Robôs montam armaduras para estruturas de concreto armado

Campo de testes dos robôs acontece em Nova York e máquinas aumentam em 5 vezes a produtividade na montagem das armaduras.
 Crédito: Toggle
Campo de testes dos robôs acontece em Nova York e máquinas aumentam em 5 vezes a produtividade na montagem das armaduras.

Crédito: Toggle

Uma startup de Nova York, nos Estados Unidos, encontrou o que pode ser definido como a melhor solução para que homens e robôs possam atuar em parceria no canteiro de obras. A empresa programou máquinas para montar armaduras de aço usadas em estruturas de concreto armado. Os robôs conseguem dobrar os vergalhões e estruturar as gaiolas; aos homens, cabe apenas fazer as amarrações.

Para os inventores, o processo de automação torna a produção de concreto armado mais rápida e segura. “Esse é um trabalho árduo para os seres humanos, mas é exatamente o tipo de trabalho para o qual os robôs foram preparados: pegar materiais pesados e movê-los com precisão. Adaptamos os braços automatizados de robôs industriais para que eles façam movimentos sob medida e montem as armaduras”, explicam Ian Cohen e Daniel Blank. 

As máquinas atualmente conseguem montar armaduras com até 7 metros de comprimento. Porém, os engenheiros trabalham no aperfeiçoamento da automação e avaliam que, em breve, chegarão a montar armaduras de 15 metros. Os inventores também afirmam que a evolução das máquinas permitiria que o homem fosse dispensado da tarefa de amarração, mas asseguram que não é esse o objetivo.

O campo de testes dos robôs acontece em Nova York mesmo. “Construtoras que empreendem na cidade requisitam as máquinas e nós as levamos até os canteiros de obras. Isso é bom que ocorra em Nova York, pois minimizamos as demandas logísticas e o transporte de longa distância”, diz Ian Cohen, que constatou que as empresas que solicitam o auxílio das máquinas são aquelas que mais sofrem com a escassez de mão-de-obra na construção civil - um problema que cresce nos Estados Unidos.

Novos parceiros investem 3 milhões de dólares para expandir a tecnologia

Na linha de produção, os empreiteiros que fazem parceria para utilizar os robôs têm gostado do custo-benefício. Além de reduzir pela metade os gastos com mão-de-obra, eles veem aumentar a produtividade em 5 vezes na montagem das armaduras. O resultado é uma economia de custo e tempo que pode equivaler a 1 milhão de dólares a cada edifício com mais de 30 pavimentos.

Em outubro de 2019, a Toggle - criadora dos robôs e com sede no bairro do Brooklyn, NY - anunciou que captou de novos parceiros a quantia de 3 milhões de dólares para expandir sua equipe e desenvolver a tecnologia robótica para montar armaduras de aço. O grupo Point72 Ventures, o bilionário norte-americano Mark Cuban e a VC Twenty Seven Ventures se tornaram sócios da startup. “A urbanização global está impulsionando a demanda por arranha-céus. Na Toggle, acreditamos que parte da solução para a entrega desses projetos será através da alavancagem da robótica e da automação para multiplicar a produtividade da mão-de-obra”, diz Daniel Blank.

O objetivo dos novos parceiros é levar os robôs-armadores para as indústrias que atuam com estruturas pré-fabricadas de concreto. “A construção civil está passando por uma ampla evolução, com a pré-fabricação ampliando sua fatia, desde casas a edifícios comerciais e pontes. Esses clientes enxergam nos protótipos desenvolvidos pela Toggle a oportunidade de quintuplicar a produtividade”, avalia Ian Cohen.

Assista o vídeo sobre os robôs da Toggle

 

Entrevistado
Engenheiros de robótica Ian Cohen e Daniel Blank, fundadores da startup Toggle
(via assessoria de imprensa)

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press@angel.co
hello@toggle.is

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Não basta planejar. É preciso executar bem a concretagem

Boa concretagem é uma combinação de especificações de projeto com execução correta no canteiro de obras.
 Crédito: Banco de Imagens
Boa concretagem é uma combinação de especificações de projeto com execução correta no canteiro de obras.

Crédito: Banco de Imagens

A qualidade da concretagem começa no projeto. É quando serão definidas as especificações que obrigatoriamente devem ser seguidas por quem vai executar a obra. Fatores como classe de resistência, módulo de elasticidade, classe de agressividade e fator água/cimento são fundamentais para designar a durabilidade da estrutura. Porém, não basta um bom projeto. “A concretagem também depende de contratar o concreto certo, solicitar o concreto certo e executá-lo corretamente no canteiro de obras”, ensina o engenheiro civil, e consultor em estruturas de concreto, Paulo Beghelli Caracik.

O especialista palestrou recentemente em web seminário da AECWeb, intitulado “Melhores práticas de planejamento e execução da concretagem em estruturas de concreto armado”. No evento, o engenheiro mostrou o quanto estão interligadas as especificações de projeto, a entrega e a execução, a fim de que essa etapa tão importante da obra não venha a ter problemas e resulte em futuras patologias. “O planejamento detalhado, a execução correta e o controle tecnológico rigoroso da concretagem são cruciais para assegurar a construção de estruturas de concreto com produtividade e qualidade”, resume.

