Na quarentena, que tal um curso online, e de graça?

Professor Dickran Berberian: 50 anos de experiência e atuação em mais de 10 mil obras sobre fundações. Crédito: UnB
Professor Dickran Berberian: 50 anos de experiência e atuação em mais de 10 mil obras sobre fundações.
Crédito: UnB

O período de quarentena oferece oportunidades para estudantes e profissionais de engenharia civil que querem adquirir conhecimento. Basta acessar o Youtube e buscar por cursos online ou videoaulas. Um dos mais interessantes é o do professor-titular da UnB (Universidade de Brasília), Dickran Berberian, sobre fundações.

O engenheiro civil leciona faz quase 50 anos nas disciplinas de fundações, mecânica dos solos l e II e investigações geotécnicas. Também atua nos cursos de pós-graduação e doutorado da UnB, nas cadeiras de fundações, patologia e reforço de fundações. Possui ainda uma série de livros publicados sobre o tema, dos quais os mais conhecidos são “Engenharia de fundações” e “Sondagens do Subsolo para Fins de Engenharia”, ambos da Editora UnB. 

Dickran Berberian não tem apenas o conhecimento teórico, mas prático. O engenheiro já trabalhou em mais de 10 mil obras ao longo de sua atuação profissional. O curso online disponível no Youtube é dividido em 8 partes e atende tanto estudantes de engenharia civil quanto profissionais da área.

Norma técnica sobre fundações teve seu novo texto publicado em 2019

Vale lembrar que a norma técnica que especifica fundações no Brasil, a ABNT NBR 6122 (Projeto e execução de fundações), sofreu atualização e seu novo texto foi publicado em 2019. O comitê responsável pela revisão da norma realizou 31 reuniões entre outubro de 2016 e março de 2019. “A revisão não foi genérica, mas abrangente e bastante discutida”, disse o coordenador da revisão, o engenheiro civil Frederico Falconi, na época da aprovação do novo texto.  

Em suas videoaulas, o professor Dickran Berberian destaca a norma e ressalta a importância de se investigar o subsolo antes de projetar fundações. Sua análise vai ao encontro da avaliação de outro especialista nesta área: o professor-doutor do departamento de engenharia civil da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Fernando Schnaid. O engenheiro afirma existir centenas de patologias em fundações no Brasil. Segundo ele, por haver falhas na investigação do subsolo para obras da construção civil e, em alguns casos, por ausência de qualquer tipo de ensaio.

Outro assunto destacado nas videoaulas, e que é consenso entre os engenheiros com especialização nessa área, é que cada sistema de fundações tem vantagens e desvantagens. É o que avalia também o professor Rodrigo Gustavo Delalibera, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Ele destaca que cabe ao engenheiro civil fazer uma análise técnica e orçamentária e, assim, definir qual tipo de fundação é indicado para a edificação a ser projetada.

Acesse o curso e aproveite seu tempo
Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Parte 6

Parte 7

Parte 8

Entrevistado
Reportagem com base no curso de fundações do professor da UnB, Dickran Berberian

Contato
infrasoloengenharia@gmail.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Vai bombear concreto? Especifique bem o material

Equipamentos que bombeiam concreto evoluíram tecnologicamente, mas características do material ainda são relevantes, dizem especialistas. Crédito: Banco de Imagens
Equipamentos que bombeiam concreto evoluíram tecnologicamente, mas características do material ainda são relevantes, dizem especialistas.
Crédito: Banco de Imagens

Mesa-redonda ocorrida no World of Concrete 2020, realizado no início de fevereiro em Las Vegas-EUA, reuniu alguns dos principais especialistas em bombeamento de concreto dos Estados Unidos. Entre eles, Tommy Rutura, presidente da Ruttura & Sons, com sede em Nova York, e que foi responsável pelo bombeamento para a construção do One World Trade Center - edifício que substituiu as Torres Gêmeas, após o atentado de 2001. Os especialistas relataram que, apesar de as bombas de concreto terem evoluído tecnologicamente, e de atualmente serem capazes de identificar as características do concreto para definir a pressão com que vão bombear o material, as especificações ainda são relevantes. 

Relação água/cimento, reologia do concreto, agregados, aditivos, fibras, cinzas volantes e outros fatores são determinantes para que o concreto possa ser bombeado com eficácia. Isso resulta em concretagens com melhor qualidade e mais rápidas, impactando no custo e no tempo de execução da obra. Tommy Rutura destacou em sua fala um macete que costuma ensinar aos operadores de bombas de concreto. “Se os bombeadores ficarem de olho no manômetro ou na caixa de operação, verão que a pressão muda quando a mistura muda. Se a pressão é consistente do início ao fim, você tem concreto de boa qualidade”, ensina. 

Independentemente de dicas importantes, o bombeamento de concreto nos Estados Unidos deve seguir a norma técnica ACI 304.2R (Concretagem por métodos de bombeamento). No Brasil, o bombeamento de concreto precisa atender primordialmente as ABNT NBR 12655 (Preparo, Controle e Recebimento de Concreto) e ABNT NBR 7212 (Execução de concreto dosado em central - Procedimento). Essa norma técnica recentemente entrou em processo de revisão dentro do CB-018, que é o comitê que atende cimento, concreto e agregados na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).  Para reforçar, a ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) elaborou um guia da boa concretagem, e que começa, exatamente, pela especificação correta do concreto.

