Arquiteta romena inova ao criar estruturas de concreto

Mariana Popescu observa molde de tecido usado para produzir estrutura que está no Museu Universitário de Arte Contemporânea, na Cidade do México Crédito: Maria Verhulst
Mariana Popescu observa molde de tecido usado para produzir estrutura que está no Museu Universitário de Arte Contemporânea, na Cidade do México
Crédito: Maria Verhulst

A arquiteta romena Mariana Popescu foi incluída na lista dos 35 jovens inovadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) - edição 2019. Com bacharelado, mestrado e doutorado na Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, Popescu trabalhou na pesquisa que ela intitulou de "KnitCrete: cofragem de tecido tricotado para estruturas complexas de concreto" (do inglês, "KnitCrete: Stay-in-place knitted fabric formwork for complex concrete structures"). A inovação está no fato de que as estruturas criadas pela arquiteta dispensam fôrmas convencionais, podem ser curvas ou retas e permitem ser construídas em poucas horas, e em qualquer local.

Popescu desenvolveu algoritmos que convertem automaticamente o projeto de uma estrutura em um molde têxtil que pode ser tricotado por máquinas industriais em poucas horas. A arquiteta e sua equipe também desenvolveram um sistema que utiliza cabos de aço para manter o molde na posição correta, enquanto o concreto é derramado dentro dele. “O que fiz foi olhar para um suéter e ver que os materiais têxteis são perfeitos para fazer uma grande variedade de formas 3D. Já a construção tradicional utiliza madeira e outros materiais para construir fôrmas e despejar concreto. Isso limita as construções contemporâneas”, diz a arquiteta.

Sob o ponto de vista da praticidade, a criação da jovem romena é avaliada pelos pesquisadores do MIT como uma solução para projetos sob medida, que possa atender campos de refugiados, zonas de guerra e locais de desastres naturais, ou seja, para erguer estruturas que precisem de construção rápida. A invenção tem servido também para viabilizar obras de arte gigantes. Como a que homenageia o arquiteto espanhol-mexicano Félix Candela Outeriño, no Museu Universitário de Arte Contemporânea (MUAC), na Cidade do México. A peça mede pouco mais de 4 metros de altura, tem quase 6 metros de largura e pesa cerca de 5 toneladas.

Estruturas moldadas em tecido podem diminuir custo da industrialização de pré-fabricados

Batizada de “KnitCandela”, a obra de arte serviu como apresentação da tecnologia desenvolvida por Mariana Popescu. A malha foi fabricada em um tear na Suíça e transportada até o México. O tecido levou 26 horas para ficar pronto. No museu, foi esticado no formato estabelecido em projeto e depois revestido por uma mistura de cimento e água. Após o endurecimento, foi preenchido com concreto autoadensável reforçado com fibras. “Quando a arquitetura pede estruturas com geometrias complicadas, essa tecnologia é uma alternativa”, avalia a romena. 

Popescu lembra ainda que estruturas moldadas através de malhas de tecidos podem ajudar a diminuir o custo da pré-fabricação industrializada do concreto. “As fôrmas para moldar o concreto só se justificam se elas forem usadas para uma grande quantidade de peças. Para elementos sob medida, normalmente se produz uma fôrma e depois ela deixa de ser reutilizada. Isso representa uma porcentagem grande no preço da estrutura. Além disso, produzir uma fôrma para projetos exclusivos e complexos também leva tempo. Com o KnitCrete surge uma solução mais rápida e com um custo bem menor”, finaliza a arquiteta.

Veja vídeo sobre como foi produzida a peça que está no Museu Universitário de Arte Contemporânea, na Cidade do México

Entrevistada
Arquiteta e doutora em materiais, Mariana Popescu, que liderou a pesquisa para a criação do KnitCrete

Contato: mariana.popescu@arch.ethz.ch

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Home office altera projetos arquitetônicos de edifícios

Conceito home office se expande no universo corporativo e incorporadoras e construtoras já começam a captar esses sinais Crédito: Banco de Imagens
Conceito home office se expande no universo corporativo e incorporadoras e construtoras já começam a captar esses sinais
Crédito: Banco de Imagens

Levantamento feito por um grupo de consultorias em recursos humanos mostra que, após a entrada em vigor da nova legislação trabalhista, 45% das empresas brasileiras já aderiram parcialmente ao home office para seus funcionários. Significa que pelo menos duas vezes por semana essas corporações permitem que seus colaboradores atuem remotamente, ou seja, trabalhando de casa. Essa mudança conceitual no mercado de trabalho impacta também os projetos arquitetônicos de edifícios residenciais, principalmente nas regiões sul e sudeste. 