Também é relevante que, ao longo de cada etapa da concretagem, os vários segmentos envolvidos não extrapolem suas funções. “O que é do projetista é do projetista, o que é da entrega é da entrega e o que é da obra é da obra”, diz Paulo Beghelli Caracik, exemplificando: “Classe de consistência (abatimento do concreto) não é recomendável que o projetista faça. Se fizer, induz a obra a ter problemas, pois essa é uma característica que depende de agregado, sistema de lançamento e intervalo de entrega. Se a construtora decide bombear o concreto, é um tipo de abatimento; se resolve lançar, é outro.”

Nada é mais relevante que fazer o controle tecnológico do concreto

Preparar a entrega e o recebimento, planejar a concretagem e fazer o controle tecnológico do concreto estão entre as etapas que asseguram produtividade à obra. Em suas consultorias, Caracik costuma recomendar que, para construções maiores, o mínimo recomendável é que se trabalhe com 5 caminhões-betoneira. “Enquanto um está na obra, descarregando o concreto, outro aguarda. Quanto aos outros três, um está voltando para a usina de concreto, outro está no percurso da obra e, por fim, um já vai carregando na usina”, detalha. O engenheiro complementa que a produtividade também passa pelos cuidados com a sinalização, com a área de descarregamento dentro do canteiro de obras, com a preservação da rua e com a segurança dos pedestres.

Porém, nada é mais relevante que fazer o controle tecnológico do concreto, avalia o palestrante. “A começar por protocolos básicos, como averiguar se o caminhão-betoneira transporta o concreto solicitado. Isso se dá através da verificação da nota fiscal, da integridade do lacre, o que é a garantia de que o concreto não foi mexido, e do respeito às normas técnicas ”, completa.

Acesse o link, preencha o formulário e assista a palestra

Entrevistado
Reportagem com base no web seminário “Melhores práticas de planejamento e execução da concretagem em estruturas de concreto armado”, do engenheiro civil e consultor em estruturas de concreto, Paulo Beghelli Caracik.

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contato@aecweb.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Construção industrializada elege os melhores de 2019

Royce Connect III: desafio foi atender a arquitetura do prédio administrativo, que possui curvas na fachada e varandas em balanços.
 Crédito: Fator Vital
Royce Connect III: desafio foi atender a arquitetura do prédio administrativo, que possui curvas na fachada e varandas em balanços.

Crédito: Fator Vital

Em sua 9ª edição, o prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto, promovido pela Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) desde 2011, contemplou as seguintes construções: Royce Connect III, em Santo André-SP, na categoria edificações; Arena Petry, em São José-SC, na categoria infraestrutura, e a sede da Igreja Batista no bairro Morumbi, em São Paulo-SP, na categoria pequenas obras.   

O Royce Connect III tem 43.277 m² de área construída e trata-se de um galpão para armazenamento e um edifício administrativo multipavimentos. As edificações utilizaram as seguintes estruturas pré-fabricadas de concreto: vigas, pilares, lajes alveolares, painéis arquitetônicos de fachada não-estruturais, escadas e contenções. O maior desafio foi atender a arquitetura do prédio administrativo, que possui curvas na fachada e varandas em balanços.

Todo o projeto foi concebido dentro de uma plataforma BIM, que possibilitou a verificação minuciosa tanto por parte do arquiteto Fabio Vital (Fabio Vital Arquitetura) quanto do engenheiro-projetista Flavio Isaia (IGA Engenharia e Consultoria). As peças pré-fabricadas foram fornecidas pela Leonardi Construção Industrializada, com volume estimado de concreto de 10 mil m3.

Arena Petry, em Santa Catarina, consumiu 6.179,44 m³ de concreto pré-fabricado. Crédito: PROAÇO
Arena Petry, em Santa Catarina, consumiu 6.179,44 m³ de concreto pré-fabricado.
Crédito: PROAÇO

A Arena Petry, em Santa Catarina, é um complexo de eventos com 23 mil m2 de área construída e capacidade para receber 17,5 mil pessoas. Além disso, possui o maior palco indoor do Brasil, com 540 m². A obra utilizou estruturas pré-moldadas de concreto nos blocos de fundações, pilares, cortinas de contenção, vigas de transição, vigas-pórtico, painéis de fechamento e lajes alveolares. A plataforma BIM também foi utilizada para conciliar o projeto arquitetônico de Luiz Octavio Almeida de Oliveira (Topsolo) com o projeto estrutural de Fernando Pirani Faustino (Proaço Indústria Metalúrgica). A obra consumiu 6.179,44 m³ de concreto.

Igreja em área de preservação da Mata Atlântica teve estrutura montada em 40 dias

Já a Igreja Batista do Morumbi teve projeto arquitetônico de Felipe Aflalo (Aflalo & Gasperini Arquitetos). A industrialização permitiu que a montagem da estrutura ocorresse em 40 dias. O projeto estrutural ficou a cargo do engenheiro Marcelo Cuadrado Marin, da Leonardi, fabricante que forneceu pilares, vigas, lajes alveolares e painéis arquitetônicos de fachada não-estruturais para a obra.

