Construir é oferecer conforto, estética, tecnologia e durabilidade
O consumidor está cada vez mais informado sobre a moradia que pretende comprar. Consequentemente, mais exigente. O que ele busca no imóvel é que as construtoras atendam 4 requisitos: conforto térmico e acústico, estética na arquitetura, emprego de tecnologias que melhorem a forma de construir e a durabilidade da edificação. Para cumprir com essas exigências sem comprometer o custo, a solução está em industrializar o canteiro e estimular a integração entre arquitetura e engenharia na obra. É o que observa a engenheira civil Glécia Vieira, coordenadora de projetos na regional nordeste da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). Ela palestrou recentemente na Concrete Show 2019.
Em sua análise, o consumidor está muito mais bem informado do que se possa imaginar sobre Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) e tecnologias construtivas. Isso, destaca a engenheira civil, deve fazer parte da percepção das construtoras. Para Glécia Vieira, as empresas, enfim, estão voltando a se conectar com o usuário. “Antes do boom imobiliário no Brasil, o projeto tinha grande peso, mas não havia muita preocupação com o sistema construtivo que seria empregado, desde que ele atendesse ao projeto. Durante o boom imobiliário (2009 a 2013), sistemas que tivessem produtividade e economia dominaram. Foi neste período, por exemplo, que a tecnologia de paredes de concreto cresceu. No pós-boom imobiliário, desempenho, qualidade e projeto estão em destaque, o que é bom para o mercado e para o consumidor”, diz.
Tecnologias do concreto são importantes no novo modo de pensar a obra
Glécia Vieira relata que o elo entre arquitetura e engenharia foi restabelecido quando as construtoras passaram a usar programas de racionalização da obra. “Racionalizar é adotar boas práticas que aliem diminuição do emprego da mão de obra com o aumento da produtividade. Ela também está relacionada com reduzir custo e tempo da obra. É aqui que se dá o elo da integração entre engenharia e arquitetura. Isso também obriga trazer a cadeia de suprimentos para dentro do projeto, pois a especificação de produtos é que vai garantir qualidade. A solução é compatibilizar o projeto com as várias áreas envolvidas na obra. Isso leva a um produto melhor”, assegura.
Para a coordenadora de projetos na regional nordeste da ABCP, as tecnologias do concreto são importantes nesse novo modelo de pensar a obra. “No novo desenho, a arquitetura entende os apelos do usuário, especifica e faz o projeto. Já a engenharia vai buscar boas práticas de produção para reduzir prazo e custo”, explica. Neste cenário, a engenheira civil entende que sistemas como o de paredes de concreto ainda são muito competitivos. “As paredes de concreto permitem aumentar sensivelmente a produtividade, com tecnologia e durabilidade. Agregadas a outras técnicas, possibilitam também atingir conforto e estética”, completa.
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Integração: Arquitetura, Concreto e Engenharia”, da engenheira civil Glécia Vieira, coordenadora de projetos na regional nordeste da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), dentro da Concrete Show 2019
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Argamassa cimentícia garante desempenho ao concreto
A argamassa clássica, com areia, cimento, cal e água, não atende mais à construção civil moderna. As novas argamassas cimentícias priorizam o desempenho térmico e o desempenho acústico, a fim de que a obra atenda requisitos da ABNT NBR 15575 (Norma de Desempenho). São materiais que trocaram a aderência mecânica pela aderência química, com foco em sistemas industrializados à base de concreto, como alvenaria estrutural com blocos de cimento e paredes de concreto.
As novas argamassas cimentícias dispensam chapisco, emboço e reboco. Para fachadas externas, algumas usam minúsculos grãos de EPS (Poliestireno Expandido) ou vermiculita como agregados leves, o que melhora os fatores termoacústicos. Para revestimento interno, não é diferente. Já existem argamassas cimentícias para acabamento fino. São produtos que aderem ao concreto ou ao bloco pré-fabricado de cimento. Aplicados com camadas milimétricas ficam prontos para receber as demãos de tinta, após serem lixados.
