Com novo marco, obras de saneamento tendem a sair do papel

Perda de investimento das estatais de saneamento reduziu capacidade de coletar e tratar esgoto no Brasil. Crédito: José Paulo Lacerda/Agência CNI de Notícias
Perda de investimento das estatais de saneamento reduziu capacidade de coletar e tratar esgoto no Brasil.
Crédito: José Paulo Lacerda/Agência CNI de Notícias

O Brasil não investe por ano nem metade dos recursos necessários para suprir as demandas por serviços de abastecimento de água e coleta de esgoto. O mínimo para conseguir universalizá-los até 2033, como definem as metas do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), seria 21,6 bilhões de reais anualmente. Se mantido o ritmo atual, o objetivo só será atingido daqui a 45 anos. Falta levar a totalidade desses serviços a um contingente de 99 milhões de brasileiros. Por isso, a aprovação do marco regulatório do saneamento pela Câmara dos Deputados gera a expectativa de que o quadro atual possa ser revertido.

O projeto de lei, que agora se encontra no Senado, abre caminho para que a iniciativa privada invista em projetos na área de saneamento básico. O governo federal entende que, sem a participação do capital privado - incluindo investidores estrangeiros -, não será possível atingir a meta de universalização até 2033, cujo custo estimado pelos técnicos do ministério da Economia é de 700 bilhões de reais. Boa parte desses recursos também vai beneficiar a construção civil, principalmente dentro da cadeia que envolve os fabricantes de tubos e aduelas de concreto, que são elementos pré-fabricados muito utilizados em obras de saneamento.

O marco regulatório do saneamento não apenas permite a entrada de empresas privadas nacionais e estrangeiras em novos negócios como possibilita que estatais sejam privatizadas. Em nota, a APeMEC (Associação das Pequenas e Médias Empresas de Construção Civil) revela por que é favorável ao projeto de lei. “As estatais têm carregado um peso impeditivo à melhoria e à expansão de suas redes. Algumas ostentam indicadores vergonhosos de coleta de esgoto, como no Pará (6,3%) e em Rondônia (4,5%)”, afirma. A perda de capacidade de investimento das estatais de saneamento é mais gritante na coleta e no tratamento de esgoto, onde 52,4% e 38,6% da população do país, respectivamente, não é atendida.

Brasil ocupa a 106ª posição no ranking mundial de saneamento básico

Há ainda outro dado preocupante: o que envolve a falta de manutenção das tubulações, o que acarreta na perda de 38,3% da água potável produzida, antes que ela chegue ao consumidor. São números que fazem o Brasil ocupar a posição número 106 no ranking mundial de saneamento básico, segundo os mais recentes números apresentados no 30º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental que a ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) promoveu em 2019.   

Por isso, a importância do marco regulatório do saneamento básico. O texto aprovado na Câmara prevê o fim dos chamados contratos de programa, assinados sem licitação entre prefeituras e empresas estaduais. Eles serão substituídos pelos contratos de concessão, permitindo a participação do setor privado nas concorrências. A expectativa é que, a partir de março de 2020, o projeto de lei comece a tramitar no Senado. Se houver modificações, o texto retorna para a Câmara para nova aprovação. Se não sofrer alterações, e for aprovado pelos senadores, vai à sanção da Presidência da República. 

Entrevistados
ABTC (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tubos de Concreto), APeMEC (Associação das Pequenas e Médias Empresas de Construção Civil) e ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) (via assessorias de imprensa)

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Saiba quais são as 10 maiores obras em execução no mundo

Aeroporto internacional Al Maktoum, em Dubai: estrutura para receber 200 aviões por hora. Crédito: Leslie Jones Architecture
Aeroporto internacional Al Maktoum, em Dubai: estrutura para receber 200 aviões por hora.
Crédito: Leslie Jones Architecture

Os países árabes e a China são atualmente as regiões do mundo que mais concentram grandes obras, juntamente com Inglaterra, Japão, Estados Unidos e Líbia. Essas nações empreendem atualmente os 10 maiores megaprojetos de engenharia civil em execução no mundo. São construções que, somadas, têm orçamentos que passam de 400 bilhões de dólares.

A expansão do aeroporto internacional Al Maktoum, em Dubai, prevista para ser concluída em 2030, está entre as 10 maiores obras de infraestrutura do mundo. O aeroporto poderá receber 130 milhões de passageiros por ano e 200 aeronaves por hora. As obras envolvem uma área de 34 km², a um custo de 36 bilhões de dólares.

O tamanho da obra do Al Maktoum só é inferior à do aeroporto internacional de Pequim. A primeira fase foi concluída para as Olimpíadas de 2008. A etapa de expansão, programada para ser concluída em 2025, está estimada em 17,47 bilhões de dólares. O projeto é da arquiteta Zaha Hadid, que morreu em 2016.  

Outra obra em Dubai que também surge na lista de grandes construções globais é a Dubailand - o parque temático da Walt Disney nos Emirados Árabes. Trata-se de um empreendimento com 1.393 hectares de área construída (13.930.000 m²) ao custo de 64 bilhões de dólares. A construção inclui o projeto do maior hotel do mundo, com 6.500 quartos, e um shopping de 929 milm². A conclusão está prevista para 2025.

Também entra na lista a Jubail II, que começou a ser construída em 2014 e será a nova cidade industrial da Arábia Saudita, com capacidade para receber 100 plantas industriais. A obra, calculada em 11 bilhões de dólares, será autossuficiente em energia e abastecimento de água, graças a uma usina capaz de dessalinizar 800 mil m³ de água do mar por dia e uma refinaria de petróleo com capacidade para 350 mil barris por dia. A obra estará acoplada a um amplo complexo rodoviário e ferroviário e deve ser concluída em 2024.