Concretagem das torres do Yachthouse Residence Club confirma o teor dos debates

No caso do concreto bombeado, os debatedores presentes na mesa-redonda do WOC 2020 questionaram os aditivos que prometem aumentar o desempenho do material na bomba e no percurso dentro das tubulações. Para eles, a relação água/cimento ainda é fator determinante. "Os dois principais ingredientes que fazem o concreto ter desempenho na bomba são água e cimento", diz Gary Brown, diretor de bombeamento de concreto da RL McCoy Inc. Também presente no seminário, o engenheiro-sênior da BASF para produtos ligados à construção civil nos EUA, Van Bui, contesta. “O primeiro passo é que a mistura de concreto, incluindo o teor de cimento e a dosagem de aditivos químicos, seja bem proporcionada e projetada para alcançar não apenas o desempenho exigido no estado endurecido, mas também a qualidade fresca satisfatória”, rebate. 

Van Bui defende seu ponto de vista ao afirmar que uma grande variedade de fatores pode afetar a capacidade de bombeamento do concreto, como dimensão, forma, gradação e volume de agregados. “Materiais suplementares como cinzas volantes, sílica ativa, escória e calcário também influenciam a reologia da mistura e, portanto, sua capacidade de bombeamento”, completa. O teor dos debates coincide com os cuidados que a Concrebras teve na concretagem das torres do Yachthouse Residence Club, onde o estudo criterioso das dosagens dos concretos e o uso dos equipamentos empregados mostraram o quanto o controle de qualidade do material a ser bombeado é fundamental.

Entrevistado
Reportagem com base na mesa-redonda sobre bombeamento do concreto, realizado durante o World of Concrete 2020

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registration@worldofconcrete.com
abesc@abesc.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Projetar apartamentos com acessibilidade agora é lei

A lei diz ainda que nos empreendimentos com sistemas construtivos que não permitam alterações posteriores, como alvenaria estrutural e paredes de concreto, deve-se construir no mínimo 3% de unidades com adaptações à acessibilidade. As características construtivas da edificação deverão constar no projeto apresentado às respectivas prefeituras. No caso de quem comprar imóvel na planta, o cliente pode requerer à incorporadora ou à construtora que a unidade contemple as características de acessibilidade, sem qualquer custo adicional. Só estão isentas da lei as residências com 1 dormitório e área útil de até 35 m² ou com dois dormitórios e área útil de até 41 m².

Para os imóveis abrangidos pela lei, o dimensionamento de banheiros e cozinhas deve possibilitar o giro de 180° de cadeiras de rodas. Já os corredores passam a ter 90 centímetros de largura. A lei ainda estabelece que os projetos não poderão ser pensados apenas para atender os portadores de mobilidade. Ela inclui também os que possuem nanismo, deficiências auditivas e visuais e deficiências transitórias, além de idosos. O artigo 58 da LBI lista ainda as adaptações construtivas que deverão estar disponíveis em cada unidade, como puxador horizontal na porta do banheiro, barras de apoio no box e na bacia sanitária e torneiras com acionamento por alavanca ou sensor.

Alterações na Lei Brasileira de Inclusão tiveram como referência a ABNT NBR 9050

As alterações na Lei Brasileira de Inclusão tiveram como referência a ABNT NBR 9050 (Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos). A redação do decreto ficou a cargo do ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Para orientar incorporadores e construtores, o setor imobiliário, junto com organismos de engenharia e de arquitetura, começou a elaborar uma cartilha para orientar o mercado. O grupo reúne Secovis, Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), SindusCons e CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). Ainda não há prazo para a publicação da cartilha.

O advogado Carlos Del Mar, jurídico do Secovi-SP e do SindusCon-SP, esclarece que a lei não vale para edificações existentes ou projetos protocolados antes da data do decreto. Aplica-se somente aos projetos protocolados a partir de 27 de janeiro. Nestes casos, as mudanças mexem com memorial de incorporação, convenção de condomínios, memorial descritivo da obra e manual do proprietário. Del Mar ressalta ainda que o decreto está acima das normas técnicas, que também devem ser cumpridas. “A desobediência à lei pode resultar em ações por parte do Ministério Público”, finaliza.

Entrevistados
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP) (via assessoria de imprensa)

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imprensa@mdh.gov.br
juridico@secovi.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Nos EUA, microorganismos produzem “concreto vivo”

O engenheiro estrutural da Universidade do Colorado, Wil Srubar, coordena a pesquisa do “concreto vivo”. Crédito: CU Boulder College of Engineering and Applied Science
O engenheiro estrutural da Universidade do Colorado, Wil Srubar, coordena a pesquisa do “concreto vivo”.
Crédito: CU Boulder College of Engineering and Applied Science

Do termo inglês “Living Building Materials” (LBMs), os materiais de construção vivos são pesquisados cada vez com mais intensidade pelo universo acadêmico. A mais recente descoberta está em desenvolvimento no departamento de engenharia civil, ambiental e de arquitetura da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Uma equipe interdisciplinar de engenheiros-pesquisadores criou um material similar ao concreto, que é produzido por bactérias. O estudo foi publicado em janeiro de 2020 na revista científica Matter.

Misturadas à água quente, em ambiente iluminado e junto com areia, as cianobactérias regurgitam uma massa que se mistura aos demais agregados, e que se parece com o concreto. A mesma matéria serve de alimento para os microorganismos, o que possibilitou aos pesquisadores ter material suficiente para produzir protótipos semelhantes aos blocos de concreto não-estruturais, mas em dimensões menores.

Para acelerar a produção, os pesquisadores acrescentaram aos agregados (água quente, luz e areia) pequenas quantidades de gelatina incolor, o que fez com que as cianobactérias regurgitassem volumes maiores do material. Segundo o engenheiro estrutural da Universidade do Colorado, Wil Srubar, a gelatina funcionou como um aditivo. “A gelatina forneceu mais estrutura e trabalhou com as bactérias para ajudar o concreto vivo a crescer mais forte e mais rápido”, explica.