Segundo o representante da ABAI (Associação Brasileira da Argamassa Industrializada), o engenheiro químico Marcelo Borba Guimarães, que palestrou na Concrete Show 2019, as vantagens dessas novas argamassas para fachadas externas e acabamento interno é que, além de atender a Norma de Desempenho, elas apresentam alta resistência à umidade. Em sua apresentação, ele ainda mostrou argamassas especiais, para o uso em grandes obras de infraestrutura.
Como as argamassas cimentícias com polímeros orgânicos, que permitem que elas se autorreparem. O produto usa o mesmo tipo de bactéria testada na Universidade Técnica de Delft, na Holanda, para a regeneração do concreto. “Essas bactérias geram carbonato e fecham as fissuras que venham a surgir na argamassa. Apesar de mais cara, sua aplicação diminuiria muito o custo de manutenção de viadutos e pontes, principalmente nas cidades”, avalia Marcelo Borba Guimarães.
Evolução das argamassas veio para atender à industrialização da construção civil
O engenheiro químico citou também argamassas com propriedades antichamas e anticorrosivas, assim como as que aprisionam elementos tóxicos e radioativos. “Em Fukushima (Japão), onde uma usina nuclear teve vazamento após ser atingida pelo tsunami, foi usada uma argamassa com gel polimérico para selar o vazamento, e com excelentes resultados”, revela.
Marcelo Borba Guimarães lembra ainda que a evolução das argamassas cimentícias vem para atender aos processos de industrialização da construção civil, aos novos sistemas construtivos e ao grande espectro de texturas que envolvem os novos materiais de construção. “Hoje se sabe que uma argamassa de fachada externa tem propriedades únicas, da mesma forma que as argamassas para revestimento e as argamassas para áreas úmidas, como os banheiros. Por isso, a aderência química revolucionou o setor de argamassas, o que garante cada vez mais durabilidade à obra”, relata.
O representante da ABAI concluiu sua palestra na Concrete Show 2019 com um alerta sobre quais devem ser características das novas argamassas. “Aderência melhorada, deformação melhorada e proteção contra a entrada da água. Essas são as três propriedades das novas argamassas para atender aos requisitos da construção civil moderna”, finaliza.
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Como ampliar o desempenho de argamassas cimentícias”, do engenheiro químico Marcelo Borba Guimarães, representante da ABAI (Associação Brasileira da Argamassa Industrializada), dentro da Concrete Show 2019
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Da escola até a obra, agregados merecem mais atenção
No 4º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções, evento que a Universidade Federal do Paraná (UFPR) promove anualmente, o professor-doutor Eduardo Pereira, da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), palestrou sobre o papel dos agregados na durabilidade do concreto de Cimento Portland. Mestre no assunto, ele alertou que, desde as primeiras aulas nas graduações de engenharia civil até a execução das obras, boa parte dos profissionais da construção civil dá pouca importância a esses materiais. “Dentro do contexto do concreto, a maioria vê o agregado apenas como material de enchimento, sem saber que ele pode ser o gerador de várias patologias”, diz.
O professor-doutor da UEPG começou questionando em sua palestra a importância dada aos estudos dos agregados nos cursos de graduação em engenharia civil. “Será que as disciplinas estão atualizadas sobre a importância desses materiais na qualidade do concreto? A avaliação é que não. Existe desatualização nas disciplinas e também na grade curricular. Em geral, as graduações dedicam de duas a quatro aulas para descrever sobre as propriedades físicas dos agregados”, ressalta. Eduardo Pereira destaca também que até a literatura passou a se preocupar com o assunto apenas recentemente. “Só a literatura atual, de pouco mais de 10 anos para cá, começou a dar importância ao agregado na mesma proporção dada ao cimento.”
Todo o conjunto de materiais usado na produção de concreto precisa ter importância similar
Para o professor-doutor, a mesma conclusão feita sobre o estudo dos agregados nas graduações de engenharia civil vale para a percepção do mercado sobre a qualidade desses materiais, e o impacto que eles causam na durabilidade do concreto com Cimento Portland. “A abordagem sobre agregados responde às necessidades do mercado? A percepção é que não. Cabe a nós, engenheiros civis, e demais profissionais envolvidos com a produção de concreto, estudar e compreender os agregados. Desde as características mineralógicas das rochas até a normalização. Tudo isso impacta no concreto usado nas obras. Por isso, precisamos evoluir esse conhecimento. Se pensar em durabilidade do concreto, todo o conjunto de materiais tem que ter importância similar”, alerta.