Expansão da estação espacial internacional é a obra mais cara do planeta

A expansão da estação espacial internacional também aparece entre as 10 maiores obras do mundo, e com uma peculiaridade: é a mais cara do planeta, com custo estimado de 66 bilhões de dólares. O orçamento é rateado por um consórcio de 15 países e gerenciado por 5 agências espaciais. A expansão é necessária para que novas viagens à Lua e a planejada missão Marte possam se tornar realidade.

A estação espacial internacional pode perder o título de obra mais cara conforme o canal de transferência de água sul-norte, na China, avança. A primeira fase, concluída em 2014, já consumiu 17,5 bilhões de dólares. Ao todo são quatro canais, sendo que o de menor extensão, e que foi concluído há 6 anos,  percorre 965 quilômetros. O mais longo alcançará quase 2 mil quilômetros. Quando a obra estiver 100% concluída, em 2050, poderá ter consumido 80 bilhões de dólares. O objetivo é transferir 44,8 bilhões de m³ de água por ano dos rios Yangtsé, Amarelo, Huaihu e Haihe, para abastecer as regiões sem recursos hídricos do país.

Outro projeto de irrigação que aparece na lista das maiores obras do mundo em execução é o que está em curso na Líbia. Batizado de "Great Man-Made River" (grande rio feito pelo homem), o projeto se propõe a irrigar mais de 350.000 acres de terra arável e aumentar o fornecimento de água potável para os centros urbanos do país. A construção industrializada do concreto é que viabiliza a obra, que se estende por quase 4 mil quilômetros e se propõe a transportar 2 milhões de m³ de água por dia. A fonte é o aquífero subterrâneo de Núbio. O projeto está programado para ser concluído em 2030, a um custo de 26,5 bilhões de dólares.

Inglaterra, Estados Unidos e Japão investem em linhas férreas urbanas

Na Europa, destaca-se o Crossrail. Trata-se de um trem que percorrerá 108 quilômetros, dos quais 21 de forma subterrânea, sob túneis de concreto. O plano é ligar o leste de Londres com a região oeste da capital inglesa. A obra está atrasada. Deveria entrar completamente em funcionamento em 2019, mas foi adiada para 2021. O orçamento também estourou. Já se aproxima dos 30 bilhões de dólares, dos 23 bilhões previstos inicialmente. 

Outra linha férrea inclusa na relação das grandes obras é a que será inaugurada em 2029, na Califórnia-EUA, e que conectará as 10 maiores cidades do estado norte-americano. O projeto em construção é o de um trem de alta-velocidade, batizado de California High-Speed Rail Authority. Orçada inicialmente em 64 bilhões de dólares, a obra já está em 80,3 bilhões de dólares. O plano é inaugurar o principal trecho, de Los Angeles a São Francisco, em 2022. 

Mais uma linha de trem-bala em construção é a que ligará Tóquio a Nagoya, no Japão, com percurso de 286 quilômetros. Essa primeira fase da Chuo Shinkansen será concluída em 2027. Outra etapa da obra será estendida até Osaka. O equipamento usará a tecnologia de levitação magnética (também conhecido como maglev) e promete ser o trem mais rápido do mundo. O trajeto Tóquio-Nagoya está projetado para ser percorrido em 40 minutos. O trem-bala terá 86% de sua linha em túneis subterrâneos. O custo da obra é estimado em 27,2 bilhões de dólares. 

Entrevistados
Departamentos de comunicação dos gestores das obras

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gary.j.jordan@nasa.gov
cesc@cppcc.gov.cn
emblibia@terra.com.br
pressoffice@crossrail.tfl.gov.uk
info@hsr.ca.gov
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Construção civil amplia uso de PET reciclado em obras

Fotos Fôrmas que isolam o concreto encapsulam o material dentro da estrutura plástica e garantem acabamento e o desempenho termoacústico às paredes. Crédito: Logix
Fôrmas que isolam o concreto encapsulam o material dentro da estrutura plástica e garantem acabamento e o desempenho termoacústico às paredes.
Crédito: Logix

O mundo consome 583,5 bilhões de unidades de garrafas PET por ano. Estados Unidos, China, Índia e Brasil lideram a lista. Anualmente, segundo dados da ABIPET (Associação Brasileira da Indústria do PET), os brasileiros deixam 1,15 milhão de toneladas de PET nas lixeiras ou jogadas no meio ambiente. Desse volume, apenas 350 mil toneladas são recicladas no país. As indústrias de artefatos plásticos e têxtil estão entre as que mais consomem PET reciclado. A construção civil começa a aumentar essa fatia com o aprimoramento de tecnologias que usam o PET em materiais ou sistemas construtivos. 

O produto tem sido testado como elemento termoacústico em paredes de vedação, como sanduíche em paredes estruturais e lajes, além de substituto de areia. Outra utilidade do PET é seu uso como componente para a fabricação de fôrmas para concretagem. O polímero termoplástico também é utilizado como agregado na fabricação de blocos de concreto não-estruturais. Sem contar que o material reciclado do Polietileno Tereftalato (nomenclatura química que dá origem ao termo PET) já é utilizado na fabricação de produtos hidráulicos, como torneiras, tubos e conexões, e de decoração, como carpetes.

