Reação Álcali-Agregado: 60% das obras não previnem patologia

Engenheiro-laboratorista Rafael Holanda: doença que afeta as estruturas de concreto não tem cura. Uma vez instalada, ela só pode ser mitigada Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Engenheiro-laboratorista Raphael Holanda: doença que afeta as estruturas de concreto não tem cura. Uma vez instalada, ela só pode ser mitigada
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Um dado preocupante foi apresentado na Concrete Show 2019: 60% das obras viabilizadas no Brasil não realizam testes de laboratório para se prevenir contra uma das patologias mais agressivas para as estruturas de concreto: a Reação Álcali-Agregado (RAA). Pior: cresce o volume de estruturas jovens, com idade entre 5 anos e 10 anos, que já manifestam a patologia. O alerta foi dado pelo engenheiro-laboratorista Raphael Holanda em palestra no evento.

Durante a palestra “A Reatividade Álcali-Agregado (RAA): o câncer do concreto”, o engenheiro destacou que cada 1 real investido em ensaios para prevenir RAA gera uma economia de 125 reais, caso a patologia se desencadeie em uma obra. “Uma bateria de ensaios para RAA está na faixa de 6 mil reais. Se fizermos a conta, dá para ver o quanto a ausência de um teste desse tipo vai custar para a construtora, se a patologia se manifestar”, avalia Raphael Holanda.

O engenheiro-laboratorista também chamou a atenção para o grande número de construtores que desconhecem a patologia. “O mesmo percentual dos que não realizam testes de laboratório é semelhante aos que não têm conhecimento aprofundado da RAA, que são 60%”, diz. Para esses, Raphael Holanda recomenda ver a norma ABNT NBR 15577 - Reatividade álcali-agregado. “A norma foi subdividida em 7 partes e contempla todas as informações necessárias para o correto estudo da RAA”, alerta. 

Outra recomendação dada pelo palestrante é o livro “Guia de prevenção da RAA”, que foi coordenado pelo diretor do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto), Cláudio Sbrighi Neto, e reúne vários estudos sobre Reação Álcali-Agregado. A publicação suscitou a realização de um workshop, em julho de 2019, promovido pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), pelo IBRACON e pela ABCP (Associação Brasileira de Concreto Portland), e que reuniu 120 profissionais com atuação na área de construção civil. O objetivo do evento foi disseminar conhecimento sobre a patologia. 

Cimento CP IV-32 RS é o mais recomendado para mitigar RAA 

Reação Álcali-Agregado em barragem: obra é uma das mais atingidas pela patologia Crédito: Selmo Chapira Kuperman
Reação Álcali-Agregado em barragem: obra é uma das mais atingidas pela patologia
Crédito: Selmo Chapira Kuperman

A Reação Álcali-Agregado (RAA) é uma reação físico-química que pode provocar a deterioração das estruturas de concreto sob determinadas condições de exposição. A patologia ocorre a partir da combinação de 3 fatores: álcalis (hidróxidos alcalinos), agregado reativo e presença constante de umidade. A RAA causa a expansão de uma substância gelatinosa pelos poros do concreto, levando à ruptura gradual da estrutura. 

No Brasil, os primeiros casos foram detectados nos anos 1970. A prevenção, ensina o Guia, tem 5 passos: classificar a estrutura, determinar o grau de reatividade do agregado, cruzar a informação com as dimensões da estrutura e seu grau de exposição, estabelecer a intensidade da medida preventiva e escolher as opções de mitigação em função dessa intensidade. 

Entre os tipos de cimento, o mais recomendado para mitigar RAA é o CP IV-32 RS. O Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos tem baixo calor de hidratação, o que o torna bastante recomendável na concretagem de grandes volumes e sob temperaturas elevadas. O teor de pozolana reduz os riscos gerados por agregados reativos e ambientes de ataque ácido. É altamente eficiente em argamassas de assentamento e revestimento (com adequada redução do efeito de eflorescência), e em concreto magro, concreto armado, concreto para pavimentos e solo-cimento.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “A Reatividade Álcali-Agregado (RAA): o câncer do concreto”, do engenheiro-laboratorista Raphael Holanda, na Concrete Show 2019.

Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Mario Franco, o decano da engenharia estrutural brasileira

Mario Franco, em palestra em 2012, na ABECE: referência mundial na engenharia de cálculos de estruturas de concreto Crédito: ABECE
Mario Franco, em palestra em 2012, na ABECE: referência mundial na engenharia de cálculos de estruturas de concreto
Crédito: ABECE

A engenharia estrutural brasileira está de luto. Morreu dia 4 de setembro de 2019, aos 90 anos, o engenheiro civil Mario Franco. Nascido em Livorno-Itália, em 1929, ele viabilizou mais de 2 mil projetos com seus cálculos precisos. Também ajudou a formar gerações de engenheiros e arquitetos no período em que deu aulas na Universidade de São Paulo (USP), entre 1971 e 1998. Franco lecionou no departamento de engenharia de estruturas e fundações da Poli e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Seu escritório, o KPMF - fundado em 1952, junto com o também engenheiro estrutural Julio Kassoy, que morreu em 2016, aos 93 anos - assina obras icônicas, principalmente na cidade de São Paulo. Entre elas, o Othon Palace Hotel, o Palácio das Convenções do Anhembi, o CENU (Centro Empresarial Nações Unidas), o Hotel Unique, o edifício Rochaverá, o Instituto Tomie Ohtake  e, mais recentemente, o Pátio Victor Malzoni e o complexo comercial e hoteleiro Cidade Matarazzo , ainda em construção na capital paulista.

O Cidade Matarazzo tornou-se mundialmente conhecido por preservar a capela Santa Luzia, construída em 1922 e tombada pelo patrimônio histórico do estado de São Paulo. Foi Mario Franco quem teve a ideia de sustentá-la sobre pilares independentes, o que permitiu a escavação do terreno sem afetar a antiga construção. Primeiro, a capela foi assentada sobre uma laje de concreto e depois sustentada por 8 pilares, cada um com 31 metros de altura e mais 23 metros encravados no solo. Cada pilar tem 1 metro de diâmetro e recebeu 54 m3 de concreto.

Engenheiro viveu todas as fases da engenharia estrutural: da régua de cálculo ao BIM

Mario Franco também assina vários projetos que contribuíram para a infraestrutura da cidade de São Paulo, como pontes e viadutos. Em 2003, a ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) concedeu a ele o título de “associado honorário”, pelo reconhecimento aos relevantes serviços prestados à engenharia estrutural brasileira. O IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) também agraciou Mario Franco com o prêmio “Emilio Baumgart”.

Além da matemática, o concreto era a matéria-prima de Mario Franco. Ele foi um dos primeiros engenheiros estruturais do mundo a projetar edifícios esbeltos, quando a principal ferramenta dos projetistas era a régua de cálculo. Em palestra concedida em 2012, Franco relatou a evolução dos equipamentos que permitiram o aprimoramento dos cálculos e, consequentemente, projetar edifícios com mais precisão, robustez e arrojo arquitetônico. “Com a chegada do computador, e de softwares como o BIM, vivemos uma época gloriosa para os calculistas”, disse, na época, o decano da engenharia estrutural brasileira.  

Entrevistado
Reportagem com base na biografia do engenheiro estrutural Mario Franco

Contato: jkmf@jkmf.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Curitiba se destaca em obras com selo Zero Energy

Sede da Petinelli Engenharia, em Curitiba: 90 m² de painéis fotovoltaicos geram 223 MWh e fazem edificação ser autossuficiente em energia Crédito: Lex Kozlik
Sede da Petinelli Engenharia, em Curitiba: 90 m² de painéis fotovoltaicos geram 223 MWh e fazem edificação ser autossuficiente em energia
Crédito: Lex Kozlik

O USGBC (United States Green Building Council), organismo que avalia os empreendimentos ambientalmente sustentáveis em todo o mundo, concedeu o selo LEED Zero Energy Building para a sede da Petinelli Engenharia, em Curitiba. A chancela atesta que a edificação é autossuficiente ao produzir toda a energia elétrica que consome ao longo de sua operação anual. Com o reconhecimento, a capital paranaense se destaca como a cidade brasileira com mais construções certificadas como autossuficientes no país.

São quatro as obras em Curitiba que asseguraram o selo Zero Energy Building. Além da Petinelli Engenharia, a RAC Engenharia, o escritório De Paola & Panasolo Sociedade de Advogados e a Residência M&L. Essa liderança é destacada pelo CEO do USGBC, Mahesh Ramanujam. “Com mais essa chancela, Curitiba serve como modelo global. Os projetos LEED Zero estão contribuindo para reconfigurar o futuro e aprimorar a saúde e o bem-estar”, comenta.

O conceito de edificações energia zero vai além da instalação de painéis fotovoltaicos. É preciso preparar o edifício para que ele tenha desempenho térmico. Isso inclui posicionamento em relação à insolação e ao sombreamento, dimensionamento das janelas e um sistema eficiente de iluminação, climatização e ventilação - todos adequados ao volume de energia que o empreendimento vai gerar. O objetivo é que a construção faça uso zero da energia elétrica fornecida pela operadora local e, se possível, ganhe créditos ao devolver o excedente do que produz para a rede elétrica de sua região.