Eduardo Pereira entende que é preciso aprimorar a transferência de conhecimento científico para o mercado consumidor. “Existem engenheiros que passam a vida profissional trabalhando com agregados e, muitas vezes, não conhecem o material. Eu mesmo considerava o agregado como um material secundário. Com os estudos é que passei a dar protagonismo a eles. Isso se estende às patologias que podem desencadear. Um exemplo é que a maioria dos engenheiros de obras convencionais conhece muito pouco de RAA (reação álcali-agregado)”, destaca o professor da UEPG.
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Novas perspectivas sobre o papel dos agregados na durabilidade do concreto de Cimento Portland”, do professor-doutor da UEPG, Eduardo Pereira, dentro do 4º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções
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Pavimento de concreto para vias urbanas: a hora é agora
O Brasil é um dos países latino-americanos que menos usa o pavimento de concreto em suas rodovias e na malha urbana das cidades. Dentro do seminário internacional de pavimentação urbana em concreto, realizado no Concrete Show 2019, um grupo de especialistas procurou mostrar as vantagens do material e o quanto ele já é competitivo em relação ao asfalto. Ao fim dos 2 dias de debates e palestras, os que acompanharam o evento saíram com a sensação unânime de que a hora é agora para reverter o domínio do asfalto e passar a utilizar o concreto em vias urbanas.
Além de todas as vantagens ambientais do pavimento rígido - entre elas, a menor emissão de CO2 - o engenheiro civil Alexsander Maschio, gerente regional da ABCP Sul, revela as razões que tornam o concreto competitivo. “Tem duas variáveis que são muito importantes. A primeira é econômica. Hoje existe um cenário de elevação de preço do asfalto, principalmente de dois anos para cá. Estudo da CNT (Confederação Nacional dos Transportes) mostra que o custo do asfalto subiu mais de 100% desde 2017. Já o cimento tem mantido o preço estável, o que ajuda o pavimento rígido a se tornar competitivo em relação ao pavimento flexível”, diz.
A segunda variável, explica Alexsander Maschio, é que as metodologias novas permitem um pavimento urbano de concreto mais esbelto. “Em vez de espessuras muito grandes já se trabalha com espessuras menores, usando tecnologias consagradas em todo o mundo. Com isso, o custo inicial do pavimento rígido urbano torna-se de 15% a 30% mais barato que o asfalto.
No longo prazo, esse valor chega a mais de 50%, em alguns casos”, destaca.
Argentina tem tradição de quase 100 anos em pavimentação rígida
Em sua palestra sobre a experiência latino-americana em pavimentos urbanos de concreto, o presidente da Federación Iberoamericana del Hormigón Premezclado (FICEM), Diego Jaramillo Porto, citou que a Argentina, principalmente em Buenos Aires e nos municípios no entorno da cidade, é a que tem a maior quilometragem em pavimento rígido urbano do continente. A região usa a tecnologia em 51% de sua malha. Depois vem a Colômbia, com 30% de suas ruas e avenidas revestidas por concreto. No Brasil, a situação é inversa. “Curitiba, que é uma das capitais que mais usa pavimento rígido urbano, não chega nem a 2% da malha. Temos muito a crescer no país e as perspectivas são muito positivas”, cita Alexsander Maschio.
A Argentina conseguiu construir sua malha em pavimento rígido urbano ao longo de 60 anos, entre 1927 e 1987. “Nesse período os metros quadrados de pavimentação em concreto cresceram exponencialmente. Depois houve uma redução drástica, entre 1987 e 2017, mas agora o país volta a investir na tecnologia. Isso ocorreu com base em pesquisas de opinião pública, onde 80% dos usuários do pavimento rígido urbano disseram estar muito satisfeitos. Houve também investimento em corredores de BRT (Bus Rapid Transit), que em Buenos Aires é chamado de Metrobus. Foi o que fez o pavimento de concreto predominar em nossa região”, revela Diego Calo, coordenador do departamento técnico de pavimento do Instituto del Cemento Portland Argentino (ICPA).