Há prédios que já projetam o home office dentro do apartamento. Outros lançam mão de um espaço batizado de meeting room (sala de reuniões), que funciona com um coworking para os condôminos. O ambiente é projetado para atender as demandas do morador que trabalha em home office. A ideia é importada, já que em países como Holanda, Alemanha, Espanha e Canadá boa parte dos projetos arquitetônicos dos edifícios residenciais já vem com o conceito de meeting room em suas plantas.

O que incorporadoras e construtoras estão fazendo é captar os sinais de um novo mercado de trabalho que surge. Levantamento da consultoria de recursos humanos Randstad, realizado com empresas de 33 países - incluindo o Brasil -, mostra que 7 em cada 10 entrevistados gostariam de trabalhar de casa. Na mesma pesquisa, 45% dos consultados reconhecem que a maneira tradicional de trabalho está mudando para formas mais flexíveis. 

Outros estudos apontam para a mesma tendência. Por exemplo, a Pesquisa Home Office Brasil 2018, realizada pela SAP Consultoria em Recursos Humanos, detectou crescimento de 22% na modalidade home office, desde 2016. A maioria das empresas adeptas atua nas áreas de Tecnologia da Informação, Telecom ou serviços. Juntas, elas somam 44% das que dão flexibilidade aos colaboradores. Por região do país, o sudeste tem uma adesão de 89% das empresas ao home office, seguido do sul, com 8%. 

Consultorias já detectaram que home office não funciona para todos

Melhorias na qualidade de vida dos colaboradores (70%), mobilidade urbana (63%) e concessão de benefícios (47%) são as principais motivações para a adoção do home office, segundo as companhias. Entretanto, a flexibilidade da jornada de trabalho ainda é um benefício do “alto escalão” (executivos, diretores, coordenadores e supervisores), sendo que 66% têm carga horária definida, mesmo podendo trabalhar de casa.

Os levantamentos das várias consultorias que estudam o home office no mercado de trabalho também já detectaram que a modalidade não funciona para todos os colaboradores nem para todas as empresas. Adaptam-se melhor os que possuem idade acima de 34 anos, tem familiaridade com o trabalho informatizado e fazem parte das classes A, B e C. Para ilustrar, existem os exemplos conhecidos mundialmente de IBM e Yahoo, que implantaram o home office e, meses depois, chamaram seus funcionários de volta ao escritório, por causa da queda na produtividade. Por outro lado, as mesmas pesquisas veem potencial na geração Z (1990-2010) para o trabalho remoto com bom desempenho. É nessa população que o mercado imobiliário está focado.

Entrevistado
Reportagem com base em pesquisas de consultorias de recursos humanos, como Randstad, SAP Consultoria em Recursos Humanos e MindMetre Research (via assessorias de imprensa)

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Governo prepara novo formato de política habitacional

Atualmente, 222 mil unidades do Minha Casa Minha Vida estão em construção no país Crédito: Agência Brasil
Atualmente, 222 mil unidades do Minha Casa Minha Vida estão em construção no país
Crédito: Agência Brasil

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) promoveu recentemente, em Brasília, o encontro “A construção na condução da retomada do emprego”. Participaram mais de 40 parlamentares. Além do consenso de que a construção civil tem condições de estimular a criação de 936 mil empregos rapidamente, desde que retomadas as obras paralisadas no país, surgiu no evento a sugestão de que o Congresso Nacional crie um projeto de política habitacional para o país. 

Para os participantes do encontro, o Minha Casa Minha Vida, criado e viabilizado durante os governos Lula e Dilma Rousseff, enfrentaria resistência do atual governo por “questões ideológicas”. Um grupo de parlamentares se comprometeu a viabilizar um projeto de política de Estado para a questão habitacional brasileira. Ao mesmo tempo, Casa Civil, Caixa Econômica Federal e ministérios da Economia e do Desenvolvimento Regional trabalham numa nova formatação do Minha Casa Minha Vida, que será apresentada em novembro ao presidente Jair Bolsonaro.

O atual governo reconhece a importância do programa, mas tenta ajustá-lo para que não dependa apenas de subsídios federais. Para o secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, a crise econômica do setor de construção no país só não foi pior por causa do Minha Casa Minha Vida. “É um dos poucos programas públicos que trouxeram alguns bons resultados. Ajudou para que a crise não fosse ainda maior, mas não é solução de longo prazo para a economia brasileira. Quando falamos no futuro da construção brasileira, ele passa necessariamente por mecanismos privados de financiamento e por ambiente regulatório mais simples”, diz.

