Hora de qualificar a mão de obra da construção é agora
Dentro dessa perspectiva, os engenheiros civis acreditam que o operário que empilha blocos para erguer paredes, e que recebe baixa remuneração, será substituído por trabalhadores com qualificação para atuar em sistemas construtivos mais tecnológicos e de execução mais rápida. “Treinar esse novo operário será também um desafio para as empresas, e esse é um bom momento de prepará-lo para a demanda que virá”, diz Luiz Henrique Ferreira, CEO da startup Inovatech Engenharia.
Ferreira ressalta ainda que o momento é de falar em eficiência e construção sustentável. Ele compara os processos de modernização da construção civil com aqueles pela qual a indústria automobilística passou no final do século passado, sinalizando que nem por isso houve desemprego em massa no setor. “A indústria automobilística passou por uma robotização incrível de suas plantas. Porém, os metalúrgicos não ficaram sem postos de trabalho, apenas tiveram que ser requalificados”, cita.
É necessário levar opções tecnológicas ao usuário, além da alvenaria convencional
Ainda sobre a industrialização da construção civil, o engenheiro civil vê um cenário semelhante ao que ocorreu com o setor automobilístico. “Se pegar todo o contingente de trabalhadores alocado em canteiro de obras, elevar a demanda de projetos e aumentar a produtividade, certamente não vai faltar vaga para os que se qualificarem. E essa é uma boa hora de investir em qualificação”, destaca o engenheiro civil, em sua participação no webinar “Gestão da obra em tempos de Covid-19 - a otimização de recursos para uma nova realidade”, promovido pela FEiCON BATiMAT.
Apesar de defenderem a construção industrializada, os palestrantes deixam claro que não têm nada contra o sistema de alvenaria convencional. “Não existe sistema construtivo ideal. Em algumas situações específicas, a alvenaria é a melhor solução. Mas o que estamos frisando é que é necessário levar opções tecnológicas ao usuário, para que ele rompa o preconceito que possui contra outros sistemas construtivos. Se a construtora vai executar um projeto customizado, obviamente a alvenaria é a melhor solução. Porém, se estamos falando em construir 150 unidades, em produção de larga escala, a industrialização é a melhor opção”, afirmam.
Principalmente - realça Luiz Henrique Ferreira - porque agora a construção civil vive a era do BIM (Building Information Modeling [Modelação da Informação da Construção]). No entanto, ele deixa claro que a ferramenta é muito mais que apenas um software e que, se usado de maneira incorreta, pode mais prejudicar o andamento da obra do que ajudar. “BIM é gestão da informação e exige que todos os envolvidos na obra tenham acesso aos dados. Além disso, necessita que a equipe responsável pela execução esteja bem treinada. Por isso, a importância de aproveitar a atual fase para qualificar os colaboradores”, finaliza.
Assista ao vídeo do webinar “Gestão da obra em tempos de Covid-19 - a otimização de recursos para uma nova realidade”
Entrevistados
Engenheiros civis Danilo Lorenceto, diretor da Lorenceto Engenharia, e Luiz Henrique Ferreira, CEO da startup Inovatech Engenharia, que participaram de webinar promovido pela FEiCON BATiMAT
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Tecido com cimento e poliéster protege contra COVID-19
O designer indiano Somesh Singh desenvolveu tecido testado em laboratório que se mostrou eficaz para proteger profissionais da saúde e policiais da COVID-19 - infecção causada pelo Coronavírus. O material tem uma fina camada intermediária de nata de cimento, que funciona como filtro. As demais partes do tecido contam com poliéster, lã sintética e nanodetergentes.
Batizado de CoValor-21, o material começa a ser testado na confecção de uniformes para quem atua no pelotão de frente de combate à pandemia. Segundo Somesh Singh, a eficácia de proteção está entre 95% e 99%. “O uniforme é hermético e bloqueia partículas maiores que 0,05 mícrons. Como o Coronavírus tem entre 0,06 mícrons e 0,14 mícrons, o tecido tem alto percentual de desempenho”, diz.
Outra característica do material é que ele é impermeável, o que permite que as roupas passem por um processo de lavagem quando profissionais da saúde e policiais tiverem contato com infectados. “Elas precisam ser desinfetadas com essas roupas, e o material é à prova d'água, assim como suporta outros processos de descontaminação, como luz infravermelha e ultravioleta”, explica o cientista.