Igreja Batista do Morumbi, em São Paulo-SP: corpo principal da estrutura está sustentado em quatro pilares e o restante em quatro vigas protendidas. Crédito: Abcic
Igreja Batista do Morumbi, em São Paulo-SP: corpo principal da estrutura está sustentado em quatro pilares e o restante em quatro vigas protendidas.
Crédito: Abcic

O terreno onde foi construída a edificação está envolto por áreas de preservação da Mata Atlântica. Dessa maneira, para que a fundação não agredisse as raízes das árvores, houve a obrigatoriedade de sustentar o corpo principal da estrutura em quatro pilares e o restante em quatro vigas protendidas, para que sustentassem lajes e painéis.

A menção honrosa foi para seis praças de pedágio nas rodovias SP 255 e SP 318, no estado de São Paulo. As obras consumiram estruturas pré-fabricadas compostas de pilares, vigas calhas, lajes, telhas W-37, cabines para cobrança de pedágio (simples e duplas) e barreiras de proteção, além de pavimento rígido e os respectivos prédios de administração e salas de geradores das praças.

Entrevistado
Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto)

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abcic@abcic.org.br

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Venda de máquinas para a construção confirma retomada

Eurimilson Daniel e Brian Nicholson, da Sobratema: expectativa é de que crescimento se mantenha em 2020 e seja consolidado em 2021. Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Eurimilson Daniel e Brian Nicholson, da Sobratema: expectativa é de que crescimento se mantenha em 2020 e seja consolidado em 2021.
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

O mercado de equipamentos para a construção civil confirma a retomada de crescimento do setor. Na média, em 2019, o segmento consolida alta de 37% na venda de máquinas, em comparação a 2018. Algumas categorias registram elevação mais exuberante. Como a de caminhões-betoneira, que obteve aumento de 169% nas vendas. Equipamentos para concretagem também contemplam dados positivos, cujas vendas cresceram 77% em 2019. Os dados são do Estudo do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, coordenado pela Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema).

Outros segmentos relacionados ao de máquinas para a construção civil também demonstram crescimento nas vendas. Uma das mais importantes, a Linha Amarela - movimentação de terra -, fecha 2019 com elevação de 31%. Foram comercializadas 16,6 mil unidades contra 12,7 mil no ano anterior. Nessa categoria, destacam-se as retroescavadeiras, com alta de 57%. Já as escavadeiras hidráulicas subiram 34% e as miniescavadeiras e minicarregadeiras alcançaram percentuais de crescimento de 86% e 48%, respectivamente. “Esse é um sinal de que o setor da construção está se preparando para as obras de infraestrutura, que devem destravar em 2020”, estima Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema.

Outro dado coletado na pesquisa também confirma essa tendência. Entre os fabricantes de equipamentos, 61% afirmaram ter aumentado o quadro de funcionários em 2019. O percentual é o oposto da perspectiva de 2018, quando 57% disseram que tinham a pretensão de demitir. “Existem dois pontos de vista sobre esses números. O primeiro é que talvez, em 2018, as empresas tenham subestimado o cenário para 2019. O segundo demonstra a capacidade de recuperação da economia brasileira quando começam a ser tomadas medidas para destravar o mercado”, explica o jornalista e economista Brian Nicholson, responsável pelo levantamento.

Para 2020 e 2021, expectativa é de consolidação do crescimento  

O estudo também detecta que as vendas de caminhões-rodoviários cresceram 41% este ano. Já a categoria “demais equipamentos”, que contempla guindastes, compressores portáteis, manipuladores telescópicos e plataformas aéreas, experimentou elevação média de 70% em 2019. “Além de coletar dados junto aos fabricantes, consideramos dados da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e da Anfir (Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários)”, diz Brian Nicholson, sobre a metodologia da pesquisa.

Para 2020, o Estudo do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção estima aumento de vendas da ordem de 10% no segmento de máquinas da Linha Amarela e de 13% para todo o setor de equipamentos para construção, na comparação a 2019. Essa foi a 14ª edição da pesquisa, a qual detecta que, apesar da retomada do crescimento, os números ainda são 64,13% menores do que o recorde histórico de vendas, atingido em 2011. Naquele ano, foram negociadas 83.545 unidades. O bom desempenho se repetiu em 2012 e 2013, para daí começar uma queda vertiginosa até 2017. Houve recuperação pequena em 2018, confirmada em 2019, e que o setor avalia que atingirá seu ponto de consolidação em 2021.

