Museu árabe é eleito o “estado da arte” do concreto

Construção do Ithra começou em 2010 e sua execução consumiu uma série de materiais produzidos exclusivamente para a obra. Crédito: Saudi Aramco
Construção do Ithra começou em 2010 e sua execução consumiu uma série de materiais produzidos exclusivamente para a obra.
Crédito: Saudi Aramco

O Centro Rei Abdulaziz para a Cultura Mundial, localizado em Dhahran, na Arábia Saudita, recebeu a mais alta honraria do American Concrete Institute (ACI): o prêmio Excellence Awards 2019, concedido às obras que atingem o “estado da arte” do concreto. Para alcançar o reconhecimento, o museu - também chamado de Ithra (enriquecimento, em árabe) - precisou vencer etapas no Oriente Médio e na Ásia, que começaram em 2017. No ano passado, o ACI chancelou a premiação internacionalmente.

Com área construída de 85 mil m², a edificação une avançadas tecnologias construtivas da indústria do concreto. As características da estrutura incluem lajes pós-tensionadas com 15,9 metros de comprimento, paredes e rampas inclinadas de concreto, colunas de concreto armado torcido e inclinado e acabamento com concreto decorativo. O volume de concreto usado na obra se aproximou dos 130 mil m³.

O prédio principal da construção, batizado de Torre do Conhecimento, tem 112 metros de altura. Os pilares das fundações possuem 3 metros de diâmetro cada e a estabilidade da estrutura é reforçada por um núcleo de concreto armado que atua como um cantilever apoiado. As colunas que sustentam as lajes elevadas são inclinadas e resultam em forças de empuxo horizontais na cabeça e na base de cada elevação da coluna. As lajes pós-tensionadas atuam como diafragmas estruturais para transportar essas forças de volta ao núcleo. 

A torre principal do Ithra tem 18 grandes pavimentos. Ela está conectada a prédios menores. Todos têm formas arredondadas e são revestidos com aço tubular inoxidável. A arquitetura lembra um aglomerado de pedras em um oásis. A revista internacional de design Wallpaper classificou a estrutura de “a peça mais progressiva da arquitetura contemporânea da Arábia Saudita”.

O revestimento de aço que envolve o complexo do museu é formado por 93.403 tubos de aço com 76,1 milímetros de diâmetro e 2 milímetros de espessura. Se perfilados, percorreriam uma extensão de 360 quilômetros. Os tubos foram colocados a 10 milímetros de distância um do outro. A precisão permite que a luz natural penetre nos prédios e os iluminem internamente. O aço é o Duplex 2205, projetado exclusivamente pela britânica BuroHappold para o Ithra. Uma das finalidades do revestimento é resistir à abrasão da areia soprada pelo vento.

Para engenheiro-chefe da obra, complexidade da construção superou a lógica

O Ithra teve sua construção financiada pela Saudi Aramco, a empresa de energia e produtos químicos da Arábia Saudita. A construção começou em 2010 e seu custo ultrapassou os 400 milhões de dólares - mais de 1,5 bilhão de reais. O projeto arquitetônico é do escritório norueguês Snøhetta. Diante da complexidade dos projetos e da quantidade de materiais exclusivos usados na obra, o engenheiro-chefe Belal Nasir definiu o que foi construir o Ithra: “Se estivéssemos com todos os sentidos, não teríamos começado isso. Subestimamos a complexidade, o que no final foi bom, pois se tivéssemos feito uma análise de risco provavelmente não teríamos construído. A obra incorporou muitos desafios, mas conseguimos superar”, resume. 

Antes de conseguir a premiação máxima do ACI, projeto do Ithra precisou concorrer com outras obras no Oriente Médio e na Ásia. Crédito: Saudi Aramco
Antes de conseguir a premiação máxima do ACI, projeto do Ithra precisou concorrer com outras obras no Oriente Médio e na Ásia.
Crédito: Saudi Aramco

A execução da edificação foi finalizada em outubro de 2017. Porém, a abertura para o público só ocorreu um ano depois. Atualmente, o Ithra recebe um fluxo de 700 mil visitantes por ano. Além do reconhecimento do ACI, como obra que alcançou o “estado da arte do concreto”, o museu também recebeu uma classificação especial do US Green Building Council, por suas preocupações com a sustentabilidade, desde a implantação do canteiro de obras. O museu também preservou métodos construtivos seculares dos árabes, como o uso de tijolo solo-cimento fabricado in loco nos muros que circundam os prédios. 