Nos Estados Unidos, as garrafas PET estão dando origem a um novo tipo de fôrma para concretar. Elas são conhecidas pela sigla ICF (Insulating concrete forms). Em uma tradução menos literal, podem ser chamadas de fôrmas que isolam o concreto. O material tem sido usado na construção de casas e pequenos edifícios (até 4 pavimentos). Ao contrário das fôrmas tradicionais, as ICFs não são retiradas após a cura do concreto. O material fica encapsulado dentro das estruturas plásticas, o que garante o acabamento e o desempenho termoacústico das paredes.

Construções alternativas movimentam mais de 1,5 bilhão de dólares nos EUA

Prédio pequeno construído com a tecnologia de fôrmas que isolam o concreto: sistema pré-fabricado sustentável. Crédito: Logix
Prédio pequeno construído com a tecnologia de fôrmas que isolam o concreto: sistema pré-fabricado sustentável.
Crédito: Logix

Em 2018, esses tipos alternativos de sistemas construtivos movimentaram 1,04 bilhão de dólares nos EUA. No ano passado, chegou a 1,56 bilhão e para 2020 é esperado um crescimento de 5,1%. Uma das virtudes das ICFs é que elas já vêm com as ferragens montadas, para dar sustentação às paredes. Dessa forma, cabe ao construtor apenas despejar o concreto nos vãos das fôrmas, esperar o material endurecer e seguir erguendo as paredes, como se estivesse montando um “Lego”. Em artigo na revista Forbes, a pesquisadora do GreenHome Institute, Sheri Koones, explica outra vantagem: “Essas fôrmas minimizam os custos com mão de obra, são rápidas para construir, impermeabilizam as paredes e o núcleo de concreto reforçado com aço protege a casa contra incêndio, furacões e terremotos”, diz. 

Autora do livro “Downsize: Living Large In a Small House” (O mínimo necessário para viver bem em uma casa pequena), Sheri Koones pesquisou nos Estados Unidos 33 modelos de unidades residenciais pré-fabricadas com até 70 m2, construídas com sistemas alternativos, e que demonstraram o quanto podem ser confortáveis, práticas, sustentáveis e bonitas. Entre as analisadas, estavam as que utilizam fôrmas de PET reciclado que isolam o concreto. A tecnologia foi considerada a que melhor fornece isolamento térmico e acústico, de acordo com o estudo.   

Entrevistado
Reportagem com base em dados da ABIPET (Associação Brasileira da Indústria do PET) e das informações trazidas em artigo da pesquisadora Sheri Koone na revista Forbes

Contato
faleconosco@abipet.org.br
info@greenhomeinstitute.org

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Curitiba instala comissão para vistoriar pontes e viadutos

Vistoria técnica no viaduto do Orleans: rachaduras na superfície e corrosão na parte de baixo do viaduto inspiram cuidados. Crédito: Rodrigo Fonseca/CMC
Vistoria técnica no viaduto do Orleans: rachaduras na superfície e corrosão na parte de baixo do viaduto inspiram cuidados.
Crédito: Rodrigo Fonseca/CMC

A prefeitura de Curitiba e a câmara de vereadores da cidade instalaram comissão para vistoriar 63 pontes, viadutos e trincheiras. A inspeção conta com o embasamento técnico do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI), do Instituto de Engenharia do Paraná e do Escritório Modelo de Engenharia (EMEA) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Quatro visitas técnicas já foram realizadas. Segundo o engenheiro civil e professor-titular da UFPR, Mauro Lacerda Santos Filho, essas vistorias “apontam para algumas intervenções iniciais a serem executadas”.

Entre as obras já visitadas pelos técnicos estão os viadutos Colorado, do Orleans e os que fazem a ligação entre os contornos sul e norte, na BR-277, além da ponte de madeira do parque Tingui. “As ações do colegiado da comissão de pontes e viadutos iniciaram em novembro de 2019 com o intuito de avaliar a segurança destes dispositivos, além de sugerir melhorias viárias. Os vereadores devem se reunir em breve para definir a programação das próximas vistorias”, explica o presidente da comissão especial, vereador Mauro José Ignácio.

Sobre as obras que receberam visitas técnicas, os engenheiros civis que auxiliam a comissão fizeram as seguintes observações. Em relação ao viaduto Colorado, foi aconselhado instalar sinalização para reduzir a velocidade dos veículos, principalmente no setor da junta estrutural, até que seja feita a substituição. No viaduto do Orleans, que passa por cima da BR-277 e liga os bairros São Braz, CIC e Campo Comprido, foram encontradas rachaduras na superfície e um pouco de corrosão na parte de baixo do viaduto, o que “inspira cuidados”. Também foi sugerida manutenção e conservação dos elementos de drenagem e guarda-corpos. 

Visitas técnicas às estruturas vão se estender até 19 de abril de 2020

Os viadutos que ligam os contornos sul e norte foram avaliados como “em boas condições”, porém foi recomendada manutenção preventiva. O diagnóstico técnico diz o seguinte: “Há um processo de envelhecimento nas juntas de dilatação e algumas infiltrações que acarretam a proliferação de fungos”. A respeito da ponte de madeira do Parque Tingui, a sugestão dos técnicos é que haja um monitoramento constante da estrutura, devido ao fluxo intenso de veículos e a falta de controle de carga. De acordo com o presidente da comissão, não foi recomendada nenhum tipo de interdição ou verificação de estado crítico das obras de arte até agora inspecionadas. 