Para obter o selo Zero Energy Building, edificação é monitorada durante 12 meses

Para obter o selo Zero Energy Building, a edificação é monitorada durante 12 meses. Neste período, precisa comprovar o quanto ela produz de energia e o quanto consome. Se esse número ficar zerado, ou se a produção for maior, considera-se que a construção atende aos requisitos da certificação. “Dificilmente viabiliza-se um projeto de edifício zero energia sem que a edificação adote sistemas e materiais eficazes para a redução do consumo de energia”, explica o professor-doutor da Poli-USP, Alberto Hernandez Neto.

No caso da mais recente edificação de Curitiba a obter a certificação Zero Energy Building, o que houve foi a transformação de um antigo barracão industrial da década de 1980 em uma edificação autossuficiente em consumo de energia. O processo levou três anos e o investimento chegou a 60 mil reais. A expectativa da Petinelli Engenharia é que o custo se pague em, no máximo, 5 anos.

O retrofit envolveu as seguintes ações: isolamento térmico do telhado; troca de janelas para melhorar a estanqueidade e evitar a troca de calor; instalação de 90 m² de painéis fotovoltaicos que garantem geração anual de 223 MWh de energia; sistema de iluminação e de ar-condicionado com sensores de presença, e eliminação de servidores e a troca de desktops por notebooks nas áreas de trabalho.

Entrevistado
USGBC (United States Green Building Council (via assessorial de comunicação)

Contato: info@usgbc.org

 Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Nova ABNT NBR 6120 se adapta à vida moderna

João Alberto Vendramini: mudança no estilo de vida dos brasileiros influenciou a norma Crédito: Fernando Alvim
João Alberto Vendramini: mudança no estilo de vida dos brasileiros influenciou a norma
Crédito: Fernando Alvim

Em processo de revisão desde 2014, a ABNT NBR 6120 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações - concluiu o processo de consulta pública e aguarda sua publicação até o fim de 2019. Segundo o coordenador da nova norma técnica, o engenheiro civil João Alberto Vendramini, uma das atualizações mais importantes está no fato de que a nova ABNT NBR 6120 se adapta à vida moderna dos brasileiros

Por exemplo, as cargas exercidas pelo maior volume de eletrodomésticos dentro das residências, assim como móveis planejados, varandas gourmet e carros blindados, foram levadas em consideração na revisão da norma. “A mudança no estilo de vida dos brasileiros influenciou a norma”, diz Vendramini. O novo texto também considera as novas tecnologias construtivas, assim como os novos materiais de construção

Antes do processo de revisão, o texto da ABNT NBR 6120 continha 5 páginas e havia sido elaborado entre 1978 e 1980. A publicação da norma, como era conhecida até então, aconteceu em novembro de 1980 - portanto, com 39 anos de defasagem. Agora, o texto que entrará em vigor conta com mais de 60 páginas e terá uma nova nomenclatura. A nova norma irá se chamar “ABNT NBR 6120 - Ações para o cálculo de estruturas de edificações”.

Em palestra recente no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro-RJ, João Alberto Vendramini, que também exerce o cargo de presidente da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), disse que uma das virtudes da norma revisada é que ela leva em consideração as ações variáveis. Ou seja, reconhece que determinadas construções não estão expostas à mesma carga o tempo todo. São os casos de aeroportos, shopping centers, estádios e outras estruturas. “Em determinadas situações, esses espaços estarão vazios e, em outras, com carga de multidão. Saber projetar uma obra com carga variável é um grande mérito”, destaca Vendramini.

Norma está ancorada em outras normas e em vasta pesquisa sobre o estudo de cargas

Há um ano, no Instituto de Engenharia, em São Paulo-SP, o coordenador da norma também palestrou sobre as alterações na norma. Ele lembrou que a ABNT NBR 6120 agora possui um histórico de referências, o que facilitará o trabalho para novas revisões, e também define critérios mais específicos para determinados tipos de obras, como edifícios-garagem, edificações industriais e helipontos. “As cargas exercidas pelos vários tipos de veículos que trafegam no país, assim como as cargas dos vários produtos estocados em galpões logísticos e das aeronaves que pousam nos helipontos, agora possuem tabelas que influenciam nos projetos estruturais dessas obras”, ressalta.  

O mesmo vale para casas de máquinas de instalações industriais. Segundo o coordenador da norma, a comissão de estudos considerou um bom número de variáveis para definir as tabelas de cargas, inclusive levando em consideração outras normas brasileiras e normas internacionais. João Alberto Vendramini frisa que todas as pesquisas possuem registros, a fim de que se comprovem os parâmetros escritos na nova ABNT NBR 6120. “A revisão da norma contou com várias referências e contribuições de um bom número de profissionais, o que a torna bem mais abrangente”, conclui.