Saiba mais sobre a construção do Ithra

 

Veja por que o ACI concedeu o prêmio Excellence Awards ao Ithra 

Entrevistado
Reportagem com base no relatório da ACI (American Concrete Institute (ACI) sobre a construção do Ithra, com dados da Saudi Aramco

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techinq@concrete.org
international.media@aramco.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Saiba quais obras federais serão leiloadas em 2020

Wesley Cardia: 22 aeroportos, 19 rodovias e 11 ferrovias estão no programa de privatizações para 2020. Crédito: Sobratema
Wesley Cardia: 22 aeroportos, 19 rodovias e 11 ferrovias estão no programa de privatizações para 2020.
Crédito: Sobratema

O secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Wesley Cardia, expôs recentemente, em evento da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração), quais obras federais serão concedidas para a iniciativa privada em 2020. À frente do organismo que é ligado à Casa Civil e à Presidência da República, Cardia elencou uma série de leilões que acontecerão ao longo do ano. São rodovias, portos, ferrovias, usinas, linhas de transmissão, terminais portuários, aeroportos, direitos minerários e empresas estatais que o governo pretende repassar para a iniciativa privada

Entre as obras, destacam-se as rodovias BR-101 (trecho entre Florianópolis-SC e Osório-RS) e BR-116 (Presidente Dutra, no trecho entre São Paulo-SP e Rio de Janeiro-RJ), as ferrovias FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) e Ferrogrão, além da usina nuclear Angra 3, terminais aéreos e a Casa da Moeda. Ao todo serão 24 instalações ligadas ao setor de energia, 23 portos, 22 aeroportos, 19 rodovias e 11 ferrovias. O volume de obras que o governo federal decidiu repassar à iniciativa privada em 2020 foi definido na 11ª reunião do conselho do PPI, que aconteceu no final de novembro de 2019. 

Painel mostra todas as concessões que serão colocadas em leilão no 1º semestre e no 2º semestre de 2020. Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Painel mostra todas as concessões que serão colocadas em leilão no 1º semestre e no 2º semestre de 2020.
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Segundo Cardia, o governo não tem mais recursos nem vocação para viabilizar e gerenciar projetos de infraestrutura. “As obras públicas precisam ser feitas pelas empresas privadas especializadas em cada setor. O Estado não tem mais que fazer isso”, diz. Para o secretário, a carteira de concessões para 2020 deve movimentar o segmento da construção civil. Desde a criação do PPI, em 2016, essa será a maior quantidade de concessões colocada em leilão. Em 3 anos, foram qualificados 287 projetos, com a realização de 160 concessões, e que resultaram em investimentos de 695 bilhões de reais e outorgas e bônus de 137,1 bilhões de reais. 

Em 2019, aconteceram 35 leilões, com investimentos na ordem de 442 bilhões de reais

Em 2019, aconteceram 35 leilões, com investimentos na ordem de 442 bilhões de reais e outorgas e bônus de 90,7 bilhões de reais. Entre os segmentos contemplados estão portos (13), aeroportos (12), energia (2), ferrovias (1) e rodovias (1).  De acordo com Cardia, tudo que puder ser repassado para a iniciativa privada, será. Inclusive as obras inacabadas. Ao final de 2018, o Brasil tinha mais de 14 mil obras paradas, envolvendo recursos da ordem de 144 bilhões de reais, segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU). Desse total, 4 mil eram do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com orçamento de 32 bilhões de reais. 

Na visão de Cardia, há uma modelagem em desenvolvimento, mas 42% das obras paradas são consequência da insegurança jurídica, o que se reflete em duas mil creches paralisadas, além de unidades prisionais em todos os estados, unidades socioeducativas e projetos de iluminação pública e saneamento. Ele também cita que há 2.500 Unidades Básicas de Saúde (UBS) paradas - muitas delas, com 85% do total das obras concluídas. “O governo não tem dinheiro para terminá-las. Isto vai ser feito através de Parcerias Público-Privadas (PPPs), e muitas delas com empresas pequenas e médias. Há um mercado fabuloso nesta área para o setor da construção civil”, estima. 

Ouça a palestra do secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Wesley Cardia

Entrevistado
Reportagem com base em palestra do secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Wesley Cardia, em evento da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração)

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sobratema@sobratema.org.br
@ppinvestimentos
www.ppi.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Minha Casa Minha Vida: governo vai cobrar obras inacabadas

Conjunto habitacional inacabado na região metropolitana de Fortaleza-CE: maioria das obras abandonadas é para população de baixa renda. Crédito: Diário do Nordeste
Conjunto habitacional inacabado na região metropolitana de Fortaleza-CE: maioria das obras abandonadas é para população de baixa renda.
Crédito: Diário do Nordeste

O governo federal estuda editar a Medida Provisória (MP) que determina prazo de dois anos e meio para que as construtoras contratadas pelo Minha Casa Minha Vida (MCMV), e que ainda não concluíram as obras, finalizem a execução. Caso contrário, terão que devolver os recursos que já receberam da União, somados a juros e correção monetária.

Levantamento do ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) aponta que o programa habitacional tem 44.426 moradias inacabadas, em 1.895 municípios de 25 estados. Boa parte dessas obras encontra-se em cidades de até 50 mil habitantes e são direcionadas a famílias com renda igual ou inferior a R$ 1,6 mil por mês, enquadradas nas faixas 1 e 1,5. 