Sobre o uso de nata de cimento misturada com poliéster, o pesquisador explica que as pesquisas mostraram que a combinação funciona como um filtro. Além disso, afirma Somesh Singh, os aditivos acrescentados à nata de cimento dão a ela uma característica emborrachada, o que ajuda na flexibilidade do uniforme. O tecido foi desenvolvido por duas startups indianas: a Craft Village, da qual Somesh é o CEO, e a Craft Beton.
Superfícies de concreto estão entre os materiais onde o Coronavírus menos resiste
O pesquisador estima que o uniforme, quando estiver em produção, terá custo unitário equivalente a 400 reais. De acordo com Somesh Singh, o estudo começou quando ele teve acesso a outro experimento, realizado em conjunto pelas universidades de Princeton e UCLA, e pelo National Institutes of Health (Instituto Nacional de Saúde), o qual mostrou que superfícies lisas de concreto estão entre os materiais onde o Coronavírus menos resiste, juntamente com o cobre.
Por outro lado, plástico, vidro e aço entre os que mais fazem o vírus prolongar sua sobrevivência. Embora preliminar, a pesquisa enfatiza a importância de higienizar constantemente telefones celulares, superfícies plásticas e metálicas para evitar a disseminação da COVID-19. Vale ressaltar que o estudo ainda não foi homologado cientificamente, mas oferece novas pistas importantes sobre o potencial do Coronavírus.
O microorganismo pode sobreviver em metal, vidro e plástico por até 9 dias. No cobre - material menos receptivo ao vírus -, resiste no máximo 4 horas. Os pesquisadores também avaliam que as superfícies de concreto liso, desde que estejam secas e não sejam alvos de patologias, conseguem repelir o Coronavírus, assim como o papelão. “Por serem elementos porosos, eles desidratam o vírus mais rapidamente”, comenta o virologista Vincent Munster, chefe do Rocky Mountain Laboratories e membro do National Institutes of Health.
Veja detalhes dos uniformes desenvolvidas pela Craft Village
Entrevistado
Designer Somesh Singh, especializado em tecnologia dos tecidos e CEO da Craft Village, com base em entrevista à britânica BBC
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No Brasil, obras públicas e imobiliárias não paralisaram
No dia 7 de maio de 2020, através de decreto do governo federal, a construção civil passou a ser considerada atividade essencial em todo o país. Na prática, significa que o setor tem permissão de continuar operando durante a pandemia de Coronavírus. A decisão formalizada em Brasília-DF apenas confirma o que na prática já vinha ocorrendo. Com base em dados do mês de abril, CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) mostram que as obras públicas e imobiliárias que já estavam em execução antes da chegada da COVID-19 ao Brasil seguem com seus canteiros ativos.
De acordo com os números da ABRAINC, 94% das obras do setor imobiliário estão em andamento no país. Quanto às obras públicas, a CBIC informa que as que já possuíam orçamentos e licenças aprovados também não sofreram interrupções. Algumas, inclusive, foram recentemente inauguradas. Como o trecho de 27 quilômetros da duplicação da BR-116 no Rio Grande do Sul. As obras na rodovia continuam e o objetivo é finalizar até 2021 a duplicação de 211,2 quilômetros entre Guaíba e Pelotas. A estrada é a principal via de acesso ao Sul do estado e ao porto de Rio Grande. Também é um importante corredor de ligação com o Mercosul.
Outra obra rodoviária de grande envergadura está em andamento entre as regiões norte e nordeste do país. Trata-se da pavimentação da rodovia Transamazônica, que corta os estados da Paraíba, Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará e Amazonas. A estrada possui cerca de 4 mil quilômetros de extensão e encontra-se em fase de execução em vários segmentos. A obra está a cargo do 1º batalhão de engenharia de construção do exército.