Veja palestra do engenheiro civil João Alberto Vendramini sobre a revisão da ABNT NBR 6120
https://www.institutodeengenharia.org.br/site/tv-engenharia/?cod_canal=3511

Entrevistado
Reportagem com base em palestras do engenheiro civil e coordenador da ABNT NBR 6120 - Ações para o cálculo de estruturas de edificações, João Alberto Vendramini, no Clube de Engenharia e no Instituto de Engenharia

Contato: abece@abece.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


IPCA passa a indexar financiamento imobiliário

Escassez de recursos faz governo federal liberar verba a conta-gotas para o Minha Casa Minha Vida Crédito: Agência Brasil
Escassez de recursos faz governo federal liberar verba a conta-gotas para o Minha Casa Minha Vida
Crédito: Agência Brasil

Recentes medidas do governo federal para o crédito imobiliário mostram a predisposição de atrair os bancos privados e o mercado de capitais para o setor de construção habitacional que, historicamente, sempre foi subsidiado por recursos públicos. A decisão que mais evidencia essa tendência é a que passa a oferecer crédito imobiliário corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o qual é usado para medir a taxa de inflação oficial do país. A mudança substitui a TR (Taxa Referencial) por um indexador mais atraente e capaz de estimular outros agentes financeiros a competirem com a Caixa Econômica Federal. O banco público responde atualmente por 70% dos financiamentos imobiliários no Brasil.

A nova linha traz taxa anual de 4,95% do valor financiado, mais a correção mensal da inflação, conforme o IPCA. Já a linha de financiamento tradicionalmente usada adota a correção da TR (0% atualmente) mais 9,75% ao ano do valor financiado. O modelo inédito já está disponível e terá prazo máximo de financiamento de 360 meses. O cliente poderá usar o FGTS e financiar até 80% do preço do imóvel, desde que não ultrapasse 1,5 milhão de reais. Significa que precisará ter pelo menos 20% do valor para dar de entrada. Para o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, a alternativa representa um avanço. “É uma redução do custo do crédito”, avalia.

Segundo Guimarães, o valor da prestação do financiamento imobiliário será reduzido sensivelmente. “Um imóvel de 300 mil reais, que hoje a pessoa começa pagando 3 mil reais de prestação, com a taxa de 4,95% baixará de R$ 3.168,00 para cerca de 2 mil reais”, diz. Porém, caso o mutuário não queira financiar com base no IPCA, temendo um aumento da inflação futura, ele poderá optar pela linha tradicional, ou seja, usando a TR como indexador. Para especialistas do mercado financeiro, a nova modalidade é interessante apenas se o objetivo do comprador for quitar a dívida em um prazo máximo de 10 anos. No caso de financiamentos longos, a tendência é que a operação fique mais cara se for usado o IPCA.

Para o Minha Casa Minha Vida, governo estuda novas medidas 

O governo federal também estuda alternativas para o Minha Casa Minha Vida, a fim de diminuir a dependência do programa de recursos do FGTS e da caderneta de poupança. Segundo recente reportagem do jornal Valor Econômico, uma delas seria a extinção de financiamento para as faixas 1 e 1,5, substituindo por uma modalidade chamada provisoriamente de “aluguel social”. No entender da equipe econômica, isso reduziria a inadimplência e permitiria que as famílias de baixa renda quitassem suas dívidas, tornando-se donas do imóvel apenas após um período de pagamento de “aluguel social”. 

Enquanto soluções definitivas não são anunciadas, paliativamente o ministério da Economia repassou ao ministério do Desenvolvimento Regional 443 milhões de reais para serem investidos no Minha Casa Minha Vida. A medida busca dar fôlego às construtoras que atuam no programa e já estavam sem recursos ou crédito para quitar os compromissos assumidos. Os atrasos de mais de 60 dias impactam cerca de 600 empresas em todo o país. Apesar da escassez de recursos, o governo mantém o plano de viabilizar 234 mil unidades em 2019.

Entrevistados
Caixa Econômica Federal e ministérios da Economia e do Desenvolvimento Regional (via assessoria de imprensa)

Contatos
impre​nsa@ca​ixa.gov.br
imprensa@economia.gov.br
imprensa@mdr.gov.br



9 razões que fazem o pavimento de concreto ser competitivo

Marcos Dutra, da ABCP: não existe mais o paradigma de que o pavimento de concreto é mais caro do que o de asfalto Crédito: Mecânica Comunicação Estratégica
Marcos Dutra, da ABCP: não existe mais o paradigma de que o pavimento de concreto é mais caro do que o de asfalto
Crédito: Mecânica Comunicação Estratégica

Na Paving Expo, realizada de 27 a 29 de agosto em São Paulo-SP, o coordenador do Núcleo de Pavimentação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Marcos Dutra de Carvalho, apontou 9 razões que fazem o pavimento de concreto ser mais competitivo que o asfalto. Além das características tecnológicas, que asseguram melhor desempenho e maior durabilidade, o pavimento rígido passou a ter um custo menor que o asfalto. Essa vantagem se consolida atualmente não apenas ao longo da vida útil, mas desde a execução do projeto. “Isso é consequência de uma relativa estabilidade nos preços do concreto, ao mesmo tempo em que se registrou uma elevação nos preços do asfalto”, explica Marcos Dutra.