Microorganismos produzem massa semelhante ao concreto. No futuro, material pode substituir o drywall em paredes de vedação. Crédito: CU Boulder College of Engineering and Applied Science
Microorganismos produzem massa semelhante ao concreto. No futuro, material pode substituir o drywall em paredes de vedação.
Crédito: CU Boulder College of Engineering and Applied Science

Comparativamente aos blocos de concreto convencionais, a resistência à compressão dos blocos produzidos com o material dos microrganismos fica entre 28% a 30% menor, ou seja, são menos resistentes. “Como a pesquisa está em seu início, ela tende a chegar a elementos mais resistentes”, avalia Wil Srubar. Conclusões preliminares avaliam que blocos fabricados com o material possam substituir o drywall em paredes de vedação.

Tempo de cura do material é de 7 dias, diferentemente dos 28 dias do concreto

O engenheiro também aponta a diferença entre o estudo desenvolvido na Universidade do Colorado e outros que utilizam bactérias no concreto. “Em estudos anteriores, os seres microscópicos são acrescentados aos agregados do material e conseguem preencher microfissuras, criando o chamado concreto autocicatrizante. Já na nossa pesquisa, são as próprias bactérias que geram o concreto”, diz. 

Outra observação feita pela equipe envolvida com o estudo é que o tempo de cura para o material atingir seu fck é de 7 dias, diferentemente do concreto convencional que alcança sua resistência com 28 dias. Os testes de compressão uniaxial e com prismas utilizaram amostras com as seguintes dimensões: 90x25x25 mm. Os exames aconteceram aos 7 dias de cura dos elementos, com temperatura ambiente de 22 °C. 

O departamento de Defesa dos Estados Unidos financia a pesquisa, com o objetivo de utilizar os blocos em missões fora do planeta ou para construções em ambientes inóspitos, como os desertos. “Não há como transportar materiais de construção para o espaço ou lugares de difícil acesso. A biologia fará esse papel", prevê Srubar. 

Veja pesquisa publicada na revista Matter

Entrevistado
University of Colorado Boulder (Department of Civil, Environmental and Architectural Engineering) (via assessoria de imprensa)

Contato
ceae@colorado.edu

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Remodelagem do litoral do Paraná prioriza 10 projetos

Duplicação de trechos urbanos, conectando rodovias que dão acesso ao litoral, está entre os projetos para a região. Crédito: AEN
Duplicação de trechos urbanos, conectando rodovias que dão acesso ao litoral, está entre os projetos para a região.
Crédito: AEN

Dez projetos são prioritários para remodelar o litoral paranaense. Entre as obras que devem entrar em processo de licitação, a partir do segundo semestre de 2020, estão as seguintes: engorda da orla de Matinhos; Faixa de Infraestrutura em Pontal do Paraná; ponte entre Guaratuba e balneário de Caiobá; ligação Guaraqueçaba-Antonina; trapiches em áreas pesqueiras e turísticas; obras de saneamento na Ilha do Mel, duplicação da PR-407 no entroncamento com a PR-412, em uma extensão de 830 metros; alça de retorno na BR-277 com a PR-508, no acesso da Alexandra-Matinhos; iluminação de cinco quilômetros na BR-277 na entrada de Paranaguá; e Nova Ferrovia (Paranaguá a Maracaju, no Mato Grosso do Sul), com extensão de 1.370 quilômetros.

Os recursos previstos são da ordem de 1,6 bilhão de reais, excetuando o valor a ser empregado na ferrovia entre Paraná e Mato Grosso do Sul, que deverá ter participação do governo federal e de empresas privadas. Entre os demais projetos, o que tem orçamento mais alto é o da engorda da orla de Matinhos, estimado em 660 milhões de reais. Em seguida vem a ponte entre Guaratuba e balneário de Caiobá, cujo projeto inicial prevê uma estrutura de 800 metros, além de um novo acesso à PR-412 com 2 quilômetros de extensão. A obra é estimada em cerca de 250 milhões de reais, mas será viabilizada através de um modelo de concessão. Antes de serem sacramentados, todos os projetos estão em fase de análise pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Infraestrutura do Paraná (Agepar), Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR). 

Confira detalhes de cada um dos projetos:

Engorda da orla de Matinhos

Engorda da orla de Matinhos prevê a construção e a revitalização de canais, para que a faixa de areia chegue a 80 metros. Crédito: AEN
Engorda da orla de Matinhos prevê a construção e a revitalização de canais, para que a faixa de areia chegue a 80 metros.
Crédito: AEN

As obras previstas são as seguintes: engorda da faixa de areia, área de contenção de ressacas, proteção da erosão marinha, construção e revitalização de canais para evitar enchentes e saneamento básico, além de paisagismo, novos quiosques, pistas de caminhada, ciclovias e preservação das áreas de restinga. Pelo projeto, estruturas semirrígidas serão colocadas no canal da Avenida Paraná, no desemboque do Rio Matinhos, no espigão ao Norte da Praia Brava e nos headlands (estruturas de pedras para reter a areia) localizados nos balneários Saint Etienne e Riviera. Com isso, espera-se dobrar a faixa de areia no município para mais de 80 metros.

Ponte Guaratuba-Caiobá
Já existe o estudo de viabilidade e o que está em andamento é projeto básico para o lançamento do edital. A obra adotará um modelo de Regime Diferenciado de Contratação, quando a empresa vencedora desenvolve o projeto executivo e a obra em si. 

Faixa de Infraestrutura
Também chamada de bioestrada da Mata Atlântica, a ligação terá 23 quilômetros para conectar a PR-407 a Pontal do Paraná. Após oito meses de debates, o traçado da nova rodovia foi definido. Questões ambientais tornam o empreendimento mais complexo.

