Construção civil será a alavanca do país no pós-pandemia
O presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), José Carlos Martins, entende que a construção civil será a principal alavanca para que o país consiga retomar o ritmo econômico de antes da pandemia de Coronavírus. O dirigente declarou em webnar que o enfrentamento da crise é similar ao que se faz quando se encerra uma guerra. “Após uma guerra, se sai reconstruindo”, diz.
Martins também destaca que a construção civil é o único setor com capilaridade para movimentar os outros segmentos da economia brasileira no pós-pandemia. “A construção civil impacta diretamente 62 setores das áreas industrial e comercial e mais 35 setores de serviço. São 97 torneiras que são abastecidas quando se enche essa caixa d’água. Não há como irrigar a economia sem a construção civil”, compara.
Em sua análise, o presidente da CBIC avalia que a falta de crédito é o único gargalo que pode impedir a construção civil de se tornar o principal agente da retomada econômica. “A maior parte das construtoras está encontrando dificuldades para obter crédito. A situação mais complicada envolve as médias construtoras, já que o governo abriu linha de crédito para as pequenas empresas (lucro anual até 10 milhões de reais) e as grandes captaram na bolsa e estão capitalizadas. Então, é nesse segmento das médias que o financiamento está complicado”, afirma.
Para amenizar esse impacto, CBIC e ABRAINC (Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias) lançaram a campanha Vem Morar, onde construtoras e incorporadoras de todos os portes darão desconto mínimo de 3 mil reais sobre o valor de suas unidades. A iniciativa terá duração inicial de 60 dias e será de alcance nacional. Ao comprador que adquirir imóvel de uma empresa que aderir à campanha, ele ainda terá a condição especial de 180 dias para pagar a primeira parcela. “Não tem forma de sair dessa crise que não seja via investimento”, destaca José Carlos Martins.
Com crédito, instabilidade no setor imobiliário será de curto prazo
Para o economista Luís Artur Nogueira, desde que se resolva a situação do crédito, a instabilidade para o segmento imobiliário da construção civil deverá ser de curta duração. “De fato, a incerteza paralisa novos investimentos e atrasa as obras. Haverá uma reavaliação por parte das construtoras e incorporadoras sobre novos lançamentos, mas acredito que a vida volta ao normal a partir do segundo semestre”, estima.
O analista entende, porém, que o grande impulso para a retomada do crescimento econômico do país virá das obras de infraestrutura. Para isso, ressalta, é preciso fortalecer os investimentos públicos e superar desafios, como a oscilação cambial, que gera incerteza tanto para os investimentos estrangeiros como para a cadeia produtiva. “O investimento em infraestrutura é uma das saídas, pois já existe a percepção do governo de que se não houver o aporte público não terá o do privado”, avalia.
De acordo com o economista, a velocidade de recuperação também dependerá da capacidade do governo em salvar empresas e trabalhos. “Não haverá recuperação econômica se quebrar o setor produtivo ou os consumidores”, ressalta. Nogueira finaliza com estimativas para a economia brasileira em 2020. A previsão é de encolhimento entre 2% e 6% no Produto Interno Bruto (PIB), inflação de 2,5% e taxa básica de juros na ordem de 3% ao ano. O desemprego saltaria dos atuais 11% para 15%. Já a balança comercial ficaria positiva, com um superávit entre 30 bilhões e 50 bilhões de reais.
Assista ao webnar “Covid-19 interrompe voo da construção civil?”
Assista ao webnar “Impactos e perspectivas pós-Coronavírus”
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Reportagem com base nos web seminários “Covid-19 interrompe voo da construção civil?”, com participação do presidente da CBIC, José Carlos Martins, e “Impactos e perspectivas pós-Coronavírus”, com o economista Luís Artur Nogueira.
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Mesmo na pandemia, normas técnicas seguem atualizadas
Apesar das consequências da pandemia de Coronavírus - entre elas, o isolamento social -, os comitês da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) não param. Através de reuniões online, as normas técnicas seguem em processo de atualização e publicadas após os trâmites legais. Neste período, um dos mais atuantes tem sido o CB-018 - Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados. No final de março de 2020, o comitê publicou a nova versão da ABNT NBR 8451, dividida em 6 partes, e que trata da padronização de postes de concreto armado e protendido para redes de distribuição de energia elétrica.