Estudo abrangente da ABCP, comparando 6.060 planilhas de projetos de pavimento rígido com o pavimento asfáltico, mostra que na “largada” o concreto já é 16% mais barato que o asfalto. Esse percentual pode chegar a 41% ao longo de 20 anos, dependendo das características de cada projeto. “É notável a competitividade do pavimento de concreto no custo inicial da rodovia, derrubando categoricamente o paradigma de que se trata de um pavimento mais caro do que o asfáltico”, afirma o engenheiro civil, que possui mais de 40 anos de experiência com a pavimentação em concreto nas rodovias e nas vias urbanas brasileiras. “Se levarmos em consideração outras questões, como sustentabilidade e segurança, as vantagens só aumentam”, reforça.

ABCP, IBRACON e ABESC mostraram na Expo Paving que a tecnologia de pavimento de concreto está muito desenvolvida no Brasil Crédito: Expo Paving
ABCP, IBRACON e ABESC mostraram na Expo Paving que a tecnologia de pavimento de concreto está muito desenvolvida no Brasil
Crédito: Expo Paving

Em sua palestra, Marcos Dutra mostra dados sobre o quanto o Brasil ainda carece de pavimentação de estradas. “Vivemos em um país continental e com um grande caminho a percorrer no sentido de pavimentar rodovias. Segundo a mais recente pesquisa da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), o Brasil possui 1 milhão e 700 mil quilômetros de rodovias, dos quais apenas 212 mil quilômetros são pavimentados. Em termos comparativos, os Estados Unidos têm 6 milhões de quilômetros de rodovias e 4,3 milhões são pavimentados. Isso significa que temos um amplo mercado a ser explorado pelo pavimento de concreto, considerando que essa tecnologia já está muito bem desenvolvida no Brasil”, diz.

Para Marcos Dutra, as 9 razões que fazem o concreto ser mais competitivo do que o asfalto são as seguintes:


1. Desempenho e durabilidade
O concreto não sofre as deformações típicas do pavimento asfáltico. Também não amolece quando esquenta. No prazo mínimo, o pavimento rígido presta serviço de 20 anos contra o máximo de 10 anos do asfalto.


2. Economia e custo
Desde 2018 caiu o paradigma de que o pavimento de concreto é mais caro. A matéria-prima do pavimento asfáltico encareceu absurdamente.


3. Análise de longo prazo
Considerando o pavimento rígido para rodovia, com espessura de 25 centímetros, no primeiro ano de execução ele já se torna 16% mais competitivo do que o asfalto. Ao longo de 20 anos, esse percentual pode chegar a 41%.


4. Economia de combustível da frota circulante
Para veículos pesados, o pavimento de concreto oferece economia de até 20%.


5. Tempo de execução
O Brasil possui atualmente 30 pavimentadoras de concreto que podem ser deslocadas para qualquer região do país. Em 1998, havia apenas duas.


6. Segurança do usuário
O pavimento rígido possibilita menor distância de frenagem. Na superfície molhada, chega a 40%. Por ter melhor refletância, permite que a via ou a rodovia receba 30% a menos de postes.


7. Redução de ilhas de calor
Há redução comprovada de até 5 °C no ambiente. O recorde mundial foi registrado no Arizona-EUA, onde se chegou a 11 °C de redução.


8. Projetos mais precisos
O pavimento de concreto tem uma execução e um controle de obra mais rigorosos. Os projetos executivos são inspecionados em cada uma das etapas: lançamento e espalhamentos, adensamento e acabamento, texturização e cura e selagem.


9. Controle tecnológico
Atualmente, os corpos de provas em pavimento rígido são prismáticos. Além disso, existe uma normalização atualizada para todos os tipos de pavimento de concreto, que levam em consideração espessura, resistência e conforto de rolamento.

Entrevistado

Reportagem com base na palestra “Estado da Arte da Pavimentação Urbana e Rodoviária de Concreto no Brasil”, concedida pelo coordenador do Núcleo de Pavimentação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Marcos Dutra de Carvalho, na Paving Expo.

Contato: marcos.dutra@abcp.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Conflitos entre engenharia e suprimentos: como saná-los?