O ministro de Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, adianta que uma das propostas de mudança no Minha Casa Minha Vida é reduzir o patamar atual da faixa 1, que passaria de 1,8 mil reais para 1,2 mil reais ou 1,4 mil reais. “O objetivo do governo federal é alocar mais recursos onde é mais necessário e para quem mais precisa”, afirma o ministro. O anúncio das mudanças em curso no programa habitacional ocorreu no Fórum Brasileiro das Incorporadoras, promovido em setembro de 2019 pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). 

Minha Casa Minha Vida desponta como o oxigênio da construção civil

De acordo com o ministro Gustavo Canuto, há atualmente 222 mil unidades do Minha Casa Minha Vida em construção no país, que vão demandar 2,1 bilhões de reais de aportes. Canuto garante que haverá recursos para manter o que está em construção, apesar de o governo federal planejar cortar pela metade o orçamento do programa para 2020. Pelo menos é o que consta na proposta orçamentária para o próximo ano, que prevê reserva de 2,71 bilhões de reais para o MCMV, ante os 5,4 bilhões de reais de 2019. A título de comparação, em 2015 o investimento no Minha Casa Minha Vida chegou a 20 bilhões de reais.

Em contraponto ao cenário de restrição orçamentária, o setor ainda entende que o Minha Casa Minha Vida desponta como o oxigênio da construção civil. “No último ano (2018), começamos a assistir uma melhora do mercado de médio e alto padrões, mas ela ainda está concentrada em algumas capitais, o que faz com que o Minha Casa Minha Vida continue desempenhando um papel fundamental dentro do setor”, avalia a pesquisadora Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Entrevistados
Ministério de Desenvolvimento Regional, Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) (via assessoria de imprensa)

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Incêndio desperta para protocolos em obras hospitalares

Até setembro de 2019 houve 12 incêndios em hospitais. O do Rio de Janeiro-RJ foi o de maiores proporções e causou 14 mortes Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil
Até setembro de 2019 houve 14 incêndios em hospitais. O do Rio de Janeiro-RJ foi o de maiores proporções e causou 14 mortes
Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

O incêndio que atingiu o Hospital Badim em setembro, no Rio de Janeiro-RJ, ampliou para 14 o número oficial de unidades hospitalares brasileiras danificadas pelo fogo em 2019. Houve acidentes semelhantes, porém de menores proporções, em Salvador-BA, Goiânia-GO, Porto Alegre-RS, Recife-PE, Maceió-AL, Marília-SP, Fortaleza-CE, Vitória-ES, Ponta Grossa-PR, Petrópolis-RJ, Imperatriz-MA e São Paulo-SP, com duas ocorrências (Instituto do Coração (InCor), em janeiro, e Hospital do Coração (HCor), em julho). O caso do Rio foi o mais trágico e deixou um saldo de 14 mortes.

A necessidade de melhorar a segurança de hospitais contra incêndios levou a ABNT a publicar em maio de 2019 a NBR 16651:2019 - Proteção contra incêndios em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) – Requisitos. A norma técnica especifica como devem ser rotas de fuga, saídas de emergência e sistemas de compartimentação, para impedir que o fogo se alastre entre outros pontos dos prédios hospitalares. Elaborada pelo Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio (ABNT/CB-024), a NBR 16651:2019, além de estabelecer os requisitos de proteção contra incêndios, também orienta sobre projetos de construção e reformas das edificações definidas como estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS).

Além disso, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também tem um conjunto de normas de segurança contra incêndio, em vigor desde 2014. Entre elas, a de que organismos de fiscalização e controle da saúde tenham engenheiros civis e arquitetos para acompanhar demandas relacionadas a projetos, instalações, fiscalização de obras e serviços, equipamentos médicos e manutenção predial em hospitais, clínicas e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). Da mesma forma, organismos de engenharia civil e de arquitetura - Confea/CREA e CAU - realçam a necessidade de se cumprir os protocolos para esse tipo de obra, cujos projetos devem ter especificações muito particulares.  

Arquitetura e engenharia civil especializadas em obra hospitalar não param de evoluir

Do projeto estrutural ao projeto arquitetônico, obras hospitalares estão entre as mais intrínsecas. Pilares, vigas e lajes devem ser projetadas para suportar sobrepeso, pois a edificação vai receber equipamentos complexos e pesados. A acessibilidade também deve ser prioridade, com rampas, portas e corredores largos, além de elevadores amplos e entradas exclusivas para vários setores do hospital, como as áreas de emergência e prontos-socorros. Há também a complexidade que envolve as instalações hidráulicas, elétricas, de ar-condicionado e de TI (Tecnologia da Informação) de um empreendimento hospitalar.