Entrevistado
Reportagem com base nas palestras do seminário internacional de pavimentação urbana, promovido pela ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) e pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), dentro da Concrete Show.
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Aliada da sustentabilidade, alvenaria estrutural se renova
No auge do Minha Casa Minha Vida, a alvenaria estrutural com blocos de concreto serviu para impulsionar o programa. Milhares de unidades foram construídas com a tecnologia, porém com projetos e qualidade duvidosos dos artefatos. Atualmente, muitos dos conjuntos habitacionais viabilizados com alvenaria estrutural no início desta década apresentam patologias e também desencadeiam doenças em seus moradores, com paredes com fungos, baixo desempenho termoacústico e alergias respiratórias. Mas a boa engenharia tem se encarregado de salvar a reputação do sistema construtivo, aprimorando-o e tornando-o sustentável. É o que o especialista na tecnologia, Davidson Deana, mostrou no Concrete Show 2019.
Em sua palestra no evento “120 Ideias para os fortes da construção civil”, o engenheiro civil trouxe modelos internacionais de habitações de interesse social viabilizados com alvenaria estrutural, e com fortes vínculos com a construção sustentável. São os casos da Via Verde, no Bronx, em Nova York; do Hannibal Road Gardens, na Inglaterra; do Fillmore Park, em São Francisco, na Califórnia, e de projetos com as mesmas características viabilizados na Eslováquia, no Chile e no México. “A alvenaria estrutural ainda é competitiva. Chega aonde outras tecnologias não chegam e permite industrializar o canteiro de obras. Agora, com uma pegada mais sustentável, torna-se ainda mais competitiva”, afirma.
Alvenaria estrutural agrega elementos que ajudam a preservar a saúde dos moradores
Davidson Daena relata que as edificações viabilizadas fora do Brasil passaram a integrar a alvenaria estrutural com elementos como teto verde e áreas de convivência, pensando na saúde das pessoas e em evitar doenças psicossociais. “A alvenaria estrutural bem construída tem o poder de diminuir a fila no posto de saúde”, cita o engenheiro, usando o Via Verde como exemplo. O sul do Bronx, onde está localizada a edificação, possui altas taxas de doenças pulmonares e obesidade. Os blocos habitacionais foram concebidos para que os moradores convivam com pomares, hortas e áreas verdes. Além disso, janelas e brises foram projetados para aproveitar ao máximo a luz e a ventilação naturais. O mesmo conceito inspira outras obras com as mesmas características em outros países.
Deana cita que no Brasil o projeto Arquiteto da Família está atuando em Niterói-RJ para recuperar prédios construídos com alvenaria estrutural que desenvolveram patologias, e que passaram a afetar a saúde dos moradores. Além disso, ele avalia que a indústria de artefatos de cimento melhorou sensivelmente a qualidade dos produtos ao investir em equipamentos mais adequados e na padronização. “Atualmente, as dimensões dos blocos são respeitadas e todos saem da fábrica com números de lote, o que facilita o controle de qualidade. Agora, faltam os projetos de construção sustentável com alvenaria estrutural para que também tenhamos habitações de interesse social como as que vemos fora do país”, finaliza.
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Alvenaria Estrutural Industrializada - modelos de produção”, do engenheiro civil Davidson Daena, dentro da Concrete Show 2019.
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Dizer que industrializar obra gera desemprego é mito
Um grupo de jovens empresários da construção civil reuniu-se no Concrete Show 2019 para apresentar práticas bem-sucedidas de industrialização no canteiro de obras. No seminário intitulado “A industrialização da construção civil: integração da indústria com a construtora”, eles mostraram o quanto é possível ganhar em produtividade e qualidade quando os projetos de engenharia e arquitetônico atuam integrados com o fabricante que irá fornecer materiais para a obra. Segundo os palestrantes, o elo entre quem projeta, constrói e fornece produtos possibilita industrializar o canteiro sem gerar desemprego.