Entrevistado
Reportagem com base na apresentação do Estudo do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, coordenado pela Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema)

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sobratema@sobratema.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Faixa 1 do Minha Casa Minha Vida falha e fragiliza programa

Casas destinadas à faixa 1 do Minha Casa Minha Vida são as que mais revelam problemas e desistências. Crédito: Agência Brasil
Casas destinadas à faixa 1 do Minha Casa Minha Vida são as que mais revelam problemas e desistências.
Crédito: Agência Brasil

Estudo do Núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da USP (NRE-Poli ) mostra que o programa Minha Casa Minha Vida falhou exatamente no segmento em que mais deveria atuar, ou seja, na faixa 1 (destinada a famílias de 0 a 2 salários mínimos). O excesso de subsídios sem critérios, e que consumiu 88% do orçamento já investido no programa em 10 anos, resultou em apenas 35% do total de unidades entregues. Por outro lado, as faixas 2 e 3, que possuem quase nenhum subsídio, foram responsáveis por 56% das unidades construídas. “O entendimento prevalente é de que o programa, devido aos problemas encontrados no faixa 1, não está funcionando com eficiência, e que, portanto, requer ajustes”, diz parte da conclusão do estudo. 

A percepção do NRE-Poli é que os projetos da faixa 1 do Minha Casa Minha Vida desestimulam as famílias a continuarem nas moradias por longo tempo. “A imagem deletéria do faixa 1 que se propagou na sociedade decorre principalmente do fato de que os projetos se situam em geral em localizações distantes dos centros, com carência de serviços públicos (escolas e postos de saúde) e transporte público”, cita. Outra falha apontada é que o faixa 1 não consegue criar mecanismos que transmitam o sentimento de propriedade. “É muito comum moradores venderem componentes, ou mesmo a habitação inteira, e retornarem às suas moradias precárias de origem, gerando uma espiral de deterioração dos empreendimentos”, completa o estudo.

Para fugir de armadilhas, famílias do faixa 1 preferem unidades das faixas 1,5 e 2

Outra constatação feita pelos integrantes do Comitê de Mercado do NRE-Poli é que, para fugir das armadilhas do programa, um bom número de famílias enquadradas no faixa 1 prefere adquirir produtos para as faixas 1,5 e 2. Isso leva o estudo a propor um redirecionamento no Minha Casa Minha Vida. A sugestão é que uma única faixa englobe as famílias das faixas 1, 1,5 e 2. O núcleo da USP também propõe que a seleção das famílias que ingressarão nos empreendimentos não fique mais a cargo do governo federal, mas de um ente público local - prefeitura, por exemplo - que escolheria as que possuem renda entre 1 e 4 salários mínimos. “Os entes públicos locais possuem condições de trabalhar o sentimento de propriedade dos ocupantes, a fim de que eles permaneçam nas unidades”, indica.

Outra alternativa para substituir a faixa 1, e que está em avaliação, é a criação de um voucher (crédito) para ajudar a população de baixa renda a comprar a casa própria. A medida faz parte das discussões sobre modificações no programa Minha Casa Minha Vida. A assessoria do ministério do Desenvolvimento Regional confirma que o voucher está em estudo e que ele poderia abranger famílias com renda até 1.800 reais. Já a mais recente alteração no programa diz respeito ao projeto de lei 888/2019, que restabelece o Regime Especial de Tributação (RET) para as empresas contratadas para a construção de unidades habitacionais de até 124 mil reais. O objetivo da medida aprovada no Congresso Nacional é estimular as construtoras a seguirem empreendendo no Minha Casa Minha Vida.

Leia a íntegra do estudo da NRE-Poli

Entrevistado
Reportagem com base no relatório do Comitê de Mercado do Núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da USP (NRE-Poli ), intitulado "Retrospecto e novos rumos do programa Minha Casa Minha Vida"

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realestate@poli.usp.br
www.realestate.br

 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Norma-mãe do concreto, ABNT NBR 6118 entra em revisão

ABNT NBR 6118 é considerada a norma-mãe do concreto, por sua forte influência em projetos e obras. Crédito: Banco de Imagens
ABNT NBR 6118 é considerada a norma-mãe do concreto, por sua forte influência em projetos e obras.
Crédito: Banco de Imagens

No dia 10 de outubro de 2019 foi reativada a Comissão de Estudo de Estruturas de Concreto - Projeto e Execução (CE-002:124.115) do Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-02). O objetivo do grupo é encaminhar o processo de revisão da ABNT NBR 6118 (Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimentos). Depois de receber mais de uma centena de sugestões, e de reativar a comissão, o trabalho de revisão deve se estender ao longo de 2020.

Conhecida como norma-mãe do concreto, a 6118 teve sua mais recente revisão em 2014. Em seguida, conquistou o padrão internacional pela ISO/TC71, por atender aos requisitos da ISO 19338 - Performance and assessment requirements for design standards on structural concrete. O documento estabelece os parâmetros mundialmente aceitos para as normas de projeto de concreto estrutural, conferindo à ABNT NBR 6118 a possibilidade de ser aceita em outros países. 

A ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) está à frente do processo de revisão da norma-mãe. Os engenheiros civis Suely Bacchereti Bueno, diretora de normas técnicas da ABECE e coordenadora da comissão, e Alio Kimura, diretor-adjunto de normas técnicas da ABECE e secretário da comissão, explicam na entrevista a seguir o que será atualizado na ABNT NBR 6118.