No quesito segurança contra incêndio, a arquitetura e a engenharia civil especializadas neste tipo de obra mostram que os projetos mais modernos estão optando pela chamada “compartimentação horizontal”, ou seja, cada andar possui portas corta-fogo estrategicamente instaladas e capazes de isolar rapidamente uma área incendiada, a fim de dar tempo para que pacientes e funcionários sejam retirados do prédio ou deslocados para outros setores seguros do hospital. Materiais anti-chama, como pisos vinílicos, paredes com revestimentos especiais e bem sinalizadas também estão entre as exigências para que empreendimentos desta natureza cumpram as normas técnicas da ABNT e as diretrizes da Anvisa. 

Acesse o manual “Segurança contra Incêndio em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde”

Manual de Seguranca (.pdf)

Entrevistado
Confea/CREA, CAU e Anvisa (via assessoria de imprensa)

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Cresce mercado imobiliário que não depende de governo

José Carlos Martins e Celso Petrucci, da CBIC: regiões sul, sudeste e centro-oeste puxam a fila no volume de obras residenciais Crédito: Youtube/CBIC
José Carlos Martins e Celso Petrucci, da CBIC: regiões sul, sudeste e centro-oeste puxam a fila no volume de obras residenciais
Crédito: Youtube/CBIC

Os empreendimentos residenciais que não dependem do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) fecharam o primeiro semestre de 2019 em franco crescimento, em comparação ao mesmo período de 2018. Os lançamentos aumentaram 15,4%, as vendas fecharam positivamente em 12,1% e os estoques caíram 8,7%. É o que mostram os mais recentes dados dos Indicadores Imobiliários Nacionais, levantados pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), e que englobam números de 16 capitais e 9 regiões metropolitanas. “Tudo que depende de dinheiro do governo corre risco. Já os números do mercado imobiliário que não dependem de subsídios aumentaram”, confirma o presidente da CBIC, José Carlos Martins.

As regiões sul, sudeste e centro-oeste puxam a fila no volume de obras, com destaque para Florianópolis-SC, São Paulo-SP, Cuiabá-MT, Distrito Federal-DF e Goiânia-GO.  Entre as regiões norte e nordeste do país, a única que se destaca positivamente é Salvador-BA. “Há uma evidente regionalização do mercado. E as regiões que menos dependem de governo são as que mais conseguem crescer”, afirma Martins. A avaliação é confirmada pelo vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci. “Em todo o país, no primeiro semestre de 2019, foram lançadas 46.200 unidades residenciais, com destaque para o Centro-Oeste, onde os lançamentos cresceram 75% comparativamente ao mesmo período de 2018”, revela.

Em contrapartida, os projetos atrelados ao MCMV, e que ainda são 40% do que é construído no país em termos de habitação residencial, seguem parados. “Esse cenário de dependência do Minha Casa Minha Vida fica mais evidente no norte e nordeste”, frisa Celso Petrucci. Já, para os imóveis que não dependem de financiamentos atrelados ao programa habitacional, o levantamento dos Indicadores Imobiliários Nacionais aponta que a demora para as construtoras desovarem seus estoques vem caindo progressivamente. “No primeiro semestre de 2018, a média para encontrar compradores para os imóveis não-vendidos era de 14,3 meses. No primeiro semestre de 2019, esse número caiu para 11,1 meses”, destaca Petrucci. 

CBIC estima que vendas de unidades residenciais cresçam 15% em 2019

Com base nas projeções, o vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC assegura que, se o Minha Casa Minha Vida estivesse passando por um período de aquecimento, o mercado imobiliário no Brasil estaria vivendo um período de expansão próximo ou igual a 75%. No entanto, sem o impulso necessário ao programa, a estimativa da CBIC é que as vendas de unidades residenciais fechem 2019 com crescimento perto de 15%. Isso depende de uma recuperação mais uniforme dos mercados das regiões norte e nordeste. Outro empecilho pode ser a falta de recursos do FGTS para bancar a demanda do setor habitacional. “Não tem orçamento suficiente para contratar tudo que o mercado necessita em termos de FGTS”, avisa José Carlos Martins.

Os dados dos Indicadores Imobiliários Nacionais contabilizam números das seguintes capitais e regiões metropolitanas: Manaus-AM, Belém-PA, João Pessoa-PB, Salvador-BA e região, Cuiabá-MT, Distrito Federal-DF, Goiânia-GO e região, Belo Horizonte-MG e região, Rio de Janeiro-RJ e região, São Paulo-SP e região, Curitiba-PR e região, Florianópolis-SC, Porto Alegre-RS e região, Fortaleza-CE e região, Recife-PE e região e Maceió-AL. 