Para o arquiteto Luiz Antônio Oliveira Rosa, que atua em Anápolis-GO, é mito dizer que industrializar o canteiro de obras é dispensar trabalhadores. “Pelo contrário, é eficiência. É mudar as pessoas de posicionamento dentro da cadeia de produção. Mas para que isso ocorra é preciso especializar a mão de obra e mostrar para ela como se trabalha com determinado produto, de acordo com os parâmetros das normas técnicas e as recomendações dos fabricantes. Para se ter mão de obra especializada não tem outro caminho: é treinamento, treinamento e treinamento, com baixa taxa de rotatividade no canteiro de obras”, afirma.
O arquiteto enumerou os desafios que boa parte dos que buscam industrializar seus canteiros de obras encontram no Brasil. Os principais são burocracia, carga tributária e questões culturais. “Mais de 80% das construções no país não usam engenheiros civis nem arquitetos. Mas estamos conseguindo reverter isso. De que forma? Mostrando que mão de obra especializada é menos força no canteiro de obras e mais motivação. Que é possível estreitar o relacionamento entre quem projeta e quem fabrica. Que o fabricante vende solução, e que, portanto, o produto dele pode ser bom para a obra”, diz.
Produtos do fabricante devem estar adequados com a ABNT NBR 15575 e demais normas técnicas
Resumidamente, Luiz Antônio Oliveira Rosa destaca que o conceito de engenharia e de arquitetura precisa estar integrado com os produtos do fabricante, os quais, consequentemente, devem estar adequados com a ABNT NBR 15575 (Norma de Desempenho) e demais normas técnicas. Para o arquiteto, a escolha de materiais com qualidade evita problemas de pós-obra e ajuda a construtora a cumprir suas 5 metas quando empreende um projeto, que é atender custo, prazo, estética, mercado e qualidade. “No entanto, já houve casos de construtoras que procuraram atingir estas metas fabricando, elas mesmas, blocos de concreto no canteiro de obras. Óbvio que não funcionou, pois ou a empresa é construtora ou é fabricante”, ressalta.
O recomendável, atesta, é que a opção seja por fabricantes credenciados por organismos como a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), no caso dos artefatos de cimento, e outros, quando envolvem materiais diferentes. São produtos chancelados por selos de qualidade, que no caso da ABCP é pioneiro na construção civil brasileira. Os fundamentos para a certificação nasceram em 1978, quando a indústria de cimento foi o primeiro segmento a obter a marca de conformidade da ABNT, criando as bases para os processos de industrialização nos canteiros de obras.
Entrevistado
Reportagem com base em palestra apresentada no seminário “A industrialização da construção civil: integração da indústria com a construtora”, dentro do Concrete Show 2019
Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Saiba como prosperar no mercado de artefatos de cimento
Até 2012, os fabricantes de artefatos de cimento não precisavam se preocupar com estratégias de mercado. Quem fabricava só bloco de concreto vendia, quem fabricava só bloco intertravado vendia. No entanto, explica o consultor Filipe Honorato, da Ethos Solutions, o mundo mudou. “Até 2012 havia um mercado artificial, impulsionado pelo Minha Casa Minha Vida, pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e pela entrada das grandes construtoras no mercado de capitais. Tudo o que era produzido vendia, não importando preço nem qualidade. Então, o fabricante que fazia bloco vendia, o que fazia paver vendia. Hoje isso não é mais assim. Fabricantes que sobreviveram e prosperaram são os que diversificaram seus portfólios. Não dá mais para falar: eu produzo bloco, eu produzo paver. É necessário ter em mente as necessidades do mercado, e dizer: eu faço esse produto de que você está precisando”, diz Honorato, em palestra no Concrete Show 2019.