Suely Bacchereti Bueno: não há previsão para abranger novos tipos de concreto. Crédito: ABECE
Suely Bacchereti Bueno: não há previsão para abranger novos tipos de concreto.
Crédito: ABECE

A ABNT NBR 6118:2014 entrou em novo processo de revisão. Já se sabe quais os pontos que devem ser atualizados?
Ao longo de 2018, recebemos mais de 100 sugestões de melhorias em diversas partes do texto normativo. Estas sugestões foram apresentadas e discutidas, havendo um entendimento do que pode ser incorporado e sobre o que requer mais análise. A participação de profissionais de todo o Brasil nas sugestões vem se intensificando, à medida que se ampliam os recursos de reuniões remotas. Salientamos que a revisão da norma é aberta para todos. Todos podem contribuir para o aprimoramento e o aperfeiçoamento do texto, que muitas vezes leva a interpretações diversas. Expor pontos que geram dúvidas ou distorções na aplicação da norma, por parte dos usuários, já é uma importante contribuição.

A norma ganhará apenas atualizações ou terá partes novas para abranger novos tipos de concretos, como, por exemplo, os nanoestruturados e os de ultra-alta resistência?
Até o presente momento, não há previsão para abranger novos tipos de concreto. A introdução de um novo tópico tem que ser estudada e discutida com antecedência. É importante que tenha sido formatada e apresentada anteriormente. Agora, na reta final, é muito difícil introduzir temas como esses. 

“Trata-se de uma norma que necessita ser constantemente revisada, uma vez que a área de projetos de estruturas de concreto está em constante evolução.”

Como trata de estruturas de concreto, daria para dizer que a ABNT NBR 6118 precisa sempre estar em processo de atualização?
Sim, trata-se de uma norma que necessita ser constantemente revisada, uma vez que a área de projetos de estruturas de concreto está em constante evolução. O estudo sobre o comportamento das estruturas evolui no mundo todo. O Brasil acompanha esta evolução da pesquisa. Participamos de comitês em diversos organismos de normalização internacional e temos que manter nossas normas sempre atualizadas. 

A ABNT NBR 6118:2014 possui padrão internacional por atender aos requisitos da ISO 19338. A revisão causa alguma alteração nessa certificação?
Sim, após a publicação pela ABNT, a norma revisada precisará passar por uma revalidação na ISO.

Alio Kimura: expectativa é que o texto seja publicado no início de 2021 ou final de 2020. Crédito: ABECE
Alio Kimura: expectativa é que o texto seja publicado no início de 2021 ou final de 2020.
Crédito: ABECE

Com relação à verificação do projeto, isso será reforçado na nova revisão?
O texto sobre a verificação de projetos existe desde 2003. Ele foi um pouco alterado na edição de 2014. Dentre as sugestões recebidas em 2018, algumas tratam deste assunto, e teremos que debatê-las.

Como se encontram os trabalhos da comissão que fará a revisão da norma e quantos engenheiros participam dela?
As reuniões em 2018 foram realizadas dentro do âmbito do comitê IBRACON/ABECE CT-301. Há poucos meses, conseguimos reativar a comissão CE-02:124.15 na ABNT. Então, de agora em diante, as reuniões estarão dentro do âmbito da ABNT. Usualmente, o grupo de engenheiros participantes não é elevado. Gostaríamos que fosse maior. 

O trabalho de revisão deve se estender ao longo de 2020?
Sim, deve se estender durante todo o ano de 2020.

Qual a expectativa de data para que o texto revisado da ABNT NBR 6118 seja publicado?
A expectativa é que o texto seja publicado no início de 2021 ou final de 2020. 

Entrevistados
Engenheiros civis Suely Bacchereti Bueno, diretora de normas técnicas da ABECE e coordenadora da comissão (CE-002:124.115), e Alio Kimura, diretor-adjunto de normas técnicas da ABECE e secretário da comissão

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abece@abece.com.br

 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Varejo desperta para as certificações greenbuilding

Sandrino Beltrane, do GBCI Inc.: crescimento de 40% na busca de certificações LEED em 2019, em relação a 2018. Crédito: GBC Brasil
Sandrino Beltrane, do GBCI Inc.: crescimento de 40% na busca de certificações LEED em 2019, em relação a 2018.
Crédito: GBC Brasil

O varejo é o novo protagonista das construções sustentáveis no Brasil. Liderado por redes de lojas e de restaurantes, o setor fez crescer 40% o volume de certificações LEED (Leadership in Energy and Environmental Design [Liderança em Energia e Design Ambiental]) em 2019, na comparação com 2018. “O varejo é o principal contratante de certificações Greenbuilding em 2019”, confirma Sandrino Beltrane, Head de Desenvolvimento de Negócios no Brasil pelo GBCI Inc. (GreenBuilding Certification Institute), em palestra no GreenBuilding Brasil 2019.

O segmento também é responsável pelo aumento da diversificação no número de clientes e tipo de empresas. Segundo Beltrane, 60% dos novos registros estão ligados ao varejo. Até outubro de 2019, houve 115 solicitações de certificações LEED no Brasil. “A gente percebe a democratização dos conceitos de construção sustentável. Saiu da esfera do real estate (mercado imobiliário residencial) e também não está mais confinado ao topo da pirâmide do setor produtivo. Antes, apenas as indústrias brasileiras de grande porte e as multinacionais buscavam certificações. Hoje vemos indústrias de pequeno e médio porte, além do varejo”, cita o palestrante.