Assista a apresentação dos Indicadores Imobiliários Nacionais

   

Entrevistado
Reportagem com base nos números mostrados pelos Indicadores Imobiliários Nacionais, da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)

Contato: comunica@cbic.org.br

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180 escolas do Paraná produzirão energia que consomem

Green Building Council Brasil, CREA-PR e governo do Paraná se unem por escolas sustentáveis Crédito: SEDU
Green Building Council Brasil, CREA-PR e governo do Paraná se unem por escolas sustentáveis
Crédito: SEDU

O Green Building Council Brasil e o Governo do Paraná assinaram convênio de readequação energética para 180 escolas de 6 municípios do estado. A meta é que os colégios gerem 100% de toda a energia consumida, através da conversão de energia solar em energia elétrica. A estruturação das parcerias entre todos os agentes envolvidos ficará a cargo do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-PR). Para definir as cidades contempladas serão usados dados do Atlas de Energia Solar do Paraná, que aponta que a maior incidência solar do estado acontece em seis municípios das regiões noroeste e central: Maringá, Paranavaí, Cianorte, Campo Mourão, Umuarama e Goioerê.

As escolas selecionadas servirão de protótipo para o programa batizado Zero Energy. Dependendo dos resultados no primeiro ano de implantação, o plano será estendido para as 4 mil escolas estaduais do Paraná, a fim de que elas se tornem autossuficientes em geração de energia, através do uso de painéis fotovoltaicos. Logo no primeiro ano de operação, a perspectiva é de que sejam economizados quase 9,5 milhões de reais em contas de luz. Para viabilizar a adequação dos colégios, a Agência de Fomento do Paraná abrirá uma linha de crédito de 30 milhões de reais. Esse dinheiro também será utilizado para que a Copel (Companhia Paranaense de Energia) implante o Programa de Eficiência Energética em cada uma das escolas escolhidas.

Califórnia, nos Estados Unidos, lidera em número de escolas autossuficientes em energia

A companhia de energia elétrica vai analisar as necessidades de cada unidade e modernizar as instalações elétricas, preparando-as para receber as placas fotovoltaicas. Além disso, haverá a troca por lâmpadas LED e adequações nos sistemas de ar-condicionado. Após o consumo mínimo ser alcançado, começa a implantação do programa Zero Energy. A expectativa é de que as 180 escolas selecionadas já iniciem o ano letivo de 2020 usando recursos da energia solar. O Green Building Council Brasil e as prefeituras também atuarão na adaptação dos prédios. Segundo o diretor-executivo do GBC Brasil, Felipe Faria, a experiência atende a um desafio da ONU de criar a certificação Zero Energy em escolas brasileiras.

O programa de geração de energia solar em escolas públicas do Paraná fará o estado se tornar a segunda região do mundo com mais edificações de ensino autossuficientes em energia. O primeiro lugar é ocupado pela Califórnia-EUA, que soma mais de 300 escolas com o mesmo perfil de projeto. Atualmente, o Brasil produz 2 mil MW de potência operacional via sistemas de geração centralizados na energia solar. A fonte alternativa ocupa a 7ª posição entre as matrizes energéticas brasileiras. De acordo com números do setor, o Paraná é o 6º estado que mais produz energia solar distribuída (energia gerada no local do consumo) no país, com 52,9 MW. “A posição do Paraná (latitude e longitude) possibilita uma insolação sempre em bons níveis. Esse é um diferencial que tem que ser aproveitado”, explica o coordenador da câmara de engenharia elétrica do CREA-PR, Edson Luiz Dalla Vecchia. 

Entrevistado
Green Building Council Brasil, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-PR) e Secretaria do Desenvolvimento Urbano e de Obras Públicas do Paraná (via assessoria de imprensa)

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contato@gbcbrasil.org
comunicacao@crea-pr.org.br
sedu@sedu.pr.gov.br

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Estrutura da obra é 30% do custo e 100% da segurança

Paulo Helene no simpósio da UFPR: a atividade profissional é regida por normas técnicas de projeto, de materiais, de controle e de manutenção. Sempre que ver uma obra fora da norma, o engenheiro precisa intervir Crédito: SPPC/UFPR
Paulo Helene no simpósio da UFPR: a atividade profissional é regida por normas técnicas de projeto, de materiais, de controle e de manutenção. Sempre que ver uma obra fora da norma, o engenheiro precisa intervir
Crédito: SPPC/UFPR

Independentemente do tipo de obra - residencial, comercial ou de infraestrutura -, o projeto estrutural, e sua execução, é que irá definir o sucesso do empreendimento. O alerta é do professor-doutor da Poli-USP, Paulo Helene, que recentemente participou do 4º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções, evento que a Universidade Federal do Paraná (UFPR) promove anualmente. Em sua palestra, Helene deixa claro que a estrutura representa 30% do custo total de uma obra e 100% de sua segurança. “Quando isso não ocorre, marquises caem, prédios caem, viadutos e pontes caem”, destaca. 