Os motivos que levam as obras a estarem paradas, segundo recente auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), envolvem fraudes, erros de projeto, desconexão com a infraestrutura urbana das cidades e falta de obras complementares. Isso inclui a ausência de creches, escolas e ligações com as redes de água, esgoto e energia elétrica. Também há casos de abandono da obra por parte das construtoras, devido a atrasos no repasse de recursos.

O Ministério de Desenvolvimento Regional, juntamente com parecer técnico da Controladoria-Geral da União (CGU), estima que a conclusão das obras inacabadas vai precisar de orçamento extra de 280 milhões de reais. Enquanto não resolver esse impasse, o governo decidiu, no final de 2019, cancelar a contratação de 8.482 novas unidades do Minha Casa Minha Vida. 

Também com o aval da CGU, a alegação para anular os contratos foi que havia "irregularidades insanáveis nos processos". Isso também influenciou no veto da Presidência da República, em dezembro de 2019, ao projeto de lei que restabelecia regime especial de tributação para a incorporação de imóveis no âmbito do MCMV. De acordo com o Planalto, o projeto apresentava “inconstitucionalidades”.

Congresso Nacional derruba veto presidencial e promulga Lei 13.970

No entanto, no dia 17 de dezembro, o Congresso Nacional derrubou o veto presidencial e promulgou a Lei 13.970, de 2019, que recria o regime especial de tributação para obras do Minha Casa Minha Vida. Com a nova lei, a incorporação de unidades residenciais de até 100 mil reais deve recolher o equivalente a 1% da receita mensal recebida a título de pagamento unificado do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), do PIS Pasep e da Cofins.

A legislação aprovada permite à construtora pagar os tributos envolvidos com a alíquota de 1% até a quitação total do preço do imóvel. Essa tributação especial é retroativa e vale para as incorporações que, até 31 de dezembro de 2018, tenham sido registradas nos cartórios de registro de imóveis ou tiveram os contratos de construção assinados.

Para as obras novas, a partir de 1º de janeiro de 2020, a lei prevê a alíquota máxima de 4% para as construtoras que tenham sido contratadas dentro do Minha Casa Minha Vida e cujo valor de cada unidade não ultrapasse 124 mil reais. A alíquota incidirá sobre a receita mensal auferida pelas vendas e as respectivas variações monetárias decorrentes da operação. 

A medida tomada pelo Congresso teve o apoio de organismos ligados à construção civil. “Esta decisão traz segurança jurídica para o setor e para o poder público, evitando medidas judiciais para revisão dos contratos em razão de despesas supervenientes não contabilizadas”, diz Erika Albuquerque Calheiros, assessora jurídica da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Entrevistado
Controladoria-Geral da União (CGU) (via assessoria de imprensa) e Agência Câmara

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imprensacgu@cgu.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Notre-Dame terá projeto de reconstrução sustentável


Também foi aberto um concurso público para ajudar na escolha do novo projeto, e que já recebeu mais de 200 ideias de designers e arquitetos de 56 países, incluindo dois do Brasil. Um deles é de Alexandre Fantozzi, do estúdio AJ6. Ele propõe que o pináculo e o telhado da catedral sejam reconstruídos com estruturas metálicas e recobertos por vitrais. Ideia semelhante tiveram os arquitetos Rodrigo Barino e André Laurino.

A catedral Notre-Dame teve sua construção iniciada há mais de 8 séculos, em 1163. Após o acidente, toda a estrutura foi escorada para evitar novos desabamentos, em função das fragilidades causadas pelo incêndio. As obras de reconstrução só devem começar em 2021 e, independentemente do projeto a ser escolhido, ficarão a cargo do arquiteto-chefe de Notre-Dame, Philippe Villeneuve.

Villeneuve é favorável a um retrofit ortodoxo, que preserve todas as linhas originais da catedral gótica. Já o governo francês, que vai financiar a construção da igreja, é adepto da adoção de conceitos modernistas ao projeto.  Mesmo divergindo, o arquiteto-chefe da catedral e os organismos governamentais concordam que o projeto de reconstrução deve atender práticas sustentáveis, como captação de água da chuva, prioridade para a luz natural e telhado verde.

Para o governo francês, a maior preocupação é que a estrutura da catedral não suporte a reconstrução de um pináculo e de um telhado semelhantes aos originais. Só a torre tinha mais de 90 metros de altura e pesava 750 toneladas. Para os engenheiros de estruturas que estiveram na catedral após o incêndio, um diagnóstico mais preciso vai depender da retirada de todos os escombros e de parte do volume de andaimes que hoje escora a catedral.

Cinco projetos se destacam entre os que se inscreveram no concurso francês  

Cinco projetos que comungam de conceitos sustentáveis se destacam entre os que se inscreveram no concurso. Entre eles, o do escritório canadense NAK, que propõe um telhado em aço inoxidável polido e um pináculo envidraçado com iluminação que se destaque na noite parisiense. Já o estúdio norte-americano RCDF faz uma proposta ousada. Sugere que o pináculo não seja reconstruído, mas substituído por uma holografia que ficaria visível à noite.