De acordo com o Head de Desenvolvimento de Negócios no Brasil pelo GBCI Inc., o varejo, por exemplo, é bem objetivo em sua busca pela certificação. “O mercado de varejo clama por desempenho”, diz. Ou seja, as redes de lojas e restaurantes querem soluções para reduzir consumo de água, de energia elétrica e de resíduos. Um case é a rede de lojas Renner. A empresa já possui três edificações com o selo LEED, após superar requisitos para a redução no consumo de água em 72% - o objetivo inicial era de 45% de economia - e atingir a meta quanto à reciclagem e reutilização de resíduos, que alcançou 80% - 5% acima dos 75% fixados pelo USGBC.

Além do comércio, cresce a demanda por certificações voltadas a bairros inteligentes

As medidas para alcançar esses níveis de desempenho incluem o aproveitamento de água de chuva, o uso de lâmpadas LED, de madeira certificada e de tintas e adesivos com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis. O USGBC também exigiu a coleta seletiva na operação e o controle da qualidade do ar interno durante a fase de construção. A unidade da Renner no shopping RioMar, em Fortaleza-CE, foi a primeira a obter o selo LEED Silver, em 2015. Já em 2018 foi a vez do prédio administrativo da empresa, em Porto Alegre-RS, reconhecido na categoria LEED Gold.

Em sua palestra no GreenBuilding Brasil 2019, Sandrino Beltrane destacou também a crescente demanda por certificações a bairros inteligentes. Recentemente, foi concedido ao empreendimento Cidade dos Lagos, em Guarapuava-PR, o primeiro LEED Communities do Brasil. O condomínio atende uma área com 3 milhões de m2, que reúne indústria, comércio, escolas, hospitais, prédios corporativos e habitacionais. “O conceito de construção sustentável vem mexendo com paradigmas em vários segmentos e mudando as cidades”, finaliza Beltrane.

Veja o vídeo da palestra no GreenBuilding Brasil 2019

Entrevistado
Reportagem com base na palestra de Sandrino Beltrane, Head de Desenvolvimento de Negócios no Brasil pelo GBCI Inc. (GreenBuilding Certification Institute), no GreenBuilding Brasil 2019

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Até onde chegarão os edifícios em concreto pré-moldado?

Edifício residencial em Londres: estrutura de 18 pavimentos foi montada em tempo recorde de 25 semanas Crédito: fib
Edifício residencial em Londres: estrutura de 18 pavimentos foi montada em tempo recorde de 25 semanas
Crédito: fib

A The Breaker Tower, inaugurada em 2015, no Bahrein, é atualmente o maior edifício do mundo construído 100% com concreto pré-moldado. A obra tem 165 metros de altura, mas em breve perderá esse título. Está em construção na Holanda uma torre que alcançará 200 metros, e que também terá 100% de suas estruturas em pré-fabricado. Para o engenheiro-projetista britânico George Jones, coordenador do GT 6.7 (grupo de trabalho) de Edifícios Altos Pré-Fabricados da fib (International Federation for Structural Concrete), atualmente a tecnologia pode viabilizar torres com até 300 metros de altura, com ampla segurança. 

Segundo Jones, a evolução dos pré-moldados está permitindo erguer prédios altos com grande velocidade. Ele citou o caso de uma edificação em Londres-Inglaterra, com 18 pavimentos e 1.000 apartamentos, e que em 25 semanas teve a sua estrutura montada. O engenheiro britânico avalia que a tecnologia só precisa vencer a dificuldade de transporte para se tornar dominante na construção de prédios altos até 300 metros. “Deslocar grandes volumes de peças em concreto pelos centros urbanos é um desafio que a indústria do pré-moldado aos poucos está conseguindo superar. De que forma? Projetando estruturas mais simples e mais esbeltas”, revela.

De acordo com George Jones, outro grande passo dado pela indústria de pré-fabricados de concreto é que esse é o setor da construção civil que mais avança com a produção automatizada de peças. “Na Europa Ocidental diria que esse é um processo consolidado, e que evolui para outros elementos da obra, como as fachadas com função estrutural. Também cresce a integração do pré-moldado com o aço”, diz. O engenheiro-projetista britânico aproveitou sua palestra no ENECE 2019 para fazer um relato da evolução da cadeia produtiva da indústria do concreto pré-fabricado. “Hoje não há o que não possa ser construído com essa tecnologia”, assegura.