Mais recentemente, o CB-018 publicou também a ABNT NBR 16846:2020 (Cimento Portland e outros materiais em pó - Determinação da cor e da diferença de cor por medida instrumental). Estão em fase de consulta as ABNT NBR 16886 (Concreto - Amostragem de concreto fresco) e ABNT NBR 16889 (Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone). Também no fim de abril aconteceu reunião online do comitê para dar prosseguimento à revisão da ABNT NBR 7212 (Concreto dosado em central), que em 2020 é uma das mais aguardadas pelo setor.
O presidente da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem), Jairo Abud, que integra o grupo que revisa a ABNT 7212, comenta o motivo da nova revisão da norma técnica. “A norma técnica tem que se modernizar. Por exemplo, já existem equipamentos que durante o transporte do concreto permitem medir o slump (consistência) do material. Isso dá maior produtividade, e é preciso prever essa modernidade dentro da norma. Por outro lado, o novo texto da NBR ABNT 7212 precisa ter o consenso entre construtores, fabricantes de aditivos e concreteiros. Todos os agentes precisam estar em comum acordo para que tenhamos as melhores práticas possíveis. Por isso, esse processo de revisão é demorado”, explica.
Oitenta normas técnicas estão no CB-018 para serem revisadas, publicadas e criadas
Além da ABNT NBR 7212, outras normas não diretamente ligadas ao CB-018, mas vinculadas à construção civil, estão em processo de revisão ou consulta pública. Entre elas, Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575); ABNT NBR 16868-1 Alvenaria estrutural - Parte 1: Projeto; ABNT NBR 16868-2 Alvenaria estrutural - Execução de controle de obras; ABNT NBR 16868-3 Alvenaria estrutural - Métodos de ensaio; ABNT NBR 8545 - Execução de Alvenaria sem Função Estrutural de Tijolos e Blocos Cerâmicos - Procedimento; ABNT NBR 10151 - Acústica - Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas - Aplicação de uso geral; ABNT NBR 10152:2017 - Acústica - Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações (Errata); ABNT NBR 13752 - Perícias de Engenharia na Construção Civil, e ABNT NBR 14931 - Execução de Estruturas de Concreto.
No escopo do CB-018, em maio serão analisadas outras 3 normas que estão em processo de consulta: ABNT NBR 16886 - Amostragem de concreto fresco; ABNT NBR 16889 - Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone, e ABNT NBR 16887 - Determinação do teor de ar em concreto fresco - Método pressométrico. Em agosto de 2019, a superintendente do comitê, a engenheira civil Inês Battagin, fez um resumo do volume de normas técnicas que estavam na fila para serem confirmadas, revisadas, publicadas e criadas. Tratava-se de 80 ao todo.
Veja as normas que estão a cargo do CB-018 (Cimento, Concreto e Agregados)
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Baixíssimo índice de contaminação nos canteiros de obras
Segurança no trabalho é lei dentro da construção civil. A presença de trabalhadores no canteiro só é permitida mediante o uso adequado de equipamentos individuais de proteção (EPIs). Objetos como máscara, luvas, óculos de segurança e capacete não são novidades para quem atua em obras. Por isso, em tempos de quarentena por causa da pandemia de Coronavírus, o trabalhador da construção sai na frente no que se refere à proteção contra a COVID-19.
Uma série de regras ainda mais rigorosas tem possibilitado um baixíssimo índice de contaminação no setor. Estima-se que esteja inferior a 0,01% entre todos os que operam em canteiros de obras no país. O percentual está bem abaixo da taxa de contaminação da população brasileira registrada pelo ministério da Saúde, que é de 0,03% em um universo de 211 milhões de habitantes.
É esse centesimal risco de contágio que permite que os canteiros de obras continuem operando no país, com raras exceções. Além disso, atualmente todos os organismos de classe ligados à construção civil reforçaram seus protocolos de segurança e emitiram cartilhas para orientar o trabalho nos locais de obra. “Segurança do trabalho virou algo que o construtor dá muito valor. Introduzir as exigências que a pandemia trouxe foi fácil para o setor”, diz Odair Senra, presidente do SindusCon-SP.