Mauro Ignácio salientou, porém, que podem ser sugeridas a construção de novas pontes, viadutos e trincheiras, substituindo obras antigas por estruturas mais modernas. É o caso da ponte do Parque Tingui, que o Ippuc pretende lançar licitação para reconstruí-la no valor máximo de 5 milhões de reais. “A partir das vistorias, o colegiado vai estabelecer um catálogo oficial e apresentar à prefeitura de Curitiba um relatório com o resultado das inspeções. A comissão já encaminhou relatórios parciais, mas alerta que é importante a participação da população para apontar problemas”, diz. As visitas técnicas às estruturas vão se estender até 19 de abril de 2020.

Veja vídeo de vistoria técnica no viaduto do Orleans, sobre a BR-277

Entrevistados
Engenheiro civil Mauro Lacerda Santos Filho, professor-titular da UFPR e coordenador do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI)
Vereador Mauro José Ignácio, presidente da comissão especial de pontes e viaduto

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maurolacerda1982@gmail.com
mauro.ignacio@cmc.pr.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Em 50 anos, 10 tipos de concreto vão dominar o mercado

Segundo a Sociedade Americana de Engenheiros Civis, 10 tipos de concretos tendem a ganhar cada vez mais destaques nas obras. O estudo aponta que estarão em alta os seguintes materiais: concreto de alto desempenho; concreto inteligente; concreto autoadensável; concreto autolimpante; concreto de pós reativos; concreto translúcido; concreto permeável; concreto condutivo; concreto subaquático; e concreto projetado. Os motivos estão ligados ao que eles oferecem em termos de sustentabilidade, mas também quanto à qualidade e ao desempenho. Veja as principais características desses concretos especiais, e que vão se destacar nas próximas décadas:

Concreto de alto desempenho (CAD)
São concretos que incluem aditivos, sejam eles plastificantes, superplastificantes ou aditivos de alta capacidade de redução de água. Também podem receber adições minerais, como as superpozolanas, que propiciam microestruturas muito fechadas, praticamente impedindo a ação de agentes agressivos. O resultado é uma altíssima durabilidade, o que explica as vantagens do CAD em obras especiais, como pontes, viadutos e grandes estruturas. Esse concreto normalmente está atrelado a VUP (vida útil de projeto) superior a 100 anos.

Concreto inteligente
O termo está relacionado ao concreto de autocura. O material tem capacidade de se autoregenerar e bloquear a incidência de patologias. As pesquisas são cada vez mais intensas nessa área. Uma das mais famosas é a desenvolvida na Universidade Técnica de Delft, na Holanda, onde pesquisadores descobriram um tipo de bactéria – proveniente da Bacillus Subtilis – que promove o processo de autocura do concreto. O organismo, criado para proliferar exclusivamente no concreto, produz calcário e entra em ação quando em contato com a água, evitando a corrosão do material.

Concreto autoadensável

Inventado no Japão, por volta de 1983, o concreto autoadensável foi apontado como a principal inovação tecnológica do século passado, para a construção civil. No Brasil, chegou por volta do ano 2000. Havia muitos mitos em torno do material, que foram minimizados com uma norma técnica exclusiva, a ABNT NBR 15823 – Concreto autoadensável. Construções que usam a tecnologia de paredes de concreto, assim como a indústria de pré-fabricados, são as que mais se beneficiam do concreto autoadensável. Entre as principais características do material estão alta resistência ao fogo e melhoria dos desempenhos térmico e acústico. 

Concreto autolimpante
O material tem dióxido de titânio (TiO2) ou partículas de Anatásio entre seus agregados e,  quando exposto à luz solar, captura as partículas poluentes do ar que se depositam na superfície do concreto, promovendo a autolimpeza.

Concreto de pós reativos (CPR)

Concreto de pós reativos tem especificações bem superiores às de um concreto convencional. No Brasil, o material é pesquisado na Unisinos-RS. Crédito: Divulgação/ITT Performance-Unisinos
Concreto de pós reativos tem especificações bem superiores às de um concreto convencional. No Brasil, o material é pesquisado na Unisinos-RS.
Crédito: Divulgação/ITT Performance-Unisinos

O Concreto de pós reativos (CPR) surgiu nos anos 1990, na França. Suas especificações são bem superiores às de um concreto convencional, que atinge, em média, valores na faixa de 60 MPa (600 kgf/cm²). Já o CPR está numa faixa de resistência à compressão entre 180 MPa e 800 MPa (entre 2.000 kgf/cm² e 8.000 kgf/cm²). No Brasil, o concreto de pós reativos mais eficaz foi desenvolvido no Instituto Tecnológico em Desempenho e Construção Civil (ITT Performance), vinculado à Unisinos-RS. O material conseguiu resistência à compressão de mais de 180 MPa e resistência à tração na flexão de 40 MPa.

Concreto translúcido
Criado em 2001, na Hungria, o concreto translúcido tem um processo de fabricação relativamente simples e sua resistência é igual à do concreto comum. São inseridas fibras ópticas no interior de uma fôrma e o bloco é concretado. Em seguida, ele passa por um processo de cura e é submerso em água. Mesmo produzido em escala industrial na Europa, o bloco de concreto translúcido ainda é muito caro se comparado com o de concreto convencional. No Brasil, os estudos se limitam aos laboratórios universitários e seu preço, por causa da importação, chega a ser 900% mais caro. Sob o ponto de vista estético, o concreto translúcido permite projetar detalhes diferenciados para fachadas e ambientes internos.