Economista de formação, o consultor estuda o mercado de artefatos de cimento há 20 anos. Segundo ele, o que está impulsionando o setor é a estética. “Hoje, o mercado de produtos com estética cresce 5% ao ano. Ou seja, avança o mercado de artefatos que compete com porcelanatos e hidrossanitários, e que tem designer. Muitos não vêm mais expor aqui na Concrete Show. Estão indo para a Expo Revestir”, relata Filipe Honorato. Ele lembra ainda que estão bem posicionados no mercado os que estabeleceram parcerias com as construtoras locais, com os varejistas de bairro e com as lojas especializadas. “As construtoras locais, que atendem o mercado de uma só cidade, são responsáveis por 75% das obras residenciais no Brasil. Da mesma forma, levar os produtos para o lojista de bairro muitas vezes é mais relevante do que querer expor o produto em uma grande rede de home center. Assim como atingir as lojas especializadas. O brasileiro está cada vez mais atraído por nichos”, destaca.
Adequação dos fabricantes aos processos de industrialização é vital
Outra observação de Filipe Honorato é sobre a adequação dos fabricantes de artefatos de cimento aos processos de industrialização. Tanto na forma de produzir seus produtos quanto no atendimento às necessidades da construtora. “A industrialização do canteiro de obras no Brasil é um caminho sem volta. Hoje, ela representa 28% do que é construído no país, mas vai crescer. Na Itália, já atinge 89% e nos Estados Unidos 98%. É um processo global. Então, o fabricante precisa fazer parte do processo industrial. Isso inclui produzir artefatos pensando em projetos de BIM. É preciso conceber sob o ponto de vista arquitetônico, e não mais pensando apenas na engenharia bruta”, exemplifica o consultor, ressaltando que, obviamente, uma fábrica de artefatos atualmente requer mais investimentos. “Em 2007, quando muitos começaram, investia-se quase o valor de uma bicicleta para iniciar. Hoje, uma fábrica de artefatos não começa se não tiver capital equivalente ao de uma cobertura de prédio de luxo”, finaliza.
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Como a indústria de artefatos tem inovado para conquistar o consumidor”, do economista e consultor sobre artefatos de cimento, Filipe Honorato, dentro da Concrete Show 2019
Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Comprovado: pavimento de concreto emite menos CO2
O Banco Mundial aponta que existem quase 45 milhões de quilômetros de rodovias pavimentadas no planeta - a maioria em asfalto. Isso levou o Centro de Sustentabilidade do Concreto do MIT (do inglês, Concrete Sustainability Hub [CSHub]) a medir o impacto ambiental causado pelo tráfego constante dos veículos sobre as estradas. A conclusão do trabalho no Massachusetts Institute of Technology (MIT) revela porque o pavimento de concreto é mais amigo do meio ambiente em comparação ao asfalto.
O estudo, publicado no Journal of Cleaner Production, constatou que, no asfalto, o efeito chamado de interação pavimento-veículo libera maior volume de CO2 na atmosfera. Outra observação é que a deflexão do asfalto leva os veículos a consumirem mais combustível. “A qualidade do pavimento impacta no desempenho dos veículos e na capacidade de economizarem combustível, ou seja, ao longo de seu ciclo de vida o pavimento influencia para uma pegada maior ou menor de carbono”, deduz o estudo.
O relatório do CSHub ainda faz a seguinte análise: “Ao estudar todas as etapas da vida de uma estrada, usando uma técnica chamada de avaliação do ciclo de vida do pavimento, fica claro que o impacto ambiental de um pavimento não termina com a construção. De fato, há emissões significativas associadas ao asfalto durante sua vida operacional, em comparação ao concreto”. A pesquisa ressalta que as maiores diferenças entre o pavimento flexível e o rígido se dão quando os caminhões estão nas rodovias.
Jeremy Gregory, diretor-executivo do CSHub, e coordenador da pesquisa, faz a seguinte observação, após analisar o fator denominado Interação Pavimento-Veículo (do inglês, Pavement-Vehicle Interaction [PVI]): “Quanto mais áspero é o pavimento, mais dissipação de energia existe no sistema de amortecedores de um veículo, que tende a consumir mais combustível para superar essa dissipação adicional de energia. O segundo aspecto do PVI é a deflexão, que tem a ver com veículos muito pesados, principalmente caminhões. O peso de um caminhão faz um pequeno entalhe no pavimento flexível, de modo que o veículo está sempre subindo um morro muito raso. Assim como a rugosidade, a deflexão também causa o consumo excessivo de combustível. Já no pavimento rígido isso é bastante minimizado.”