No Paraná, com recursos da Itaipu Binacional, a construção da segunda ponte ligando Brasil e Paraguai também não sofre interrupção. Foi finalizada a concretagem dos blocos de fundação dos pilares principais e a obra encontra-se na etapa de armação da torre-mastro do lado brasileiro. O concreto é fornecido pela empresa Minero Mix, de Foz do Iguaçu-PR, que utiliza Cimento Itambé. Os recursos para a ponte somam 463 milhões de reais, considerando estrutura, desapropriações e o projeto de uma perimetral no lado brasileiro. A previsão de conclusão é para o final de 2022.
Apesar do volume de obras em andamento, nível de atividade do setor diminuiu
Nas capitais também existem obras de mobilidade urbana em andamento, como a revitalização do Vale do Anhangabaú, em São Paulo-SP, e o complexo de viadutos e trincheiras no trecho norte da Linha Verde, em Curitiba-PR. No projeto paulistano, o pavimento de pedras portuguesas será trocado por placas cimentícias permeáveis, em uma área de 53 mil m². Na obra curitibana, o lugar do antigo trevo do Atuba está recebendo 926 estacas em concreto pré-moldado para sustentar as novas estruturas viárias da Linha Verde. A trincheira e os viadutos vão dispensar a necessidade de semáforos para organizar o tráfego na região.
Apesar do volume de obras em andamento, os organismos de classe que monitoram as construções no país admitem que, desde o início da pandemia, o nível de atividade do setor diminuiu. A parte mais afetada é a que envolve os projetos que estavam em fase de maturação e prestes a serem lançados. No caso do setor imobiliário, as regras de distanciamento social têm atingido principalmente o segmento de médio e alto padrão, onde os clientes fazem questão de visitar “in loco” a unidade decorada antes de encaminhar a negociação. Quanto aos novos projetos de infraestrutura, pesa a limitação no orçamento da União, de estados e dos municípios, já que a saúde passou a priorizar a liberação de recursos.
Entrevistado
Reportagem com base em dados recentes apresentados pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e pela ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), junto com DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes)
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Impacto global da COVID-19 na construção é menor que o esperado
O impacto da pandemia de Coronavírus na indústria global da construção civil causou recuo que varia entre 15% e 35%, no que se refere à atividade do setor. Em uma lista de 48 países, o menos afetado é a Irlanda, cuja produtividade regrediu 15%. Já a Grécia é a que mais acusa o golpe, com recuo beirando 35%. O Brasil está em uma posição intermediária, com queda de 25,5% na atividade da indústria da construção. Os dados foram passados pelo diretor-executivo da Federación Iberoamericana de Hormigón Premezclado (FIHP), Manuel Antonio Lascarro Mercado, em recente webinar.
O dirigente destacou que, apesar das perdas, o setor sofreu um impacto menor que o esperado em todo o mundo. “No começo, imaginava-se que os governos iriam decretar lockdown para todas as obras, mas isso, felizmente, não aconteceu. As medidas sanitárias nos canteiros preservam a atividade e diria que o impacto atual é médio”, avalia. O diretor-executivo da FIHP mostrou um gráfico em que a construção civil foi o segundo menos afetado pelas medidas emergenciais tomadas para combater a COVID-19 em todo o mundo.
Tomando como base os dados do G7 - as 7 maiores economias liberais do mundo, que são Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Japão, Itália e Canadá -, os serviços relacionados com turismo, entretenimento, gastronomia, viagens e hotelaria foram os mais impactados. Em seguida, vêm atacado e varejo, serviços, profissões liberais, serviços imobiliários, construção civil e transporte. Essa depressão global, segundo mostra Manuel Antonio Lascarro Mercado, pode causar o fechamento de 195 milhões de postos de trabalho em todo o mundo, com abrangência em todos os setores econômicos. Só nos Estados Unidos, o desemprego já atinge 20 milhões.
Estímulo à construção civil movimenta cadeia produtiva e compensa perdas em outros setores
Diante desse cenário, diretor-executivo da FIHP destaca a importância de os governos estimularem a construção civil, para que a cadeia produtiva que ela movimenta possa compensar as perdas geradas em outros segmentos. Manuel Antonio Lascarro Mercado elenca medidas que alguns países já estão adotando. A República Checa, por exemplo, reajustou os contratos das obras públicas em até 10% para fortalecer as empresas e estendeu os prazos em até 25%. A Alemanha simplificou os trâmites para pagar as obras em execução. Também estão surgindo fundos emergenciais para estimular e financiar obras de infraestrutura.