Ligação Guaraqueçaba-Antonina
O desafio é definir o tipo de pavimentação adequado para o trecho de 80 quilômetros da estrada histórica. O asfalto está descartado. As opções são pavimento de concreto e blocos de pedra.

Trapiches
O custo da obra será bancado pela estatal estadual Portos do Paraná. Além da Ilha do Mel, receberão novas estruturas as comunidades de Amparo, Europinha, Eufrasina, Ilha do Teixeira, Piaçaguera, Rocio, Vila Maciel, Ilha dos Valadares (um no mar de fora e outro próximo à passarela) e as cidades de Pontal do Paraná (Vila dos Pescadores) e Antonina (na Ponta da Pita e no Portinho).

Ilha do Mel
O investimento é de 8 milhões de reais para melhorar o saneamento básico e a distribuição de água, além de coleta de lixo, dragagem de canais e infraestrutura para o turismo. 

Obras rodoviárias
Estão previstas no acordo de leniência com a concessionária Ecorodovias. Incluem a duplicação da PR-407 no entroncamento com a PR-412, em uma extensão de 830 metros; uma rótula no perímetro urbano de Pontal do Paraná; uma passarela no km 1 da Avenida Ayrton Senna, em Paranaguá; uma alça de retorno na BR-277 com a PR-508, no acesso da Alexandra-Matinhos, além de iluminação de 5 quilômetros na BR-277 na entrada de Paranaguá. 

Nova Ferrovia
Estão em discussão os modelos de concessão e parcerias público-privadas. Ao custo de 6 milhões de reais foi contratado o EVTEA-J (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica, Ambiental e Jurídica). Os recursos vêm do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Entrevistado
Reportagem com base em informações da Agência Estadual de Notícias do Paraná

Contato
www.aen.pr.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Pavimento urbano de concreto rompe barreiras

Alex Maschio (centro) visita rua urbanizada com blocos de concreto na cidade de Piraquara-PR, junto com comitiva da Paranacidade. Crédito: Sedu/Paranacidade
Alex Maschio (centro) visita rua urbanizada com blocos de concreto na cidade de Piraquara-PR, junto com comitiva da Paranacidade.
Crédito: Sedu/Paranacidade

A ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) tem realizado um trabalho importante para disseminar o uso de pavimento urbano de concreto nos municípios brasileiros. O principal desafio é quebrar barreiras culturais, enraizadas principalmente no poder público, que ainda vê o asfalto como a solução para urbanizar as cidades. Com seminários e treinamento, esses obstáculos começam a ser superados. 

Para reforçar esse trabalho, a ABCP e suas associadas criaram uma comissão que busca difundir nacionalmente o pavimento urbano de concreto. A coordenação está a cargo do engenheiro civil Valter Frigieri, diretor de planejamento e mercado da associação, que explica quais objetivos serão buscados com o grupo de trabalho. Veja na entrevista a seguir:

Quais serão as atribuições da comissão criada na ABCP para difundir o pavimento de concreto urbano?
Apesar de termos muitos exemplos no Brasil do uso do pavimento de concreto urbano em vias de menor tráfego, a cultura predominante é o asfalto. Na prática, isso significa que grande parte dos projetistas, empreiteiros e técnicos de prefeitura ainda não vivenciaram o uso do concreto nessa aplicação. Para iniciarem especificação e atividade nessa tecnologia, eles irão precisar de um certo nível de orientação. Nesse quadro, entendemos que seja necessário gerar uma série de especificações e recomendações para que as experiências tenham êxito e tornem a solução tão comum quanto é hoje o asfalto. A comissão tem essa função principal: criar condições para que o pavimento de concreto urbano seja projetado e executado com boa qualidade.

Como se dará o trabalho junto ao poder público e quais os objetivos a serem alcançados?
Temos várias frentes de ação, mas vou destacar as duas principais para 2020: treinar técnicos municipais e gerar vitrines de boa utilização do nosso pavimento. São duas ações que têm vida longa e são independentes do calendário eleitoral. Claro que com o tempo outras ações de promoção, comunicação e normalização serão desenvolvidas.

A comissão também vai buscar soluções técnicas para tornar o pavimento de concreto urbano ainda mais competitivo?
Entendemos a competitividade como um composto de variáveis. Facilitar a realização de projetos a partir de ferramentas de fácil uso, envolver e capacitar cadeias produtivas locais e demonstrar a viabilidade de custo no curto e longo prazo em relação ao asfalto são temas que estão no centro de nosso planejamento. Além disso, estamos avaliando exemplos internacionais que usaram pavimentos de menor espessura.

 “Na Argentina, por exemplo, existe uma tradição de muitas décadas de uso do pavimento de concreto urbano. Lá, especificar concreto é usual.”  

Por que países como Argentina, Chile e México têm o pavimento de concreto urbano como referência, e o Brasil não?

Na Argentina, o conceito de ruas do futuro, sem meio-fio, e que facilita a mobilidade dos pedestres, já é realidade. Crédito: ABCP
Na Argentina, o conceito de ruas do futuro, sem meio-fio, e que facilita a mobilidade dos pedestres, já é realidade.
Crédito: ABCP

Nesse caso, cada país tem sua história e suas variáveis específicas. Na Argentina, por exemplo, existe uma tradição de muitas décadas de uso do pavimento de concreto urbano. Lá, especificar concreto é usual. No México, por outro lado, a história é bem mais recente e o concreto tem sido especificado em muitas obras de requalificação do espaço urbano. No Chile, o uso de soluções mais delgadas parece ser uma arma para que o concreto ganhe mercado. Enfim, aspectos como cultura, presença de uma empresa petrolífera, condição do solo e tecnologia adotada vão caracterizando de forma particular a situação em cada país.