Concreto permeável

Concreto permeável é apontado como uma solução para regiões propensas a enchentes, por escoar rapidamente a água e evitar a impermeabilização do solo. Crédito: Nebrconcagg
Concreto permeável é apontado como uma solução para regiões propensas a enchentes, por escoar rapidamente a água e evitar a impermeabilização do solo.
Crédito: Nebrconcagg

Os Estados Unidos já testam o uso de concreto permeável em vias trafegadas por veículos leves e médios. O material é apontado como uma solução para regiões propensas a enchentes, por escoar rapidamente a água e evitar a impermeabilização do solo. O segredo do material é que os vazios devem variar entre 15% e 30%, no máximo. Abaixo do valor mínimo, a estrutura perde a capacidade de drenagem; acima, drenará rapidamente, mas perderá as propriedades essenciais para a durabilidade do concreto. Outra exigência para esse tipo de concreto é a uniformidade dos agregados. A precisão é importante para que ocorra uma drenagem eficaz.

Concreto condutivo
O concreto condutivo utiliza fibras de aço, combinadas com partículas de carbono, em concreto convencional. O objetivo é torná-lo eletricamente condutivo. As aparas de aço e as fibras de carbono conduzem a energia ao longo do material. Assim, o concreto é conectado a uma fonte elétrica e permite a circulação da corrente. Os experimentos evoluem desde 2008 e, finalmente, começam a ser testados. Na universidade de Nebrasca-Lincoln há um campo de provas. Também em Nebrasca-EUA, uma ponte com 45 metros de extensão foi pavimentada com o concreto condutivo para aquecer e provocar o degelo da neve. 

Concreto subaquático
O concreto subaquático é utilizado em estruturas imersas em água, como plataformas petrolíferas, barragens, tubulações, estruturas de contenção, estacas, paredes-diafragma, blocos de fundação de pontes e pilares de cais de portos. As características da composição variam de acordo com o ambiente ao qual o material será exposto. São utilizados aditivos adequados ao tipo de água e à agressividade que o concreto irá sofrer. Por conta dos agregados e dos aditivos, o material não se dispersa na água.

Concreto projetado

O concreto projetado é a tecnologia construtiva que mais cresce no mundo. Dados recentes mostram que o volume empregado em obras aumenta a uma taxa de 25% ao ano. Os países nórdicos, encabeçados pela Noruega, consomem 1/3 do concreto projetado produzido globalmente. Por duas razões: dispensa fôrmas e é fácil de aplicar. Além disso, cumpre função importante na construção de túneis, taludes, recuperação de estruturas e em obras arquitetônicas. O material requer rigor na composição e na execução. Caso contrário, pode desencadear patologias ou causar acidentes por causa do desplacamento da superfície em que foi aplicado.

 

Entrevistado
Reportagem com base em estudo da Sociedade Americana de Engenheiros Civis

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ascelibrary@asce.org

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Construção civil segue atraindo investimento de celebridades

Ator Caio Castro é sócio da NossoLar desde 2015: construtora empreende em Praia Grande, na Baixada Santista, litoral de São Paulo. Crédito: NossoLar
Ator Caio Castro é sócio da NossoLar desde 2015: construtora empreende em Praia Grande, na Baixada Santista, litoral de São Paulo.
Crédito: NossoLar

Cresce a lista de famosos brasileiros que diversificam seus negócios optando por investimentos na construção civil. A mais nova celebridade anunciada como sócio de uma construtora é o galã de novelas Caio Castro. A empresa da qual é majoritário chama-se NossoLar e ergue empreendimentos de alto padrão em Praia Grande, no litoral de São Paulo. 

No ramo desde 2015, Caio Castro não é apenas investidor. Ele acompanha os projetos de perto, inclusive visitando os canteiros de obras.  O mais recente é um condomínio de luxo, com 150 apartamentos. Em 2020, a NossoLar planeja outros seis lançamentos, com previsão de execução das obras em 2023.

Quem também passou a acompanhar a construção civil de perto é o pentacampeão mundial Ronaldinho Gaúcho. O ex-jogador de futebol mira startups do setor e atua como anjo-investidor. Mas há também ex-atletas que preferem pôr a mão na massa. É o caso de Tiago Silva, que fundou a incorporadora (TSS).

A empresa constrói na região de Porto Alegre-RS e prioriza edifícios residenciais de até 5 pavimentos voltados para as classes A e B. Tiago Silva construiu sua carreira de jogador na Bulgária, aonde chegou a se naturalizar e a defender a seleção daquele país. Após pendurar as chuteiras, retornou ao Brasil e se inspirou em seu pai - que foi pedreiro - para atuar na construção civil.

Outro caso de gente famosa que decidiu investir em projetos imobiliários é o do empresário Luciano Hang, da Havan. Em Balneário Camboriú-SC, ele associou-se ao projeto One Tower, da FG Empreendimentos, que terá 70 pavimentos e 252 metros de altura. O projeto se auto-intitula o “prédio à beira-mar mais alto do Brasil”.

Antes de brilhar em Hollywood, Arnold Schwarzenegger foi sócio de construtoras

No país, também são famosos os casos do cantor Roberto Carlos, sócio da Emoções Incorporadora e Construtora; Zezé Di Camargo e Luciano, que têm participação na Penta Incorporadora; do técnico Vanderlei Luxemburgo, que investiu na construção de um prédio em Curitiba-PR, e do ex-atacante do Athletico-PR e do Fluminense, Washington “Coração Valente”, que possui uma construtora na cidade de Caxias do Sul-RS: a Steca Edificações e Administração Ltda. 