Outro projeto vem do Reino Unido. O escritório do casal de arquitetos Cuong Phu Nguyen e Thi Hang Nguyen propõe um chafariz de luzes sobre o telhado e o pináculo, com o aproveitamento da água da chuva. Já o também britânico N.ARCH.IK teve uma ideia que preserva as linhas originais do telhado e do pináculo, porém com mudanças nos vitrais para que o interior de Notre-Dame aproveite melhor a luz natural

Por fim, o projeto japonês assinado por 8 arquitetos de Tóquio tem a proposta ousada de ocupar a estrutura afetada pelo incêndio com uma floresta flutuante e telhado de vidro. A concepção é de que o local deveria se transformar em uma área de visitação e de reflexão na cúpula da catedral. A expectativa é de que o projeto selecionado seja anunciado ainda no primeiro semestre de 2020.

 

Entrevistado
Departamento de comunicação da Notre-Dame de Paris

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Tecnologia qualifica diagnóstico de manifestações patológicas

Corrosão de armaduras está entre as manifestações patológicas mais preocupantes em uma obra. Crédito: Banco de Imagens
Corrosão de armaduras está entre as manifestações patológicas mais preocupantes em uma obra.
Crédito: Banco de Imagens

O engenheiro civil Marcus Vinícius Fernandes Grossi, especializado em engenharia diagnóstica, explica que o profissional voltado para o segmento de patologias da construção dispõe atualmente de uma série de ferramentas que auxiliam na detecção de problemas que podem afetar uma obra ao longo de sua vida útil. São equipamentos que vão desde uma simples trena até drones e robôs. “É o que eu chamo de kit de inspeção”, diz, durante web seminário em que abordou o diagnóstico e o tratamento de manifestações patológicas em construções.

Segundo Marcus Grossi, a tecnologia permite que sejam feitas análises mais aprofundadas, que vão além de uma inspeção sensorial - aquela em que o engenheiro se vale de sentidos como visão, tato, audição e, até mesmo, o olfato para verificar uma construção. Para esse tipo de diagnóstico, o kit básico deve contar com lanterna, trena, nível bolha, prumo, EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), câmera fotográfica e smartphones ou tablets, que facilitam anotar dados dos projetos originais das obras. 

Para uma inspeção mais aprofundada, é necessário ter aparelhos que permitam realizar ensaios, os quais podem ser não-destrutivos, semidestrutivos ou destrutivos. Neste caso, é preciso contar com ferramentas como fissurômetro, paquímetro, nível laser, scanner 3D, microscópio, boroscópio (parecido com o endoscópio da medicina), drones, robôs e até emissores de luz ultravioleta. “Cada inspeção requer uma técnica, que pode ir de simples testes abrasivos a técnicas mais precisas de inspeção”, relata o engenheiro.

Essas técnicas podem ser mecânicas, químicas, termográficas, hidrodinâmicas, eletromagnéticas, ultrassônicas ou computacionais, através do uso de softwares. “O estudo conhecido como patologia das construções, que analisa as manifestações patológicas em obras, se vale muito de conceitos da medicina. Então, assim como os profissionais da saúde, o engenheiro que atua nessa área precisa fazer o diagnóstico, o prognóstico, a terapia e a profilaxia”, afirma Marcus Grossi.

Norma de Desempenho define limites para que uma obra seja declarada com manifestações patológicas

Em sua palestra, o engenheiro diagnóstico lembra que a Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) define limites para que uma estrutura possa ser declarada com manifestação patológica ou não. “A Norma de Desempenho define que uma edificação deve garantir habitabilidade (estanqueidade, desempenho térmico, desempenho acústico, desempenho lumínico, saúde, higiene e qualidade do ar, funcionalidade e acessibilidade, conforto tátil e antropodinâmico), segurança (estrutura, sistema contra fogo e garantia de uso e operação) e sustentabilidade (durabilidade, manutenibilidade e impacto ambiental). Se não comprometer esses índices de desempenho, não pode ser enquadrada como manifestação patológica”, explica.

A ABNT NBR 6118 (Estruturas de concreto armado) também define limites para o que pode ser considerada uma manifestação patológica. Segundo Marcus Grossi, a boa execução do concreto e o correto cobrimento das armaduras são imprescindíveis para evitar problemas futuros. “Seguindo as referências normativas é possível fazer uma gestão de risco contra manifestações patológicas e evitar problemas futuros na obra”, finaliza o engenheiro.