Em sua participação no simpósio, Paulo Helene listou uma série de obras que tiveram problemas no Brasil e no exterior, por causa de falhas de projeto ou de execução das estruturas. Sobre marquises, o professor-doutor destacou que, na maioria das vezes, elas dão problemas por erros de execução. “Se a armadura é montada na posição errada, ela não terá a ancoragem necessária, apresentará deformação, fissura e ruptura frágil até romper de uma vez. Por isso, as boas leis municipais sobre inspeção de marquises determinam que elas sejam verificadas a cada dois anos”, alerta.

Paulo Helene destaca que problemas de projeto e de execução acontecem em todo o mundo. “O Brasil tem uma engenharia de concreto de primeira linha. Compete mundialmente. E esses erros acontecem até em países de primeiro mundo. Nos Estados Unidos, um edifício em Las Vegas precisou ser demolido quando já estava na fase de acabamento. Motivo: descobriram um erro grosseiro de projeto. Então, eu volto a destacar que engenharia civil é responsabilidade, é conhecimento, é liderança, é visão e é ética”, frisa o professor-doutor, que completa: “Em uma obra tem que ocorrer um matrimônio entre o projetista e o engenheiro-construtor.” 

Exercer a engenharia civil é seguir as normas técnicas

Em sua palestra, Paulo Helene lembra que também é papel da engenharia andar ao passo de seu tempo para viabilizar obras. Um caso emblemático citado pelo professor-doutor foi o do Palácio de Convenções do Parque da Gameleira, que em 1971 desabou na fase de construção em Belo Horizonte-MG. Para ele, tratava-se de um projeto muito ousado para a tecnologia da época. “Oscar Niemeyer estava uns 30 anos à frente da engenharia de materiais e da engenharia de concreto. Não havia tecnologia do concreto na época para esse tipo de construção. Mesmo assim, a engenharia atuou perante a arquitetura da mesma forma que um operário da construção civil quando recebe uma missão: eu vou fazer, eu vou fazer. O resultado dessa ousadia resultou em uma tragédia”, diz.

Falando para uma plateia formada em sua maioria por estudantes de engenharia civil, Paulo Helene ressaltou que exercer a engenharia é seguir as normas técnicas. “Qual o papel do engenheiro civil? É encontrar a realidade do projeto, compatibilizar sonhos, realizar expectativas, liderar operários, dar exemplo, saber fazer. Para atingir esses objetivos, a atividade profissional é regida por normas técnicas de projeto, de materiais, de controle e de manutenção. Sempre que ver uma obra fora da norma, o engenheiro precisa intervir para evitar que erros se transformem em danos, acidentes e tragédias”, finaliza.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Aprendendo com acidentes”, do professor-doutor da Poli-USP Paulo Helene, dentro do 4º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções

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sppc.ufpr.civil@gmail.com
paulo.helene@poli.usp.br

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Concretagem não precisa ser ponto crítico da obra

Estreitar parceria entre fornecedor e construtora é um dos segredos da boa concretagem Crédito: Banco de Imagens
Estreitar parceria entre fornecedor e construtora é um dos segredos da boa concretagem
Crédito: Banco de Imagens

A concretagem é uma etapa decisiva da obra. Além da qualidade do concreto, a programação para que o material chegue dentro do prazo no canteiro também é crucial. Para que tudo dê certo, é importante que haja sintonia entre fornecedor e construtora. Mas nem sempre isso ocorre. Seja por falha da concreteira ou da construtora, problemas na programação são comuns. Na maioria das vezes, os obstáculos são fáceis de resolver. Porém, ao se tornarem recorrentes evidenciam problemas de planejamento e acabam impactando no cronograma da obra. 

Por isso, a escolha do fornecedor é fundamental. A opção por empresas com capacidade de auxiliar a construtora a elaborar um plano de concretagem é relevante para evitar que essa etapa se transforme em um ponto crítico da obra. Foi o que abordou o engenheiro civil Eduardo Tassi Damião, especialista em desenvolvimento tecnológico da Tecnisa, e que na Concrete Show 2019 concedeu a seguinte palestra: “Relação entre construtora e fornecedor de concreto: impactos sobre a produtividade das concretagens e sugestões de melhoria”. “É importante mapear a sequência de acontecimentos que prejudicam a produtividade das concretagens para conseguir solucioná-las”, diz.

O engenheiro estuda o tema desde a sua dissertação de mestrado na USP, no fim da década de 1990. Ele apontou 70 fatores que podem prejudicar a concretagem na obra. Alguns começam com problemas no projeto da edificação, mas a maioria tem a ver com programação, contratos e a concretagem em si. “Boa parte diz respeito ao relacionamento entre o fornecedor e a construtora. Um dos mais comuns ocorre quando o fornecedor agenda muitas entregas, contando que algum cliente irá cancelar, mas isso não ocorre e ele acaba atrasando a concretagem em alguma das obras agendadas”, relata.     