Internacionalmente também existem exemplos bem-sucedidos de celebridades atuando na construção civil. O caso mais curioso é o de Arnold Schwarzenegger. Antes de atuar em “Conan, o Bárbaro”, “Exterminador do Futuro” e uma série de filmes famosos, o ator investiu o dinheiro que ganhou como “mister músculos” na compra de imóveis na planta na Califórnia-EUA. O negócio deu tão certo que, em seguida, ele se associou a construtoras que empreendem em Santa Mônica - famosa praia californiana.

Obviamente, essas celebridades, seja no Brasil ou no exterior, não atuam na construção civil como aventureiros. Elas possuem assessoramento jurídico, contábil e técnico. A maioria deles se aproxima de profissionais que já atuam na área, a fim de conhecer esse mercado. São engenheiros civis, arquitetos, empresários do ramo da construção e incorporação que orientam como investir. Aprendida a lição, os famosos se mostram cada vez mais seguros e dispostos a colocar suas economias em projetos imobiliários.

Entrevistados

Construtoras NossoLar, TSS Incorporadora e FG Empreendimentos (via assessorias de imprensa) 

Contato

contato@construtoranossolar.com
contato@tssincorporadora.com.br
marketing@fgempreendimentos.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Pavimento rígido é destaque no World of Concrete 2020

World of Concrete 2020: 45ª edição da principal feira sobre concreto do mundo atraiu mais de 60 mil visitantes. Crédito: WOC
World of Concrete 2020: 45ª edição da principal feira sobre concreto do mundo atraiu mais de 60 mil visitantes.
Crédito: WOC

Fabricantes de pavimentadoras aproveitaram o World of Concrete 2020 (WOC), que aconteceu de 4 a 7 de fevereiro em Las Vegas-EUA, para lançar uma série de novos equipamentos que prometem aumentar a produtividade e melhorar a competitividade do pavimento de concreto contra seu principal concorrente: o asfalto. As máquinas também trazem inovações tecnológicas, que vão desde acessórios que qualificam o processo de cura e de texturização do concreto até modelos que se inspiram na impressão 3D para pavimentar ruas e estradas.

Os fabricantes das pavimentadoras, cuja maioria tem sede nos Estados Unidos, guardaram os lançamentos para o World of Concrete 2020 porque o evento anual é, de fato, o maior do mundo a ter o concreto como protagonista. Em sua 45ª edição, o WOC recebeu mais de 60 mil profissionais do setor da construção civil de vários países. Boa parte dos visitantes era formada por empreiteiros, fabricantes, engenheiros, arquitetos e comerciantes ligados a diferentes segmentos da cadeia produtiva, além de estudantes de engenharia civil e arquitetura.

Pavimentadoras chamaram a atenção dos visitantes e foram destaque no World of Concrete 2020. Crédito: Gomaco
Pavimentadoras chamaram a atenção dos visitantes e foram destaque no World of Concrete 2020.
Crédito: Gomaco

Atualmente, o setor de pavimentadoras é dominado pelas norte-americanas GOMACO, Guntert & Zimmerman, Power Curbers, Power Pavers e Terex, além da alemã Wirtgen, que utilizou o World of Concrete 2020 para lançar novos modelos no mercado norte-americano. O foco da concorrente europeia são as rodovias, enquanto alguns fabricantes dos EUA priorizaram no WOC “pavimentadoras urbanas”. São máquinas que conseguem revestir ruas de até 2 metros de largura, com execução completa do serviço, ou seja, o equipamento também molda meios-fios, bocas de lobo e calçadas. Tudo construído com o mesmo concreto do pavimento.

Evento também promoveu seminários específicos sobre a qualidade do concreto

Engenheiros do CP Tech Center ressaltam que máquinas não substituem a qualidade do concreto para pavimentar. Crédito: CP Tech Center
Engenheiros do CP Tech Center ressaltam que máquinas não substituem a qualidade do concreto para pavimentar.
Crédito: CP Tech Center

O pavimento de concreto também protagonizou seminários dentro do World of Concrete 2020. Entre os palestrantes esteve o engenheiro civil Peter Taylor, diretor do Centro de Tecnologia do National Concrete Pavement (CP Tech Center), vinculado à Iowa State University, nos Estados Unidos. Ele lembrou que a tecnologia das máquinas contribui para dar qualidade ao pavimento rígido, mas alertou que os técnicos nunca podem deixar de cuidar das propriedades do concreto. “Pavimento de concreto bem feito dura mais de 40 anos; mal feito, pode falhar rapidamente”, ressalta. 

No seminário intitulado “Misturas de Concreto para Pavimentação”, Peter Taylor e o diretor-assistente do CP Tech Center, Gordon Smith, propuseram 5 passos para se obter um concreto de qualidade na pavimentação. As dicas são as seguintes:
1. Verifique a expertise do fornecedor do concreto. Ele deve ter amplo conhecimento tecnológico do material.
2. Siga os procedimentos de teste no local da execução.
3. Tenha gerentes de processo e de controle de qualidade em suas equipes.
4. Aceite a tecnologia como aliada para melhorar a qualidade do pavimento de concreto. Seja proativo na implantação de novos padrões exigidos pelo mercado.
5. Saiba detectar problemas. O correto é evitá-los, mas se eles ocorrerem reaja com rapidez para repará-los. 