No Brasil, o governo federal estuda lançar o programa Pró-Brasil para estimular a construção civil, porém ainda não está consolidado. De qualquer forma, medidas são aguardadas pelo setor, haja vista que o nível de atividade atingiu o menor patamar da série histórica iniciada em 2010, como destaca a economista do Banco de Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos. “O levantamento demonstra que as condições financeiras das empresas pioraram, revertendo a evolução positiva dos três trimestres anteriores. Diante da atual conjuntura, os empresários revelam queda acentuada de confiança e têm expectativas de baixo crescimento para os próximos meses”, conclui.
Assista ao webinar “Panorama del Sector Construcción frente a la crisis sanitaria del COVID-19” (cadastre-se para acessar)
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Na pós-pandemia, demanda por construção rápida vai crescer
A presidente-executiva da Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), Íria Doniak, comenta em webinar para a Concrete Show que o setor de pré-fabricados e pré-moldados deverá ser altamente requisitado na fase pós-pandemia. Segundo a dirigente, superadas as barreiras impostas pela COVID-19, a “demanda por construção rápida tende a crescer muito”.
“Normalmente, após uma crise, se sai com poucos recursos. Desde os recursos humanos até os recursos materiais. No período pós-Segunda Guerra Mundial, por exemplo, a construção industrializada de concreto foi fundamental para reerguer a Europa. Agora, não estamos em uma guerra nos moldes tradicionais, mas a necessidade vai requerer que a industrialização imprima maior competitividade e produtividade nos negócios da construção civil”, diz.
Na entrevista, a presidente-executiva da Abcic reconhece que essa é uma crise mais complexa que as anteriores, mas destaca que o setor evoluiu muito nas crises recentes vividas pelo país. “Não estamos mais restritos à infraestrutura e ao mercado imobiliário, mas atendendo a indústria em geral: o varejo, os centros de distribuição e o agronegócio. A diversidade do segmento nos ajudou a ultrapassar outras crises e nos deu ferramentas para enfrentar a atual, apesar das incertezas”, afirma.
Para Doniak, o campo de atuação da construção industrializada do concreto no segmento de shopping centers é o que mais recuou. “Não podemos dizer que não fomos impactados, pois a construção industrializada teve que adiar sua atuação na área de shopping centers, por se tratar de um setor que está paralisado por causa da pandemia”, ressalta.
Mesmo assim, a dirigente avalia que na pós-pandemia é possível retomar o crescimento. “No início de 2020, tínhamos a expectativa, com base em dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas), de que entraríamos em uma fase de retomada do crescimento. Agora, o desafio é reencontrar a curva de crescimento do período anterior à pandemia”, completa.
Haverá um novo mercado a ser explorado pela industrialização do concreto
Doniak destaca ainda que, passada a crise atual, a construção industrializada de concreto terá que entender o comportamento do novo mercado que irá surgir. “Não vamos operar mais dentro dos métodos convencionais. O e-commerce tende a se mostrar como um forte cliente, no sentido de que o consumidor usará mais essa ferramenta. A se confirmar, as empresas que atuam no ramo vão precisar ampliar e construir novos centros de distribuição”, analisa.
Na visão de Íria Doniak, a busca por segurança e por canteiros de obras mais enxutos também tende a estimular a contratação da construção industrializada do concreto. Para ela, os meses após a mitigação da pandemia serão de retomada da produtividade. “Neste momento, conseguimos manter a indústria da construção funcionando, mas houve perdas. Recuperar essas perdas com alta produtividade será o desafio quando sairmos desta fase. Porém, será necessário atuar com cautela e planejamento”, aconselha.
Assista à íntegra da entrevista
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Reportagem com base em entrevista da presidente-executiva da Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), Íria Doniak, ao canal da Concrete Show
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Coronavírus veio para quebrar paradigmas na construção civil
Antes da chegada da pandemia de Coronavírus, a construção civil já estava no caminho de implantações tecnológicas nos canteiros de obras. Agora, esse processo tende a acelerar. Jorge Batlouni Neto, vice-presidente de tecnologia do SindusCon-SP, ressalta mudanças que já vinham ocorrendo lentamente. O engenheiro civil lembra que há 30 anos, se faltasse energia elétrica no local da obra, ela continuava a operar. Hoje, isso é impossível. “A quantidade de equipamentos elétricos e eletrônicos na construção, e de kits prontos, aumentou exponencialmente. São sinais da chegada da tecnologia no nosso setor”, diz.