 A comissão passa a ter caráter permanente?
Aqui na ABCP acreditamos muito em parcerias. Há mais de 16 anos adotamos a metodologia de trabalhar plataformas que unem diversos agentes da cadeia produtiva, e que pactuam objetivos comuns. Foi assim na Comunidade da Construção, no trabalho com fabricantes de artefatos e no Grupo Parede de Concreto. O Grupo Parede de Concreto, por exemplo, está junto desde 2007 e é o grande responsável pelo maior salto de ganho de market share da história recente da construção. Hoje já são mais de 140 participantes no Grupo Parede de Concreto. Entre eles, e compartilhando a coordenação conosco, estão a ABESC e o IBTS, ambas entidades que também estão somando forças nessa nova frente. Esse entrosamento e experiência que adquirimos previamente certamente serão facilitadores para a realização dos objetivos do Pavimento Urbano de Concreto. 

Regionais da ABCP também atuam para ajudar a propagar o pavimento rígido

Além do trabalho nacional da ABCP, as regionais da associação também têm papel preponderante na tarefa de propagar o uso do pavimento rígido. No Paraná, o gerente da regional sul da ABCP, o engenheiro civil Alex Maschio, está à frente desse trabalho. Existem também bons resultados no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Na entrevista a seguir, Maschio conta como se dá o convencimento sobre as vantagens do pavimento urbano de concreto. Confira:

O pavimento urbano de concreto, salvo todas as vantagens conhecidas, ainda enfrenta resistência das prefeituras brasileiras por “questões culturais”. Como superar essa barreira?
Apesar de todas as vantagens ambientais e sociais e, principalmente, econômicas, o pavimento de concreto ainda enfrenta certa resistência no ambiente urbano. Não é simples superar uma cultura tão enraizada e construída ao longo de várias gerações. A única forma de vencer essa barreira é por meio da disseminação de conhecimento, através de seminários e treinamentos, mostrando as vantagens do pavimento rígido e, mais importante: desmistificar os paradigmas do custo elevado e da dificuldade de manutenção. Esse é o caminho. Evidentemente, esse trabalho deve vir junto com um forte trabalho institucional junto aos governos municipais, estaduais e federal, exigindo políticas públicas adequadas e que contemplem outras soluções, além do tradicional asfalto. 

Sob o ponto de vista técnico, o pavimento urbano de concreto já está pronto para competir de igual para igual com o asfalto ou ainda faltam avanços?
Está pronto. A solução tem plenas condições técnicas e de competitividade, o que possibilita que seja utilizada com muitos ganhos em qualquer município brasileiro. O ponto é fazer uma comparação justa e séria entre soluções e técnica, e que preze pelo bom uso do recurso público. Óbvio que uma solução não elimina outra. Não existe uma solução única. Há espaço para todas as boas soluções técnicas e devemos prezar pela engenharia do processo. De qualquer forma, avanços e evolução tecnológica sempre são necessários e bem-vindos. Essa é uma busca constante por parte da indústria do cimento.

No Paraná, parece haver cases bem consolidados e boa parte dos municípios já está ciente das vantagens do pavimento urbano de concreto. Como se deu esse trabalho de conscientização?
O trabalho está avançando. Por conta de uma parceria com o Governo do Estado (através de Termo de Cooperação Técnica com o Paranacidade) a ABCP está promovendo treinamentos específicos para os técnicos (engenheiros, arquitetos e gestores) de todos os municípios do Estado. Esses treinamentos ocorrem via associações de municípios e têm o propósito de desmistificar o pavimento de concreto como solução para vias urbanas. Para se ter ideia, em 2019 foram realizados 7 treinamentos, dos quais participaram 304 profissionais de 129 prefeituras diferentes. A meta para 2020 é atingir todos os 399 municípios do Paraná. Esses treinamentos começam a gerar resultados e já há cases definidos em Guaíra, Ponta Grossa, Araucária e Fazenda Rio Grande, que devem ser executados ainda no primeiro semestre. 

“Não é mais aceitável investir em soluções mais caras e que tenham menor durabilidade, como o asfalto.”

Nos outros estados, como está esse trabalho?

Em Cachoeiro do Itapemirim-ES, a prefeitura rompeu paradigmas e decidiu urbanizar as ruas de bairros com pavimento de concreto. Crédito: PMCI
Em Cachoeiro do Itapemirim-ES, a prefeitura rompeu paradigmas e decidiu urbanizar as ruas de bairros com pavimento de concreto.
Crédito: PMCI

Para cada estado há uma estratégia diferente em função das possibilidades existentes. No Paraná, existe o fato de o organismo responsável por grande parte dos financiamentos de infraestrutura aos municípios (Paranacidade) interessar-se pela tecnologia, o que facilitou muito a evolução. Mas essa realidade não se repete na maioria dos Estados, necessitando a existência de outras estratégias. De qualquer maneira, cases começam a surgir. Entre os quais, podemos destacar os de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, e Rio de Janeiro.

Ao que parece, o foco da ABCP para disseminar o pavimento urbano de concreto está concentrado primeiramente nos municípios pequenos e médios. Há alguma razão para isso?
Estamos trabalhando todas as possibilidades, inclusive as grandes cidades. Ocorre que, invariavelmente, os grandes municípios estão aparelhados para o asfalto (possuem usinas, equipamentos, estrutura de manutenção, etc) dificultando ainda mais a geração de cases para o pavimento de concreto urbano. Além disso, agrega dificuldade também o suposto entendimento de que dentro das grandes prefeituras há especialistas com conhecimento suficiente de todas as soluções e técnicas disponíveis no mercado, o que nem sempre se confirma. Já nas cidades pequenas e médias, por sua vez, além de uma incidência menor desse aparelhamento para o asfalto, normalmente há uma melhor receptividade, facilitando o acesso.