“Nossa atividade já ajuda muito na proteção contra a contaminação. É um tipo de trabalho em ambiente arejado e com os colaboradores atuando sem aglomeração, o que dá vantagens de combate à pandemia”, completa José Carlos Martins, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
Construção civil concentra esforços em campanhas de conscientização, palestras e treinamento
Para reforçar a proteção aos trabalhadores, os organismos de segurança e saúde no trabalho têm realizado blitze em canteiros de obras. Um exemplo ocorre na Bahia, onde o SindusCon local e o SESI inspecionaram 25 construções em execução em Salvador-BA e região metropolitana no dia 24 de abril. Até o final do mês, mais 66 canteiros serão visitados em todo o estado baiano.
O procedimento de inspeção também é seguido pelas construtoras, que, além do investimento em equipamentos de higienização e de proteção, também têm concentrado esforços em campanhas de conscientização, palestras e treinamento. “A palavra de ordem é treinamento para o pessoal do canteiro de obras. O trabalhador tem que estar consciente de que não deve se expor”, comenta o presidente da CPRT (comissão de política e relações do trabalho) do SindusCon-PR, Rodrigo Fernandes.
Já o advogado Fernando Guedes, presidente da comissão de política de relações trabalhistas da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CPRT/CBIC), reforça a importância das normas de proteção à saúde no canteiro de obras. “Diria para os donos de construtoras: adotem as medidas. É a forma de sua empresa continuar operando. Não basta apenas dizer que comprou máscara para os trabalhadores, e que está tudo resolvido. A prioridade é preservar a saúde, sem prejudicar o trabalho”, complementa.
Informe-se com a cartilha da CBIC sobre proteção no canteiro de obras
Veja como proteger a saúde do trabalhador da construção civil
Assista ao webnar “COVID-19: Saúde, Segurança do Trabalho e Aspectos Trabalhistas”
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Reportagem com base nas informações apresentadas no webnar “COVID-19: Saúde, Segurança do Trabalho e Aspectos Trabalhistas”, do SindusCon-PR
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Depois da COVID-19, quais projetos terão prioridade?
O Banco Mundial destacou um grupo de engenheiros civis e arquitetos para mapear projetos que terão prioridade no mundo após o fim da pandemia de Coronavírus. O objetivo é criar linhas de crédito que reaqueçam a atividade econômica através de obras públicas. O estudo ainda está em fase de elaboração, mas já é possível detectar que as construções sustentáveis terão prioridade para a liberação de recursos. Entre elas, destacam-se as que propiciam eficiência energética às edificações, as que geram energia renovável, as que preservam áreas naturais, as que recuperam áreas poluídas, as voltadas para tratamento de água e saneamento básico e as que criam infraestrutura para transporte público.
O grupo de estudo do Banco Mundial tem à frente dois economistas: Stéphane Hallegatte, economista-líder da instituição, e Stephen Hammer, assessor para parcerias globais e de estratégia. “Agora é hora de identificar o melhor pacote de estímulo, desenvolvendo projetos prontos para serem implementados, dentro de políticas possíveis”, afirma Hallegate, que completa: “Podemos financiar projetos já prontos e maduros para saírem do papel, e que os governos só estejam precisando de um impulso financeiro para viabilizá-los. Como exemplos, cito corredores de ônibus, ciclovias e expansão dos serviços de distribuição de água e esgoto, além de sistemas de transmissão e distribuição de eletricidade.”
Brasil se antecipa e cria programa Pró-Brasil para destravar obras de execução rápida
O Banco Mundial defende que o estímulo deve ser dado aos projetos que aproveitem a mão de obra local, gerando emprego aos que ficaram sem trabalho durante a pandemia. Para Stephen Hammer, grandes projetos de infraestrutura não entrariam no rol do Banco Mundial na primeira etapa do plano de obras pós-COVID -19. “Projetos de infraestrutura ambiciosos em energia, transporte, água ou desenvolvimento urbano geralmente são difíceis de incluir em um estímulo rápido, porque levam muito tempo para serem preparados. Mas a natureza única dessa crise pode dar tempo para construir um pipeline de infraestrutura sustentável para quando a crise passar”, diz.