Preencha o formulário e acesse o vídeo do web seminário

Entrevistado
Reportagem com base no web seminário “Análises patológicas e diagnóstico na construção civil”, concedido pelo engenheiro civil Marcus Vinícius Fernandes Grossi, com especialidade em engenharia diagnóstica pela USP (Universidade de São Paulo ) e pelo IPT (pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo)

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Concretagem do Yachthouse é finalizada pela Concrebras

Edifícios do Yachthouse Residence Club, em Balneário Camboriú-SC:  know-how adquirido pela Concrebras a torna referência em concretagem de edifícios altos. Crédito: Pasqualotto&GT/JC Drones/Youtube
Edifícios do Yachthouse Residence Club, em Balneário Camboriú-SC: know-how adquirido pela Concrebras a torna referência em concretagem de edifícios altos.
Crédito: Pasqualotto&GT/JC Drones/Youtube

Com duas torres de 280 metros de altura cada uma, o condomínio de alto luxo Yachthouse Residence Club entra na fase final de execução. Em dezembro de 2019, a etapa de concretagem dos prédios localizados em Balneário Camboriú-SC foi 100% concluída pela Concrebras. A empresa forneceu todo o concreto usado na obra, além de cuidar dos ensaios e da logística para o lançamento do material. 

Como define o gerente de desenvolvimento técnico da Concrebras, o engenheiro civil Jorge Luiz Christofolli, o empreendimento impôs muitos desafios. “Os desafios encontrados nesta obra foram diversos e estimulantes. Envolveram desde o estudo criterioso das dosagens dos concretos, passando pelos equipamentos empregados, pelo intenso treinamento dos colaboradores em todos os processos e pelo controle de qualidade”, explica. 

A última área dos edifícios a receber concreto foram os helipontos, localizados no alto das torres. Para vencer a altitude de 280 metros, a Concrebras precisou compartilhar investimentos com a construtora Pasqualotto & GT. Foram adquiridas uma bomba de alta pressão e tubulações especiais, por parte da empresa de concretagem, e dois mastros de distribuição pela construtora. “Sem estes equipamentos, o trabalho não poderia ser executado com segurança e eficácia”, destaca Christofolli.

A concretagem da obra iniciou em novembro de 2013. Ao longo de 6 anos, foram aplicados cerca de 100 mil m3 de concreto, o que corresponde a 12.500 viagens de caminhões-betoneira. Se esse número de veículos pudesse ser enfileirado resultaria em 132 quilômetros de extensão, aproximadamente. “O concreto foi dosado na central de Itajaí-SC, em três pontos de carregamento. O ciclo médio de cada viagem para a obra foi de 2 horas e 17 minutos, incluindo o tempo para o caminhão carregar, misturar, transportar, descarregar na obra e retornar à central”, revela o engenheiro.

As várias fases de concretagem das torres consumiram 59 tipos de concreto

O know-how adquirido pela Concrebras ao longo do trabalho nas duas torres do Yachthouse Residence Club permite que a empresa seja citada como referência nacional em concretagem de edifícios altos. “A concretagem em grande altura, acima dos 270 metros, exigiu grandes esforços para o aperfeiçoamento da tecnologia do concreto, além do uso de equipamentos de alta performance”, cita Jorge Luiz Christofolli.

Lajes outrigger, localizadas nos pavimentos 30 e 53 de cada um dos prédios do Yachthouse, receberam concretos especiais fluidos e autoadensáveis. Crédito: Youtube/IBC Balneário Camboriú
Lajes outrigger, localizadas nos pavimentos 30 e 53 de cada um dos prédios do Yachthouse, receberam concretos especiais fluidos e autoadensáveis.
Crédito: Youtube/IBC Balneário Camboriú

As várias fases de concretagem das torres consumiram 59 tipos de concreto, sendo as resistências especificadas entre o fck 20 MPa e 56 MPa. Na obra, foram usados aditivos especiais de última geração, sílica ativa e o Cimento Itambé. Além disso, na fundação foram utilizadas cerca de 900 toneladas de gelo.

Um exemplo de uso da tecnologia do concreto se deu na etapa de preenchimento das lajes outrigger (sistema estrutural de contraventamento) localizadas nos pavimentos 30 e 53 de cada um dos prédios do Yachthouse. “Nessa fase foram utilizados concretos especiais fluidos e autoadensáveis, que permitiram o preenchimento de todos os espaços entre as armaduras, as quais tinham elevadíssima concentração de ferragens”, finaliza o gerente de desenvolvimento técnico da Concrebras. 

Entrevistado
Engenheiro civil Jorge Luiz Christofolli, gerente de desenvolvimento técnico da Concrebras

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jorge@concrebras.com.br

Saiba mais sobre a Concrebras.

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Construção civil interrompe série de 5 anos em queda

Sol dissipa nuvens no setor da construção civil em 2019 e tende a se manter brilhando em 2020. Crédito: Banco de Imagens
Sol dissipa nuvens no setor da construção civil em 2019 e tende a se manter brilhando em 2020.
Crédito: Banco de Imagens

O Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil em 2019 conseguiu, finalmente, interromper uma série de 5 anos de queda. Segundo a área de Projetos da Construção da FGV (Fundação Getúlio Vargas), coordenada pela economista Ana Maria Castelo, o setor encerrou o ano com crescimento de 2%. O impulso maior veio dos segmentos de autoconstrução e reformas (3%), serviços especializados (2,5%) e infraestrutura (1%).