Quanto maior a obra, mais integração deve haver entre os departamentos de engenharia, suprimentos e financeiro Crédito: Banco de Imagens
Quanto maior a obra, mais integração deve haver entre os departamentos de engenharia, suprimentos e financeiro
Crédito: Banco de Imagens

Engenharia e suprimentos concentram a maior parte das operações relacionadas à obra. A sintonia entre os dois departamentos impulsiona a rotina diária do canteiro. Porém, quando há conflitos, os problemas podem se acumular. A batalha entre as duas áreas está relacionada com prazos e custos. Se o suprimento falha, falta insumo na obra, estoura o orçamento e surgem problemas com fornecedores. Se a engenharia falha, os pedidos chegam incompletos e a compra de insumos e a definição dos fornecedores se complica. Geralmente, a solução para esses problemas passa pela melhoria da comunicação entre os departamentos.

Atualmente, a tecnologia auxilia nessa interação entre engenharia e suprimentos, com a existência de softwares que monitoram a solicitação de compra, a compatibilidade com o orçamento, a quantidade de materiais, a lista de fornecedores, a entrega e o registro das notas fiscais. Para o engenheiro de software, especialista em cadeia de suprimentos da construção civil e CEO do Coteaqui, Alyson Tabosa, esse tipo de ferramenta não é gasto, mas investimento. “O departamento de suprimentos na construção civil tem alto potencial de aumentar a lucratividade de um empreendimento. Consequentemente, o custo dessas ferramentas é facilmente revertido na forma de investimento”, avalia.

Independentemente da tecnologia disponível, o fluxo entre as áreas é fundamental para que exista sintonia fina no andamento da obra. Por isso, o procedimento padrão recomendado é que o engenheiro da obra defina a demanda de materiais necessários no canteiro e indique uma lista de fornecedores confiáveis. Feito isso, ele repassa para um encarregado, que vai registrar o pedido e encaminhar ao departamento de suprimentos, que irá realizar a cotação, verificar preços, definir as condições de pagamento e executar a compra. Em seguida, já na fase de entrega dos materiais, o encarregado deve receber a compra no canteiro de obras, conferir, cadastrar a nota fiscal e usar as ferramentas adequadas para que o financeiro seja comunicado e efetue o pagamento.

Uso de ferramentas adequadas organiza a comunicação entre as áreas e minimiza erros

Para Delton Quadros, que atua na implantação de softwares de controle de suprimentos na construção civil, o uso de ferramentas adequadas organiza a comunicação entre os departamentos e minimiza os erros mais comuns, que são os seguintes: executar pedidos por emails, e que muitas vezes se perdem entre outras mensagens; fazer solicitação de compra por papel, também sujeito a extravio, ou até por aplicativos como WhatsApp, e que corre o risco de se perder entre outras informações. “O uso de uma ferramenta adequada para integrar engenharia e suprimentos, desde que ela faça, de fato, parte do processo, é o melhor caminho”, recomenda.

Para os especialistas, os departamentos de engenharia, suprimentos e financeiro têm objetivos comuns com relação à obra, que é alcançar os resultados projetados. Por isso, todos devem evitar compras urgentes, por duas razões específicas: atrapalha os processos e aumenta o custo final do empreendimento. Para o gestor de negócios imobiliários e da construção civil, André Freitas, uma palavra resume o risco causado por compras urgentes. “Evite”, diz. A prevenção, afirma, deve vir do setor de engenharia, que precisa realizar corretamente a solicitação de materiais. Assim, reduz o risco de faltar insumos na obra e facilita o trabalho das áreas de compra e financeiro. “A sincronia entre esses departamentos representa o sucesso da obra”, define.

Assista aos web seminários

https://www.sienge.com.br/thank-page-reduzindo-os-conflitos-entre-engenharia-e-suprimentos-integrando-as-areas/

https://www.sienge.com.br/thank-page-de-quem-e-a-responsabilidade-saiba-como-fazer-as-equipes-de-suprimentos-e-financeiro-trabalharem-juntas/

Entrevistado
Reportagem com base nos web seminários “Reduzindo os conflitos entre engenharia e suprimentos: integrando as áreas” e “De quem é a responsabilidade? Saiba como fazer as equipes de suprimentos e financeiro trabalharem juntas”

Contato: ciclosiegne@softplan.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Kumar Mehta deixa legado em pesquisas de cimento e concreto

Kumar Mehta esteve no Brasil para participar de duas edições do Congresso Brasileiro do Concreto, em 2007 e 2009 Crédito: ACI
Kumar Mehta esteve no Brasil para participar de duas edições do Congresso Brasileiro do Concreto, em 2007 e 2009
Crédito: ACI

Povindar Kumar Mehta, professor-emérito do departamento de engenharia dos materiais da Universidade de Berkeley, morreu dia 7 de agosto de 2019, aos 88 anos. Ele deixa um legado de muitas pesquisas sobre cimento e concreto. Por isso, era considerado um dos ícones entre os que trabalham com esses materiais. 