Com o objetivo de poder captar parte dos recursos que o Banco Mundial irá disponibilizar em suas linhas de crédito para obras, o governo federal lançou recentemente o programa Pró-Brasil. O plano ainda está em gestação e deve ser lançado integralmente em outubro de 2020. No entanto, uma das metas é reativar obras paralisadas, que, segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), chegam a 4,7 mil em todo o país. Boa parte delas tem execução rápida, como creches, pré-escolas, escolas, unidades de saúde e saneamento básico. O custo dessas obras está estimado em 30 bilhões de reais. Já os grandes projetos de infraestrutura, como portos, ferrovias, rodovias, aeroportos e hidrovias, envolveriam 250 bilhões de reais, mas dependeriam do programa de concessões que deve ser anunciado em 2021, com duração até 2030.
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Banco Mundial e ministério do Desenvolvimento Regional (via assessoria de imprensa)
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Sobrevivência de pequenos e médios negócios: como fazer?
Esforço financeiro, planejamento e negociação estão entre as diretrizes recomendadas aos donos de pequenos e médios negócios da construção civil em tempos de Covid-19 e isolamento social. Preocupados com o segmento que envolve o varejo de materiais de construção, fabricantes de artefatos de concreto e pequenas construtoras, Sebrae, ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) e SNIC (Sindicato nacional da Indústria do Cimento) reuniram um grupo de consultores para aconselhar os empreendedores a buscarem saídas e manter seus negócios ativos, além de prepará-los para o período pós-pandemia.
Uma das propostas é que os donos dos negócios procurem rever suas projeções para o ano de 2020, enquadrando-se dentro de uma nova realidade. “O primeiro passo é olhar para as finanças da empresa. Como fazer isso? Elencar todas as contas e fazer as projeções até o final do ano. Em seguida, cortar todas as despesas possíveis. Onde puder cortar, corte. Faça um replanejamento financeiro. Identifique o custo mínimo para manter a empresa operando neste momento”, recomenda o analista-técnico do Sebrae-MG, Jefferson Dias Santos.
Após saber o que cortar, a recomendação do consultor é que o pequeno e médio empresário abra negociação com credores e fornecedores. “A questão é manter a liquidez. Um exemplo: renegociar valor do aluguel com o dono do imóvel onde está a empresa. Projete o fluxo de caixa dentro da nova realidade e verifique qual o capital de giro para operar, dentro de uma realidade mínima para manter a empresa ativa. Para chegar a esse valor, será necessário negociar taxas, prazos e carências”, reforça Jefferson Santos.
Linhas de crédito em instituições financeiras: veja dicas do Sebrae
1. Muitos bancos já tomaram a iniciativa de prorrogar automaticamente por 60 ou 90 dias os contratos vigentes dos clientes. Outros estão entrando em contato para negociar novos prazos das dívidas. Converse com o seu banco e analise a situação.
2. Avalie bem se estiver pensando em demitir, pois demissão inclui custos na rescisão e, quando a economia voltar à normalidade, provavelmente terá um novo custo para contratar. Verifique as condições da linha de crédito exclusiva para folha de pagamento anunciada pelo governo federal.
3. Se fizer um comparativo entre duas linhas de crédito semelhantes e ficar na dúvida, avalie cada parâmetro (prazo, carência, garantias exigidas) e, caso as condições sejam semelhantes, escolha a com menores juros.
4. Não deixe de levar em consideração o momento pós-Coronavírus. Dependendo do seu ramo de atividade, poderá levar um pouco mais de tempo para retomar o seu negócio ao patamar anterior. Então, o prazo de carência oferecido pelas instituições financeiras deve ser muito bem avaliado na hora de escolher entre uma ou outra oferta.
Também é recomendado que os empresários procurem o apoio de organismos associativos para se informar sobre questões trabalhistas, tributárias e esclarecer dúvidas. Outra importante sugestão é que o empreendedor mantenha foco no futuro e planeje o retorno das operações quando os negócios voltarem ao ritmo normal. “É preciso pensar no pós-crise. Por isso, mantenha-se conectado com os clientes”, finaliza o consultor do Sebrae.
Assista ao webinar “Construção civil em tempos de Coronavírus: como a sua empresa deve agir?”
Assista ao vídeo do Sebrae “Como reduzir os impactos da crise nos pequenos negócios: finanças, crédito e legislação trabalhista”
Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Construção civil em tempos de Coronavírus: como a sua empresa deve agir?” e no vídeo do Sebrae “Como reduzir os impactos da crise nos pequenos negócios: finanças, crédito e legislação trabalhista”
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Construção civil retrai fortemente no 1º mês da pandemia
Associações como Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) e Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção ) começam a revelar os impactos que o primeiro mês da pandemia de Coronavírus causou na indústria e no varejo de materiais da construção. No Brasil, o mês de março foi de forte retração. Como consequência da crise, 8% das indústrias do setor interromperam a produção em sua totalidade, enquanto 17% suspenderam em mais de 50%. Outros 25% reduziram entre 31% e 50% a produção e 50% operaram no modo "slow down" (redução de até 30%).