O crescimento registrado em 2019 não repõe as perdas acumuladas de 2014 a 2018, que chegaram a 30%, mas aponta para uma guinada que, de acordo com a própria FGV, deverá manter o viés de alta para 2020. A projeção é de que o PIB da construção civil cresça 3% neste ano. Para Ana Maria Castelo, os números que fecharam 2019 e os previstos para 2020 são muito positivos.

Segundo a coordenadora da FGV, até o meio do ano passado as perspectivas não eram relevantes. “O ano (de 2019) começou mal. Mas a partir do segundo semestre vimos sinais positivos de alguns setores. O principal deles foi o de consumo das famílias. A liberação dos saques do FGTS também teve uma força vigorosa”, destaca. Em maio de 2019, as projeções indicavam que o PIB da construção civil cresceria apenas 0,5% no ano.

Para 2020, o estudo da FGV indica que o segmento de autoconstrução e reformas seguirá liderando a recuperação. O setor de edificações residenciais aumentará o ritmo de crescimento, impulsionando o segmento de serviços especializados, enquanto as obras de infraestrutura devem manter um ritmo lento de recuperação, apesar de o governo anunciar que pretende intensificar as concessões. Porém, os resultados dessa ação tendem a aparecer somente em 2021.

Bons efeitos do PIB nacional refletem nos números regionais 

Para Ieda Maria Pereira Vasconcelos, economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e assessora-econômica do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (SindusCon-MG), será fundamental para a construção civil que as obras de infraestrutura sejam retomadas. “Os resultados do PIB deixam uma mensagem clara: a construção saiu do fundo do poço e mudou a rota. Porém, é necessário um impulso da infraestrutura para que a recuperação gradual se consolide”, diz.

Os bons efeitos do PIB nacional da construção civil também refletem nos números regionais. No Paraná, o SindusCon-PR estima que em 2020 serão geradas 3.200 novas vagas de emprego em Curitiba e região metropolitana. "A recuperação já está acontecendo. Nos últimos 12 meses, a indústria da construção gerou 125 mil vagas em todo o Brasil, sendo 10,7 mil no Paraná e 3,6 mil em Curitiba. Mas este número ainda é muito baixo, o país precisa gerar mais empregos", reforça o ex-presidente do SindusCon-PR, Sérgio Luiz Crema.

Um número que sinaliza um horizonte melhor para 2020 é o de alvarás liberados para a construção em Curitiba e região metropolitana. Houve elevação de 20% em 2019, em relação a 2018. Significa que até 2022 serão acrescentados mais 2,1 milhões de m2 de área construída na capital paranaense e nos municípios vizinhos. "Com cenário macroeconômico melhor, os empresários voltam a ter confiança e a investir. Desengavetam projetos e voltam a gerar empregos", resume Crema.

Veja o estudo do SindusCon-SP/FGV

Veja o estudo do SindusCon-PR

Entrevistado
Reportagem com base em relatórios sobre o desempenho da construção civil, apresentados pelo SindusCon-SP, e FGV, além de CBIC e SindusCon-PR

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sindusconsp@sindusconsp.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Alunos de engenharia civil vistoriam viadutos e pontes

Graduandos dos cursos de 8 universidades do DF participam da parceria para vistoriar obras de arte da capital federal e das cidades-satélites. Crédito: SODF
Graduandos dos cursos de 8 universidades do DF participam da parceria para vistoriar obras de arte da capital federal e das cidades-satélites.
Crédito: SODF

No Distrito Federal, estudantes de cursos de engenharia civil de 8 universidades vão vistoriar pontes e viadutos. A atuação dos alunos será supervisionada por professores e organismos como o CREA-DF. O acordo faz parte de uma ação do governo do DF para evitar novas quedas de estruturas, como a que aconteceu em fevereiro de 2018, quando um viaduto na região conhecida como Eixinho desmoronou sobre carros na área central de Brasília. A meta é adotar um plano de prevenção. “Não será uma vistoria única. A ideia é que elas sejam realizadas continuamente, com a parceria das universidades”, diz o secretário de obras do DF, Izídio Santos Júnior.

Serão vistoriadas 764 pontes e viadutos de Brasília e cidades-satélites que formam o Distrito Federal, além de 56 travessias de pedestres. Para o secretário de obras, a assinatura do termo de cooperação com instituições de ensino superior representa o engajamento da sociedade na preservação do patrimônio público. “Esses estudantes têm a oportunidade ímpar de criar a cultura de manutenção. Não queremos realizar apenas vistorias, produzir documentos e engavetá-los. A gente quer fazer engenharia, e para fazer engenharia precisamos de profissionais capacitados, capazes de produzir bons relatórios técnicos para que avancemos de fato na manutenção dessas obras de arte”, pontua.