O ano de 2020 envolve as eleições municipais. O pavimento urbano de concreto vai entrar na pauta das discussões para a melhoria das cidades?
Precisa entrar na pauta. Não é mais aceitável que continuemos a investir em soluções mais caras e que tenham menor durabilidade, sem que nada seja feito. A própria Constituição Federal de 1988 - Lei Maior que rege nosso país - traduz isso em dois princípios: 1) Princípio da Eficiência: “O serviço público deve ser prestado de forma rápida e eficiente, sem onerar os cofres públicos ao ponto de causar desperdícios”; 2) Princípio da Economicidade: “Obtenção do melhor resultado estratégico possível de uma determinada alocação de recursos financeiros”. Olhando de forma direta para a questão da pavimentação, com a atual condição de preço do asfalto e sua altíssima manutenção, podemos dizer que os municípios que não olharem atentamente para pavimentos mais duradouros e de baixo custo inicial, como o de concreto, podem estar descumprindo a lei, o que é gravíssimo do ponto de vista administrativo. Isso pode gerar sérias sanções por parte dos organismos competentes.

Entrevistados
Engenheiros civis Valter Frigieri, diretor de planejamento e mercado da ABCP, e Alex Maschio, gerente da regional sul da ABCP

Contatos
valter.frigieri@abcp.org.br
alexsander.maschio@abcp.org.br
www.abcp.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Maior edifício em 3D do mundo é inaugurado em Dubai

Canteiro de obras do prédio serviu como um laboratório para aperfeiçoar a impressão 3D em concreto. Crédito: Apis Cor
Canteiro de obras do prédio serviu como um laboratório para aperfeiçoar a impressão 3D em concreto.
Crédito: Apis Cor

Um prédio público com 6.400 m2, que abrigará parte da burocracia da prefeitura de Dubai, foi finalizado no final de janeiro de 2020 e se transformou na maior edificação do mundo construída com impressão 3D em concreto. Superou o prédio de 5 pavimentos erguido em 2015 na cidade chinesa de Shuzhou, e que usou a mesma tecnologia.  

A empresa que gerenciou a impressão foi a startup Apis Cor, com sede em Boston-EUA.  Apesar da tecnologia 3D, o projeto utilizou sistemas convencionais de construção. A fundação usou concreto armado, assim como o radier em que foram assentadas as paredes, os pilares e as vigas. As colunas que sustentam a edificação também foram viabilizadas com concreto armado.

Junto com a tecnologia 3D, projeto utilizou sistemas convencionais de construção. Crédito: Apis Cor
Junto com a tecnologia 3D, projeto utilizou sistemas convencionais de construção.
Crédito: Apis Cor

A impressora 3D atuou diretamente no canteiro de obras e concentrou-se em erguer as paredes de vedação e estruturais, utilizando uma argamassa que misturou cimento, gesso, água e areia refinada. Foram deixados os espaços para a cofragem, que foi preenchida manualmente com concreto armado. Já as lajes usadas na obra são pré-fabricadas. 

Para a Apis Cor, o canteiro de obras do prédio público de Dubai serviu também como um laboratório, pois antes de a construção iniciar foi realizado um P&D dedicado a testar o material que seria usado na impressora, a fim de ver se ele resistia às condições climáticas adversas dos Emirados Árabes Unidos. 

Obra permite aperfeiçoar várias etapas das construções que usam impressoras 3D

Todo o processo de construção ocorreu em área descoberta, com o objetivo de testar o impacto dos requisitos críticos do ambiente sobre os materiais usados na impressora 3D. O projeto utilizou a ferramenta BIM para os cálculos estruturais, que levaram em consideração os seguintes fatores: ações sísmicas, ações verticais, estudos do solo, análise modal, efeitos de torção acidentais, forças de cisalhamento, deslocamentos e forças internas das estruturas.

Prédio público de Dubai tem 6.400 m2 e se tornou o maior do mundo a ser construído com impressão 3D em concreto. Crédito: Apis Cor
Prédio público de Dubai tem 6.400 m2 e se tornou o maior do mundo a ser construído com impressão 3D em concreto.
Crédito: Apis Cor

Para Nikita Cheniuntai, CEO e fundadora da Apis Cor, a obra em Dubai permitirá aperfeiçoar várias etapas das construções que utilizam impressoras 3D. “A tecnologia de impressão 3D para construção está apenas nos estágios iniciais de desenvolvimento. O projeto em Dubai nos deu conhecimento e experiência inestimáveis para melhorar nossa tecnologia e desenvolver uma nova versão de nossa impressora 3D”, diz.

A CEO da Apis Cor ainda avalia que a versão aprimorada da impressora 3D será mais confiável e eficiente em termos de tempo. “Trabalhamos para que ela seja duas vezes mais rápida. Além disso, o projeto de Dubai permitiu chegar a uma argamassa mais eficaz. Foi um grande avanço na indústria de impressão 3D em concreto", completa.

Dubai atualmente é o que mais investe em projetos de construção 3D. Até 2030, o objetivo do governo local é substituir 1/4 dos atuais edifícios públicos por construções erguidas 100% com a tecnologia 3D em concreto. A razão é a redução de custos. Pelos cálculos, o tempo necessário para construir cairá em 80%, assim como o uso de mão de obra, que pode ser minimizada em até 70%. Com isso, estima-se que o valor de cada obra ficará até 90% menor.