Workshops são aliados no estreitamento da relação entre construtora e fornecedor 

Eduardo Tassi Damião destaca que o inverso também ocorre, ou seja, a construtora agenda duas datas de concretagem, prevendo que a primeira tem boas chances de ser cancelada, e acaba encavalando a programação do fornecedor. “Um bom relacionamento com o fornecedor de concreto é o primeiro passo para não gerar esse tipo de bloqueio. Alinhar a programação é fundamental”, defende. Além disso, o engenheiro civil ressalta que construtora e fornecedor devem ter um histórico de concretagem para não repetir erros anteriores. “O que eu chamo de ecossistema do fornecimento de concreto deve ser controlado pelas duas partes”, afirma.

Eduardo Tassi Damião estuda os problemas relacionados com a concretagem desde os anos 1990 Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Eduardo Tassi Damião estuda os problemas relacionados com a concretagem desde os anos 1990
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Em sua palestra, Eduardo Tassi Damião fez questão de realçar os problemas gerados por contratos mal redigidos. “Na minha pesquisa para a dissertação, assim como no meu trabalho, percebi que existem muitas cláusulas abertas, e que dão margens para diferentes interpretações. O ideal é que o contrato estreite a parceria entre fornecedor e construtora. Para chegar a um bom termo, na Tecnisa realizamos workshops com fornecedores para entender os pontos que podem ser melhorados. Mas avalio que a tecnologia também pode ser uma aliada neste caso. Uma sugestão é a criação de um app inspirado nos aplicativos de transporte de passageiros, e que possa melhorar a produtividade do fornecimento de concreto na obra”, propõe. 

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Relação entre construtora e fornecedor de concreto: impactos sobre a produtividade das concretagens e sugestões de melhoria”, do engenheiro civil Eduardo Tassi Damião, na Concrete Show 2019.

Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Entre países emergentes, cresce uso de painéis estruturais

Edifícios de até 16 pavimentos são construídos na Tailândia usando painéis estruturais de concreto pré-moldado Crédito: Prilhofer
Edifícios de até 16 pavimentos são construídos na Tailândia usando painéis estruturais de concreto pré-moldado
Crédito: Prilhofer

Painéis estruturais pré-fabricados de concreto estão modificando a indústria da construção em países emergentes da Ásia. A tecnologia não é nova, e na Europa já é usada há pelo menos 40 anos. Mesmo assim, ainda se mostra inovadora na forma de construir. Na Tailândia, por exemplo, o principal programa habitacional é todo sustentado por esse tipo de sistema. Sua maior vantagem é que a industrialização permite construir um volume maior de habitações em comparação à alvenaria convencional. 

Os painéis são todos fabricados em galpões e montados no canteiro de obras. A unidade onde fundações, lajes, paredes estruturais, paredes de vedação, escadas, sacadas e outros elementos são produzidos tem capacidade de entregar 110 mil m2 por mês. Isso possibilita que no canteiro de obras sejam montadas até 16 moradias por dia. A primeira fábrica foi inaugurada em Bangcoc, em 2004. Atualmente, através de parcerias com a iniciativa privada, existem 12 fábricas espalhadas pela Tailândia para atender a demanda do programa habitacional do país.

As plantas permitem construir oito tipos de modelos de habitações. Desde unidades térreas geminadas, passando por casas e sobrados, até edifícios com 5, 8, 10, 12 e 16 pavimentos. Outra característica das unidades industriais montadas na Tailândia é que, apesar de serem bastante automatizadas, elas empregam mão de obra local que, a princípio, não era qualificada. Os trabalhadores são treinados na própria fábrica.

Tecnologia de painéis estruturais de concreto permite montagem rápida das paredes e das lajes no canteiro de obras Crédito: Prilhofer
Tecnologia de painéis estruturais de concreto permite montagem rápida das paredes e das lajes no canteiro de obras
Crédito: Prilhofer

O governo tailandês importou tecnologia alemã para montar as fábricas no país. Desde a instalação da primeira unidade, há 15 anos, o sistema apresentou evoluções em todas as suas etapas. Houve melhorias na qualidade das fôrmas, aprimoramento da logística e avanços na especificação do concreto usado para a produção dos elementos. O desenvolvimento das etapas de fabricação também já permite que as esquadrias das janelas e as portas sejam instaladas na linha de montagem. Os banheiros também são construídos à parte e depois encaixados aos outros compartimentos das edificações.       