Quinze cases de prédios altos inovadores, construídos em 12 países

George Jones: tecnologia só precisa vencer a dificuldade de transporte para se tornar dominante na construção de prédios altos até 300 metros Crédito: Cia. de Cimento Itambé
George Jones: tecnologia só precisa vencer a dificuldade de transporte para se tornar dominante na construção de prédios altos até 300 metros
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Para comprovar o que disse, George Jones mostrou 15 cases de prédios altos inovadores, localizados em 12 países, e que utilizam pré-moldados. Entre as obras, estão o Bella Sky Hotel, em Copenhague-Dinamarca, com paredes, painéis da fachada e lajes. A edificação ganhou o prêmio fib 2014 de estruturas de concreto. As demais edificações são: Dexia Tower, em Bruxelas-Bélgica, com colunas, vigas e lajes pré-moldadas; Breaker Tower, no Bahrein, onde o edifício todo é estruturado com pré-fabricados; Urban Dock Park, na região de Tóquio-Japão, com vigas, colunas e lajes resistentes a abalos sísmicos; Deux Tower, também em Tóquio-Japão, com colunas, vigas e lajes alveolares, e Tampere Tower Hotel, em Helsinque-Finlândia, com painéis-sanduíche nas paredes, para desempenho térmico e acústico da edificação.

No Brasil, o engenheiro selecionou o edifício Parque da Cidade, em São Paulo-SP, que possui um estacionamento subterrâneo com 6 pavimentos, construído com estruturas pré-moldadas. Também foram citados o Conjunto Paragon, em Santa Fé-México, que utiliza painéis côncavos e convexos no revestimento da fachada; Hospital North Western Memorial, em Chicago-EUA, que possui fachada com painéis protendidos, painéis-sanduíche nos pavimentos das garagens e painéis-portantes nos demais andares do edifício; Centro Médico Erasmus, em Roterdã-Holanda, que foi totalmente construído com pré-moldados; The Paramount, em São Francisco-EUA, com 128 metros de altura e fachada antissísmica; Premier Tower, em Melbourne-Austrália, com colunas e megacoluna central; Austrália 108 (em construção), em Melbourne-Austrália, com 317 metros de altura e que possui painéis e colunas pré-fabricadas; Seismic Resistant, em Xangai-China, com vigas e colunas pré-moldadas, e Torre de Cristal, em Madri-Espanha, com 250 metros e lajes protendidas.

Veja a apresentação da palestra do engenheiro-projetista George Jones

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “O que é possível fazer com o concreto pré-moldado em edifícios altos?”, do engenheiro-projetista britânico George Jones, coordenador do GT 6.7 (grupo de trabalho) de Edifícios Altos Pré-Fabricados da fib (International Federation for Structural Concrete), no ENECE 2019 

Contato: abece@abece.com.br

 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Itaipu financia série de obras na fronteira Brasil-Paraguai

Aeroporto de Foz do Iguaçu recebe fingers para embarque e desembarque de passageiros: Itaipu ajuda a impulsionar obras Crédito: Infraero
Aeroporto de Foz do Iguaçu recebe fingers para embarque e desembarque de passageiros: Itaipu ajuda a impulsionar obras
Crédito: Infraero

Três importantes obras estruturais na fronteira entre Brasil e Paraguai estão saindo do papel graças ao financiamento da Itaipu Binacional. A empresa que faz a gestão da segunda maior hidrelétrica do mundo está à frente da ampliação do aeroporto de Foz do Iguaçu-PR, cuja pretensão é se tornar a principal conexão entre os países do Mercosul para voos que levem à Europa e aos Estados Unidos, além de investir na construção de duas pontes. Uma no rio Paraná, entre Foz do Iguaçu e Presidente Franco, no Paraguai, que irá desafogar a Ponte da Amizade, que liga Foz a Ciudad del Este; outra sobre o rio Paraguai, entre Porto Murtinho-MS e Carmelo Peralta, também no Paraguai. 

Essa obra é considerada um marco para o corredor Bioceânico, e que pretende promover a ligação rodoviária entre os oceanos Atlântico e Pacífico, cruzando 4 países da América do Sul. A estrada nasce em Campo Grande-MS, corta Paraguai e Argentina e termina em Iquique e Antofogasta, no Chile. Por isso, a ponte entre Porto Murtinho-MS e Carmelo Peralta é estratégica para a rodovia. Ao custo de 300 milhões de reais, financiados pela Itaipu Binacional, a obra será estaiada e terá 680 metros de comprimento, com previsão de conclusão em março de 2024. Já a previsão orçamentária para a conclusão do corredor Bioceânico, também chamado de "Canal do Panamá da América do Sul", é de 443 milhões de dólares - aproximadamente 1,77 bilhão de reais.

Local onde será construída a ponte ligando Porto Murtinho-MS e Carmelo Peralta, sobre o rio Paraguai Crédito: Acifi
Local onde será construída a ponte ligando Porto Murtinho-MS e Carmelo Peralta, sobre o rio Paraguai
Crédito: Acifi

No caso da segunda ponte sobre o rio Paraná, as obras iniciadas em agosto estão avançadas no lado brasileiro e devem começar no lado paraguaio em dezembro de 2019 ou, mais tardar, no início de 2020. Para chegar à fase de execução foi preciso superar questões tributárias para a exportação de máquinas e equipamentos, impasses trabalhistas e migratórios, além da busca de soluções para a navegação pelo rio Paraná e o uso de área no Paraguai para a construção do canteiro de obras

Recursos vêm de convênios, patrocínios e redução de custos em outras áreas da empresa

Do lado brasileiro, o canteiro se encontra no bairro Porto Meira, em Foz do Iguaçu. O trabalho de desmonte de rochas próximo à margem do rio Paraná já teve início, para que, no lugar, seja erguido um dos dois pilares com 120 metros de altura, e que vão sustentar os cabos a serem estendidos no vão da estrutura. Construída pelo consórcio Construbase /Cidade /Paulitec, a Ponte da Integração tem custo estimado de 323 milhões de reais. Mais 140 milhões de reais serão alocados para a construção da Perimetral Leste, que ligará a nova ponte à BR-277. A previsão é de que seja inaugurada em 2023.