No varejo, as lojas de materiais de construção acusaram queda de 54% nas vendas, em março. Por outro lado, os estabelecimentos que já operavam com venda online (e-commerce) registraram queda de “apenas” 8% no volume de vendas, na comparação com fevereiro. Parte da queda acentuada no volume de negócios se deve às reações de prefeituras e governos estaduais, que, primeiramente, determinaram o fechamento do comércio de materiais de construção. Em abril, a reabertura foi concedida pela maioria das cidades e a expectativa é que o mês feche com resultados menos negativos.
Dados do Sebrae mostram que 70% das lojas que compõem o varejo de material de construção no país são de pequeno porte. Por isso, na média, elas possuem capital de giro para operar no máximo 27 dias, o que explica o fato de que muitas iniciaram o mês de abril já em situação crítica. Números da Fecomercio e do Sincomavi (Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção) reforçam a queda detectada pelo Sebrae. “Ainda estamos avaliando o tamanho do problema. Em março, houve redução de 60% no faturamento nominal do varejo sobre fevereiro”, diz Jaime Vasconcelos, economista da Fecomércio-SP e assessor econômico do Sincomavi-SP.
Momento é de cooperação e ação entre os vários setores da economia
No lado industrial do setor, a Abramat aponta que 66% de seus associados detectaram que o resultado das vendas de março foi pior que o esperado. Para 17% ficou acima e para outros 17% em linha. Segundo Rodrigo Navarro, presidente-executivo da Abramat, o momento é de cooperação e ação. "Outros setores da economia vêm apresentando propostas em sinergia com o que a construção civil também está precisando. É hora de trabalharmos em conjunto para, de forma criativa e proativa, chegarmos a respostas efetivas para esse momento e, na sequência, à retomada pós-crise", avalia.
Projetando o impacto da pandemia no faturamento das empresas, Abramat e Anamaco estimam que 58% delas terão redução entre 20% e 40% no segundo trimestre de 2020 (abril, maio e junho). Para o ano, 8% seguem otimistas, acreditando que seus números serão melhores que os de 2019. Já 42% têm a expectativa de obter resultados similares aos do ano passado, enquanto 50% avaliam que terão um decréscimo que pode variar de 11% a 30% na comparação com 2019. Antes da crise desencadeada pela Covid-19, os números de janeiro e fevereiro sinalizavam que 2020 poderia resgatar percentuais de crescimento semelhantes aos de 2013, quando o varejo da construção civil elevou suas vendas em 6,9%, de acordo com o IBGE.
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Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) e Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) (via assessorias de imprensa)
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Quarentena gera oportunidade através de cursos online
A quarentena em isolamento social, causada pela pandemia de Coronavírus, tem gerado um manancial de informações, conhecimento e oportunidades de reciclagem profissional para quem atua na construção civil. Diariamente, através da internet, é possível acessar cursos, palestras e seminários online que abrangem várias áreas da cadeia produtiva do setor. A profusão de atividades virtuais tem como foco posicionar profissionais, empresários e consumidores sobre como será o pós-pandemia. Outra característica deste processo de disseminação da informação é que ele é de graça, ou seja, percebe-se o comprometimento da construção civil em repassar o maior volume possível de dados e conhecimento.
Uma iniciativa que se destaca é a parceria entre ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Sebrae, ETHOS Soluções e Construliga, e que passou a produzir conteúdo semanal na web. A ideia recebe o nome de #todospelaconstrução e mostra como a quarentena pode ser produtiva em tempos de home office. O projeto propicia que especialistas em suas respectivas áreas abordem temas técnicos que vão desde “A concepção da arquitetura para a industrialização” até “A experiência do pavimento de concreto urbano em países latino-americanos”. O compromisso é o de manter os seminários online enquanto durar o isolamento social.