Em regiões mais quentes, rodovias com pavimento flexível deformam mais
O diretor-executivo do CSHub destaca que, principalmente no fator deflexão, o concreto mostrou-se muito superior ao asfalto nas aferições realizadas no estudo. Outro capítulo da pesquisa também demonstra que o clima afeta a pegada ambiental da fase de uso de um pavimento. Em regiões com temperaturas médias mais altas, as rodovias construídas com materiais à base de petróleo se deformam mais facilmente, o que aumenta a suscetibilidade à deflexão. Por sua vez, caminhões que dirigem nesses pavimentos em climas quentes têm maior consumo de combustível, relata o documento do CSHub.
O Centro de Sustentabilidade do Concreto do MIT analisou pavimentos em quatro estados dos Estados Unidos, com diferentes climas: Missouri, Arizona, Colorado e Flórida. Dentro de cada zona climática, foram estudados diferentes níveis de tráfego. A pesquisa concluiu que nas estradas avaliadas a economia de combustível seria de 3,8 bilhões de litros em 5 anos, caso houvesse somente pavimento de concreto, em vez de pavimento de asfalto.
Entrevistado
Reportagem com base no estudo do Concrete Sustainability Hub (CSHub) do Massachusetts Institute of Technology (MIT)
Contato: cshub@mit.edu
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Indústria de cimento dá salto ambiental em 40 anos
Criada em 2016, a World Cement Association (WCA) é a primeira organização que trabalha globalmente para representar a indústria de cimento. Com 66 membros em 35 países, os quais têm mais de 1 bilhão de toneladas de capacidade anual de produção, a WCA publicou em seu mais recente relatório os avanços ambientais e sustentáveis que a indústria cimenteira obteve em 40 anos.
Song Zhiping, presidente da WCA, destaca 9 conquistas do setor de cimento. Entre elas:
1. Redução na emissão de poluentes a 1/5 do que era entre o final dos anos 1970 e começo dos anos 1980.
2. Consumo de energia do processo de produção caiu 30%, em média.
3. Busca de soluções cada vez mais sustentáveis para a produção de clínquer.
4. Adoção da economia circular no uso de matérias-primas e combustíveis.
5. Coprocessamento de resíduos sólidos urbanos nos fornos de cimento.
6. Troca de combustíveis fósseis por energia limpa na produção de cimento, inclusive com adoção de energia solar e energia eólica.
7. Construção de "pedreiras verdes".
8. Busca de cimentos com mais qualidade e que garantem maior durabilidade ao concreto.
9. Práticas de segurança e saúde nas indústrias.
Para o presidente da WCA, esse é um caminho sem volta, e que tende a ser cada vez mais aperfeiçoado. “Atualmente, a indústria mundial de cimento está enfrentando desafios de mercado, de capital, de tecnologia e de proteção ambiental, entre outros aspectos. Mas, por outro lado, a indústria está mais consciente e engajada na transição para uma economia de baixo carbono e circular, respondendo ativamente às responsabilidades sociais e desafios ambientais, alcançando o desenvolvimento sustentável e realizando a integração da economia com a natureza”, afirma.
Desafios que ainda precisam ser alcançados e superados
Para que a indústria de cimento avance mais em seus compromissos com a sustentabilidade, Song Zhiping avalia ser necessário superar quatro obstáculos:
1. Interagir com as novas tecnologias e inovações
“A indústria de cimento mundial não compartilha das novas tecnologias, dos equipamentos e dos modelos de negócio como deveria. Através de conferências temos como melhorar a troca de conhecimento e aumentar a inovação.”
2. Apoio político
“O grau de ênfase na proteção ambiental e o rigor das políticas determinarão diretamente a motivação das empresas na conservação de energia, redução de emissões e desenvolvimento sustentável. No caso da indústria do cimento é importante mostrar as ações que estão em curso e fortalecer o diálogo com os governos, na busca de apoio político para atingir as metas propostas.”