Veja vídeo sobre a construção do edifício, com uso de tecnologia 3D

Entrevistado
Apis Cor (via assessoria de imprensa)

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press@apis-cor.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Vinícolas optam pelo concreto para obter vinho mais puro

Barris em formato oval são os mais utilizados pelos vinicultores, principalmente na França e nos Estados Unidos. Crédito: Barrel+Ink
Barris em formato oval são os mais utilizados pelos vinicultores, principalmente na França e nos Estados Unidos.
Crédito: Barrel+Ink

A ideia não é nova. Já no século 19, vinícolas francesas armazenavam vinho em tonéis de concreto. Agora, em pleno século 21, o material volta a conquistar vinicultores e enólogos, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. A alegação é que a fermentação, o amadurecimento e o armazenamento em tanques de concreto geram um vinho mais puro, por causa da micro-oxigenação. Os barris de carvalho e de aço inoxidável também possibilitam esse processo, mas influenciam no aroma e no sabor do vinho. 

O que mudou nas experiências de armazenar vinho em recipientes de concreto foi a tecnologia de fabricação dos tonéis e a produção do material, que transfere cada vez menos impurezas à bebida. Na França, na região de Borgonha, está o principal produtor de barris de concreto do mundo. A Nomblot exporta seus artefatos em formato oval, cilíndrico, cônico ou poliédrico. Cada um atende a diferentes variedades de vinhos. No entanto, boa parte dos compradores da Nomblot prefere o tonel em formato oval.

As vantagens são explicadas por alguns vinicultores dos Estados Unidos, que são os principais compradores dos barris de concreto. "O concreto permite a oxigenação gradual do vinho, semelhante aos barris de carvalho, mas sem os sabores adquiridos dos barris de carvalho", diz James Mantone, da Syncline Wine Cellars. Já Mike MacMorran, da Mark Ryan Winery, trocou reservatórios de aço inoxidável pelos de concreto. “O concreto produz vinhos com um perfil aromático mais fresco e limpo, semelhante ao aço inoxidável, porém sem as sensações de palato mais severas e mais duras que recebemos do aço inoxidável”, revela.

Tonéis de concreto são pré-moldados com espessura de 10 centímetros

Barris cilíndricos também são usados para a produção de vinhos, competindo com tonéis de carvalho e de aço inoxidável. Crédito: Jonathan Cristaldi
Barris cilíndricos também são usados para a produção de vinhos, competindo com tonéis de carvalho e de aço inoxidável.
Crédito: Jonathan Cristaldi

Os maiores elogios aos barris de concreto vêm dos produtores de vinhos brancos. “O cubo de concreto nos proporciona uma fermentação lenta e fria”, observa Chris Dowsett, que também é vinicultor norte-americano. Para chegar à excelência que os tonéis de concreto exigem, os fabricantes pré-moldam o material com espessura de 10 centímetros. Na parte interna, os barris recebem revestimento neutro de epóxi, que é aplicado a frio e sem solvente. 

Assim, o tanque é capaz de manter uma temperatura constante de forma natural, mesmo durante os picos de calor gerados pela fermentação. Isso só é possível porque o concreto é um isolante térmico. No caso dos barris fabricados pela Nomblot, eles não utilizam aditivos químicos. Para produzir o concreto, usam areia e seixos de rios selecionados, além de água mineral não clorada e cimentos da categoria CP-II.

Quanto às eventuais desvantagens dos barris de concreto, estão o custo da importação - comparável aos melhores tonéis de carvalho -, a movimentação dos tonéis na vinicultura, já que eles precisam de empilhadeiras especiais, e uma técnica mais exigente de limpeza. Elementos como água com muito cloro devem ser evitados, por causa das patologias que podem ser desencadeadas no concreto. No entanto, são adversidades que os produtores assimilam por perceber que os barris de concreto asseguram maior pureza e qualidade ao produto.

Entrevistado
Winepedia e Nomblot Concrete Wine Tanks, pertencente ao grupo Beton Concept (via assessoria de imprensa)

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winepedia@wine.com.br
contact.helicave@beton-concept.fr

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Era digital impõe novos desafios à arquitetura

Arquitetura digital incorpora Inteligência Artificial e Realidade Virtual aos projetos. Crédito: Reprodução
Arquitetura digital incorpora Inteligência Artificial e Realidade Virtual aos projetos.
Crédito: Reprodução

A arquitetura também chega à era digital. Assim como o BIM revoluciona a engenharia civil, existem softwares que modificam a forma de projetar e que exigem dos arquitetos cada vez mais interação com novas tecnologias. Esses programas personalizam projetos e são capazes de - eles mesmos - alterarem cômodos e refazerem cálculos para ajustar hidráulica e elétrica às mudanças propostas pelos clientes. É a chamada arquitetura digital, um processo que une os conhecimentos arquitetônicos com o uso intensivo da Tecnologia da Informação (TI). 

Para se integrar a essa nova realidade, o arquiteto precisa imergir no campo da tecnologia e ter desempenho multidisciplinar. Por isso, o programa Sebrae Inteligência Setorial elaborou um miniguia sobre “o que é a arquitetura digital”. Ele sugere que os profissionais desenvolvam as seguintes habilidades: saber coordenar, melhorar a comunicação, ter ampla formação multidisciplinar e domínio da tecnologia digital.

Sob o ponto de vista do cliente, a arquitetura digital permite a realização de testes que mostram a viabilidade das ideias e sua aplicabilidade. Possibilita ainda avaliar o comportamento de um elemento em uma unidade residencial e verificar cada hipótese em diferentes fases, independentemente da dimensão do projeto. Isso garante uma relação mais integrada entre o usuário e o criador do espaço.