Participam do acordo as seguintes universidades do DF: Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), Universidade Católica de Brasília (UCB), Universidade Paulista (Unip), Centro Universitário Planalto do Distrito Federal (Uniplan), Centro Universitário Unieuro, Instituto Federal de Brasília (IFB), Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (Uniceplac) e Centro Universitário do DF (UDF). “Sem essa parceria, dificilmente conseguiríamos vencer o desafio de vistoriar essa quantidade de obras de artes especiais. Esse trabalho vai possibilitar ao governo priorizar demandas emergenciais. E não seremos surpreendidos com desastres”, afirma a presidente do CREA-DF, Fátima Có.

Parceria envolve alunos do 9º e do 10º períodos dos cursos de engenharia civil do DF

O projeto foi idealizado pelo professor do UniCEUB, João Bosco Ribeiro.  “Levei a ideia, e a sensibilidade do governo com o projeto foi fundamental para chegarmos até aqui. Várias universidades se prontificaram a ajudar sem nenhum custo. Estamos promovendo uma sinergia entre governo, instituições educacionais e cidadãos. É um projeto inédito no país. Ganha o GDF (Governo do Distrito Federal) com mão de obra qualificada e ganham os alunos que podem praticar o que aprenderam em sala de aula”, observa. Vão integrar o projeto alunos do 9º e do 10º períodos dos cursos de engenharia civil das universidades que assinaram a parceria.

Do lado governamental e de organismos ligados à construção civil de Brasília, participam a secretaria de obra do GDF, Novacap, CREA-DF, DER-DF, Defesa Civil, Clube de Engenharia de Brasília (CenB), Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico do Distrito Federal (Codese-DF),  Metrô-DF e DF Legal.

Entrevistado
Secretaria de Estado de Obras e Infraestrutura do Distrito Federal (SODF) (via assessoria de imprensa)

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ascomobrasdf@gmail.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Robô seleciona agregado reciclado para construir casa

Casa-laboratório foi construída em 2016, nos arredores de Madri, e monitorada por 4 anos. Crédito: RE4
Casa-laboratório foi construída em 2016, nos arredores de Madri, e monitorada por 4 anos.
Crédito: RE4

Parceria entre pesquisadores espanhóis e italianos tem foco na construção de habitações com materiais reciclados. Pesquisadores da Espanha projetaram uma casa-laboratório de 2 pavimentos para testar produtos alternativos. A edificação usa agregados de demolição em blocos de concreto e painéis estruturais, além de madeira reciclada e fibras de resíduos plásticos misturadas no concreto do radier. Já os italianos desenvolveram um robô que faz a seleção dos agregados e consegue detectar, através de uma câmera multiespectral e inteligência artificial, quais podem ser usados ou não na obra. 

O projeto é chamado de RE4 pelos pesquisadores. A base é o interior da Espanha, perto de Madri, onde a casa-laboratório está montada e será monitorada até fevereiro de 2020, após 4 anos de sua construção. O pavimento térreo foi viabilizado com blocos pré-fabricados de concreto, a partir de agregados reciclados. Já o pavimento superior teve 65% de sua estrutura construída com madeira de demolição. Ao lado, outra casa foi construída com materiais convencionais. Isso permite que, durante o período de avaliação, os dois sistemas construtivos sejam monitorados simultaneamente e comparados. "O que faremos é uma avaliação do nível térmico e do nível da construção”, diz Felipe Mata Gutiérrez, que gerencia o lado espanhol da pesquisa.

Se ao fim dos 4 anos de acompanhamento da casa-laboratório os resultados forem promissores, os pesquisadores solicitarão mudanças no regulamento europeu de construção sustentável. O objetivo é obter permissão para aumentar o uso de materiais reciclados em novas obras. No entanto, a gerente de projetos María Casado diz que a maior dificuldade está em selecionar a qualidade dos agregados. “Os agregados reciclados de demolição têm uma variedade de materiais, como cascalho, gesso, pedra e asfalto. Isso acaba se misturando e precisa ser classificado adequadamente antes que possa ser reutilizado”, afirma.

Custo do m2 da construção que usa agregado de demolição é 4 vezes maior 

Protótipo do robô projetado na Itália separa e qualifica os agregados, mas ainda atua apenas em laboratório. Crédito: RE4
Protótipo do robô projetado na Itália separa e qualifica os agregados, mas ainda atua apenas em laboratório.
Crédito: RE4

Por isso, engenheiros italianos especializados em robótica foram chamados para participar do projeto. Eles criaram um robô que consegue identificar materiais diferentes, e separá-los por meio de um braço mecânico. O protótipo, por enquanto, atua apenas em laboratório. O gerente de robótica do projeto, Umberto Battista, explica o que precisa evoluir na máquina para que ela possa ser replicada e atuar diretamente em canteiros de demolição. “Obviamente, o robô precisa estar preparado para eventos como poeira, chuva e vento, e terá que ganhar réplicas para separar grandes volumes de materiais", cita.