Além de abordagens técnicas, o #todospelaconstrução traz também palestras sobre gestão e relacionamento, além de análise de leis e medidas provisórias recentes, para que as empresas da construção civil possam enfrentar os tempos atuais e se preparar para o período pós-pandemia. O projeto é igualmente relevante para estudantes dos cursos de engenharia civil e arquitetura e urbanismo. Para ter acesso a cada um dos 14 webinars já apresentados, basta clicar nos respectivos links. Confira:
Industrialização na construção
Palestra debate as questões relacionadas à industrialização na construção civil, impactos da crise e soluções para o futuro
A concepção da arquitetura para a industrialização
Webnar mostra como a arquitetura pode ajudar a impulsionar a industrialização de processos dentro do canteiro de obras
Smart Vias e seu impacto na qualidade de vida
Palestra aponta de que forma as vias inteligentes podem mudar a mobilidade urbana das cidades
Tendências da indústria de artefatos de concreto
Webnar revela todo o potencial do segmento, e como ele pode agregar elementos inovadores nos projetos
Revestimentos cerâmicos: o que muda com a nova norma
Palestra trata das atualizações na ABNT NBR 13755:2017 (Revestimento cerâmico de fachadas e paredes externas com utilização de argamassa colante - Projeto, execução, inspeção e aceitação - Procedimento)
MPs de manutenção de emprego
Webnar explica recentes Medidas Provisórias que buscam preservar emprego e renda no período de pandemia de Coronavírus
Prevenção de formação de etringita tardia
Palestra traz reflexões sobre a necessidade de aplicação de norma técnica e guia de prevenção para se evitar esse tipo de patologia do concreto
Argamassas polimerizadas
Webnar abrange a correta utilização do material em revestimentos externos, de acordo com a normalização e os parâmetros técnicos
Definindo objetivos e resultados-chave para gestão
Palestra mostra como o uso da ferramenta OKR (Objectives and Key-Results) ajuda na organização da rotina empresarial
Racionalização de revestimento em argamassa
Webnar aponta as vantagens para uma obra quando são utilizados processos industriais no canteiro
Mudanças comportamentais para gerar negócios
Palestra destaca que olhar de empreendedor deve estar presente em todas as ações, sobretudo em tempos de crise
Marketing de relacionamentos
Webnar aponta como a indústria de materiais de construção e o varejo do setor podem se beneficiar de boas ações no mercado
Desempenho nas construtoras
Palestra destaca como devem abordados os critérios da Norma de Desempenho, ABNT NBR 15575, pelas construtoras
Soluções em pavimentos urbanos de concreto
Webnar mostra soluções urbanas em países latino-americanos e que podem ser aplicadas nas cidades brasileiras
Entrevistado
Reportagem com base nos web seminários apresentados no projeto #todospelaconstrução, promovido pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Sebrae, ETHOS Soluções e Construliga
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Momento serve de estímulo às tecnologias do concreto
Em web seminário, o presidente da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem), Jairo Abud, faz uma análise do setor de concreto no Brasil em período de pandemia de Coronavírus. O dirigente destaca que o momento pode servir para que a construção civil empregue melhor as tecnologias disponíveis para a concretagem - e também para agregar novas tecnologias. “Em média, o Brasil bombeia hoje 6 m3 por hora na obra. Nos Estados Unidos e na Alemanha, esse volume chega a 40 m3. Isso mostra o quanto podemos avançar no emprego das tecnologias e das boas práticas de concretagem, a fim de obter ganhos de produtividade”, diz.
Abud avalia que após a pandemia as construtoras tendem a se tornar mais seletivas e buscar concreteiras capacitadas para fornecer tecnologias que tragam ganhos de qualidade, de tempo e de custos para as obras. “Algumas concreteiras no Brasil não têm sequer um engenheiro responsável”, lamenta. Ele também sugere que, para melhorar a produtividade na concretagem, sejam adotadas soluções diferentes das praticadas atualmente. “Em vez de contratar o equipamento de bombeamento por metro cúbico (m3) deveria se contratar por hora. Isso certamente levaria a um ganho de produtividade”, diz. O presidente da ABESC também entende que a remuneração pelo fck (resistência) do concreto seria algo que poderia ser implantado no Brasil.