Entrevistados
Departamento de comunicação do World of Concrete e Centro de Tecnologia do National Concrete Pavement (CP Tech Center)

Contato
registration@worldofconcrete.com
cptech@iastate.edu

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Nova NR 18 fará construção economizar até R$ 700 milhões

Lançamento da nova NR 18, que desburocratiza o canteiro de obras, foi comemorado por organismos que representam a construção civil. Crédito: Nina Quintana/CBIC
Lançamento da nova NR 18, que desburocratiza o canteiro de obras, foi comemorado por organismos que representam a construção civil.
Crédito: Nina Quintana/CBIC

A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia estima que a revisão da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18), que cuida das condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, vai gerar economia anual de 280 milhões de reais a 700 milhões de reais para o setor. A portaria que fez entrar em vigor a nova NR 18 foi publicada dia 10 de fevereiro de 2020, no Diário Oficial da União.

Para a Secretaria de Política Econômica, o valor mais provável de economia para o setor, por causa da nova NR 18, será de 470 milhões de reais por ano. No entender do organismo vinculado ao Ministério da Economia, 280 milhões de reais seriam uma “hipótese conservadora” e 700 milhões de reais um “cenário mais otimista”. O estudo leva em consideração informações da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e dados da mais recente Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC). 

Levantamento da CBIC indica que o valor do orçamento de saúde, segurança e meio ambiente no trabalho representa um percentual próximo de 3% do valor total das incorporações, obras ou serviços. Com a revisão da NR 18, o custo desse orçamento deve ser reduzido entre 5% e 10%. A responsável pela modernização da norma foi a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, juntamente com organismos representantes das empresas e dos trabalhadores.

NR 18 terá um ano de transição, para que setor possa se adaptar às mudanças

Após publicada no Diário Oficial da União, a NR 18 terá um ano de transição, para que a construção civil possa se adaptar às mudanças. “A NR 18 é uma das normas regulamentadoras de saúde e segurança do trabalho mais importantes do país. Também era uma das mais extensas e burocráticas. Prejudicava os investimentos no setor e ampliava a insegurança jurídica, o que afetava a geração de empregos”, afirma o secretário do trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcomo.

Além de abordar questões próprias e específicas da atividade da construção civil, a NR 18 ainda descreve as instruções para outras situações relacionadas ao canteiro de obras, como alojamentos e áreas de vivência para os trabalhadores, proteção contra incêndio e outros cuidados. “A nova NR 18 passa a dizer o que deve ser feito e não como deve ser feito, ou seja, a responsabilidade é do construtor, a responsabilidade é das pessoas que vão cuidar da saúde e segurança no trabalho”, avalia o presidente da CBIC, José Carlos Martins.

Segundo Bruno Dalcomo, a NR 18, além de se propor a reduzir as taxas de acidente em canteiro de obras, também tem o objetivo de enfrentar a informalidade na construção civil. “Uma norma mais simples, mais objetiva, permite maior fiscalização por parte do Estado. Entendemos que teremos um setor da construção civil mais saudável e de acordo com o crescimento do país”, destaca. O governo federal também estuda conceder benefícios às empresas que hoje estão irregulares, desde que elas se adéquem às normas de saúde e segurança do trabalho definidas na nova NR 18.

Veja o que mudou na NR 18

Entrevistado
Reportagem com base em evento que marcou o lançamento público da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18), dia 10 de fevereiro de 2018, em São Paulo-SP

Contato
imprensa@economia.gov.br
ascom@cbic.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Saiba como a China construiu 2 grandes hospitais em 20 dias

Início das obras do hospital Huoshenshan mobilizou 95 escavadeiras e 33 retro-escavadeiras. Crédito: CSCEC
Início das obras do hospital Huoshenshan mobilizou 95 escavadeiras e 33 retro-escavadeiras.
Crédito: CSCEC

A cidade de Wuhan, localizada na região central da China, e com 11 milhões de habitantes, tornou-se mundialmente conhecida nos primeiros meses de 2020 por duas razões: transformou-se no epicentro da epidemia global de coronavírus e chamou a atenção da engenharia pela velocidade com que dois hospitais foram construídos para receber os infectados. Uma das unidades, com capacidade para 1.000 leitos, entrou em operação em 10 dias, depois que os operários começaram do zero a construção. Outra instalação, com 1.600 leitos, ficou pronta no dobro do tempo: 20 dias. 

O segredo das obras está na eficácia da construção modular e na expertise chinesa em construções rápidas. Os hospitais de emergência erguidos em Wuhan utilizaram a mesma tecnologia que o país já havia usado em 2003, quando houve uma epidemia de Sars, em Pequim. Porém, houve o aprimoramento dos sistemas construtivos. Naquela ocasião, 7 mil operários se envolveram com uma obra de 25 mil m2. Agora, foram mobilizados cerca de 4 mil trabalhadores somando as duas unidades, que medem 34 mil m2 e 59 mil m2, respectivamente.

As máquinas substituíram o grande volume de operários. No primeiro hospital construído em Wuhan foram usadas 95 escavadeiras, 33 retro-escavadeiras, 5 rolos-compressores, 160 caminhões-basculantes, 22 guindastes, 40 caminhões-betoneira e 20 bombas para concretagem. A terraplenagem do terreno foi sucedida pela construção de um imenso radier de concreto, medindo 34 mil m2, para acomodar as estruturas de aço que sustentam os contêineres hospitalares. Com dois pavimentos, o hospital Huoshenshan conta com 30 unidades de terapia intensiva (UTIs), várias enfermarias de isolamento e 1.000 leitos. Também possui corredores de dupla face, que se conectam aos quartos dos pacientes, mas impedem contato direto dos funcionários com os infectados.