Na opinião de Batlouni Neto, a pós-pandemia não vai alavancar apenas o uso da tecnologia no canteiro de obras, mas da industrialização também. “Tudo o que puder ser feito fora do canteiro de obras será feito. Esse caminho não tem volta”, afirma. A avaliação é apoiada pelo empresário da construção, Joe Yaqub Khzouz, que vai além. “Entendo que as empresas do setor serão cada vez mais digitais. Internet das Coisas, Realidade Aumentada, Inteligência Artificial e BIM são ferramentas das quais a construção civil não poderá mais se dissociar. Hoje, drones mapeiam o solo, controlam a produtividade no canteiro por manchas de calor e, conectados ao BIM, checam a correta execução do projeto. A construção digital já é realidade”, completa.
Para Joe Yaqub Khzouz, a industrialização também será uma tendência na pós-pandemia. “Já vínhamos adotando algumas inovações, como as fachadas prontas, e a tendência é aumentar. Agora, depois que isso tudo passar, a construção civil tem uma prioridade: conseguir do governo novas políticas tributárias para acelerar a industrialização no canteiro”, destaca. O também empresário do setor, Hugo Marques Rosa, avaliza a opinião. “Temos que deixar de ser construtores para nos tornarmos montadores. Precisamos de sistemas que sejam entregues prontos no local da obra, e a gente apenas monte”, reforça.
Construção 4.0 não gera desemprego, mas altera o perfil de quem trabalha no setor
Da mesma forma, Hugo Marques Rosa lembra que o Brasil não precisa “inventar a roda” para incorporar de vez a tecnologia nas obras. Segundo ele, basta fazer o que os principais países do mundo estão fazendo, ou seja, transformando os canteiros em linhas de montagem. Também participando do debate, Milton Meyer Filho cita que, ao contrário do que se possa imaginar, a construção 4.0 não gera desemprego, mas altera o perfil de quem trabalha no setor, trazendo mais segurança e melhorando a saúde dos operários. “É como a situação que estamos vivendo agora. Em um primeiro momento assusta, mas depois vem a adaptação”, comenta.
Reunidos em uma webinar, os engenheiros civis e proprietários de construtoras em São Paulo-SP concordam unanimemente com a tese de que a construção civil terá novos desafios na pós-pandemia. “Temos que nos preparar para esse novo mundo que iremos viver”, avalia Hugo Marques Rosa. “Estamos vivendo um período também de aprendizado, cujas lições ficarão para sempre”, complementa Milton Meyer Filho. Por fim, Joe Yaqub Khzouz entende que o setor continuará dando sua contribuição ao país, fazendo o que melhor sabe: trabalhar sério e arduamente. “É isso que nos dá confiança”, encerra.
Assista ao webinar “Os desafios na execução de obras em tempos de Coronavírus” (cadastre-se para acessar)
Entrevistados
Reportagem com base no webinar “Os desafios na execução de obras em tempos de Coronavírus”, promovido pela AECweb, e com participação dos engenheiros civis Hugo Marques Rosa, fundador e CEO da Método Engenharia; Joe Yaqub Khzouz, fundador e CEO da BKO; Milton Meyer Filho, sócio e vice-presidente da MPD Engenharia, e Jorge Batlouni Neto, fundador e superintendente da Tecnum Construtora e vice-presidente de tecnologia do SindusCon-SP
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Vendas de material de construção: novos desafios se impõem
Em março de 2020, cerca de 140 mil pequenos comércios de material de construção tiveram que fechar as portas por causa da chegada da pandemia de Coronavírus ao Brasil. Com a reabertura do varejo, o setor se viu diante de mudanças rápidas de cenário. Uma delas foi se confrontar com o novo comportamento do consumidor, que passou a buscar intensamente a compra online. Porém, ainda são poucos os microempresários do segmento que estão preparados para a digitalização de seu comércio.
