “É necessário prever o movimento do mercado, usando ferramentas eficazes que antecipem o desejo do cliente. Como projetar um empreendimento em 2019, pensando em 2025? Isso se faz acompanhando as mudanças de comportamento. Um imóvel não fica imune a essas mudanças”, aconselha.

Entrevistado
Reportagem com base em palestra do estatístico Marcus Araújo, presidente da Datastore, em roadshow da ADEMI-PR (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Estado do Paraná), em 2 de abril de 2019
Contato: ademipr@ademipr.com.br