Estrutura que vai sustentar um dos pilares da Ponte da Integração já está em obras, no lado brasileiro Crédito: Itaipu Binacional
Estrutura que vai sustentar um dos pilares da Ponte da Integração já está em obras, no lado brasileiro
Crédito: Itaipu Binacional

Internamente, o conjunto de obras financiadas por Itaipu é chamado de “Pacto pela Infraestrutura Nacional e Eficiência Logística. O diretor-geral brasileiro da binacional, general Joaquim Silva e Luna, reforça que os investimentos só foram possíveis porque todos os atores envolvidos entenderam que os projetos mudarão completamente a economia da região. Além disso, a empresa ainda financia duas obras para o município de Foz do Iguaçu: a restauração do Hospital Ministro Costa Cavalcanti e a construção do Mercado Municipal de Foz. Os recursos para todos os empreendimentos virão de convênios, patrocínios e redução de custos em outras áreas da binacional.

Entrevistado

Itaipu Binacional (via assessoria de imprensa)

Contato: imprensa@itaipu.gov.br

 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


UNICAMP produz bloco intertravado com água de reúso

Blocos implantados em vias internas da UNICAMP, e que utilizam água de reúso de esgoto tratado, têm coloração mais avermelhada Crédito: UNICAMP
Blocos implantados em vias internas da UNICAMP, e que utilizam água de reúso de esgoto tratado, têm coloração mais avermelhada
Crédito: UNICAMP

Pesquisa em desenvolvimento na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da UNICAMP busca substituir a água potável pela de reúso, a partir de esgoto tratado, na produção de blocos intertravados de concreto. Ensaios mostram desempenho praticamente semelhante em todos os corpos de provas e nas peças produzidas, seja com a água de esgoto tratado ou água potável. “As indicações iniciais sugerem que a água de reúso poderá vir a ser uma boa alternativa para reduzir o consumo de água potável na produção de alguns tipos de artefatos de cimento [não-estruturais]”, diz o professor Gustavo Henrique Siqueira, do departamento de engenharia de estruturas da UNICAMP. 

A pesquisa também tem a participação da arquiteta e urbanista Mariana Rodrigues Ribeiro dos Santos e do engenheiro químico Adriano Luiz Tonetti, ambos ligados ao departamento de infraestrutura e ambiente da universidade. Cada um cuidou de uma etapa do estudo. O engenheiro químico avaliou a viabilidade da utilização da água de reúso do esgoto tratado, proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) localizada em Barão Geraldo, distrito de Campinas-SP. Já o engenheiro civil acompanhou a produção dos corpos de provas, constituídos por amostras cilíndricas de 10 centímetros de diâmetro por 20 centímetros de altura. Foram avaliadas a resistência à compressão em ensaios onde a água potável foi substituída pela água do esgoto tratado em 25%, 50%, 75% e 100% dos corpos de prova.

Norma técnica não permite usar água de reúso de esgoto tratado para produzir concreto 

Os parâmetros utilizados nas comparações mostraram-se praticamente semelhantes em todos os corpos de provas. “As indicações iniciais sugerem que a água de reúso poderá vir a ser uma boa alternativa para reduzir o consumo de água potável na produção de concreto”, avalia a equipe que coordenou a pesquisa. Para testar os pisos intertravados, um trecho das vias internas da UNICAMP foi substituído pelos blocos resultantes da pesquisa, a fim de verificar se eles suportam o tráfego de veículos leves. A maioria dos que frequentam a universidade não percebeu diferença entre os blocos lá implantados, exceto por causa da coloração. O que utiliza água de reúso tem um tom mais avermelhado.

Os blocos fabricados com água de esgoto tratado chegam a ser 60% mais em conta que os que utilizam água potável na confecção. O estudo ganhou artigos na revista da Associação Internacional de Águas (IWA Publishing) e no Journal of Water, Sanitation &Hygiene for Development. No entanto, vale destacar que as normas técnicas brasileiras não permitem a utilização de água de esgoto tratado para produção de concreto. Além disso, a equipe de pesquisadores não dá o estudo como encerrado, pois ainda existe a necessidade do acompanhamento do comportamento do material ao longo do tempo e também avaliações de suas propriedades microscópicas – os blocos instalados nas vias da UNICAMP completaram 19 meses em novembro de 2019. 

Entrevistado
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da UNICAMP (via assessoria de imprensa)

Contato: infoascom@reitoria.unicamp.br

 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330