Diante desse quadro, especialistas no varejo da construção civil se reuniram em webnar para debater o futuro do setor. O que eles constataram foi que, emergencialmente, o WhatsApp se transformou na principal ferramenta de venda dos pequenos comerciantes. “O WhatsApp surgiu como solução para as lojas físicas que, inicialmente, tiveram que ficar fechadas. Isso serviu para apresentar ao pequeno varejista o mundo do e-commerce”, diz Lilian Esteves Lessa, que integra o G8 - grupo de relações construtivas no varejo.
A partir de agora, avaliam os debatedores do webnar, caberá à indústria e aos distribuidores encorajar as lojas de bairro de material de construção a darem o próximo passo, que é entrar definitivamente no universo da venda online. “O papel do representante comercial será fundamental nesse elo de transformação do pequeno varejo”, sugere José Antonio de Góes Vieira. “Passada a primeira onda da crise, que foi assimilar o susto, a próxima fase é investir em uma nova relação construtiva envolvendo indústria, distribuidor e pequeno varejo”, completa Guilherme Tiezzi, cofundador do G8.
Boa parte dos participantes de webnar compartilha da ideia de que o e-commerce irá se fortalecer para produtos em que o frete tem pouco impacto. Eles também veem que o omnichannel tende a crescer para materiais como insumos (cimento, areia, brita, etc) e de acabamento. Por outro lado, é consenso de que a indústria e a distribuição terão de agir no marketplace colaborativo e “pegar pela mão” o pequeno lojista, a fim de ensiná-lo a entrar no mundo digital. “A prioridade é ajudar o pequeno varejo a ocupar o espaço da internet”, destaca Fernando Alvarez, da e-Construmarket.
Rede colaborativa surge para ajudar pequeno comércio na transição do mundo físico para o digital
No Brasil, são as grandes redes de varejo de material de construção que estão na vanguarda do Varejo 4.0. Para essa cadeia de lojas, o conceito de omnichannel já está integrado ao seu modelo de negócio. Trata-se de unificar todos os canais de venda (e-commerce, assistentes virtuais, aplicativos e lojas físicas) em uma só experiência. No modelo, o cliente usa o e-commerce ou app para comprar e a loja física para fazer a retirada dos produtos. O processo inverso também é possível, ou seja, pesquisa na loja física e finaliza a compra na internet, recebendo a mercadoria em casa.
É como explica Fabíola Paes, especialista em omnichannel. “Dentro do chamado Varejo 4.0, as soluções tecnológicas vieram para facilitar tanto a vida do cliente como a do varejista, que pode integrar seus estoques, transformando-os em minicentros de distribuição, diminuindo custos, ampliando a conversão das vendas e melhorando o seu diálogo com o consumidor”, ressalta. Para que o pequeno varejo possa usufruir destas vantagens, os participantes do webnar propõem que surja uma rede colaborativa entre os pequenos comércios dos bairros para facilitar a transição do mundo físico para o digital. “O ‘click & collect’, que permite ao cliente comprar no e-commerce e retirar o produto na loja física, surge como uma viabilidade interessante para esse mercado”, finaliza Guilherme Tiezzi.
Assista ao webnar “Vendas na construção: desafios da digitalização de lojistas e fabricantes” (cadastre-se para acessar)
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Reportagem com base no webnar “Vendas na construção: desafios da digitalização de lojistas e fabricantes”, promovido pela AECweb
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Veja qual será o impacto da COVID-19 na vida urbana
Para a engenheira civil e Ph.D em sustentabilidade Daniella Abreu, a pandemia de COVID-19 está mostrando as fragilidades da maioria das cidades brasileiras no que diz respeito a saneamento básico, acesso à energia, água limpa e moradia. Para ela, essas serão prioridades que farão com que a administração pública seja fortemente cobrada a partir de agora. No entender da especialista, a pandemia também vai exigir que as metrópoles se adaptem para permitir que as pessoas possam circular com menor risco de infecção. “Espero transformações bruscas nas cidades depois dessa pandemia. Uma tendência é que a digitalização substitua o excesso de contatos físicos”, avalia.