Outro empecilho é o custo do m2 da construção que usa agregado de demolição comparado ao da construção convencional. Neste projeto, por causa do robô, chegou a ser 4 vezes maior. Para minimizar custos, o RE4 está ampliando a experiência para outros países. Irlanda do Norte e Taiwan também terão casas-laboratório semelhantes à construída na Espanha. A pesquisa envolve 13 instituições parceiras da ciência e da indústria, financiadas por um programa de pesquisa e inovação da União Europeia - o Horizonte 2020. A meta do programa é promover estratégias tecnológicas para o desenvolvimento de elementos pré-fabricados com materiais reciclados de edifícios demolidos. O projeto é coordenado pelo CETMA (Centro de Pesquisa Europeu de Tecnologia, Design e Materiais [Centro di Ricerche Europeo di Tecnologie, Design e Materiali]) e envolve 8 países - além de Espanha, Itália, Irlanda do Norte e Taiwan, tem também Suécia, Bélgica, Alemanha e República Checa. 

Entenda o projeto da casa-laboratório

Saiba mais sobre o RE4

Entrevistado
CETMA (Centro de Pesquisa Europeu de Tecnologia, Design e Materiais) (via assessoria de imprensa)

Contato
info@cetma.it
www.re4.eu

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Cenário é propício para investimento racional em imóveis

Imóveis e fundos de investimento Imobiliário pertencem à mesma categoria de ativos, mas possuem diferenças importantes.
 Crédito: Banco de Imagens
Imóveis e fundos de investimento Imobiliário pertencem à mesma categoria de ativos, mas possuem diferenças importantes.

Crédito: Banco de Imagens

As quedas sucessivas na taxa Selic - atualmente em 5% - tendem a atrair investimentos para o mercado imobiliário. Com os cortes impactando nos chamados rendimentos de renda fixa, os investidores podem migrar para fundos imobiliários, ações de construtoras e incorporadoras ou, simplesmente, retirar o dinheiro de suas aplicações para comprar imóveis. Analistas de mercado alertam, no entanto, que a aquisição de uma casa, apartamento ou unidade comercial é um investimento de médio e longo prazo, cujo retorno se dá, em média, acima de três anos.

Daí vem a pergunta: é melhor investir em imóvel ou em fundo imobiliário? Planejadores financeiros com a certificação CPF (Certified Financial Planner) explicam que imóveis e FII (Fundos de Investimento Imobiliário) pertencem à mesma categoria de ativos, mas possuem três diferenças importantes: a forma de propriedade, a tributação e a liquidez. Nos FII, o cotista não tem a propriedade direta. Com isso, se desobriga dos custos de manutenção e vacância do imóvel. A compra de fundos também é isenta de imposto de renda para pessoas físicas, enquanto a renda gerada por imóveis é sujeita à tabela de IR.

Além disso, se obtiver ganho de capital na venda direta de imóveis, as alíquotas de IR serão de 15% a 22,5% (conforme o valor do ganho). Vale ressaltar que, para imóveis até 440 mil reais, e desde que se use o valor apurado na venda para comprar um novo imóvel de maior valor, no prazo máximo de até 180 dias, existe o benefício da isenção de IR. Porém, esse tipo de venda se sujeita a outro tributo: o ITBI, imposto municipal incidente no momento da venda, com alíquotas que variam conforme o município. Já, quanto ao fundo imobiliário, incidem 20% de IR sobre a diferença entre o valor da compra e o da venda das cotas.

Segmento de investimento imobiliário vê boa oportunidade também no aluguel

Por isso, para quem busca mais liquidez, dizem os especialistas, o recomendado é buscar fundos imobiliários. A liquidez dos imóveis físicos depende de fatores como localização, conservação e situação da documentação, enquanto os FII podem ter suas cotas negociadas em Bolsas de Valores, o que propicia mais liquidez do que a compra de casas, apartamentos, escritórios, lojas etc. No entanto, independentemente da opção, o mercado entende que, quanto maior for a queda da taxa Selic, mais o investimento em ativos imobiliários - seja na forma de fundos ou de unidades - se tornará atrativo.

O segmento de investimento imobiliário também não descarta como boa oportunidade o rendimento através de aluguel. Essa alternativa não se resume apenas às unidades residenciais, mas se estende a salas comerciais, terrenos, galpões e espaços de varejo em shoppings ou lojas. Convencionou-se que o aluguel rende cerca de 0,5% por mês do valor total do imóvel. Se a unidade vale 300 mil reais, a locação renderá algo em torno de 1.500 reais mensais. Entre prós e contras, os analistas destacam as seguintes vantagens do aluguel: boa taxa de retorno e segurança no investimento. Já as desvantagens são possíveis despesas com manutenção contínua.

Entrevistado
Reportagem com base em análise de mercado feita pela consultoria Planejar e pela ADEMI (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário)
(via assessoria de imprensa)

Contato
consultoriofinanceiro@planejar.org.br
planejar@planejar.org.br
pesquisa@ademi.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330