Recomendação é que entrega do concreto na obra siga protocolos internacionais de saúde
Sobre o impacto da crise gerada pela pandemia de Coronavírus no setor de concreto, Jairo Abud explica que o segmento será atingido nas suas projeções de crescimento e também na redução de prazos imposta às concreteiras. “O setor de concreto vinha de 6 anos de recessão e 2020 era um ano muito promissor. Em 2019, já estávamos acelerando. Na média, o crescimento chegou a 7,5% entre nossas associadas, ou seja, quando o PIB do país sobe, o do concreto sobe mais. Porém, quando o PIB nacional cai, o setor do concreto cai mais que o PIB. É que a autoconstrução substitui o serviço de concretagem e isso impacta também no capital de giro das concreteiras. Por exemplo, nessa crise alguns fornecedores de insumos estão reduzindo os prazos, o que tem exigido mais fôlego financeiro das empresas de concretagem”, revela.
O presidente da ABESC comenta ainda que o setor de concreto estava muito confiante de que as obras de infraestrutura viessem fortes no 2º semestre, mas ele acredita que isso não deverá acontecer. “A tendência é que o consumo de concreto siga concentrado no setor imobiliário”, avalia. O dirigente também cita que, sob o ponto de vista de risco de contaminação na obra, a entrega do concreto está bem protegida. “Estamos seguindo os mesmos protocolos estabelecidos pela Federación Iberoamericana del Hormigón Premezclado, pelo National Ready Mixed Concrete Association e pela European Ready Mixed Concrete Organization. Além disso, o motorista trafega sozinho no caminhão-betoneira, o que minimiza o risco de contaminação”, conclui.
Assista ao vídeo com a participação do presidente da ABESC (a partir de 31min)
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Por 1,2 milhão de empregos, Caixa socorre construtoras
Entrou em vigor no dia 13 de abril o pacote de socorro da Caixa Econômica Federal às construtoras, e que chega a 43 bilhões de reais. Em troca, as empresas terão que preservar 1,2 milhão de empregos. Entre as medidas, está a carência de 90 dias para contratos de obras. Aos canteiros que se mantiverem ativos sem atraso no cronograma, o banco antecipará até 3 meses dos recursos contratados - limitado a 10% do custo financiado. Exemplo: se a construtora contratou 1 milhão de reais e acordou com a Caixa que o cronograma de execução será em 30 meses, ela terá direito à antecipação de 100 mil reais, em vez do repasse mensal de 33,3 mil.
Outra decisão permite a prorrogação de carência por até 180 dias, para os projetos com obras concluídas e em fase de amortização. Nos casos de contingências na execução, por questões decorrentes da pandemia de COVID-19, a Caixa admitirá a reformulação do cronograma da obra. Na hipótese de a obra ainda não ter começado, também haverá a possibilidade de prorrogar o início por até 180 dias em caso de risco de contágio dos trabalhadores. A construtora ainda poderá antecipar 20% dos recursos contratados. “As medidas estão atreladas ao compromisso de não demitir”, avisa o presidente da Caixa, Pedro Guimarães.
Pessoas físicas também foram incluídas no pacote de ajuda ao setor imobiliário
Pessoas físicas também foram incluídas no mais recente pacote de ajuda ao setor imobiliário, lançado pela Caixa. Foi concedida pausa de 90 dias no pagamento das prestações da casa própria, para clientes adimplentes ou com até duas parcelas em atraso. Já para quem usa o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para pagar parte das parcelas do financiamento será concedida uma pausa de 90 dias no pagamento da parte não coberta pelo FGTS dentro da prestação. Caso o cliente queira continuar adimplente (pagando em dia), ele poderá pedir redução no valor da prestação no período de 90 dias.
A Caixa avisa que, caso a crise se agrave, poderá estender os benefícios por mais tempo ou anunciar novas medidas. “Isso nunca aconteceu e a Caixa mostra alinhamento com o momento de crise que o país enfrenta. Parte da nossa base de clientes é de pessoas com menor renda. Por isso, todas as medidas que estamos anunciando valem para todos os clientes em todas as linhas de renda, incluindo pessoas jurídicas. Nossa preocupação é com a manutenção de empregos, com os empréstimos e com o programa habitacional. A Caixa vai agir e reagir à crise”, reafirma Pedro Guimarães.
Veja resumo das medidas anunciadas pela Caixa
Pessoa física
- Carência de 180 dias para quem desejar comprar imóvel enquadrado no Minha Casa Minha Vida.