O professor ministrou cursos em matérias como tecnologia avançada do concreto e construção com concreto. Escreveu o livro "Concreto: estrutura, propriedades e materiais" (Prentice-Hall, 1986) - referência mundial - e contribuiu com capítulos para outros livros sobre as propriedades do concreto.

Ao todo, publicou quase 250 artigos científicos e quatro livros. Entre eles, “Concreto: microestrutura, propriedades e materiais” (2006), e que teve como coautor o brasileiro Paulo Monteiro, professor-titular do departamento de engenharia civil da Universidade de Berkeley, na Califórnila-EUA.

Kumar Mehta esteve no Brasil para participar de duas edições do Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto). Em 2007, em Bento Gonçalves-RS, lançou o livro em coautoria com o professor Paulo Monteiro; em 2009, em Curitiba-PR, palestrou sobre a sustentabilidade da indústria de cimento.

Pesquisador tornou-se sócio-honorário do ACI e também do IBRACON

Metha tornou-se também referência mundial no desenvolvimento de "concreto verde". Em 1988, o American Concrete Institute (ACI) concedeu a ele a prestigiosa medalha Wason para pesquisa de materiais. Em 1993, recebeu a mais alta honraria da Universidade de Berkeley, por suas contribuições no campo do concreto: a Berkeley Citation. 

Já, em 2006, foi contemplado com o prêmio “Lifetime Achievement Award from the Coal Combustion Products Partnership”, em reconhecimento às suas pesquisas sobre o uso de cinzas volantes no concreto estrutural. Por décadas estudou métodos de como economizar energia na fabricação de cimento, através do uso de materiais residuais

Sócio-honorário do ACI (American Concrete Institute) e também do IBRACON, Kumar Mehta ministrou cursos sobre o uso de materiais pela engenharia civil, tecnologia avançada de concreto e construção de concreto. Nascido na Índia ingressou para o quadro de professores da Universidade de Berkeley em 1964.

A formação acadêmica de Kumar Mehta inclui graduação em engenharia química na Universidade de Nova Delhi, na Índia; mestrado em engenharia cerâmica pela Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e doutorado em engenharia de ciências dos materiais pela Universidade de Berkeley.

Entrevistado
Reportagem com base na biografia de Povindar Kumar Mehta, publicada pela Universidade de Berkeley

Contato: info@ce.berkeley.edu

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Para o varejo da construção civil, inovação está nos detalhes

Ananda Maia Betonio, do SEBRAE-SP: é necessário entender o cliente para agradar ao cliente. Crédito: Concrete Show 2019
Ananda Maia Betonio, do SEBRAE-SP: é necessário entender o cliente para agradar ao cliente.
Crédito: Concrete Show 2019

 

Entender o cliente e buscar agradá-lo é considerada uma ação inovadora dentro do varejo. O conceito engloba o setor que envolve a venda de materiais de construção. É o que afirma Ananda Maia Betonio, analista de negócios do SEBRAE-SP, e que recentemente palestrou na Concrete Show 2019. Segundo a especialista, o bom atendimento é insubstituível, não apenas para o varejista de material de construção, mas também para quem trabalha com obras.   

A analista do SEBRAE-SP cita cases de construtoras que inovaram ao fazer o acompanhamento do pós-obra e da entrega das chaves, ao longo de 5 anos. Mesmo para unidades que não apresentaram nenhum problema, as empresas procuraram alertar sobre as manutenções periódicas, como pintura, e também orientaram sobre o uso correto de materiais de limpeza em porcelanatos e cerâmicas. “Ligar e orientar sobre a manutenção, e como fazê-la, é inovação”, diz.

Para o varejo, Ananda Maia Betonio faz o alerta de que, atualmente, é importante que o setor crie pontes entre o consumidor e os prestadores de serviço. Um exemplo: se o cliente compra tinta na loja de material de construção e não conhece nenhum pintor, a loja pode disponibilizar uma lista de prestadores cadastrados por ela. “Isso é usar persuasão e rede de contatos”, revela.

A palestrante também tocou em um ponto que é importante para os lojistas de bairro, em especial os que atuam na área de materiais de construção. “Esse tipo de comércio tem que sempre estar atento ao público-alvo, ao segmento do mercado que ele atende e qual o cliente que quer atingir”, relata. “É necessário entender o cliente para agradar ao cliente”, completa.

Empreendedor precisa ter foco em treinamento e capacitação

Sobre como alcançar os objetivos, Ananda Maia Betonio afirma que é preciso ter foco em treinamento e capacitação. “A busca por inovações que envolvam comportamento e pessoas requer processos de treinamento e capacitação, pois o feedback pode desencadear outras inovações”, comenta. A analista do SEBRAE-SP também destaca que isso deve funcionar como um hábito para o empreendedor. “É importante separar momentos do dia para trabalhar esse aprendizado, e não apenas se dedicar às tarefas diárias da empresa”, reforça.