Principal desafio da indústria de pré-fabricados no Brasil é romper paradigmas 

A tecnologia foi mostrada na recente edição da Concrete Show 2019, que aconteceu em agosto na cidade de São Paulo-SP. A intenção é trazê-la para países da América Latina, região onde o déficit habitacional é crescente. Para o Brasil, em função de sua dimensão continental, os fabricantes alemães apresentaram um modelo de fábrica itinerante, que pode ser instalada no mesmo terreno do canteiro de obras do empreendimento.

Martin Maass: no Brasil, grande parte das empresas que produzem pré-fabricados utiliza baixo grau de tecnologia Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Martin Maass: no Brasil, grande parte das empresas que produzem pré-fabricados utiliza baixo grau de tecnologia
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Segundo o engenheiro civil Martin Maass, do Progress Group, e que na Concrete Show concedeu a palestra “Inovação tecnológica em processos para a indústria de pré-fabricados”, o principal desafio brasileiro é romper paradigmas para aceitar novas tecnologias na construção civil. “No Brasil, existem milhares de empresas que produzem pré-fabricados. Em grande parte, são pequenas e utilizam baixo grau de tecnologia e muita mão de obra. Para mudar isso, é preciso mudar a forma de pensar a indústria de pré-fabricados no país”, diz.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Inovação tecnológica em processos para a indústria de pré-fabricados, do engenheiro civil alemão Martin Mass, apresentada na Concrete Show 2019.

Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Construção civil precisa qualificar 1,3 milhão em 4 anos

Construção agrega tecnologia no canteiro de obras e, consequentemente, precisa de mão de obra mais qualificada Crédito: Banco de Imagens
Construção agrega tecnologia no canteiro de obras e, consequentemente, precisa de mão de obra mais qualificada
Crédito: Banco de Imagens

Segundo o indicador Mapa do Trabalho Industrial, publicado recentemente pelo SENAI, até 2023 o Brasil terá de qualificar 10,5 milhões de trabalhadores em ocupações industriais para fazer frente às mudanças tecnológicas e à automação dos processos de produção. Os números destacam que a construção civil é o terceiro setor que mais vai exigir especialização, depois das chamadas profissões transversais e da metalmecânica. Nos próximos 4 anos, segundo a pesquisa, 1,3 milhão precisarão ser treinados para atuar nos canteiros de obras. “Esse resultado reflete as exigências cada vez maiores por profissionais na área de implementação de processos robotizados”, diz relatório do estudo.

A demanda por qualificação engloba trabalhadores que já estão empregados e, em parcela menor (22%), aqueles que precisam de capacitação para ingressar no mercado de trabalho. Em relação aos novos empregos que devem surgir na construção civil, o Mapa do Trabalho Industrial aponta que as maiores taxas de crescimento envolvem condutores de processos robotizados e pesquisadores de engenharia e tecnologia. “O mundo vive a quarta revolução industrial e o levantamento mostra que o Brasil, mesmo diante das dificuldades econômicas, está se inserindo aos poucos na Indústria 4.0. Por isso, é importante que as pessoas conheçam as tendências para que possam adequar seus projetos de vida às necessidades do mundo do trabalho”, afirma o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi.

Formação técnica terá mais oportunidades em ocupações ligadas ao canteiro de obras

As projeções do Mapa do Trabalho Industrial coincidem com dados trazidos em outras pesquisas, como o Mapa do Ensino Superior, divulgado no fim de 2018, e que aponta os novos profissionais que devem ser incorporados à construção civil. Entre eles, gestor de novos negócios em inteligência artificial, gestor de resíduos, especialista em impressão 3D de grande porte, engenheiro climático e técnico de manutenção de robôs. Mas as novas profissões não se restringem às graduações. O estudo do SENAI aponta que a formação técnica terá mais oportunidades em ocupações industriais, diante das mudanças em curso no mercado de trabalho. A estimativa é que até 2023 deverão ser capacitados quase 1,2 milhão de técnicos, com a construção civil absorvendo 1/3 desse volume de novos trabalhadores.

O indicador Mapa do Trabalho Industrial mostra que o Brasil acompanha uma tendência mundial na construção civil: a de que as vagas no setor serão ocupadas por quem tiver curso técnico e ensino médio. Com capacitação, esses profissionais, não raramente, conseguem salários tão competitivos quanto os que concluem a universidade. Além disso, nos países em que o ensino profissionalizante está acoplado ao ensino médio, o acesso dos estudantes às universidades politécnicas é facilitado. Isso permite que pedreiros-construtores se tornem engenheiros civis, por exemplo. Para especialistas em educação, esses profissionais tecnólogos serão fundamentais para consolidar a quarta revolução industrial.

Entrevistado
Reportagem com base no relatório do Mapa do Trabalho Industrial 2019-2023, publicado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)

Contato: imprensa@cni.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330