Um centro de convenções e um estádio são adaptados para receber infectados 

Contêineres acoplados a estruturas de aço foram adaptados para receber os leitos hospitalares e dar rapidez à obra. Crédito: CSCEC
Contêineres acoplados a estruturas de aço foram adaptados para receber
os leitos hospitalares e dar rapidez à obra.
Crédito: CSCEC

Cada contêiner é revestido com material de PVC e isolamento termoacústico. Eles já vêm preparados para receber todo o aparelhamento necessário para funcionar como leitos hospitalares. A construção esteve a cargo da China State Construction Engineering Corporation (CSCEC), que também executou as obras do hospital Leishenshan, que é maior e tem capacidade para 1.600 leitos. Em Wuhan, o governo da China ainda está adaptando um centro de convenções e um estádio, para transformá-los em hospitais de campanha. O objetivo é que a cidade tenha condições de atender 10 mil infectados pelo coronavírus, simultaneamente.

Construção do hospital Huoshenshan começou em 23 de janeiro e em 3 de fevereiro obra já recebia pacientes. Crédito: CSCEC
Construção do hospital Huoshenshan começou em 23 de janeiro e em 3 de fevereiro obra já recebia pacientes.
Crédito: CSCEC

O hospital Huoshenshan começou a ser construído na noite de 23 de janeiro. Em 3 de fevereiro, já estava recebendo os primeiros pacientes. Já o Leishenshan teve as obras iniciadas em 25 de janeiro (até o fechamento desta reportagem não havia sido concluído). Os dois hospitais foram construídos em terrenos que estavam vazios, mas vinculados a uma colônia de férias e a um armazém para estocar produtos e vendê-los ao comércio local. Na China, todas as terras pertencem ao governo e a desapropriação não depende de ordem judicial ou outro tipo de burocracia. O país também tem investido muito na qualificação da mão de obra da construção civil para conseguir viabilizar obras rapidamente. No caso dos operários que atuaram na construção dos hospitais de Wuhan, a CSCEC recrutou seus melhores quadros em construção modular, trazendo-os de várias partes do país. 

Veja a time lapse da construção do hospital Huoshenshan, cujo significado é “montanha do deus fogo”

Veja a time lapse da construção do hospital Leishenshan, cujo significado é “montanha do deus do trovão”

Entrevistado
China State Construction Engineering Corporation (CSCEC) (via coordenação de imprensa)

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ir@cscec.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Construção civil inicia 2020 com produtividade em alta

Construção civil encerra 2019 puxando a produtividade da indústria e em viés de alta para 2020. Crédito: Banco de Imagens
Construção civil encerra 2019 puxando a produtividade da indústria e em viés de alta para 2020.
Crédito: Banco de Imagens

A construção civil fechou 2019 com crescimento de 3,7% em sua produtividade - índice que mede a eficiência e os métodos de produção. Nos dois últimos trimestres do ano passado, o setor foi o que mais avançou neste quesito, em comparação com outros segmentos da indústria de transformação. Os dados constam do indicador de produtividade do trabalho do IBRE/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas). Segundo o organismo de pesquisa, o bom desempenho da construção civil impediu que a produtividade global da indústria nacional fechasse o ano com um percentual negativo.

A produtividade na construção ganhou viés de alta desde o segundo trimestre de 2019. Com os ventos da economia soprando favoravelmente em 2020, as projeções indicam que o índice deve se manter em crescimento, podendo se aproximar dos 5% em relação ao ano passado. Para a coordenadora de Projetos da Construção do IBRE/FGV, Ana Maria Castelo, 2020 será decisivo para mostrar se o setor, de fato, está absorvendo mais emprego com carteira assinada e mais tecnologia. “Daqui para frente, com o setor usando mais mão de obra e mais processos produtivos, é que veremos resultados mais consolidados”, avalia.

A economista considera ainda que um crescimento sustentável da construção civil ao longo do ano vai mostrar o quanto o setor investiu em inovações e como isso vai se refletir em ganhos de produtividade. A análise corrobora dados já mostrados por uma série de estudos. Um dos mais recentes é da McKinsey Brasil, o qual aponta que a produtividade na construção civil brasileira tem potencial para melhorar 50%, desde que adotadas boas práticas, novos conceitos e que se invista em tecnologia.

Cresce também a confiança do empresário da construção para investir

Os números que mostram a melhoria da produtividade na construção civil estão relacionados também com o otimismo do setor quanto ao ambiente de negócios para 2020. O mais recente Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção (ICEI-Construção), divulgado em janeiro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), atingiu 64 pontos e foi o maior desde dezembro de 2010. A melhora da confiança é confirmada pelo aumento da disposição dos empresários para investir. O índice de intenção de investimentos alcançou 44,4 pontos - o mais alto valor desde setembro de 2014. 

O ICEI-Construção varia de 0 a 100 pontos. Quando está acima dos 50 pontos mostra que os empresários estão confiantes. Para a economista da CNI, Dea Fioravante, o otimismo é fruto do novo ambiente econômico no Brasil. “O cenário econômico favorável, com juros baixos e inflação controlada, estimula as pessoas a fazerem as obras que eram adiadas ou até mesmo comprar um imóvel”, analisa. “Isso aumenta a demanda por serviços da construção e tem impacto na propensão dos empresários para investir”, completa. Para a pesquisa, foram ouvidas 493 empresas do setor, de 6 a 17 de janeiro de 2020. Dessas, 177 são pequenas, 206 são médias e 110 são de grande porte.

Veja os estudos do IBRE/FGC e da CNI

Entrevistado
Reportagem com base nos resultados apontados pelo indicador de produtividade do trabalho, do IBRE/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), e do Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção (ICEI-Construção), da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330