Duas novas tecnologias estão no escopo da arquitetura digital: Inteligência Artificial e Realidade Virtual. Elas permitem refazer projetos automaticamente, asseguram maior precisão no volume e nas especificações dos materiais e, consequentemente, reduzem custos e geram ganho de tempo. Além disso, os softwares que incorporam essas inovações podem ser municiados com informações sobre o preço dos materiais empregados e, de imediato, calcularem quantidades e valores. Sem contar que os programas possibilitam que os arquitetos tenham mais tempo para se dedicar à criação.

Google é o que mais oferece produtos voltados para a arquitetura digital

Estima-se que o uso da arquitetura digital gere 20% de economia no custo final de um projeto, segundo dados do CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo). Por isso, a tecnologia é requisitada em licitações de empresas estatais e das forças armadas, que exigem que as propostas incorporem ferramentas de arquitetura digital, pelas facilidades de execução, acompanhamento de todas as fases do processo e de fiscalização que elas possibilitam. 

Entre as chamadas Big Techs, o Google é o que mais concentra esforços para atuar na arquitetura digital. A empresa já disponibiliza diversos produtos que apresentam simulações de projetos. Entre os arquitetos, o pioneiro no uso dessas ferramentas é Frank Gehry, que em 1992 criou seu próprio software: o Digital Project. Ele usou o programa para projetar o edifício que é considerado o primeiro da era da arquitetura digital, o Beekman Tower. Trata-se de um prédio residencial com 76 andares, localizado em Manhattan, Nova York-EUA. A edificação foi inaugurada em 2011.

Veja o miniguia completo sobre arquitetura digital

Assista ao vídeo-demonstração de arquitetura digital

Entrevistado
Reportagem com base no miniguia elaborado pelo programa Sebrae Inteligência Setorial, sobre arquitetura digital

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imprensa@sebrae.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Síndrome do edifício doente: entenda o que é isso

Sistema de ar-condicionado sem manutenção e estanqueidade das janelas desencadeiam a síndrome do edifício doente. Crédito: Banco de Imagem
Sistema de ar-condicionado sem manutenção e estanqueidade das janelas desencadeiam a síndrome do edifício doente.
Crédito: Banco de Imagem

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que 60% dos escritórios no mundo não se enquadram na categoria de arquitetura saudável, ou seja, os prédios onde estão instalados sofrem da síndrome do edifício doente. É quando uma edificação tem problemas com alta umidade, acúmulo de sujeira e poeira, infiltrações e estanqueidade excessiva em relação à qualidade do ar.

Para combater esse mal, engenheiros civis, arquitetos, profissionais de medicina e outros especialistas ligados à saúde se uniram para criar conceitos de arquitetura saudável. Trata-se de medidas que são levadas em conta quando se elabora o projeto de uma edificação. Entre elas, tratamento de temperatura dos ambientes, umidade, luz e tudo que possa influenciar diretamente na vida dos usuários de um ambiente construído.

A concentração de profissionais envolvidos com os estudos sobre a síndrome do edifício doente levou à criação da certificação Healthy Building Certification (HBC). Vinculado à Universidade da Flórida, o HBC concentra-se na tese de que é preciso “projetar de forma saudável”. “Projetar com a arquitetura saudável requer responsabilidades, como uso racional da energia, valorização da sustentabilidade, planejamento ambiental, ergonomia, acessibilidade, paisagismo e materiais responsáveis”, diz a cartilha da certificação.

O HBC se expande nos Estados Unidos, e começa a chegar ao Brasil. O primeiro certificado no país é o biólogo Allan Lopes, fundador do Instituto Brasileiro de Biologia da Construção. Ele também integra organizações internacionais voltadas para o tema e ressalta a importância de engenheiros civis e arquitetos estarem conectados com o conceito de arquitetura saudável. “O profissional se torna diferenciado e aumenta sua competitividade no mercado. Também pode atuar em consultorias e agregar inovações aos projetos”, diz.

Certificações possuem índices que detectam a síndrome do edifício doente

As certificações HBC e WELL defendem que as edificações sejam construídas pensando no bem-estar de seus usuários. Crédito: Banco de Imagem
As certificações HBC e WELL defendem que as edificações sejam construídas pensando no bem-estar de seus usuários.
Crédito: Banco de Imagem

A GBC Brasil, que faz a gestão da certificação LEED no país, também possui um segmento que atua com arquitetura saudável. A certificação WELL Building Standard, por exemplo, é complementar à LEED. A ferramenta foi desenvolvida para atender as demandas por qualidade de vida, saúde e produtividade, aliadas à sustentabilidade ambiental dentro dos espaços construídos. 

Segundo Paul Scialla, diretor do WELL Building Institute, a certificação WELL abrange 7 categorias relevantes para a saúde e bem-estar dos usuários de edificações: ar, água, alimento, luz, fitness, conforto e mente. “Espaços certificados WELL podem ajudar a criar um ambiente construído que melhora a alimentação, a condição física, o humor, os padrões de sono, e o desempenho de seus ocupantes”, afirma. 

Todas as certificações possuem índices que detectam se uma construção está com a síndrome do edifício doente. Com relação à umidade, se o ambiente estiver com percentual acima de 45%, ele já começa a desenvolver mofo e é considerado “doente”. Quanto à poeira e sujeira, o maior transmissor desses elementos para dentro do ambiente são os calçados. Por isso, cuidado. Infiltrações e vazamentos são igualmente nocivos para prédios e casas e podem “transmitir” doenças aos usuários, através da umidade. Por fim, a estanqueidade também é um problema, pois impede a ventilação natural do ambiente.   

Saiba mais sobre as certificações Healthy Building Certification e WELL Building Institute.

Entrevistado
Healthy Building Certification (HBC) e WELL Building Standard (via departamentos de comunicação)

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contact@hbcertificate.com
media@wellcertified.com

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