3. Uso do cimento fora da fábrica
“A indústria de cimento adota equipamentos para a captura e armazenamento de carbono, mede suas emissões, mas o cimento muitas vezes é mal utilizado pela indústria da construção civil. Ainda há muito desperdício de material, produção de concreto com baixa qualidade, erros no armazenamento e na destinação das embalagens, o que acaba comprometendo os esforços das cimenteiras.”
4. Marketing da sustentabilidade
“A indústria do cimento é uma das mais preocupadas com a captura de CO2 em seus processos industriais. No entanto, pouco divulga suas ações. Temos esse desafio no marketing, nas vendas e na promoção de nossos produtos sustentáveis.”
Entrevistado
World Cement Association (WCA) (via assessorial de imprensa)
Contato: info@worldcementassociation.org
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Compra online de imóvel está próxima, diz pesquisa
Comprar online já é realidade para uma série de produtos. Segundo a pesquisa “Comportamento do consumidor de imóveis em 2040”, realizada pelo Deloitte, a pedido da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), adquirir um imóvel 100% pela internet está cada vez mais perto de se tornar realidade. O levantamento apurou que as plataformas de venda tendem a absorver a Inteligência Artificial em seus processos de automação, tornando-se mais confiáveis e menos burocráticas.
De acordo com a pesquisa, em 2040 mais de 50% dos consumidores poderão abrir mão do corretor e do consultor no processo de compra dos imóveis e 40% das compras de residência poderão ser realizadas integralmente pela internet. As projeções são de que os sites e plataformas digitais deverão oferecer ao consumidor possibilidade maior de informações, além de facilitar comparações entre as escolhas, como vídeos do imóvel, do condomínio e da região, bem como indicadores sociais, como o de violência, além de oferta de serviços, como hospitais e escolas próximos ao imóvel.
Para o economista-chefe da Deloitte, e coordenador do estudo, Giovanni Cordeiro, a sociedade está cada vez mais em busca de comodidades e facilidades para consumir. Para ele, o mercado imobiliário deve seguir essa tendência. “A perspectiva é de que, em 2040, em uma sociedade mais plural e dinâmica, o foco será a busca de comodidade e facilidade no dia a dia do consumidor. Para isso, serão necessárias soluções mais personalizáveis, customizáveis, flexíveis e adaptáveis. Tudo isso, sem esquecer a sensibilidade do consumidor aos preços”, afirma.
Junto com a tecnologia, ética será cada vez mais valorizada no mercado imobiliário
A pesquisa também revela que a ética nos negócios será cada vez mais valorizada no mercado imobiliário. O motivo: análise de crédito, verificação de documentos e fechamento de contratos são alguns processos que devem passar do presencial para o digital nos próximos anos. Isso vai exigir plataformas virtuais que trabalhem com mais informações, e, consequentemente, forneçam mais segurança e credibilidade - tanto de quem compra quanto de quem vende.
O levantamento da Deloitte mostra o que o futuro comprador da era digital vai descartar na hora de fechar o negócio para adquirir um imóvel: 1. Burocracia para obter o financiamento; 2. Falta de transparência no “processo de compra”, e 3. Imagem negativa da construtora/incorporadora. Para chegar a essas projeções, a Deloitte compilou estudos nacionais e internacionais e também entrevistou 1.300 brasileiros, tanto das gerações mais velhas (baby boomers e geração X) como das mais jovens: Y e Z.
Na cidade de São Paulo-SP, para iniciar essa transição, o Secovi-SP promove a aproximação entre as empresas tradicionais do mercado imobiliário com as startups. “Mais do que nunca, é preciso transformar nossos negócios em imobiliárias digitais”, afirma Nelson Parisi Júnior, presidente da Rede Imobiliária Secovi. Na capital paulista, na área de locação, atualmente já é possível reduzir de quatro para um dia o processo que vai da demonstração do imóvel ao fechamento do negócio. A meta, agora, é diminuir o prazo para a compra e venda de unidades.
Confira detalhes da pesquisa, clique aqui.
Entrevistado
Reportagem com base nos dados divulgados pela pesquisa “Comportamento do consumidor de imóveis em 2040”, realizada pela Deloitte, a pedido da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias)
Contatos
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