Daniella Abreu também vê mudanças que devem atingir a mobilidade urbana. “Deverão vir novas formas de se pensar o transporte coletivo, assim como os projetos residenciais e corporativos. Antes, predominavam os conceitos de coworking e coliving. No meu entender, isso deve desacelerar e quem investe nesses projetos terá que revisá-los. A busca do espaço privado voltou a ser prioridade”, diz. Quanto ao transporte coletivo, ela responde com uma constatação o que se verifica na China depois de o país ter sido o primeiro a ser atingido pela pandemia. “O país aumentou volume de venda de veículos, por conta do receio de aglomerações em transporte coletivo. É de se pensar que mudanças virão”, completa.
A engenheira civil, que recentemente participou de webnar promovido pela GBC Brasil, avalia que o pós-pandemia tende a acelerar processos construtivos. “Os hospitais de campanha mostram que é possível viabilizar obras com mais rapidez”, comenta. Daniella Abreu também entende que projetos compromissados com certificações sustentáveis poderão predominar de agora em diante. “A busca do Zero Energy, do bem-estar através de desempenho térmico e acústico, entre outras qualificações, são tendências que vão se consolidar nessa nova realidade, reforçando o tripé cidades inteligentes, construções sustentáveis e energias renováveis”, afirma.
Construtechs terão papel importante no desenvolvimento de novas soluções para as cidades
Outra percepção da especialista é que as construtechs - startups da construção civil - terão papel importante no desenvolvimento de novas soluções para o setor. O Brasil fechou 2019 com mais de 500 construtechs em atividade no país. A proliferação se deve por que elas têm foco em um dos pontos nevrálgicos da construção civil: a produtividade. Atualmente, essas empresas atuam em parceria com as construtoras tradicionais e se concentram em 12 áreas: gestão de canteiros de obra, aluguel de equipamentos, contratação de mão de obra, compra e venda de imóveis, orçamento de obras, compra e gestão de suprimentos, gestão do canteiro, gerenciamento de resíduos, segurança do trabalho, maquetes interativas e modelos 3D imersivos, reformas e decoração de interiores e prospecção de terrenos e lotes. “O momento é de reinvenção e as construtechs podem ajudar muito nesse processo”, finaliza Daniella Abreu.
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Reportagem com base no webnar “Cidades após o Coronavírus”, com a engenheira civil e Ph.D em sustentabilidade Daniella Abreu
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Como fica o Minha Casa Minha Vida em tempos de Coronavírus?
A análise de incorporadoras, construtoras e organismos de classe da construção civil é que a habitação de interesse social sairá fortalecida no pós-pandemia, o que provocará alterações no Minha Casa Minha Vida. O programa, que até então se mostrou virtuoso para as faixas 2 e 3, atendendo principalmente a classe C, deverá se voltar mais fortemente para as faixas 1 e 1,5 (renda familiar entre 1,8 mil reais e 2,6 mil reais). A avaliação conta com o aval de Carlos Henrique de Oliveira Passos, presidente da comissão de habitação de interesse social da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
Em webnar promovido pelo SindusCon-PR, o dirigente avalia como ficará o mercado imobiliário a partir de agora. “O mercado sairá mais pobre e menor após essa crise. Isso vai impulsionar quem trabalhar com habitação de interesse social. Afinal, a constatação é que a infraestrutura de moradia protege de doenças e de epidemias. Então, o desafio será buscar produtos que, cada vez mais, possam caber no bolso das pessoas. Isso vai requerer investimento em tecnologia e industrialização”, diz.
Para Carlos Henrique de Oliveira Passos, também será importante baratear o processo de venda, com a assinatura eletrônica dos contratos. “São soluções que diminuem a burocracia e o custo”, afirma. O representante da CBIC também expôs estudos que estão tramitando no governo federal para mudanças no MCMV, mas que, em função da decretação do estado de calamidade pública, estão represados no ministério de Desenvolvimento Social. Algumas dessas propostas são da própria CBIC.
Até que a pandemia seja superada, prevalecem as regras estabelecidas em 2009
De acordo com Carlos Henrique de Oliveira Passos, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção sugeriu que houvesse um programa exclusivo para a habitação de interesse social. “O nome pouco importa, mas propusemos que poderia se chamar Moradia Digna. O que ficou claro é que o ministério de Desenvolvimento Social, a partir da gestão do ministro Rogério Marinho, pode atender essas reivindicações. Por dois motivos: a necessidade de tirar a população de baixa renda das áreas de risco ou degradadas e também por que a construção civil pode gerar empregos rapidamente”, afirma Passos.