Ela frisa, porém, que a gestão de ideias e a busca pela inovação têm que ser condizentes com a realidade da empresa e com as tendências de quem frequenta a loja de material de construção ou busca um produto de determinada construtora. “Olhar para todo o processo que está no entorno e acrescentar um detalhe é inovação”, realça a palestrante, ao destacar que antes as ideias vinham de dentro para fora e eram impostas ao mercado.  “Hoje, as ideias vêm do entendimento das necessidades do mercado, e é isso que gera a inovação”, conclui. 

Entrevistado

Reportagem com base na palestra “Inove para ganhar mais na Construção Civil”, da analista de negócios do SEBRAE-SP, Ananda Maia Betonio

Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Cimento do futuro será o Cimento Portland

Arnaldo Battagin: nenhum cimento ainda consegue competir com o Cimento Portland em larga escala Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Arnaldo Battagin: nenhum cimento ainda consegue competir com o Cimento Portland em larga escala
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Em sua palestra na Concrete Show 2019, intitulada “Cimento do Futuro”, o gerente de laboratórios da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Arnaldo Battagin, fez um relato das pesquisas mais relevantes para se chegar a um produto que substitua o Cimento Portland em larga escala de consumo, desempenho e, principalmente, com menores emissões de CO2. Até agora, todos os materiais estudados focaram na mitigação do impacto ambiental, mas não conseguiram se tornar viáveis economicamente.  

Por outro lado, a indústria de Cimento Portland tem agregado cada vez mais inovações, a fim de aumentar o desempenho do material e diminuir as emissões de gases. Com isso, se sobrepõe aos desafios que crescem ano a ano. “Certa vez ouvi em uma palestra que a indústria de cimento teria futuro sustentável se a taxa de inovações fosse maior que a taxa de restrições. O investimento em tecnologia faz o setor superar os desafios referentes a desempenho e agora a tecnologia tem trabalhado para mitigar as emissões e superar as restrições ambientais impostas”, diz. 

Em 1990, apenas na Europa, havia 19 regulamentações de meio ambiente exclusivas para a indústria de cimento. Em 2010, segundo a estatística mais atualizada, esse número subiu para 635. Para se adequar às normas ambientais, o Cimento Portland encontrou no incremento de teores de adições uma fórmula de sucesso. De acordo com Battagin, no futuro a captura de carbono poderá se mostrar mais eficaz, mas por enquanto ela esbarra nas mesmas restrições que dificultam a substituição do Cimento Portland por outro material: a inviabilidade econômica.

Como exemplo, o gerente de laboratórios da ABCP citou o cimento desenvolvido a partir de 2007 no Imperial College London, na Grã-Bretanha. Usando silicato de magnésio como ligante, o material foi testado em concreto estrutural e artefatos pré-fabricados de cimento. Em 2010, foi premiado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) e havia a promessa de que entraria em escala comercial em 2014. No entanto, todo o planejamento foi paralisado. “Apesar do forte apelo tecnológico, esbarrou na questão do custo. No futuro, poderá vir a ocupar um nicho de mercado”, afirma Arnaldo Battagin.

Graças ao Cimento Portland, um quilo de concreto custa menos que um litro de água

Outro exemplo é o de um cimento desenvolvido há mais de 20 anos nos Estados Unidos, com comportamento que se assemelha à cerâmica. Testado na estabilização de resíduos radioativos e como selante de poços petrolíferos, o material também não alcançou competitividade comercial para substituir o Cimento Portland. Atualmente, desponta como um produto para uso restrito na construção civil.

Arnaldo Battagin também relatou outros cimentos que tendem a se tornar nichos de mercado, como o cimento com nanotubos de carbono, o cimento modificado energeticamente (EMC, do inglês energetically modified cement) e o cimento de sulfalominato de cálcio, com tempo de pega de 10 minutos e cuja resistência máxima é atingida nas primeiras 12 horas. “Trata-se de um cimento que possui norma técnica na Europa, mas que a confiança sobre a durabilidade ainda não está madura”, expôs o palestrante. 

Para finalizar, Battagin concluiu sua fala com a seguinte reflexão: “Nenhum cimento ainda consegue competir com o Cimento Portland em larga escala. Graças ao Cimento Portland, um quilo de concreto custa menos que um litro de água. Por isso, por longo tempo, continuará como produto-chave para a indústria da construção civil. Não significa que não buscará atingir menores níveis de emissão de gases, o que virá através do clínquer coprocessado e de maiores níveis de adições. É o cenário que se desenha até 2050, pelo menos.”

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Cimento do Futuro”, do gerente de laboratórios da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Arnaldo Battagin, dentro da Concrete Show 2019

Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330