- Pausa de 90 dias no pagamento das prestações da casa própria, independentemente do padrão do imóvel, mas desde que esteja financiado pela Caixa.
- Para quem quiser continuar pagando em dia as prestações, existe a possibilidade de fazer o pagamento parcial das parcelas no período de 90 dias.
- Vistoria facilitada nas obras dos clientes da Caixa que optaram pela autoconstrução da casa própria.
Construtoras
- Prazo de carência de 180 dias para início das obras e para iniciar a amortização da dívida das obras concluídas.
- Antecipação do financiamento pessoa jurídica em valor equivalente a até 3 meses do cronograma de obra a executar.
- Liberação de recursos de financiamentos não utilizados anteriormente.
- Prorrogação do cronograma físico-financeiro das obras.
- Pagamento parcial dos encargos por 90 dias.
- Antecipação de até 20% do financiamento em novos empreendimentos.
Serviço
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Caixa Econômica Federal (via assessoria de imprensa)
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Pavimento de concreto entra no rol de medidas anticíclicas
O impacto econômico da COVID-19 sobre os recursos públicos coloca o pavimento de concreto entre as medidas anticíclicas a serem priorizadas no pós-pandemia. O alerta é do engenheiro civil Valter Frigieri, diretor de planejamento e mercado da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Ele participou recentemente do seminário “Construção civil em tempos de Coronavírus” e disse que o programa Soluções para Cidades, da ABCP, é visto como uma alternativa viável para os governos municipais enfrentarem a crise. “No pós-pandemia, vemos uma tendência de valorização dos recursos públicos, até pela escassez de dinheiro. Com isso, tendem a crescer os projetos de urbanização baseados em soluções mais duradouras e baratas, com o pavimento de concreto”, diz.
O programa Soluções para Cidades passou a ser encampado pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) com o objetivo de levar as propostas ao ministério de Desenvolvimento Regional. Existe a expectativa de que o pavimento urbano de concreto se expanda nos municípios e se fortaleça no rol de obras públicas que vierem a ser financiadas pelo governo federal. “Acredito que no pós-pandemia o foco estará no investimento urbano”, avalia Valter Frigieri, que também entende que a construção habitacional sairá fortalecida após o momento atual. “O ficar em casa reforçou a percepção de que ter uma residência confortável e segura é importante. Além disso, entra agora a questão do home office, ou seja, a casa também virou local de trabalho e isso vai movimentar a construção e a reforma”, prevê.
Obras de infraestrutura não serão abandonadas no pós-pandemia
Todas as ações futuras levantadas por Frigieri no seminário vão ao encontro do que propõe a plataforma Soluções para Cidades, que pensa em respostas para temas como mobilidade, habitação, saneamento e espaços públicos. Para o diretor de planejamento e mercado da ABCP, o momento é de pegar todas as competências e fazer avançar os processos de qualificação urbana. Porém, ele destaca que as obras de infraestrutura não serão abandonadas no pós-pandemia. Muito pelo contrário. “A agenda de reformas vai fortalecer. O governo terá que acelerar privatizações. Isso coincide com a tendência de que as taxas de juros vão continuar muito baixas, o que cria um ambiente para empreender. São sinais que indicam potencial de investimento. Obviamente, esse cenário não será no curto prazo”, indica.
Para Valter Frigieri, a recuperação da construção civil, mesmo sem ter ficado paralisada no período de pandemia de Coronavírus, deverá ter uma recuperação em “U” (lenta e gradual) quando a economia retomar sua atividade. “Não acredito que rapidamente voltaremos ao ritmo de atividade anterior ao da pandemia. Mas como será o futuro? Avalio que a questão da construção sustentável deve ganhar força, porque depois dessa catástrofe sanitária virá o medo de uma catástrofe ambiental. Também haverá um comportamento mais colaborativo entre as empresas e os profissionais do setor. Por fim, acredito que existirá uma vigilância maior dos gastos públicos, o que favorecerá construções duradouras e com qualidade. Sem contar que o trinômio ciência, inovação e engenharia também sairá fortalecido no pós-pandemia”, comenta.
Assista ao vídeo do seminário “Construção civil em tempos de Coronavírus”
Entrevistado
Reportagem com base nas exposições dos debatedores do seminário “Construção civil em tempos de Coronavírus”. Entre eles, o diretor de planejamento e mercado da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Valter Frigieri
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330