Outra solução em estudo pelo governo federal seria reformar o Minha Casa Minha Vida, sem criar um programa paralelo de habitação. Porém, a pandemia adiou esses planos. Antes das consequências causadas pela chegada do Coronavírus ao Brasil, o ministério do Desenvolvimento Regional traçava um plano bem diferente para o MCMV. Agora, as regras estabelecidas na criação do programa, em 2009, seguem mantidas. Ou seja, para famílias com renda de R$ 1,8 mil (faixa 1), o subsídio é correspondente a quase 100% do valor do imóvel e é bancado pela União. Para outras faixas (1,5; 2 e 3), é oferecido financiamento com um desconto menor e o desconto é pago pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e pela União.
Assista ao webnar completo do SindusCon-PR
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Reportagem com base no webnar “O programa Minha Casa Minha Vida em tempos de pandemia”
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QR Code: nunca a construção civil precisou tanto dele
O QR Code (Quick Response Code), ou código de resposta rápida, surge como o novo parceiro da construção civil em tempos de Coronavírus. A tecnologia se torna essencial, principalmente nos canteiros de obras. Com ela, é possível verificar quando o colaborador precisa de treinamento e se ele está seguindo os protocolos de segurança e de saúde no local de trabalho.
“Esta é realmente uma solução inovadora para garantir que a equipe seja treinada e certificada adequadamente para as funções que desempenha em um canteiro. Basta escanear a etiqueta de QR Code no capacete ou na roupa do trabalhador para saber qual função ele executa na obra, se está apto e se seus testes de saúde estão em dia”, diz a desenvolvedora de sistemas Sarah Persad.
A especialista britânica fala de uma tecnologia que recentemente tornou-se imprescindível em outros países, por causa da pandemia de Coronavírus. Com o distanciamento social, a ferramenta possibilita fazer uma série de checagens dos trabalhadores sem que haja contato físico. Além do Reino Unido, China, União Europeia, Índia, países árabes, Austrália, Estados Unidos e Canadá também intensificaram seu uso na construção civil.
Um exemplo australiano mostra bem a eficácia do QR Code. A Master Builders Association of Victoria (Associação de construtores-mestres de Vitória) fez parceria com as construtoras locais e espalhou etiquetas inteligentes nos canteiros de obras. Quando o trabalhador decifra o código com seu smartphone tem acesso a vídeos educativos sobre como se proteger da Covid-19.
Ferramenta também é útil para compartilhar projetos no canteiro de obras
Mas não é apenas pela questão sanitária e de segurança que o QR Code prolifera nos canteiros de obras. A ferramenta também é útil para compartilhar projetos. Através dos códigos espalhados pela construção, todos os que atuam no empreendimento podem saber se houve alterações nas plantas. Isso repele eventuais erros e evita o retrabalho, o que dá ganho de produtividade para a obra.
Além disso, o QR Code revela-se igualmente útil para disseminar manuais de instrução, para controlar o uso de equipamentos e para delimitar áreas de atuação dos operários. A aplicação da ferramenta se mostra tão positiva que desde 2011 o código de construção da cidade de Nova York-EUA só libera licenças para a execução de projetos se houver QR Code nos canteiros de obras e nos EPIs dos trabalhadores.
No Brasil, a construtech ConstruCODE desenvolveu app que realiza a conversão automática de projetos em QR Code. O CEO da startup, o engenheiro civil Diego Mendes, explica que, entre as vantagens do aplicativo, está a de mitigar dúvidas construtivas e comunicar alterações de projeto de forma dinâmica. “Quando a obra é concebida dentro da ferramenta BIM, as alterações são transmitidas ao canteiro em tempo real”, diz.
Outra aplicação do QR Code é que ele permite que o comprador de um imóvel na planta tenha acesso ao andamento da obra. A construtora disponibiliza um código que abre imagens filmadas por drones no smartphone ou no computador do cliente. A ferramenta ainda possibilita ações de marketing do empreendimento.
Entrevistado
Reportagem com base em levantamento do site britânico The Construction Index e do desenvolvedor ConstruCODE
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330